terça-feira, 14 de janeiro de 2025

DESAFIOS ÀS FORÇAS PROGRESSISTAS EM 2025


Frei Betto*

        Meu primeiro impulso foi intitular este texto de “desafios à esquerda”. Logo me dei conta de que, hoje em dia, resta pouco do que considero esquerda – que se empenha na superação do sistema capitalista. 

       Adoto “forças progressistas” porque a expressão inclui antibolsonaristas, apoiadores do atual governo Lula, os que se empenham para manter e ampliar a democracia formal, malgrado seu paradoxo de socializar a esfera política (sufrágio universal) e privatizar a econômica, excluindo a maioria da população brasileira de condições dignas de existência (moradia, saúde, educação, cultura,  oportunidades de trabalho, que resulta em redução significativa do desemprego etc.). 

       Abordo em seguida desafios que considero prioritários.

        A comunicação do governo

        Embora haja grandes feitos em apenas dois anos de governo Lula, após quatro de desmontes promovidos pelo governo Bolsonaro, poucos sabem que, em 2023, a economia brasileira cresceu 2,9% (alcançou R$ 10,9 trilhões), e em 2024, 3,5%; a renda dos trabalhadores aumentou 12% e consequentemente também o consumo das famílias; o programa Bolsa Família passou a atender 21,1 milhões de famílias (1 milhão a mais que em 2022);  recuperação do salário mínimo acima da inflação (embora o ajuste fiscal tenha limitado o crescimento real a 2,5%. Em 2025 deveria ser de R$ 1.528 e passa a R$ 1.518); reestruturação do IBAMA e da FUNAI; o novo programa Pé de Meia (que beneficia 3,9 milhões de estudantes do ensino médio); a instalação de mais de 100 unidades dos Institutos Federais;  o programa Mais Médicos, que atende populações mais vulneráveis, conta, atualmente, com quase 25 mil médicos contratados pelo governo federal; e o protagonismo do Brasil no cenário internacional (Brics, G20, COP30 etc.). Haveria muito mais a destacar.

       Apesar de tantos avanços, o governo falha na comunicação. Até agora não soube montar uma trincheira digital capaz de superar a influência da extrema-direita nas redes. Pesquisas indicam que 76% dos brasileiros se informam por redes digitais e sites de notícias. 

       A guerra digital exige um número expressivo de profissionais dedicados à comunicação digital, com a possibilidade de formar grandes influenciadores. O fenômeno eleitoral Pablo Marçal, que não dispunha sequer de um minuto de propaganda na TV, deveria servir para alertar sobre a importância dessa ofensiva. 

        A batalha ideológica

        Outro fator que julgo importante para que as forças progressistas não venham a ser derrotadas pelos neofascistas na eleição presidencial de 2026 é a batalha ideológica.

       Convém lembrar que o fim da ditadura militar, em 1985, não resultou de suas inerentes contradições. Pesaram sobretudo o desgaste ideológico com as frequentes denúncias de violações de direitos humanos, o testemunho de ex-presos políticos e de familiares de mortos e desaparecidos, a pressão internacional pela redemocratização do Brasil, e as grandes mobilizações populares como a Passeata dos Cem Mil, as greves operárias do ABC paulista e as concentrações pelas Diretas Já!

       Hoje, a esquerda se encontra órfã de referências ideológicas. Elas se multiplicavam antes da queda do Muro de Berlim (1989). Países socialistas serviam de parâmetros às utopias libertárias. O estudo do marxismo e a sua aplicação nas análises da realidade vigoravam. Havia uma militância aguerrida que atuava voluntariamente nas campanhas eleitorais. A extrema-direita se sentia acuada e a polarização da esquerda se dava com a social-democracia.

       Isso acabou. Os tempos são outros. E sombrios. A direita se encontra em ascensão eleitoral no mundo. Sua máxima expressão, Donald Trump, ocupa o cargo mais poderoso do planeta. A direita passou a fazer intensa (des)educação política do povo, enquanto as forças progressistas deixaram Paulo Freire dormitar nas prateleiras. 

        As forças progressistas perderam a capacidade de promover grandes mobilizações populares diante da falta de educação política do povo, da excessiva burocratização dos partidos progressistas, da perda de referências históricas e do esgarçamento do movimento sindical.

        Empreendedorismo

        O fenômeno do empreendedorismo não é novo. A novidade é ter se tornado um modismo para as classes populares. Vários fatores concorrem para isso: retrocessos e perda dos direitos trabalhistas, precarização das relações de trabalho, desarticulação das estruturas sindicais, supremacia da financeirização sobre a produção, esgarçamento das relações sociais provocado pelas redes digitais etc. 

       O neoliberalismo, em sua era digital, mina as relações corporativas. A uberização das condições de trabalho e a síndrome dos influenciadores internáuticos, bem como a monetização das redes, criam a ilusão de que todos podem ascender socialmente sem muito esforço. Basta ousar ser patrão de si mesmo. É a nova versão do self-made man. 

        Outrora a elite era constituída pela nobreza. Na medida em que os títulos nobiliárquicos foram sendo substituídos pelos títulos da Bolsa de Valores, o sangue azul cedeu lugar aos milionários que alcançaram o topo da pirâmide social graças ao empreendedorismo.

       Há que acrescer a isso a despolitização da sociedade, agravada desde a queda do Muro de Berlim. Como falar de sociedade pós-capitalista se o socialismo real fracassou? Como incutir nas novas gerações a consciência crítica se o marxismo já não está em voga? Como ampliar o espectro social e eleitoral das forças progressistas se elas abandonaram o trabalho de base? 

       São desafios que ainda não encontram respostas. E a falta de respostas acelera a ascensão da direita. Faz com que se repitam fatos surpreendentes, como a vitória de Lula sobre Bolsonaro, nas eleições de 2022, por apenas pouco mais de 2 milhões votos, em um universo de 156 milhões de eleitores. Ou a reeleição de Trump em 2024, vitorioso no colégio eleitoral e no voto popular. 

       Hoje, o eleitor, desprovido de consciência de classe, de relações corporativas (como as sindicais) e imunizado pelos impactos da grande mídia graças às suas bolhas digitais, busca eleger quem lhe possa garantir um lugar ao sol na praia das oportunidades. Na falta de referências revolucionárias (Vietnã, Sierra Maestra, figuras como Mao Tsé-Tung e Fidel) ele vota pensando, primeiro, na prosperidade individual, e não coletiva. 

       Os eleitores pobres manifestam seu inconformismo ao dar apoio aos que ostentam a bandeira da “antipolítica”. Decepcionados com os políticos tradicionais, preferem os arrivistas, os messiânicos, os que ousam contrariar o perfil da institucionalidade política e se glamourizam pelo histrionismo.

       Convém ressaltar que aqueles que se encontram sociologicamente na pobreza não mais se consideram pobres. Para eles, pobres são aqueles que vivem em situação de rua. Um episódio demonstra bem o que assinalo: durante a campanha eleitoral à prefeitura de São Paulo, em 2024, um líder do MTST visitou uma invasão urbana. Não se tratava de ocupação. Um terreno privado havia sido invadido por inúmeras pessoas induzidas por um espertalhão que cobrou por cada espaço em que barracos precários foram erguidos.

       Na conversa com um dos invasores, o líder do movimento social indagou como ele se sentia naquela situação de pobreza. O cidadão, vendedor ambulante, reagiu: “Não sou pobre. Tenho um terreno, uma casa e paguei por esse espaço.” Espaço que, com certeza, passado o período eleitoral, o dono da área pedirá reintegração de posse e todos serão expulsos dali pela Polícia Militar. 

        O fator religioso

        Outro importante fator que explica como a esquerda perdeu a mística e a direita “saiu do armário” é a inversão da motivação religiosa. Entre as décadas de 1970 e 1990, a principal rede de organização e mobilização popular no Brasil eram as CEBs (Comunidades Eclesiais de Base) e as pastorais populares, inspiradas pela Teologia da Libertação. Isso foi desmantelado com os 34 anos (1978-2013) de pontificados conservadores de João Paulo II e Bento XVI. Coincidiu com o espantoso crescimento das Igrejas evangélicas, cuja maioria de fiéis faz uma leitura salvacionista da Bíblia (pauta de costumes) e não libertária como faziam as CEBs. 

       A Igreja Católica, que havia feito “opção pelos pobres”, viu os pobres optarem pelas Igrejas evangélicas, nas quais encontram acolhimento e suporte social, inexistentes na maioria das paróquias católicas. Acresce-se a isso o erro de os legisladores brasileiros isentarem as Igrejas de pagar impostos como IPTU, ISS e imposto de renda sobre dízimos e doações. Assim, muitas novas Igrejas surgem para facilitar a lavagem de dinheiro...

       As forças progressistas, acuadas pelo fundamentalismo religioso dotado de inegável poder eleitoral, ainda não sabem como enfrentar esse fator que constitui o substrato cultural de nosso povo. E o governo não encontrou ainda uma estratégia que se contraponha ao fenômeno do conservadorismo religioso, cujo impacto cultural e político é significativo.

       Em resumo, a direita pode, sim, vencer as eleições presidenciais de 2026 caso o governo Lula e as forças progressistas não recalibrem suas estratégias na comunicação, nas trincheiras digitais, na educação política da população, na questão religiosa, no trabalho de base dos partidos políticos progressistas.

       Políticas sociais, por mais necessárias e eficientes que sejam, não mudam a cabeça do povo. Só uma ofensiva cultural, ideológica, será capaz de disseminar na população brasileira um novo consenso progressista como o que elegeu Dilma Rousseff duas vezes e Lula, três.

 *Frei Betto é escritor e educador popular, autor de “Por uma educação crítica e participativa” (Rocco), entre outros livros. Livraria virtual: freibetto.org

 Assine e receba os artigos semanais do autor: mhgpal@gmail.com

segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO POLÍTICA DA CLASSE TRABALHADORA

 

Sem educação política, a classe trabalhadora fica vulnerável aos discursos marginais que tenta impor no imaginário das pessoas que, a solução para todos os problemas da sociedade está na transformação das escolas públicas em escolas militarizadas. O autoritarismo que os subalternos (soldados, cabos, sargentos...) sofrem nos quarteis, não pode ser referência pedagógica para a formação da cidadania das atuais e futuras gerações.

Sem educação política, não é possível que a classe trabalhadora exerça a sua cidadania com dignidade. A pedagogia enquanto ciência social, não pode ser excludente, impositiva e inibidora do pensamento livre das pessoas. A disciplina militar, não pode ser referencial para as famílias como instrumento de controle do pensamento e da liberdade individual e coletiva.

Nos últimos tempos, a ideia de escola militarizada e escola sem partido, não só é falsa, como perversa para a sociedade, é uma tentativa de controle social através do medo e da ingenuidade política.     

Não discutir permitir que a classe trabalhadora, os adolescentes, a juventude façam a discussão política, é historicamente a forma mais cruel que os opressores usam para impor a sua ideologia e controlar o pensamento das classes subalternas.

A educação política é libertadora, é esclarecedora que permite a pessoa olhar a vida para além dos pensamentos dos dominantes, é a educação que permitiu que no Brasil, um operário seja o presidente da república por três mandatos. O presidente Lula é o maior exemplo de liderança, fruto da educação política.

Infelizmente, o poder público, sempre negligenciou com a educação política. Hoje assistimos cenas lamentáveis de professores de São Paulo, fazendo manifestação na porta do seu Sindicato, em protesto ao financiamento da sua entidade classe. Essa é um exemple da falta de uma educação política no âmbito da escola pública. Se professores, que pela logica da educação, deveriam ser o exemplo principal de participação política seja no seu Sindicato ou nos parlamentos, com esse comportamento repugnante, mostra que a educação no Brasil está falida social e coletivamente.

 O Brasil está sem lideranças comprometida com as causas sociais, com o combate a desigualdade, a fome e a miséria, essas lideranças só surgirão se as instituições e pessoas que defendem as causas do povo, promoverem um grande puxirum de educação política.

 O Blog A Lucta Social, vai lançar em breve, a escola de Lucta Social Tercio de Miranda. Como parte dessa estratégia, estamos convidando lutadores sociais para comporem o coletivo de educação política. Queremos contar com a colaboração voluntaria dos interessados na temática, educação política.

 Tamo Junto!

Educação política, é libertadora!

 

domingo, 29 de dezembro de 2024

ESACOLA DE LUCTA SOCIAL TÉRCIO DE MIRANDA

 

O Blog A Lucta Social, vai lançar no ano de 2025, a Escola de Lucta Social Tércio de Miranda. O Projeto além de homenagear o criador do Jornal A Lucta Social no ano de 1914, visa promover a educação politica da classe trabalhadora brasileira. O Amazonas abriga atualmente um dos maiores parque industrial da América Latina, com mais de cem mil operários e operarias trabalhado nas linhas de produção, uma população jovem que em poco tempo de trabalho, segundo dados do Ministério Publico do Trabalho, 30% (trinta por cento) já sofrem de doenças profissionais. 

As questões trabalhistas pouco são sequer comentadas dentro das fábricas, a segurança no deslocar de casa para o trabalho é uma rotina perigosa devidos os contactantes assaltos aos ônibus e vans que transportam os trabalhadores e trabalhadoras para as industrias. O desconhecimento de seus direitos, faz essa população sofrem as mais terríveis formas de assédios no ambiente de trabalho. 

Na politica, essa população operária, vem nos últimos anos, se associando aos discurso negacionista da politica e dos políticos,  porém, nas eleições, acabam por elegerem políticos sem o menor compromisso com a defesa dos seus direitos. 

Diante dessa constatação, o Blog A Lucta Social, vai lançar em 2025, a Escola de Lucta Social Tércio de Miranda. Trata-se de um projeto modesto, mas bastante comprometido com a educação politica da classe trabalhadora. O projeto pretende formar novas lideranças comunitárias e sindical para, atuarem nas bases sociais das cidades do Amazonas e nos ambientes de trabalho, de modo especial, no chão das fábricas. 

Em breve, estaremos lançando a grade de Cursos e Treinamentos que serão disponibilizados para a polução em geral e para as entidades e instituições que trabalham com o povo. Para nós do Blog A Lucta Social, só a educação formal, não é o suficiente para construir a cidadania do do povo. A Educação Politica, é a base fundamental para formar cidadãos e cidadãs, conscientes, livres e solidários com as lutas do povo.

Sem Educação Politica e Solidariedade, não existe transformação social. Somente uma população politizada e solidária, é capaz de promover as mudanças sociais que beneficie os que sofrem com as ausências do estado no seu território e na sua vida. 

Em 2025, Tamo Junto!       


   

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

PANFLETAÇO PELO FIM DA ESCALA DE TRABALHO 6X1

É nesta sexta-feira, 20 de dezembro, os movimentos sociais estarão juntos nas ruas pelo FimDaEscala6x1! Chega de jornadas exaustivas que destroem nossas vidas e famílias! Queremos trabalho com dignidade, direitos e qualidade de vida!

SERVIÇO

 •             Ponto de encontro: Relógio Municipal - Centro

             Concentração: 16h

             Início da panfletagem: 17h, pela Av. Eduardo Ribeiro

Os movimentos sociais se uniram para essa luta histórica, e precisamos de você! Traga sua energia, sua voz e sua força para dizer: BASTA!

 Compartilhe, chame geral e VEM COM A GENTE construir um futuro mais justo!

 Participe.

 Fonte: Rente Contra Escala 6x1

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

QUANTO TEMPO VOCÊ PASSA DA HORA QUE ACORDA ATÉ BATER O PONTO NO SEU TRABALHO?

Você já fez esse cálculo? Se você fizer, vai chegar concluir que está vivendo só para o trabalho e não tem tempo para mais nada! A luta pelo fim da escala de trabalho de 6 (seis) dias de trabalho (de segunda-feira a sábado) e 1 (um) de descanso (domingo), transforma você em escravo do trabalho e sem tempo para descansar, repor as energias do corpo, aproveitar a vida em família, acompanhar o crescimento dos filhos, além de viver com a saúde debilitado pela fadiga e o estresse.

O tempo computado para efeito de pagamento de salário é de 8 (oito horas trabalhadas durante o dia de segunda a sábado. O tempo que o/a trabalhador/a passa a disposição da empresa, esse o patrão faz questão de não computar nem para efeito de compensar algum atraso em decorrência de pane no transporte ou outro motivo que levou você chegar atrasado no trabalho.

 No dia a dia do/a trabalhador/ra, a jornada de trabalho se divide em dois tempos: o tempo dedicado ao trabalho específico e o tempo de deslocamento casa trabalho e a volta para casa. Esses dois fatores, implica diretamente na qualidade de vida de quem trabalha na escala 6x1, cujo a jornada de trabalho ultrapassa as 12 horas, a depender da distância entre trabalho e a residência, essas horas pode se estender a mais de 15 horas.

O controle da jornada de trabalho, começa com a revolução industrial há três séculos (século XVIII). Desde então, a classe trabalhadora começou a lutar pelo direito ao descanso e consequentemente, pela redução da jornada de trabalho. Para chegar a escala 6x1, 8 (oito) horas diária de segunda ao sábado (44 horas semanais), foi uma dura luta com muitas greves e mobilização. Até a promulgação da Constituição de 1988, antes, a carga horária era de 48 horas semanal.

Agora, tramita no Congresso Nacional, a PEC do Fim da Escala de Trabalho 6X1, de autoria da deputada Erika Hilton (PSOL-SP) que, propõe a escala de 4 dias de trabalho, 8 (oito) horas diária e 3 (três) de descanso, um total de 36 (trinta e seis) horas semanal.

Como era de se esperar, os setores empresariais retrógados e seus parlamentares, são contra a aprovação da PEC. Isso requer, da classe trabalhadora, uma mobilização para além das redes sociais. Essa mobilização, princesa adentrar no chão das fábricas, no batente das lojas, nos escritórios, nos bares e restaurantes, nas oficinas e em qualquer lugar onde exista gente trabalhando cumprindo essa jornada de trabalho estressante de 6X1, praticada no Brasil.

Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, uni-vos!

É hora de unir força para vencer a fúria dos opressores!

Tamo Junto!

 

 

 

sexta-feira, 30 de abril de 2021

Seminário Nacional 4 a 6 maio | A Tragédia Brasileira: Risco para a Casa Comum?

SEMINÁRIO INTERNACIONAL TRAGÉDIA BRASILEIRA: RISCO PARA A CASA COMUM?



Será realizado nos dias 4, 5 e 6 de maio, de modo totalmente online, o Seminário Internacional “Tragédia brasileira: Risco para a Casa Comum?” promovido por organizações engajadas na Campanha Fora Bolsonaro.

 

Organizações religiosas, de defesa dos direitos humanos e da sócio biodiversidade conduzem a iniciativa que contará com representantes das igrejas, pesquisadores, ativistas, estudantes e especialistas de diferentes áreas.

 

O processo de desconstrução da democracia no Brasil experimentado nos últimos anos levou o país a emergências múltiplas: na área religiosa, com os fundamentalismos, na área econômica, com a ruptura do estado de bem-estar social, na área dos direitos humanos, com a violência crescente e o assassínio de grupos vulnerabilizados por suas características étnicas, raciais, sociais, territoriais e de gênero, na área da sociobiodiversidade, com a destruição das florestas, biomas e povos originários, na área da saúde, com a crise sanitária causada pelas inúmeras práticas de responsabilidade administrativa durante a pandemia da Covid-19que contribuíram para um alto índice de contaminação e óbitos.

 

As políticas negacionistas do governo federal para o enfrentamento adequado da pandemia transformaram-na na emergência das emergências. Deste modo,o objetivo central do Seminário é analisar o cenário atual de colapso nos sistemas de saúde e de descaso com as políticas sanitárias referenciadas pela ciência, de modo a entender quais riscos o quadro presente pode representar (ou não) para o planeta como um todo – a nossa Casa Comum.

 

“Ao longo desses três dias vamos aprofundar a análise da conjuntura brasileira à luz das pandemias e mensurar os impactos dos fundamentalismos para a democracia, economia, sociobiodiversidade e a crise sanitária”, explicou a secretária-geral do CONIC, Romi Bencke, acrescentando que a ideia é, também, “estabelecer alianças e estratégias de ação”.

 

COMO PARTICIPAR?

 

A atividade é gratuita, virtual e será aberta a todas as pessoas. Para acompanhar, basta acessar pelas redes sociais das organizações promotoras do evento.

 

QUANDO SERÁ?

 

Dias 4, 5 e 6 de maio de 2021.

 

EM QUAL HORÁRIO?

 

Das10h00 às 12h30 (horário de Brasília)

 

Realização:

 

CBJP, CONIC, CESE, FLD, FEACT-BRASIL, IHU UNISINOS, CNBB/Pastorais Sociais, #RespiraBrasil

 

Apoios: ISER, PAD, CRB, REPAM Brasil

 

PROGRAMAÇÃO

 

Dia 04 de maio

 

Mesa de Abertura

 

Romi Márcia Bencke: Secretária-geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs e integrante da Coordenação do FEACT-Brasil e do Grupo de Referência da Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político.É teóloga pelas Faculdades EST e pastora da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil.

 

Olivier De Schutter: Relator Especial da ONU sobre pobreza extrema e direitos humanos desde maio de 2020. Ele foi membro do Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais da ONU entre 2015 e 2020, e foi o Relator Especial da ONU sobre o direito de alimentos entre 2008 e 2014.

 

Apresentação artística:

 

10h00 -11h00

 

1ª Mesa               Templo e Democracia: os Riscos para a Casa Comum


Rosane Borgesjornalista, pesquisadora colaboradora do Centro Multidisciplinar de Pesquisas em Criações Colaborativas e Linguagens Digitais da Escola de Comunicações e Artes da USP. Doutora e mestre em Ciências da Comunicação. Livros publicados: Esboços de um tempo presente, Mídia e Racismo; Jornal: da forma ao discurso, Rádio: a arte de falar e ouvir, Espelho infiel: o negro no jornalismo.


Jessé de Souza:sociólogoprofessor universitário e pesquisadorArea de atuação: Teoria Social, pensamento social brasileiro e estudos teórico/empíricos sobre desigualdade e classes sociais no Brasil contemporâneo. Livros publicados:  A Ralé Brasileira, A Radiografia do Golpe, A Elite do Atraso e A Classe Média no Espelho.


Convidado internacional: Rev. Dr. OlavFykseTveit, Presidente da Conferência Episcopal da Igreja da Noruega.Tveit foi Secretário-Geral do Conselho Mundial de Igrejas de agosto de 2009 a março de 2020, ocasião em que renunciou ao cargo para tornar-se oPresidente da Conferência Episcopal da Igreja da Noruega.


Mediação: Bispa Marinez Bassoto, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil

 

11h15 às 12h30

 

2ª Mesa               Templo e Mercado: a ameaça dos fundamentalismos confluentes

 

Magali Cunha:doutora em Ciências da Comunicação, mestre em Memória Social e graduada em Comunicação Social (Jornalismo). É colunista da Carta Capital. Livro publicado: É autora de Explosão Gospel. Um olhar das ciências humanas sobre o cenário evangélico contemporâneo.

 

Edmilson Schinelo:mestre em Teologia pelas Faculdades EST, graduação em Filosofia Universidade Católica Dom Bosco. Professor da Universidade Católica Dom Bosco - UCDB e assessor/colaborador no Centro de Estudos Bíblicos

 

Convidado internacional: aguardando confirmação

 

Mediação:Rev. Sônia Gomes Mota, Mestra em Teologia, Diretora Executiva daCoordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE); Integra a Coordenação do FEACT- Brasil e do PAD

 

05 de maio

 

10h00 -11h00

 

Mística: espiritualidade indígena

3ª Mesa               Direitos Humanos e Sociais: desigualdades agravadas 

 

Benilda Brito: pós-graduada em Psicopedagogia, Mestra em Gestão Social, integra a Plataforma DHESCA, Consultora da ONU e do Nzinga-Coletivo de Mulheres Negras de Belo Horizonte e Ativista pela Educação da rede Malala.

 

Ailton Krenaklíder indígena, ambientalista, filósofo, poeta e escritor brasileiro. Organizou a Aliança dos Povos da Floresta, que reúne comunidades ribeirinhas e indígenas na Amazônia. É comendador da Ordem de Mérito Cultural da Presidência da República e doutor honoris causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora, em Minas Gerais. Livro publicado: Ideias para adiar o fim do mundo.


Convidados internacionaisMonsenhor Bruno-Marie Duffé e Christine Jeangey,Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral


Monsenhor Bruno-Marie Duffé é doutor em filosofia sobre o pensamento de Hannah Arendt pela Universidade Paris X, Mestre em Teologia pela Faculdade de Teologia Católica de Lyon. Ele foi professor de teologia e vigário episcopal na Diocese de Lyon, foi professor convidado à Universidade de Lovaina e à Universidade do Québec em Montreal. Atuou no Haiti, Ruanda, Kosovo, Lituânia, Ucraína, Argélia, Camarões, Israel e Palestina, em nome da Missão internacional de formação e mediação, pelo Instituto dos Direitos Humanos de Lyon, por mandado das Nações Unidas (Alto Comissariado para os DH e Alto Comissariado para os refugiados).É Secretário do Dicastério Vaticano para o Serviço ao Desenvolvimento Humano Integral desde 2017.


Mediação:Raimundo César Barreto Jr., professor associado no PrincetonTheologicalSeminary, tem doutorado em Religião e Sociedade. Pastor batista com longa caminhada ecumênica, foi Diretor de Liberdade e Justiça da Aliança Batista Mundial, e atualmente coordena o Comitê de Relações Ecumênicas e Interreligiosas das American Baptist Churches (USA). Um dos fundadores da Aliança de Batistas do Brasil, ele também coordena o GT de Religião da Rede nos EUA pela Democracia no Brasil. 

 

11h15-12h30

 

4ª Mesa               Sociobiodiversidade em asfixia: terra, territórios e povos ameaçados


Luiz Marques:graduado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas, Diplôme d'Études Approfondies (DEA) em Sociologia da Arte - Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales, Paris (1979) e Doutorado em História da Arte - EHESS . Livro publicado: Capitalismo e colapso ambiental


Nara Baré:a primeira mulher a assumir a liderança da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). Ganhadora do Prêmio Franco-Alemão de Direitos Humanos e do Estado de Direito em reconhecimento ao seu compromisso com a proteção do meio ambiente e a defesa dos direitos indígenas.


Convidado internacional: CIDSE –Família internacional das organizações católicas de justiça social


Mediação:Moema Miranda, OFS, é antropóloga e doutoranda em Filosofia. Integra a coordenação da Rede Igrejas e Mineração. É assessora da Comissão Episcopal Pastoral Especial para Ecologia Integral e Mineração, CEEM/CNBB e membro da Coordenação Nacional do Serviço Inter-franciscano de Justiça Paz e Ecologia (SINFRAJUPE). Atua como assessora na Rede Eclesial Pan-Amazônica, REPAM, tendo participado como Auditora no Sínodo para a Amazônia.



06 de maio

 

10h00 às 11h00

 

5ª Mesa               Pandemia e crise sanitária no Brasil

 

Gonzálo Vecinagraduado pela Faculdade de Medicina de Jundiaí, Mestre em Administração, Concentração de Saúde, pela EAESP/FGV. Atuou como Secretário Municipal de Saúde de São Paulo, entre 2003 e 2004, Secretário Nacional da Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde. Foi Diretor Presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA. Professor Assistente da Faculdade de Saúde Pública da USP desde 1988. Superintendente do Hospital Sírio Libanês desde 2007.

 

Aida Cristina do Nascimento Silvagraduada em Engenharia Sanitária pela Universidade Federal da Bahia, mestre em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos pela Universidade de Brasília e doutorado em Saúde Coletiva pela Universidade Federal da Bahia. Professora convidada do Instituto de Saúde doutorado da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia, professora da Escola Politécnica - Universidade Federal da Bahia, pesquisadora e docente do Centro de Pesquisa Gonçalo Muniz.


Convidado internacional: LLM. Peter Prove,Diretor da Comissão das Igrejas para Relações Internacionais do Conselho Mundial de Igrejas.


Mediação:Rev. Ma.Lusmarina Campos Garcia, teóloga e pastora da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Mestra em Direito na área de direitos humanos e doutoranda em direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro; integra o Instituto de Estudos da Religião (ISER).

 

11h15-12h30

 

6ª Mesa               Estratégias e encaminhamentos

 

João Pedro Stedile: economista, ativista e escritor brasileiro. É graduado em economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, e pós-graduado pela Universidade Nacional Autônoma do México.

 

Romi Márcia Bencke: secretária geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs e integrante da Coordenação do FEACT-Brasil e do Grupo de Referência da Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político.

 

Convidado internacional:Thomas Fatheuer - KOBRA

 

Mediação: Daniel Seidel, mestre em Ciência Política da UnB,membro da Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP), assessor da REPAM, integra a coordenação nacional do Movimento Fé e Política.

 

Mística Final: Coral de Mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
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quinta-feira, 8 de abril de 2021

Ao Jornalista Alex Mendes Braga

 AO JORNALISTA ALEX MENDES BRAGA

No Dia do Jornalista, fazemos uma menção honrosa ao Jornalista Alex Mendes Braga apresentador do programa Amazonas Diário na TV Record News Amazonas, pela relevância pública do jornalismo praticado no programa de TV e na sua coluna diária no jorna Diário do Amazonas. 

Há muito tempo que o jornalismo do Amazonas servia apenas para a publicidade dos governantes de plantão. Com a entrada do programa Amazonas Diário comandado pelo Jornalista Alex Mendes Braga, o descaso administrativo, a corrupção, a impunidade e a suposta transparência do governo do Amazonas foi desnuda e virou notícia de relevância pública. 

Por publicar as notícias que os governantes e os políticos apoiadores do governo do Amazonas não querem que sejam publicadas, o Jornalista Alex Mendes já sofreu atentados, todo dia recebe ameaças de morte e é vítima de uma PERSEGUIÇÃO POLÍTICA implacável.

Nesta data de tamanha relevância para o direito a informação, nós do A Lucta Social, parabenizamos o Jornalista Alex Mendes Braga pela sua coragem, firmeza e dedicação de continuar fazendo um jornalismo investigativo digno do reconhecimento internacional que recentemente recebeu do Departamento de Estado norte-americano e do presidente Joe Biden uma citação especial no relatório anual sobre Direitos Humanos devido o atentado sofrido quando saia da sede do Grupo de Comunicação Diária do Amazonas na Av. Djalma Batista.

Ao Jornalista Alex Mendes Braga, a nossa mais profunda e irrestrita solidariedade. 

Força Alex!

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DESAFIOS ÀS FORÇAS PROGRESSISTAS EM 2025

Frei Betto*         Meu primeiro impulso foi intitular este texto de “desafios à esquerda”. Logo me dei conta de que, hoje em dia, resta pou...