ELSON DE MELO*
QUARTA, 12 DE SETEMBRO DE 218
Acompanhei o debate na TV Em Tempo realizado na noite
desta terça-feira (11/09) onde os candidatos foram sabatinados entre eles sobre
os temas educação; saúde; emprego, segurança e interior e outros, se não
bastasse suas divagações sobre os temas urbanos, quando o assunto era o interior,
eles só se limitaram em afirmar que está parte do Estado do Amazonas está
abandonada e nada mais.
Alguns tentaram desenvolver um retorica sobre
legalização das terras, turismo, zoneamento ecológico, credito através dos
bancos oficiais, incentivo as empresas que queiram investir no interior e um
grande engodo de incentivar o agronegócio para produzirem alimentos em escala.
Nenhum candidato mencionou a necessidade de respeitar as
culturas tradicionais, em agregar valor humano as pessoas que habitam o
interior, de implementar politicas publicas que consiga envolver as pessoas em
projeto autossustentável priorizando o
acumulo histórico dessa população seja em relação a pesca, como no extrativismo e na agricultura. Todos só pensaram em grande projetos vindo de fora para
devastar a floresta e escravizar as pessoas do interior amazonense. Grifo
nosso.
Teve um candidato que teve a insensatez de afirmar que
quando governador, já deliberou verbas e incentivos para o cultivo de soja em uma
região do Estado, esse é um dos piores engôdos que um governante pode oferecer
aos caboclos do nosso Estado, é uma real tentativa de expulsar as pessoas de
suas terras, sejam elas caboclos, índios ou ribeirinhos, e, por outro lado,
colocar a juventude do interior como escravos das grandes empresas que detêm o monopólio da produção de soja.
A produção de alimentos no Amazonas, passa primeiro
pela proteção de seus lagos, rios e a floresta, segundo, pelo envolvimento de
toda a população em grande projetos de tecnologia social que oriente a produção coletiva para a criação de peixe, pesca artesanal, turismo ecológico, agricultura sustentável e orgânica, onde as várzeas com a sua sazonalidade sejam o motor
dessa produção de proteia vegetal e animal.
Outro candidato afirmou que pretende trazer empresas
para montar uma agroindústria de beneficiamento do abacaxi produzido no Paraná
da Eva município de Itacoatiara. Veja quanto desprezo eles nutrem pelo caboclo
que com seu esforço pessoal conseguiu identificar no abaxi uma fonte de renda
para sua família e agora vem um governante, mal intencionado, oferecer uma
empresa de fora para sufocar o pequeno produtor de abacaxi.
A legalização fundiária sempre está presente em todos
os debates há cada quatro anos em época de campanha eleitoral, passado esse período, nem os eleitos implementam e os não eleitos cobram a sua implementação. No entanto, ela é fundamental para a vida de quem precisa de
credito para fazer a sua roça produzir no interior do Amazonas, uma vez que
credito implica em garantias e aval e os dois só virão com as terras
legalizadas.
Depois desse debate, é possível concluir que todos os
candidatos, não procuraram entender a complexidade da região Amazônica, todos
preferem tratar esse bioma como objeto de exploração pura e simplesmente assim.
Não senhores e senhoras candidatos, nossa Amazônia não
precisa de exploração, ela precisa de preservação, de carinho e muita
tecnologia social que agregue valor nas pessoas e na sua produção.
Precisamos de um modelo social voltado para a
Permacultura e o cooperativismo, onde as pessoas possam produzir coletivamente o
suficiente para garantir a elas uma qualidade de vida digna e comercializar o
seu excesso.
Não senhoras e senhores candidatos, nossa território
não pode ser tratado no chute politico, onde os diagnósticos e projetos, são
gestados nos bastidores das campanhas sem o menor rigor cientifico que possa
dar a eles um minimo de legitimidade e base cientifica de sua realização, ou certeza se vai de fato servir para o povo que moram nesses beiradões no Estado
do Amazonas.
O que esperamos de um governante comprometido com a
nossa terra é, primeiro, respeitar a nossa inteligência, segundo, respeitar as
nossas tradições e cultura, terceiro é ser comprometido com politicas publicas básicas que garantam ao nosso povo saúde, educação, renda, segurança e
prosperidade para todos.
*Elson de Melo, é sindicalista e militante do PSOL