Por: Elson de Melo*
Em 1986 por ocasião do julgamento de um pedido de ilegalidade de
greve na empresa Moto Honda no Tribunal Regional do Trabalho - TRT 11ª Região –
Amazonas, o Desembargador Benedito Lira revisor do Dissidio, fundamentando seu
voto pela legalidade da greve afirmou: “quando vi os metalúrgicos do ABC continuarem
uma greve julgada ilegal, ali conclui que a lei de greve estava sepultada”.
Hoje estamos assistindo varias categorias de trabalhadores,
fazendo greve a revelia das direções sindicais, muitas delas para contestar
Acordos ou Convenção Coletiva, celebradas sem a participação dos trabalhadores.
Por outro lado, vemos as autoridades, defendendo essa pratica
nefasta que ainda existe na maioria dos Sindicatos, onde as direções assinam
acordos espúrios para agradar os empregadores e os governos em detrimento aos
anseios dos trabalhadores, e, o que é pior, recorre ao judiciário para
legitimar praticas fraudulentas operada por sindicalistas burocratas e mal
intencionados.
Em 1983 quando fundamos a Central Única dos Trabalhadores, as
principais bandeiras de luta dos trabalhadores eram a Liberdade e autonomia
sindica frente ao governo e o empresariado, infelizmente, o que estamos
assistindo é a total e irrestrita alienação das entidades sindicais brasileiras
a uma estrutura sindical autoritária, caótica que impede os trabalhadores de
lutar por conquistas que melhore salários, ambiente de trabalho e assegure uma
melhor qualidade de vida aos seus familiares.
Para quem nunca organizou uma greve, posso assegurar que a decisão
de os trabalhadores chegarem a esse extremo, só pode ser movidos por profundo
descontentamento pelas condições salariais e condições de trabalho,
principalmente quando a direção do Sindicato está do lado do empregador e do
governo.
Pode até não acontecer, mas arrisco afirmar – a Classe
Trabalhadora começa a mudar os rumos do sindicalismo brasileiro – as manifestações dos Garis do Rio, Motoristas
do Rio e São Paulo, é o principal indícios que estamos recolocando o movimento
sindical na berlinda, que é urgente a organização de oposições sindicais
comprometidas com a pauta histórica dos trabalhadores e que os trabalhadores
estão dispostos a retomar seu papel de protagonistas da sua própria historia.
Viva a classe trabalhadora brasileira!
Salve a união dos trabalhadores!
Pelo fim da estrutura sindical autoritária e pelega!
Por liberdade e autonomia sindical!
Trabalhadores do mundo, uni-vos!
(*)Elson de Melo é Presidente Estadual do PSOL/AM