sexta-feira, 31 de maio de 2013

Jaraqui volta a Praça de Manaus

No sábado (1) às 9h, todo o cardume do Jaraqui dará uma coletiva a imprensa do Amazonas, no Coreto da Praça da República Livre do Pina para anunciar o Jaraqui 2013 com vigor e muita determinação contra a corrupção e por um Amazonas justo e igualitário.

No sábado (8) de junho, o Projeto Jaraqui volta a Republica Livre do Pina, na Praça Heliodoro Balbi, no Centro Histórico de Manaus, mobilizando lideranças dos movimentos sociais, parlamentares comprometidos com as lutas populares e demais agentes de controle social. A piracema do Jaraqui deste ano quer ampliar ainda mais as organizações populares sendo uma Tribuna Livre para ecoar o grito dos excluídos e dos indignados contra a corrupção, o desmando e a violação dos direitos da pessoa e do meio ambiente.

O conselho editorial do Jaraqui depois de fazer exaustiva avaliação e consulta aos parceiros resolveu retomar os trabalhos no dia 08 de junho (sábado), a partir das 10h prolongando-se até às 12h. A pauta desta sábado será educação, meio ambiente e sustentabilidade. No sábado (1) às 9h, todo o cardume do Jaraqui dará uma coletiva no Coreto da Praça da República Livre do Pina para anunciar o Jaraqui 2013 com vigor e muito determinação. Todos e todas comprometidos com as lutas sociais e o Direito Achado na Rua estão convidados a comparecer na coletiva de imprensa marcando posição em favor de um Amazonas justo e igualitário.

CARTA DE PRINCÍPIO DO JARAQUI APROVADA EM PRAÇA PÚBLICA, NO DIA 28 DE ABRIL DE 2012

 O Movimento Social enquanto frente de luta e organização popular conquista a cada dia novos espaços, exercendo a soberania participativa contra grupos e forças particulares que buscam reduzir o Estado aos interesses familiares ou empresariais, alimentando-se da miséria e da ignorância do nosso povo. Para dar um basta a estas políticas de exploração e dominação se faz necessário mobilizar forças representativas dos diversos segmentos sociais para juntos enfrentarmos os desmandos políticos e governamentais que tem contrariado à vontade do povo do Amazonas e da nação brasileira. Neste contexto de luta social está inserido o Projeto Jaraqui, que refundamos neste dia com propósito de promover as discussões para garantir os Direitos Coletivos de nossa população seja do interior ou da capital, dos rios ou das florestas, das pessoas e da biodiversidade que nos cerca.  O Projeto Jaraqui é este Fórum da Cidadania que nasceu em Praça Pública há trinta anos, contando com a participação de representações populares da cultura, do operariado, dos políticos responsáveis, professores, estudantes, escritores, movimento das mulheres, índios, negros e lideranças socioambientais, entre outras. Se no passado lutávamos pela Democratização do País, hoje nos posicionamos contra a corrupção, os políticos ficha suja, o descaso e desmando operante contra a nossa Amazônia, a se manifestar pela cobiça do capital quanto à exploração dos recursos ambientais e seus serviços, na perspectiva da insustentabilidade, empobrecendo o meio ambiente e a qualidade de vida das pessoas no planeta.  Este combate deve ser suprapartidário feito por agentes responsáveis capazes de assegurar a prática Democrática do Estado de Direito assentada na participação popular, nas eleições limpas, no fortalecimento do Movimento Social, dos Partidos Políticos programáticos pautados na ética da responsabilidade, na defesa da Amazônia de forma sustentável e socialmente justa, na garantia dos Direitos Fundamentais, na construção de uma cidade sustentável e humana, em articulação com as políticas públicas sob o controle do movimento social. Os princípios aqui lavrados em Praça Pública devem sustentar os debates, as propostas e assegurar a todas e todos a plena participação no encaminhamento das discussões e formulações das ações em defesa da Qualidade de Vida no Planeta. Para esse fim, é necessário que haja uma coordenação dos trabalhos que conduza, oriente, promova e a articule o fortalecimento do Movimento Social se assim for à vontade da maioria.  Assembleia Popular, realizada em Manaus, capital do Estado do Amazonas, na República Livre do Pina, na Praça Heliodoro Balbi.


Mais imformação: (92) 9984-1256  

terça-feira, 28 de maio de 2013

Carta Aberta ao Presidente da Caixa Econômica Federal que foi subscrita pelos participantes do Seminário por uma Nova Política Energética no Brasil


CARTA ABERTA AO PRESIDENTE DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

 Brasília, 24 de maio de 2013

Senhor Presidente,

As pessoas e organizações que subscrevem a presente tiveram ciência, pelos jornais, de que os responsáveis pelo Programa Nuclear Brasileiro estão em entendimento com a Caixa Econômica Federal para que esta conceda, à empresa encarregada da construção da Usina Nuclear conhecida como Angra III, um empréstimo que permita completar essa construção, uma vez que até agora a solicitação feita no mesmo sentido junto a bancos europeus não obteve resposta.

Segundo o que chegou ao nosso conhecimento, a demora dos bancos europeus para atender a esse pedido de financiamento seria devido a insuficiências nas informações apresentadas pelas autoridades brasileiras quanto às condições de segurança da nova usina de Angra. Como estas condições se tornaram mais exigentes após o acidente nuclear ocorrido em março de 2011 em Fukushima, no Japão, esses bancos e a Agência alemã Euler Hermes, que daria o seguro ao empréstimo, teriam solicitado mais informações sobre condições de segurança em Angra.

É do conhecimento geral que há riscos específicos em Angra, ligados ao histórico de deslizamentos de terra na região, e que as condições de evacuação da população em caso de acidente são extremamente precárias. Por outro lado, a informação difundida a evacuação cobriria apenas um raio de 5 quilômetros em torno das usinas, quando a 15 quilômetros delas se situa a cidade de Angra dos Reis, com mais de 170.000 habitantes, e quando o raio adotado em Fukushima foi de 30 quilômetros.

É grave no entanto uma questão sobre a qual a maioria dos cidadãos brasileiros não tem informação: o projeto de construção das 3 usinas de Angra teria adotado as normas de segurança usuais na década de 70, mas a partir do acidente ocorrido no final dessa década, em 1979, em Three Miles Island, nos Estados Unidos, essas normas foram revistas. A revisão levou em conta a possibilidade real de acidentes severos, por falhas humanas, de projeto ou dos equipamentos, que podem levar à explosão dos reatores e à destruição dos edifícios de contenção dentro dos quais eles se encontram, propagando elementos radioativos no meio-ambiente.

Sabe-se que as nuvens radioativas que podem se formar com tais explosões se espalham ao sabor do vento, como ocorreu em Chernobyl, na então União Soviética, em 1986, atingindo todos os países da Europa. No nosso caso, elas atingiriam de imediato São Paulo e Rio de Janeiro, as duas maiores cidades brasileiras, situadas a menos de 200 quilômetros das usinas.

As novas normas de segurança adotadas em 1985 pelos Estados Unidos, depois do acidente de Three Miles Island, implicaram na obrigatoriedade de construção de maiores e mais sólidos edifícios de contenção da propagação da radioatividade, já que os acidentes são sempre possíveis. Por essa razão o governo norte-americano exigiu, em 1988, que todas as suas usinas nucleares fizessem reformas modificando seus projetos originais, para passarem a contar com os novos edifícios de contenção necessários.

Posteriormente, em 2004, a própria Agencia Internacional de Energia Atômica expediu sua norma NS–G-1.10, que trata do projeto desse Edifício de Contenção, para prevenir os efeitos nefastos de fusões totais do núcleo do reator.

Ora, Sr. Presidente, pela informação que dispomos, não se tomou nenhuma providência no Brasil para que se obedecesse a essas normas internacionais, como ocorreu nos Estados Unidos, e nossas usinas continuaram a funcionar – ou, no caso de Angra III, esta continuou a ser construída - com projetos feitos antes do acidente de Three Miles Island. Segundo a informação existente, inclusive a própria Comissão Nacional de Energia Nuclear licenciou Angra III em 2010, seis anos depois da expedição das novas normas pela AIEA, sem que estas tivessem sido levadas em conta, isto é, considerando os projetos originais dessa usina.  . 

Se tais dados forem verdadeiros, assim como os relativos ao problema da insuficiência do plano de evacuação de Angra e dos riscos de deslizes de terra na região, não será de estranhar que as autoridades brasileiras não tenham podido responder adequadamente à solicitação de informações dos bancos europeus e da companhia de seguros Hermes.

Mas nos preocupa, senhor Presidente, que a Caixa Econômica Federal possa se dispor a substituir bancos que não estão querendo financiar um determinado empreendimento porque este estaria contrariando normas de segurança internacionais. Seria a nosso ver algo extremamente grave, desde um ponto de vista de responsabilidade social de uma empresa do governo, o que não escapará da atenção dos cidadãos e cidadãs brasileiros, se tais dados forem confirmados e difundidos.

Diante disso, com base  na Lei de Acesso à Informação, no. 12.527, de 18 de novembro de 2011, estamos vindo à sua presença para lhe solicitar as seguintes informações:

1. Existem efetivamente negociações em curso para que a Caixa Econômica Federal financie o término da construção de Angra III, pelo fato deste financiamento não ter sido obtido na Europa?

2. A Caixa tem conhecimento da existência de revisões dos projetos iniciais de Angra III tendo em vista as normas NS–G-1.10 da AIEA - Agencia Internacional de Energia Atômica, editadas em 2004?

3. A Caixa conhece essas normas? E, se existir efetivamente um pedido de financiamento de Angra III à Caixa, estão contempladas as necessidades de recursos decorrentes de obras exigidas por essas normas da AIEA?

4. A Caixa tem conhecimento de um pedido de informações feito por bancos europeus e pela Agencia de Seguros Hermes, da Alemanha, quanto às condições de segurança de Angra III, e do teor desse pedido?

5. A Caixa tem conhecimento da resposta dada pelas autoridades brasileiras a esse pedido de informações, e da condução das negociações das autoridades brasileiras com bancos europeus para financiar Angra III?

6. Se forem confirmadas as informações acima quanto ao descumprimento de normas da AIEA pelas autoridades brasileiras, a Caixa considera que pode ignorar esse descumprimento e financiar Angra III sem que as normas sejam cumpridas?

7. A Lei que instituiu a Caixa Econômica Federal a autoriza a fazer empréstimos para empresas que constroem ou operam usinas nucleares para a produção de energia elétrica?

Esperando merecer de V.Excia. a atenção exigida pela gravidade da questão abordada, aguardamos sua resposta, nos termos da Lei 12.527, subscrevendo-nos atenciosamente.


(Seguem-se os nomes de 42 cidadãos e cidadãs – integrantes de 36 entidades da sociedade civil brasileira – que participaram em Brasília, nos dias 23 e 24 de maio de 2013, de Seminário por uma Nova Política Energética no Brasil).

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Sem Monteiro Lobato o petróleo não é mais nosso!


O PT acaba de entregar uma grande parte das reservas de petróleo aos grupos privados tendo como principal beneficiado o empresário Eike Batista, o homem mais rico do Brasil segundo a revista “Forbes”, ícone do capitalismo, é também o maior magnata da indústria nacional de petróleo. Através dos leilões que privatizaram boa parte das jazidas petrolíferas do país e com a ajuda privilegiada de ex-diretores e ex-gerentes da Petrobrás, que contratou a peso de ouro, ele transformou sua empresa OGX Petróleo e Gás Participações no maior grupo privado de exploração marítima do Brasil. Tudo às custas da entrega do patrimônio público.

Campanha “O petróleo é nosso”

O petróleo é nosso foi o lema da campanha que empolgou grupos políticos, associações profissionais e organizações diversas no Brasil, entre 1947 e 1953.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

"O petróleo é nosso!" é uma frase que se tornou famosa ao ser pronunciada, por ocasião da descoberta de reservas de petróleo na Bahia, pelo então presidente da república Getúlio Vargas e que, mais adiante, se tornou lema da Campanha do Petróleo, patrocinada pelo Centro de Estudos e Defesa do Petróleo e promovida por nacionalistas, que culminou na criação da empresa petrolífera nacional, a Petrobras. Após tornar-se famosa, historiadores descobriram que a frase foi criada por Otacílio Raínho, professor e diretor do Colégio Vasco da Gama, no Rio de Janeiro, um marqueteiro casual. 

Entre a primeira concessão para exploração de petróleo no Brasil e a criação da Petrobras, em 1953, decorreram 89 anos. O país assistiu à polêmica entre o escritor Monteiro Lobato e o governo Getúlio Vargas - resumida na famosa Carta a Getúlio. O Brasil dividiu-se, então, entre os nacionalistas e os defensores do capital estrangeiro (apelidados pejorativamente de entreguistas por seus opositores). A Campanha do Petróleo resultou vitoriosa, com a criação da Petrobras.

O Escândalo do Petróleo

Em 1936, diante dos obstáculos impostos pelo governo Vargas à exploração de petróleo, Monteiro Lobato lançou O Escândalo do Petróleo, no qual acusava o governo de "não perfurar e não deixar que se perfure".3 O livro esgotou várias edições em menos de um mês.

O Escândalo do Petróleo foi censurado em 1937 por Getúlio Vargas, no mesmo ano em que o escritor lançou O Poço do Visconde. Na obra supostamente infantil, diz que "ninguém acreditava na existência do petróleo nesta enorme área de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, toda ela circundada pelos poços de petróleo das repúblicas vizinhas". Monteiro Lobato acaba sendo preso em 1941, ironicamente por uma ordem partida do General Horta Barbosa, que mais tarde seria um dos líderes da Campanha do Petróleo.

Descoberta de Petróleo

Em 1938, o governo decidiu explorar um poço em Lobato, na Bahia, e técnicos constatam a existência de petróleo. É criado o Conselho Nacional do Petróleo, e as jazidas minerais passam a ser consideradas propriedade estatal.

Em 1941, foi descoberto o primeiro poço de exploração comercial, em Candeias, no Recôncavo Baiano. De 1939 a 1953, foram perfurados 52 poços no país, descobrindo-se vários campos para a exploração. Contudo, no início da década de 1950, o Brasil ainda importava 93% dos derivados que consumia.

Após a promulgação da Constituição de 1946 foi travado um grande debate em relação à política do petróleo, entre os que admitiam a entrada de empresas estrangeiras e os nacionalistas. Nessa época surgiu a campanha O petróleo é nosso!, patrocinada pelo Centro de Estudos e Defesa do Petróleo. Não podemos esquecer da figura do General Felicíssimo Cardoso que presidiu o Cedpen - Centro de Estudos e Defesa do Petróleo e o semanário Emancipação, fundado em 2 de fevereiro de 1949, que muito contribuiu para a criação da Petrobras. Cardoso era considerado um militar nacionalista feroz e era chamado carinhosamente de o "General do Petróleo".

Em 3 de outubro de 1953, foi criada pela lei n° 2004 a Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras) , que instituiu o monopólio estatal da exploração, do refino e do transporte.

Esse monopólio durou 44 anos. Foi quebrado legalmente com a EC 9/1995 que modificou o Art. 177 da Constituição Federal. O fim do monopólio estatal foi viabilizado a partir de 16 de outubro de 1997, com aprovação da Lei do Petróleo (lei n° 9.478) e a criação da ANP (Agência Nacional do Petróleo), órgão regulador da indústria do petróleo. Este marco regulatório abriu caminho para a participação do setor privado na pesquisa, exploração, extração, refino, exportação e importação e distribuição de petróleo.

Histórico

Em 1947 realizou-se no Clube Militar uma série de conferências que deflagraram um movimento contrário a abertura do mercado petrolífero ao capital estrangeiro e em favor do monopólio estatal. O General Juarez Távora defendia uma posição de abertura ao capital estrangeiro, enquanto o General Horta Barbosa defendia a solução do monopólio estatal.

A campanha, denominada Campanha do Petróleo - pelo controle nacional sobre o petróleo - tornou-se um dos movimentos de opinião pública mais vigorosos da história política brasileira e seu lema: "O Petróleo é nosso" tornou-se conhecido por todos os brasileiros.

A Constituição de 1946 permitia a participação do capital estrangeiro nas atividades de exploração mineral mineral, inclusive do petróleo.

O Presidente Eurico Gaspar Dutra defendia uma política econômica liberal, de abertura ao capital estrangeiro, e contrária às orientação do governo anterior de Getúlio Vargas. Assim, enviou ao Congresso Nacional um projeto de lei de inspiração liberal, que ficou conhecido como o "Estatuto do Petróleo".

Em 21 de abril de 1948 realizou-se uma cerimônia no Automóvel Clube do Rio de Janeiro que iniciou a reação das forças nacionalistas ao projeto do Estatuto do Petróleo. Foi criado o Centro de Estudos e Defesa do Petróleo, entidade civil que reunia militares, civis, intelectuais, estudantes e profissionais liberais na Campanha do Petróleo. Foram nomeados seus presidentes honoríficos o ex-presidente Artur Bernardes e os generais Horta Barbosa e José Pessoa.

Essa ampla campanha em favor do monopólio estatal do petróleo organizou-se em todo o Brasil, mobilizando estudantes universitários, profissionais liberais e militares.

Na atualidade

Após a descoberta do pré-sal alguns movimentos sociais, sindicatos, políticos de vários partidos diferentes, grupos de esquerda ou nacionalistas, além de associações civis, grupos de intelectuais e acadêmicos, passaram a defender uma revisão da atual Lei do Petróleo, em prol de um novo Marco Regulatório para a exploração de petróleo e gás natural no Brasil. Os lemas "O pré-sal tem que ser nosso" ou "O petróleo tem que ser nosso" tornaram-se a principal bandeira deste movimento que aproxima diferentes grupos com ideologias e afinidades políticas muitas vezes divergentes em outras temáticas.

"A ‘Campanha do Petróleo’ foi, efetivamente, a maior e mais original contribuição à criação de uma atitude ‘nacionalista brasileira democrática’".

—Maria Augusta Tibiriçá Miranda

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Carta Ecossocialista do Amazonas A constatação do Caos e o Ímpeto da Mudança



"A organização do proletariado em classe e, portanto, em partido político, é incessantemente destruída pela concorrência que fazem entre si, os próprios operários. Mas renasce sempre, e cada vez mais forte, mais firme, mais poderosa".

(Karl Marx e Friedrich Engels – em Manifesto do Partido Comunista).

Essa afirmação de Karl Marx e Friedrich Engels, no Manifesto Comunista, serve para reafirmarmos o nosso compromisso com as transformações que precisamos e devemos buscar para satisfazer as necessidades do proletariado.

O Ecossocialismo nasce dessa necessidade de transformarmos uma sociedade que há tempos vem sendo adestrada para o consumismo, o cinismo, a competitividade, o preconceito, o individualismo, o oportunismo, o nepotismo a irracionalidade, o populismo, o despotismo, racismo ambiental...

A falta de uma consciência ambiental tem levado essa civilização a deformar o planeta, provocando um desequilíbrio na temperatura da terra, levando a natureza agir a com fúrias incontroláveis que assistimos horrorizados nas constantes catástrofes que tem levado a óbitos milhões de pessoas em todo o mundo.

O PSOL/AMAZONAS, trás para o debate amazônico o Ecossocialismo como instrumento de transformação de valores, culturais e econômico, cujo objetivo é a construção de uma civilização nova, que seja capaz de conviver valorizando os principais aspectos desse majestoso ecossistema, entendendo sua complexidade, defendo sua permanência intacta e valorosa, assegurando as atuais e furas gerações um ambiente saudável e justo para com seus habitantes.

Da constatação do caos é que se busca a recuperação de valores, de novos marcos econômicos e civilizatórios e a reconstituição de uma sociedade voltada para a solidariedade e o respeito ao Meio Ambiente, pensando assim, o Partido Socialismo e Liberdade, divulga a “CARTA ECOSSOCIALISTA DO AMAZONAS A CONSTATAÇÃO DO CAOS E O ÍMPETO DA MUDANÇA”, fruto do 1º Encontro Ecossocialista do PSOL Amazonas realizado no dia 05 de abril de 2013 em Manaus(AM).

O Ecossocialismo é o renascer de uma Nova Civilização forte coletivamente, justa economicamente, responsável ambientalmente!

Recomendo a todos(as) uma boa leitura...

Elson de Melo
Secretário de Assuntos Amazônico
PSOL - AMAZONAS

CARTA ECOSSOCIALISTA DO AMAZONAS
A CONSTATAÇÃO DO CAOS E O ÍMPETO DA MUDANÇA

O PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE – PSOL, no estado do Amazonas, através da SECRETARIA DE ASSUNTOS AMAZÔNICOS, com o apoio dos CAMARADAS MILITANTES AMAZONENSES, em 5 de abril de 2013, no auditório  da Câmara Municipal de Manaus, instala a SETORIAL ECOSSOCIALISTA DO AMAZONAS, tornando pública a CARTA ECOSSOCIALISTA DO AMAZONAS, estruturada nos seguintes pilares:

I. RECONHECIMENTO da existência de uma grave CRISE MUNDIAL envolvendo aspectos múltiplos, de natureza ética, ecológica, política, econômica e social; que os aspectos propriamente éticos e morais ganham relevância e são determinantes básicos dessa CRISE; que, de fato, um conjunto de valores inspiram e conduzem, equivocada e negativamente, as ações do homem: a cobiça, o sentido do lucro, a usura, a liberdade irresponsável; que, na verdade, SÃO OS VALORES QUE HISTORICAMENTE, FUNDAMENTARAM O SISTEMA POLÍTICO-ECONÔMICO  CAPITALISTA DOMINANTE; que o ENCAMINHAMENTO DE SOLUÇÕES PARA A CRISE perpassa, necessariamente, pelo PROCESSO DE REVISÃO E MUDANÇA SAUDÁVEL DESSES VALORES; que as sucessivas CRISES OCORRIDAS ao longo do tempo, sobretudo a última  e mais recente, ainda em franca ebulição, AUTORIZAM MUDANÇAS BÁSICAS, de forma a evitar a repetição do QUADRO DE TORTURAS E SOFRIMENTOS IMPOSTOS À  SOCIEDADE INTERNACIONAL,  que  PENALIZAM E FULMINAM MISERAVELMENTE OS SEGMENTOS DA CLASSE TRABALHADORA; que o QUADRO DE TORTURAS E SOFRIMENTOS envolve também DANOS GRAVES À NATUREZA: DESMATAMENTO, AQUECIMENTO, POLUIÇÃO; que são tantos e tão graves os prejuízos, que NÃO HÁ COMO EVITAR AS MUDANÇAS DE BASE, a partir da necessária revisão e superação desses VALORES ÉTICOS NEGATIVOS, que historicamente, de forma equivocada, pela ação conjugada  de poderosos grupos nacionais e transnacionais , conduzem a humanidade a uma situação permanente de tensão, conflito e dor; que não há como continuar insistindo na preservação de valores que comprovadamente destruíram a força do trabalho e devastaram a natureza; que a rigor, a questão não é salvar o sistema econômico, mas SALVAR A NATUREZA, SALVAR A HUMANIDADE, SALVAR A VIDA, SALVAR O PLANETA; enfim, que os valores básicos até então dominantes devem ser repensados, revisados, superados.

II. RECONHECIMENTO de que, no ESTADO DO AMAZONAS, VIVE-SE A EXPRESSÃO MÁXIMA DA DESORDEM ÉTICA, ECOLÓGICA, ECONÔMICA, POLÍTICA E SOCIAL QUE O MODELO NEOLIBERAL PODERIA ATINGIR. Nessa linha de VERDADEIRA CONSTATAÇÃO DO CAOS, e na defesa efetiva do ECOSSOCIALISMO, registra-se a COMPLETA AUSÊNCIA DE INVESTIMENTO NO CAPITAL SOCIAL BÁSICO, ou seja, INVESTIMENTO NA SAÚDE, NA EDUCAÇÃO, NA INFRAESTRUTURA FÍSICA, que se expressa, por exemplo, de forma escandalosa, nos fatos seguintes:

1. NA SAÚDE PÚBLICA – Nessa área, a constatação foi feita recentemente pelo próprio Governador do Estado, Omar Aziz, que, por ocasião da leitura da Mensagem Governamental, na Assembleia Legislativa, declarou: “morre uma Santa Maria por dia no Estado do Amazonas”. Com tais palavras referindo-se ao resultado do trágico incêndio ocorrido naquela cidade do Rio Grande do Sul, nos diz que, diariamente, morrem 240 pessoas por absoluta falta de assistência médica no Amazonas;

2. NA ÁREA EDUCACIONAL - Após dez anos de implantação do I Plano Nacional de Educação, constatamos que, na rede municipal de Manaus, não há sequer uma única escola de ensino fundamental de tempo integral, bem como não há uma rede pública destinada a atender a educação infantil e a educação especial (creche e pré-escola). É flagrante, nessa constatação, que a SUPRESSÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL CONFIGURA VIOLAÇÃO AO PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO E SOCIABILIDADE DA CRIANÇA, com sérias consequências no processo de aprendizagem futuro;

3. NO ABASTECIMENTO DE ÁGUA, é inadmissível que uma cidade situada às margens de dois dos três maiores rios do mundo, entrecortada por mais de 1000 igarapés, sofra com A FALTA D’AGUA. São 400 mil cidadãos manauaras que enfrentam e aguardam ansiosos uma solução para o problema. Agora, mais recentemente, Manaus passou a vivenciar um verdadeiro clima de pânico e terror em face do rompimento de adutoras. No quesito SANEAMENTO BÁSICO, segundo pesquisa do Instituto Trata Brasil, Manaus aparece entre as 20 piores cidades brasileiras.

4. Considerando-se O REGRAMENTO CONSTITUCIONAL E A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL VIGENTE, não há dúvida de que O ATERRAMENTO E A IMPERMEABILIZAÇÃO DOS IGARAPÉS DE MANAUS, ou seja, a CONSTRUÇÃO DE BASE DE CIMENTO ARMADO NOS SEUS LEITOS, junto com A COMPLETA DESTRUIÇÃO DA MATA CILIAR E A EDIFICAÇÃO DE CONJUNTOS RESIDENCIAIS NAS SUAS BACIAS, ou seja, NAS MARGENS OU NO LEITO ATERRADO, configuram DANO AMBIENTAL GRAVE, VERDADEIRO CRIME ECOLÓGICO, PARA ALÉM DA FLAGRANTE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE PRATICADA PELO ESTADO DO AMAZONAS. Tão mais graves e inadmissíveis, quando ocorrem no exato momento em que há um movimento mundial no sentido da PRESERVAÇÃO DA NATUREZA, SOBRETUDO DESSA NATUREZA AMAZÔNICA, quer pela expressão singular da beleza exuberante que encerra, quer pelo TEMOR DOS IMPACTOS NEGATIVOS ECOLÓGICOS, já evidentes. É de causar perplexidade o fato do PROGRAMA SOCIAL E AMBIENTAL DOS IGARAPÉS DE MNAUS - PROSAMIM já ter consumido, conforme denúncia do Presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Amazonas, U$ 1.089.450,000,00     (um bilhão oitenta e nove milhões quatrocentos e cinquenta mil dólares) e continuar sendo PROJETADO COMO UM PROGRAMA DE REFERÊNCIA NA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS POLUIDAS. É flagrante que, NAS ÁREAS DITAS COMO JÁ RECUPERADAS, AS ÁGUAS CONTINUAM PARADAS, FÉTIDAS, ESPUMOSAS, COM O MATO IMPRÓPRIO TOMANDO CONTA DA GRAMA PLANTADA. E o que é mais grave, CONTINUAM SENDO DEPÓSITOS OU RECIPIENTES DE DEJETOS, RESÍDUOS E MATERIAIS POLUENTES. A rigor, em face da forma como se apresentam, CONTINUAM COMO VERDADEIROS ESGOTOS A CÉU ABERTO;

5. Outro aspecto de grande relevância DA REALIDADE AMAZONENSE, que necessariamente merece ser declarado como CAÓTICO, diz respeito ao ELEVADO CUSTO DE VIDA EM MANAUS E NO INTERIOR.  Segundo pesquisa do Dieese, Manaus é a 6ª colocada entre as cidades com preços mais altos (A Crítica, ed. de 18.08.2012). Osires Silva (na série de artigos publicados no jornal A Crítica, sob título “Carestia em Manaus”, em 21 ag, 4, 11 e 18 set 2011) registra que Manaus lidera o grupo alimentação, sendo a mais cara do País. É impressionante como, não apenas Manaus, mas também nossos interiores dependem de importações na área de alimentos. Praticamente importamos tudo em larga escala: farinha, peixe, cheiro verde, limão, verduras, legumes, carnes, laticínios, cereais, grãos, leite e derivados. É patente a incompetência governamental no sentido de enfrentar objetivamente o problema;

6. Nessa conjuntura caótica constatamos que a implantação definitiva do sistema de gás de Urucu pode vir a ser um fator importante na redução do custo de vida. Trata-se de um megainvestimento anunciado como substituto do óleo diesel e do combustível, com a previsão de redução de até 30 % do custo do transporte, de 95 % da emissão de oxido de nitrogênio pelos veículos, de 25 % do gás carbônico. É de se perguntar: o que está faltando para que esse sistema seja implantado efetivamente em Manaus? Enquanto isso, a população assiste perplexo o aumento do valor do transporte de ônibus e de táxi, sem ter a quem recorrer.

7. OUTRA QUESTÃO DE FUNDO, CENTRAL, envolve o POLO INDUSTRIAL DE MANAUS e conduz à formulação de uma indagação básica: o que fazer para criar um modelo de desenvolvimento sustentável para o Estado do Amazonas? A verdade é que, decorridos 46 anos de Zona Franca, identifica-se a completa ausência de um AUTÊNTICO e viável PROJETO de desenvolvimento sustentável para o Amazonas, isto é, um projeto efetivamente ajustado à nossa vocação econômica e capaz de garantir o aproveitamento racional dos recursos naturais por meio da utilização de instrumentos gerados pela ciência e tecnologia. Parece não haver nenhum interesse das empresas do PIM na criação de um modelo dessa ordem. As pesquisas que desenvolvem são realizadas em matrizes fora do Estado e os produtos já chegam aqui praticamente prontos e acabados. Não há inovação tecnológica ajustada à vocação do Estado.  A rigor, pelo volume de dinheiro gerado nas transações realizadas pelas empresas do distrito industrial, A POPULAÇÃO DE MANAUS DEVERIA GOZAR DA MELHOR QUALIDADE DE VIDA DO PAÍS. Não é efetivamente o que ocorre. Nesse particular, há três dados adicionais para reflexão: primeiro, a política salarial adotada no PIM chega a ser aviltante, permitindo identificar que, na medida em que cresce o faturamento das empresas, encolhe o salário do trabalhador. Nessa linha, cabe o registro de Osiris Silva: “do faturamento de U$35 bilhões do ano passado (2010), o PIM pagou, em salários, para um universo de 108 mil trabalhadores, U$ 920,8 milhões, e recolheu de ICMS U$308,74 milhões, o equivalente a 2,62 % e a 0,87 % do faturamento total do parque industrial. Considere-se, adicionalmente, que, com base em dados de 2009, 54 % do total de mão da obra empregada ganhava até 2 salários mínimos, contra apenas 26 % em 1998” (“ZFM, ano V, que rumo tomar”, artigo publicado no jornal A Crítica, ed. de 28.02.2011, Caderno Especial ZFM 40 anos, p. 15); segundo, a insegurança e instabilidade geradas para a classe trabalhadora por conta da prática escancarada, absurda, da celebração e prorrogação de contratos temporários no limite legal (6 meses) e em face da terceirização crescente  tanto em atividades meio como em atividades fim, declarada ilegal pela justiça brasileira; terceiro, o Polo Industrial de Manaus provocou  o esvaziamento populacional do interior do Amazonas, que foi vitimado por um  fluxo migratório absolutamente desordenado para a capital. Manaus, na previsão catastrófica de Márcio Souza, É SÉRIA CANDIDATA A SE COLOCAR ENTRE AS PIORES CIDADES DO MUNDO ( A Crítica, p. C6, artigo sob título de “Manaus é forte candidata”).

8. Não poderíamos também deixar de chamar a atenção para a análise do PROJETO DA CIDADE UNIVERSITÁRIA EM IRANDUBA. Ela nos revela O ABSURDO DE QUE, NA ÁREA RESERVADA DE 1200 HECTARES, APENAS 140 SERÃO DESTINADAS À UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS, ENQUANTO A MAIOR PARTE SERÁ DEVASTADA POR PROJETOS DE INICIATIVA PRIVADA, caracterizando flagrante especulação imobiliária. Segundo o relatório de impacto ambiental, o empreendimento vai causar o empobrecimento e a contaminação do solo e da água, perda de habitats, diminuição da oferta de alimentos, perturbação e afugentamento da fauna, destruição de abrigos, destruição de áreas de reprodução, e a redução da biodiversidade da Área de Proteção Ambiental da margem direita do Rio Negro. Além disso, de forma estúpida e irracional, desaloja 389 pessoas, a maioria com ensino fundamental incompleto, com renda familiar de até um salário mínimo, muitas vivendo há décadas da agricultura de subsistência, e que, em face disso, terão de migrar para áreas mais afastadas ou tentar sobreviver com baixa escolaridade, no entorno da Cidade Universitária, com todos os problemas advindos da migração e ocupação descontrolada e irregular que, inevitavelmente, ocorrerá nessa área. Acrescente-se aqui, o questionável fato de que a área pertenceria à União, sendo ilegalmente desapropriada pelo Estado do Amazonas.

9. Outra barbárie que não pode deixar de ser denunciada é o PROJETO DE CONSTRUÇÃO DA PRAIA ARTIFICIAL DA PONTA NEGRA, TRANSFORMADA, LITERALMENTE, NA PRAIA DO TERROR, vitimando fatalmente, em pouco espaço de uso, 13 pessoas. Aqui, há o agravamento de que, sendo também o Rio Negro área federal, não estaria nos limites da competência da Prefeitura de Manaus executar as obras de aterramento, e, de forma ilegal, indevida e incompetente, transformar a praia natural em praia artificial. FOI DOLOROSO VER A PRAIA INTERDITADA E A COMUNIDADE MANAUARA IMPEDIDA DE GOZAR DOS PRAZERES DE UMA ÁREA DE LAZER QUE JÁ FOI NOBRE, SEM A ADOÇÃO DE NENHUMA MEDIDA PUNITIVA ÀS AUTORIDADES RESPONSÁVEIS POR TAMANHO CRIME.  A imprensa anuncia a reabertura da mesma, porém com o espaço limitado para os banhistas, que, mesmo nos dias “badalados”, terão menos de 1m² para nadar. Como explicar tamanho rigor numa área que sempre foi livre, aberta, sem mortes e sem mistérios. É fundamental também que se apure o valor da obra, pois somente o gasto com areia alcançou a marca dos R$12milhões. É preciso também que se iniciem os procedimentos jurídicos para apurar responsabilidades e punir as autoridades infratoras.

10. PROJETOS MEGALOMANÍACOS são uma constante na vida amazonense, gerando enorme endividamento público, além de, obviamente, não produzir o resultado social desejado. Parecem resultantes de momentos de delírio e alucinação. Nessa linha, foi sumamente trágico assistir, diante da gravidade de tantos problemas sociais, a demolição de uma das obras públicas mais caras já edificadas no Estado do Amazonas, avaliada em mais de R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais), prêmio internacional do arquiteto Severiano Porto, produto da ação de vários governos, homenagem a figura humanitária de um destacado médico da Cruz Vermelha brasileira, o senador Vivaldo Lima. Somente para demolir o Estádio Vivaldo Lima gastou-se R$ 25.000.000,00 (vinte cinco milhões de reais).  Em cima das ruínas de R$300.000.000,00 (trezentos milhões de reais) edifica-se outra obra faraônica, de custo igual ou maior a R$ 538.000.000,00 (quinhentos e trinta e oito milhões), apenas para receber quatro jogos da Copa do Mundo de 2014. E ao que tudo indica, a nova Arena, depois do Mundial, ficará aí, faraônica, vazia e sem finalidade, deixando, entretanto, uma enorme dívida pública, a rigor um enorme rombo, que a população terá que suprir e pagar, assim como está pagando a PONTE MAIS CARA DO MUNDO, a ponte bilionária erguida sobre o Rio Negro. Sem dúvida que, tais ações megalomaníacas já mereceriam uma Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI, para constatar o real endividamento do Estado e suas consequências para a sociedade. Nesse particular, é de ser registrado o engodo do anúncio inicial de que o projeto copa do mundo seria executado, principalmente, através de parcerias público-privadas, que, na prática, não ocorreram, tendo em vista que, no Amazonas, tudo será bancado, efetivamente, pelo contribuinte;

11. Na continuidade do rol de CAOS E ABSURDOS CONSTATADOS, vemos o governo anunciando a implementação do Polo Naval na região ribeirinha do Puraquequara ao publicar um decreto que causa mal estar e que traumatiza agricultores e pescadores ali residentes. Afinal, não há estudo técnico e não se sabe explicar porque a desapropriação de área tão extensa e que justificaria o tratamento duro e violento ao cidadão que ali nasceu, criou os filhos, plantou, fincou raízes e, trabalhando com a família, envelheceu condignamente. É A MODERNIZAÇÃO CAPITALISTA AFRONTANDO O CIDADÃO DE BEM QUE NÃO TEM RECURSOS e que, em face disso, ACABA SENDO PUNIDO, EXPULSO DA PROPRIEDADE, MEDIANTE UMA MÍSERA INDENIZAÇÃO, COM A TRANSFERÊNCIA, EM SEGUIDA, DA ÁREA DESAPROPRIADA PARA UMA GRANDE EMPRESA NACIONAL OU MULTINACIONAL.

12. O CAOS PRESENTEMENTE CONSTATADO que se revela na continuidade da expulsão de agricultores, na penalização de cidadãos de bem, é o mesmo que, historicamente, envolveu o saque, o massacre e o extermínio coletivo de tribos indígenas, entre os quais se incluem 2.000 Waimiris-Atroaris. Tudo por conta da ação devastadora de empresas de mineração, que contaram com a proteção do ESTADO MILITAR e com o silêncio questionável da própria FUNAI. A COMISSÃO DA VERDADE ESTÁ CHAMANDO A ATENÇÃO DO BRASIL, no ato de passar a limpo essa história que envolve a construção da BR-174, a ação do grupo minerador da PARANAPANEMA, os custos elevados de construção e o grande impacto social e ambiental causado pela ATÉ HOJE DISCUTÍVEL HIDRELÉTRICA DE BALBINA, e, principalmente, O GENOCÍDIO DAS COMUNIDADES INDIGENAS. O impacto desse relato impõe uma revisão de valores de forma a evitar que “os crimes contra os povos indígenas, os crimes de genocídio cessem no Brasil, e figurem apenas como parte sombria da memória histórica” (COMITÊ DA VERDADE, MEMÓRIA E JUSTIÇA DO AMAZONAS, p. 75).

13. É preciso também chamar a atenção pública para o DANO AMBIENTAL gerado na execução do PROGRAMA HABITACIONAL MINHA CASA, MINHA VIDA, no Amazonas (A Crítica, Ed. de 12.4.2013, p. C8): a desertificação propositada da área de edificação com o desmatamento de hectares e mais hectares de terra sem a observância de um mínimo de preservação da mata nativa. Para além disso, nos chama a atenção a ausência de um planejamento voltado para a construção do mínimo necessário de infraestrutura para atender as demandas do viver coletivo, tais como a inexistência de espaços destinados ao comércio, fato que gera dificuldades até para a compra de itens básicos como pão e ovo. Via de regra, entrega-se conjuntos habitacionais mesmo inexistindo a prestação de serviços de transporte coletivo. É desumana a forma como estes conjuntos estão sendo construídos e entregues à população carente. Será que não é possível construir um conjunto residencial em harmonia com o homem e o meio ambiente, evitando-se que mais pareçam guetos, verdadeiras áreas de segregação social?

14. Esse quadro de CAOS GENERALIZADO funciona como a força motriz que move a canalhice política praticada no Amazonas através dos que se apresentam como “messias” ou “salvadores populares”, condição fundamental para o ÊXITO ELEITORAL DESSES CANALHAS. É nesse contexto que se explica o DRAMA DAS SECAS E DAS ENCHENTES no Amazonas. Será que não existem meios simples, eficazes e baratos para se lidar e conviver com esses fenômenos cíclicos naturais? Será que, a cada momento, teremos que conviver com situações mais graves, reveladoras do despreparo ou má-fé dos governos para o enfrentamento da questão? Será que é impossível estabelecer regras proibindo a edificação de casas em áreas impróprias e áreas de risco e, conjugado a isso, executar uma eficiente fiscalização para impedir que isso ocorra? Será que é impossível uma ação pedagógica preventiva do Estado, no sentido de evitar ou aliviar os transtornos dos períodos de secas e enchentes? Lamentavelmente, vemos esses ciclos naturais servindo como desculpa comum para as DISPENSAS DE LICITAÇÃO e consequente farra no gasto do dinheiro público. Não interessa, aos canalhas travestidos de políticos, a execução de medidas simples e pedagógicas, pois, com elas, os canalhas ficariam sem um de seus principais instrumentos de ENCABRESTAMENTO ELEITORAL;

15. Não se pode deixar de registrar nesta CARTA, as comoventes e dramáticas questões que envolvem a exploração e comercialização de minérios e madeiras, apenas gerando altíssimos lucros para as empresas, com resultados devastadores para o meio ambiente (desmatamento, poluição e matança das nascentes dos rios) e para as populações nativas (doenças, sujeira, problemas respiratórios, falta de escola pública, de saneamento). Tudo como parte de uma inaceitável política governamental orientada para a expansão e reprodução do lucro privado.

16. De fato, deve ser registrado que as políticas governamentais de ocupação da Amazônia nunca contemplaram camponeses, nativos e migrantes, ignorando completamente os direitos fundiários históricos dessas comunidades tradicionais. Na verdade, com a permissividade oficial, grandes extensões de terras foram adquiridas por empresários que se transformaram em proprietários de imensos latifúndios. No relato de Marinor Brito, o fato deu ensejo, ou, pelo menos, favoreceu a prática da grilagem, da pistolagem, da formação de milícias privadas, assassinando-se, por encomenda, sindicalistas, líderes religiosos, políticos, além do massacre de índios e trabalhadores rurais (“Devastação e violência: apontamentos sobre o avanço da fronteira capitalista na Amazônia”, trabalho publicado no livro “Amazônia: olhares Inquietos na floresta”, organizado por Luis Arnaldo Campos e Dion Monteiro, Rio de Janeiro: Fundação Lauro Campos, 2011, p.72). Esses fatos marcam a abertura da fronteira econômica da Amazônia com a aquisição de terras públicas através da prática da grilagem. Por isso, é necessário continuar atento aos 650 pedidos de mineração endereçados (1970 a 2012) ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). É preciso continuar atento à PEC já aprovada na Comissão de Constituição e Justiça, que retira do Executivo a autonomia para demarcar terras indígenas, transferindo-a para o Congresso Nacional. Esses fatos servem para dar a dimensão da cobiça das empresas de mineração e da gravidade atual do problema;

17. A CONSTATAÇÃO OFICIAL DO CAOS é também nos revelada pela CONTROLADORIA GERAL DA UNIÃO ao publicar o relatório que coloca o Amazonas em primeiro lugar, no ranking de ações ajuizadas, tendo como base as condenações do Tribunal de Contas da União. Nessa linha, entram prefeitos, ex-prefeitos, políticos e servidores da administração pública. Por sua vez, o Coordenador Geral de Articulação Institucional do Ministério da Justiça, delegado da Polícia Federal, Roberto Biassoli, afirmou enfaticamente: “O Amazonas é um campo fértil para lavagem de dinheiro”. Como operadores de lavagem de dinheiro citou empresários do PIM, políticos e traficantes internacionais de droga (A Crítica, ed. de 01.07.2011, p. A5). É uma pena. É uma lástima.

18. Finalmente, impõe-se AVALIAR O CUSTO DO CAOS, de forma a identificar O GRAU DE ENDIVIDAMENTO DO ESTADO DO AMAZONAS E DO MUNICÍPIO DE MANAUS, sobretudo em face dos débitos vultosos que estão sendo contraídos, INVIABILIZADORES DAS ADMINISTRAÇÕES FUTURAS, e certamente geradores de sérias e graves consequências para a COMUNIDADE AMAZONENSE.

PROPOSIÇÕES E OBJETIVOS DA SETORIAL ECOSSOCIALISTA DO PSOL NO AMAZONAS

A NECESSIDADE DE UM NOVO PARADIGMA CIVILIZATÓRIO PARA A AMAZÔNIA AUTORIZA E JUSTIFICA AS SEGUINTES INICIATIVAS DOS ECOSSOCIALISTAS DO AMAZONAS:

I - COLOCAR COMO PRIMEIRO PONTO DE REFLEXÃO, O TEMA DA ÉTICA NECESSÁRIA PARA GARANTIR A SOBREVIVÊNCIA SAUDÁVEL E DIGNA DO HOMEM E DA NATUREZA;

II - REPENSAR, REVISAR E SUPERAR OS VALORES BÁSICOS NEOLIBERAIS, DE FORMA A GARANTIR QUE TODOS VIVAM BEM, EM CONDIÇÕES DIGNAS, SAUDÁVEIS, CAPAZES DE ASSEGURAR A PRESERVAÇÃO DA NATUREZA, DO MEIO AMBIENTE, E O DIREITO DO SEU USUFRUTO PARA AS PRÓXIMAS GERAÇÕES;

III - CRIAR UMA PRÁTICA PARTIDÁRIA ORIENTADA NA SUPERAÇÃO DO INDIVIDUALISMO, DO EGOISMO E DA GANÂNCIA;

IV - COMBATER A CONCENTRAÇÃO DE RENDA E DE RIQUEZA NAS MÃOS DE UMA MINORIA PRIVILEGIADA;

V - BUSCAR A IMPLANTAÇÃO DE UM MODELO ECOSSOCIALISTA BASEADO NA AGRICULTURA ORGÂNICA DO CAMPONES (SOBERANIA ALIMENTAR), NA COOPERATIVA AGRÍCOLA, NO TRANSPORTE COLETIVO DE QUALIDADE, NA ENERGIA ALTERNATIVA, E NA SATISFAÇÃO IGUALITÁRIA DAS NECESSIDADES SOCIAIS DA COMUNIDADE REGIONAL E NACIONAL.

VI – Através da Setorial Ecossocialista, bem como de suas outras instâncias e filiados em geral, O PSOL DO AMAZONAS INCORPORA-SE NA AGENDA DE LUTAS DEFINIDA PELO DIRETÓRIO NACIONAL, NO SENTIDO DE APROFUNDAR A ANÁLISE DA ATUAL CRISE PLANETÁRIA, QUE ENVOLVE NÃO APENAS O AQUECIMENTO GLOBAL E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS, MAS A PRÓPRIA CONFIGURAÇÃO DO MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA, BASEADO NO CONSUMO OSTENSIVO E PERDULÁRIO DAS ELITES ECONÕMICAS MUNDIAIS, QUE SÃO A UM SÓ TEMPO E EM TODAS AS ESCALAS, AMBIENTALMENTE INSUSTENTÁVEIS E SOCIALMENTE INJUSTAS.

VII – PROMOVER MEDIDAS NO SENTIDO DE GARANTIR A AUDITAGEM DA DÍVIDA PÚBLICA NO AMAZONAS, TENDO EM VISTA O CRESCENTE ENDIVIDAMENTO DO ESTADO COM OBRAS FARAÔNICAS.

A partir destas PROPOSIÇÕES, o PSOL DO AMAZONAS inicia uma análise mais profunda da própria REALIDADE AMAZONENSE, buscando elaborar, em seguida, um PLANO DE GOVERNO capaz de COMBATER, ELIMINAR O CAOS CONSTATADO e, com o ÍMPETO DA MUDANÇA, valorizar a FORÇA DO TRABALHO,  a FORÇA DA NATUREZA,  a FORÇA DA VIDA, segundo os VALORES ECOSSOCIALISTAS aqui proclamados.

5ª Carta da Ocupação Belo Monte



Precisamos de apoio urgente

Hoje escrevemos para quem nos apoia. Quem confia na nossa luta e concorda com nosso ponto de vista.

Nós somos a gente que vive nos rios em que eles querem construir barragens. Nós somos Munduruku, Juruna, Kayapó, Xipaya, Kuruaya, Asurini, Parakanã, Arara, pescadores e ribeirinhos. O rio é nosso supermercado. Nossos antepassados são mais antigos que Jesus Cristo.

Ocupamos o canteiro de Belo Monte faz sete dias. Somos contra a construção de grandes obras que destroem nossa vida. Queremos dialogar com o governo sobre isso. Mas eles não querem.
Tem que ser regulamentada a lei que vai garantir e realizar a consulta prévia antes de estudos e construções.

O governo precisa parar tudo o que está fazendo. Precisa suspender as obras e estudos das barragens. Precisa tirar as tropas da nossa terra.

Eles tiraram os jornalistas e os advogados daqui. Faz cinco dias que só nós tiramos fotos de dentro do canteiro.

Eles querem nos intimidar com muitos policiais. É a Força Nacional quem está negociando com a gente e falam que o governo não vem. No jornal o governo também disse que não vem.

Estão dificultando a entrada de comida. Nem enfermeira nem deputado entra direito aqui. Estamos preocupados com o que pode vir a acontecer com nós.

Nós precisamos de ajuda. As organizações precisam apoiar a ocupação. Escrever em público dizendo que estão do nosso lado. Que não concordam com a intimidação do governo.

Os jornalistas precisam continuar falando com a gente, mesmo que seja do lado de fora ou por telefone. Estamos muito felizes com toda a cobertura.

As pessoas precisam nos apoiar. Precisam denunciar na internet. Você também pode vir e ajudar, se não puder você pode mandar uma contribuição pela internet pelo banco. Caixa Econômica Federal – Mutirão pela Cidadania Agencia: 0551 – Conta: 1532-7 – OP 003 – CNPJ: O1993646/0001-80

É muito importante para nós qualquer valor. Ajude se puder. Nós temos muita esperança dessa vez.

Quarta, 8 de maio, 2013, ocupação do canteiro de Belo Monte

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