Sociólogo fala sobre o avanço da
direita na Europa, a crise da socialdemoracia e o ecossocialismo
Christiane Gomes, Daniel
Santini, Gerhard Dilger, Jorge Pereira Filho e Verena Glass
Fundação Rosa Luxemburgo, 23 de
Fevereiro de 2017.
Michel Löwy, sociólogo brasileiro, radicado na França - Créditos: José Eduardo Bernardes/Brasil de Fato
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Citada por diversas vezes pelo
filósofo marxista italiano Antonio Gramsci, a combinação entre o pessimismo da
razão com o otimismo da ação cabe perfeitamente à conjuntura mundial, marcada
pelo avanço da direita e por Estados cada vez mais atrelados ao mercado
financeiro. Esta é a percepção do sociólogo brasileiro, radicado na França,
Michael Löwy.
Dentre as iniciativas de
resistência e alternativas apontadas pelo diretor emérito do Centre National de
la Recherche Scientifique, na França, e pesquisador da história do marxismo na
América Latina estão as lutas
sociológicas. Para ele, trata-se dos combates mais importantes que vêm acontecendo
hoje.
“São lutas de alta organização
local e comunitária, indígenas e de periferias, com uma convergência: uma
auto-organização pela base, uma espécie de democracia direta em cima de pontos
socioecológicos. Se colocarmos uma perspectiva, a longo prazo, de uma mudança
radical, que é o que o programa ecossocialista propõe, isso vai implicar também
a visão de uma outra democracia, porque a que vivemos é de muito baixa
intensidade”, destaca.
Em entrevista realizada na
Fundação Rosa Luxemburgo, Löwy defende a importância do pluralismo da percepção
socioecológica e afirma que é tarefa da esquerda encontrar maneiras de costurar
esta proposição com suas questões clássicas.
Confira abaixo a íntegra da
entrevista.
FRL: Em termos de conjuntura
mundial, o crescimento do fascismo está acontecendo em todo o lugar. Ao mesmo
tempo vemos um crescimento de movimentos como Nuit Debout, na França e os
Indignados, na Espanha, que propõem uma outra institucionalidade. Como você
analisa isso pensando em termos amplos? A esquerda mundial também está perdida?
Löwy: Eu não tenho uma
explicação universal para a questão deste ascenso da ultra e extrema direita.
Mas em cada lugar há características específicas. No Brasil ela é caracterizada
pela nostalgia da ditadura militar, o que é profundamente preocupante. Já na Europa é o racismo e a xenofobia que
estão em plena ascensão vertiginosa, aproveitando atentados e a chegada de
refugiados que estão sendo usados com muito sucesso por esta direita, o que
mostra que a explicação não é econômica. Alguns amigos me dizem que é por causa
da crise, do desemprego, mas não é isso. A prova é que os países que mais estão
sofrendo com a crise econômica, como Grécia e Espanha, são os lugares onde a
força dessa extrema direita é mais fraca e a esquerda é mais forte. A Áustria e
a Suíça, que não sofreram os prejuízos econômicos, são países onde a direita
fascista é mais forte, onde quase ganharam as presidenciais na Áustria e estão
em maioria na Suíça. Agora, isso não quer dizer que a esquerda sumiu do mapa.
Em alguns países até conseguiu se fortalecer como na Grécia, mas foi
estrangulada pelo Banco Europeu e a oligarquia neoliberal europeia, apesar do
apoio da maioria da população.
Na Espanha, o fenômeno Podemos,
com todas as suas questões e problemáticas, é uma tentativa de romper com a
jaula de ferro neoliberal; em Portugal, apesar de haver um silêncio a respeito,
temos o único governo de esquerda da
Europa. Um governo socialista, mas que
passou com um acordo com o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda e que, por
enquanto, tem conseguido ser um tanto de esquerda apesar da pressão terrível.
Há também o fenômeno Jeremy Corbyn, que pela primeira vez depois de séculos que
se tem uma direção de esquerda no Partido Trabalhista, na Grã Bretanha, e
também Bernie Sanders nos Estados Unidos.
Claro que eles não estão no
poder e não irão ganhar as eleições, mas contam com o apoio de grande parte da
juventude, setores sindicais, o que é novo. A questão é contraditória, claro
que predomina essa onda direitista, na Europa com os racistas e fascistas; na
América Latina os neoliberais, saudosistas da ditadura. Mas ainda há, além dos
movimentos sociais, uma movimentação por baixo, que é muito positiva. Devemos
combinar o pessimismo da razão com o otimismo da ação.
FRL: Há uma vertente da esquerda
que é muito crítica à estes movimentos como Podemos, Indignados e Occupy, por
considerá-los inconsequentes, sem limites e sem contribuição com a perspectiva
da disputa da luta de classe, o que, por vezes, impede a concretização de
algumas alianças que podem ser estratégicas. Como você avalia isso?
Löwy: Bem, se pegarmos alguns
exemplos como os Indignados na Espanha, na Grécia e o Occupy Wall Street nos
Estados Unidos, eles tiveram um papel fundamental de mobilizar gente,
principalmente a juventude, mas não só. Eles também deslegitimaram o discurso
oficial neoliberal e avançaram em uma agenda ampla. Conseguiram dar uma
sacudida na jabuticabeira e depois destes enfrentamentos e repressão, boa parte
deles decidiu partir para o ataque no campo político partidário, o que
resultou, por exemplo na campanha do Bernie Sanders, algo inédito que nunca
teve tanto impacto. Na Grécia isso resultou na vitória de Alexis Tsipras mesmo
com todos os problemas; na Espanha, com a conquista das prefeituras de
Barcelona e Madri, com coligações amplas, dirigida por figuras que são frutos
destes movimentos. Estes fatos mostram que tais movimentos podem ter uma
expressão política. Acho que estas críticas de que estes movimentos só
fragmentam e dividem, não tem sentido, estão fora de foco. Mas não foi em todos
os países que isso aconteceu. Na França isso não vingou, por exemplo, apesar do
Nuit Debout. A grande mobilização que vimos contra as políticas neoliberais
naquele país foi muito importante. Mobilizou, mas não foi suficiente.
FRL – O Estado não responderia
mais à estas pressões de mobilizações populares?
Löwy – Não dá para ter uma regra
geral. Há uma resistência, porque quem está por trás do Estado é o capital
financeiro. O Estado é uma ferramenta do capital financeiro. Na Europa , no
caso da França, um governo oficialmente de centro-esquerda, tendo à frente o
François Hollande e toda a sua equipe, preferiu cometer um suicídio político do
que deixar de cumprir com as expectativas dos “patrões”. O patronato exigiu uma
reforma neoliberal na legislação trabalhista com um contexto onde 60 % da
população contra, juventude contra, sindicato contra, esquerda contra e mesmo
no partido socialista, uma minoria também estava contra; daí o governo, que não
tinha maioria no Congresso, precisou passar a lei por decreto e o resultado é
que o Hollande, eleito com mais de 50% tem agora uma popularidade em torno de
10%. Ou seja, eles cometeram um suicídio político. Mas preferem desaparecer a
cumprir com agenda do mercado financeiro.
FRL: Na Alemanha, a situação
ainda não é tão dramática, mas eles estão seguindo a mesma cartilha
neoliberal, com os tratados “vampiros”
de livre comércio, apoiados pela social-democracia alemã. Você menciona a
social-democracia como uma força que deveria estar nesta frente ampla de
esquerda. Em Portugal já está acontecendo, em Berlim agora também. Mas como
você definiria a social-democracia hoje em dia, incluindo neste pacote o PT,
como uma expressão latino-americana desta social-democracia?
Löwy: Olha, é difícil
generalizar. Em alguns casos a social-democracia foi tão para a direita que
passou a ser apenas um componente desta frente e quase desapareceu. O caso do
Pasok, na Grécia, é o mais evidente, está havendo uma “pasoquização” da
social-democracia em outros países também e não sabemos onde irá. Em alguns
países, a social-democracia e a centro-esquerda já passaram completamente para
o outro lado, como é o caso da Itália, Alemanha e França. Ao mesmo tempo, a
questão é mais complexa. Na França, por exemplo, Benoît Hamon, o candidato mais
à esquerda, ganhou as prévias do Partido Socialista, ganhou as primárias, o que
mostra as contradições. O partido trabalhista, de repente, teve uma orientação
de esquerda.
Não podemos generalizar, mas é
nítido que há uma guinada tão fanática e obtusa ao neoliberalismo quem vem
provocando uma espécie de suicídio político, como é o caso da Grécia, da França
e possivelmente será o da Itália também. No Brasil é um pouco diferente, porque
o PT, ao menos em sua origem, era mais do que um partido de
social-democracia, apesar de que acabou
se transformando nisso, mas é um caso diferente.
FRL – Em seu livro lançado em
2016 Afinidades revolucionárias: nossas estrelas vermelhas e negras: por uma
solidariedade entre marxistas e libertários,
você promove a conexão de dois
conceitos muito interessantes, que é a questão da democracia direta, a gestão
social da vida comunitária e a ecologia, o ecossocialismo. Como você vê a
ligação entre estas duas perspectivas?
Löwy – As lutas socioecológicas
são o mais importante que vem acontecendo hoje,
porque são lutas de alta organização local e comunitária, indígenas e de
periferias, com uma convergência: uma auto organização pela base, uma espécie
de democracia direta em cima de pontos socio-ecológicos. Se colocarmos uma
perspectiva, a longo prazo, de uma mudança radical, que é o que o programa
ecossocialista propõe, isso vai implicar
também na visão de uma outra democracia, porque a que vivemos é de muito baixa
intensidade.
Precisamos de uma democracia
radical que combine formas de democracia direta com a representativa, pois não
se pode totalmente passar da representação, essa é um pouco da discussão que
estamos tendo com os companheiros libertários, ainda que alguns reconheçam isso
também; e dar um peso à democracia direta, tanto na gestão local das fábricas,
comunidades, universidades, escolas, hospitais etc. quanto na consulta da
população. Grandes questões ecológicas, por exemplo, precisam passar pela
consulta da população. Você quer mais transporte público e menos espaço para
automóveis? Você quer diminuir o consumo de eletricidade para diminuir a queima
de carvão? Precisa consultar. Isso faz parte da democracia direta.
FRL – Como pensar em
ecossocialismo nas cidades?
Löwy – Boa pergunta! Não tenho
receita, mas podemos pensar algumas coisas. Primeiro é mudar radicalmente o
sistema de transporte e acabar com o privilégio do automóvel, que obriga as
pessoas a terem carro. Há uma necessidade de mudar esta visão e daí a
importância da reivindicação do Movimento Passe Livre que une a questão social
e ecológica. Acho este movimento muito importante porque levantou uma questão
fundamental que é imediata e aponta, ao mesmo tempo, para uma outra lógica, que
é da gratuidade, absurda para o mercado capitalista que parte de uma regra
absoluta de que nada pode ser gratuito.
Já na perspectiva ecossocialista é primordial o transporte precisa ser
gratuito, assim como a educação, a saúde, a cultura. É uma outra maneira de
organizar a vida na cidade. Outra coisa é pensar os espaços, espaços verdes
para as pessoas poderem respirar. Enfim, não tenho uma plano diretor, mas
recomendo a leitura de Notícias de Lugar Nenhum de William Morris, uma bela
utopia ecossocialista. Aquilo é um exemplo do que estamos falando.
FRL – Algo interessante que
temos discutido é sobre a dificuldade de setores da esquerda compreender que há
outros paradigmas. As populações indígenas, por exemplo, não são classe
trabalhadora porque vivem de uma outra maneira. Por exemplo, setores sindicais
defendem os trabalhadores de uma obra, como Belo Monte, que gera emprego de
carteira assinada, em detrimento das populações que estão sendo atingidas por
tal obra. A classe trabalhadora vai ter choques neste embate com o capital,
comunidades ribeirinhas e indígenas. Como você avalia estas relações?
Löwy – Veja, eu sempre serei um
marxista. Heterodoxo, mas ainda assim um marxista. Acredito que, sem o apoio da
classe trabalhadora, do campo e da cidade, não conseguiremos mudar nada.
Precisamos então ter este objetivo de ganhar a classe trabalhadora, que é
maioria da população, em torno de um projeto de mudança radical. Não acho que a
classe trabalhadora faça parte do capitalismo, ela é sim, vítima deste sistema
que a joga na miséria, oprime na exploração, na prostituição, no narcotráfico.
O interesse destas pessoas é se opor ao capital. Falta consciência, mas há um
potencial enorme de oposição. Dito isso, o que precisamos criticar é uma visão
dogmática que reduz o sujeito de uma transformação social unicamente ao
trabalhador, e no caso dos mais atrasados, à um operário de fábrica que veste
macacão. Infelizmente existe isso na esquerda. Precisamos ter uma visão mais
ampla que inclui na classe trabalhadora, não apenas aquelxs que vendem sua
força de trabalho em uma definição marxista mais clássica, mas todas as pessoas
que trabalham. A dona de casa, xs estudantes, enfim, ampliar esta visão e
incluir também populações como as indígenas e ribeirinhas que estão mais
ligadas à outras formas de vida.
O sujeito de transformação na
percepção socioecológica é plural; além disso há, dentro da classe trabalhadora,
interesses específicos: a mulher, o negro, o camponês. É necessário ter uma
visão plural do que é uma coalição de forças e que entre elas podem ter
contradições: mulheres e homens, negros e brancos, trabalhadores do campo e da
cidade. Uma das tarefas da esquerda é encontrar maneiras de costurar esta
união, respeitando os interesses fundamentais de todxs. Não é uma tarefa fácil,
mas as vezes se consegue. Chico Mendes conseguiu juntar trabalhadorxs,
camponesxs, mulheres, indígenas, comunidades de base. É possível. Temos que ter
este objetivo.
Como dizer aos operários que
trabalham em Belo Monte para abandonarem seus empregos? Na Espanha houve uma
grande mobilização dos mineiros do carvão, pois estavam sofrendo com o corte de
subsídios. Ora, o carvão é um inimigo da humanidade. Não o queremos mais, mas
como dizer que a mina será fechada? Precisamos então criar alternativas e
propostas de empregos verdes, ecológicos e convencer trabalhadorxs de uma
indústria de pesticidas, por exemplo, que aquela fábrica pode produzir outra
coisa. Não é simples, mas é urgente pensarmos em outras possibilidades. O que
não pode é dizer que a classe trabalhadora convencional está fora do jogo ou o
contrário que a classe trabalhadora é parte do jogo e já foi cooptada. Se for
isso, estamos fritxs.
FRL – No marxismo mais ortodoxo,
a ideia do desenvolvimento das forças produtivas sempre jogou um papel chave.
Porém, estamos em uma fase que estas forças podem não ter as mesmas
características de quando Marx escreveu seus textos. Como você vê isso hoje?
Até que ponto a ideia da produtividade, do avanço tecnológico representa um
paradigma central para a esquerda hoje, como forma de libertação do ser humano?
Löwy – A esquerda precisa, com
urgência, romper este paradigma. Dá para encontrar em alguns textos de Marx e
umas pistas nos escritos de Engels de que, quanto mais se progride na
industrialização e no capitalismo do campo, mais se destrói a fertilidade da terra
e a saúde do trabalhador. Há algumas intuições: alguns marxistas que vem o Marx
como produtivista e outros que o enxergam como ecologista sem problemas. Para
mim há as contradições e podemos nos apoiar nos textos que apresentam ideias
mais avançadas. Essa ideia de revolução que tem o objetivo de derrubar as
barreiras que impediam o avanço das forças produtivas, a gente tem que
abandonar. O que sempre digo é que precisamos partir da ideia de que os
trabalhadores não podem se apropriar do estado burguês mas sim quebrar e o
substituir por outra coisa. Acho que isso tem que se aplicar ao aparelho
produtivo porque ele, no capitalismo, é destruidor do meio ambiente, da saúde
das pessoas e precisa ter uma transformação radical deste instrumento.
A ideia do desenvolvimento
ilimitado é papo furado. Ele não é possível em um planeta limitado. Romper com
esta ideia e partir de uma visão de que a produção precisa satisfazer as
verdadeiras necessidades da humanidade e evitar o que é atualmente um
monstruoso desperdício de energia, de trabalho, de matérias-primas, etc. A
grande questão é produzir de formas diferentes, com outras tecnologias,
respeitando os limites da natureza, da Pachamama. Uma das pré-condições disso é
suprimir a publicidade, que seria o primeiro ato desta transição. É um grande
desperdício de tudo para se convencer as pessoas que o sabonete X é melhor que
o Y. Nada mais absurdo e irracional. Uma vez suprimida a publicidade, depois de
um certo período, as pessoas vão descobrir quais são as suas reais necessidades.
Além disso o capitalismo é baseado na obsolescência programada. Todos os
produtos são programados para quebrar o mais rápido possível para que sejam
substituídos. Os produtos precisam ser reparáveis, duráveis, como era
antigamente. A geladeira da minha avó durou 40 anos e quando estragava vinha
uma pessoa arrumar. Enfim, mudar o padrão de produção e consumo para acabar com
uma lógica do capitalismo que está nos levando à uma catástrofe monstruosa que
põe em risco a vida do planeta e dos seres humanos.
FRL – Você acompanhou o processo
dos Fóruns Sociais Mundiais. Em Belém, tínhamos uma tal horizontalidade que, no
último dia, tínhamos mais de 20 manifestos sendo apresentados, inclusive alguns
ecossocialistas. Mas como buscar uma maior convergência? A discussão do Bem
Viver e o dos bens comuns vem ganhando força na América Latina. Mas como
conciliá-los para que estes discursos não fiquem isolados?
Löwy – As comunidades indígenas
trouxeram elementos muito importantes para a reflexão da esquerda e dos
movimentos alternativos, em torno da ideia do Bem Viver e dos bens comuns, que
rompe com a ideia do sempre mais e dos termos individuais do consumo. A partir
destas ideias a gente precisa pensar em objetivos s imediatos, concretos e
alternativas de civilização; utopias no sentido positivo da palavra. Acho que o
Fórum Social Mundial teve um papel muito importante, e ainda o tem, no sentido
de permitir um encontro de pessoas de vários movimentos, partidos, grupos, de
diversos lugares do mundo e criar uma cultura comum que a indignação, o
protesto.
A direita costuma atacar dizendo
que a esquerda só critica, e não apresenta propostas e eu respondo que,
mesmo se o FSM não tivesse nenhuma
proposta, só pela crítica a tudo que está posto já valeria a pena. Mas existem
sim propostas imediatas, como a taxa sobre a especulação financeira e o fim dos
paraísos fiscais. E além disso, o FSM
traz a utopia de um outro mundo possível.
Não é um modelo pronto, mas os bens comuns e o Bem Viver são elementos
desta utopia. Estes movimentos são caldos dessa cultura de transformação.
Fonte: Brasil de Fato