ESCRITO POR CARLOS
AUGUSTO DOS SANTOS
QUARTA, 30 DE NOVEMBRO
DE 2016
“As
pessoas fazem a história não como desejam, mais de acordo com as suas
circunstâncias” e “Os mortos incomodam os vivos”.
Estas
duas frases de Karl Marx, em tradução livre, exprimem meu sentimento por Fidel
Castro.
Revolução
Cubana. Desejava apenas retirar do poder Fulgencio Batista, que fizera de Cuba
um cassino para os norte-americanos, enquanto sua população vivia na mais
completa miséria. Tornou-se comunista depois, de acordo com o momento histórico
de uma guerra fria onde imperava os Estados Unidos, na defesa do sistema
capitalista, e a União Soviética, na defesa do socialismo. Fez sua opção.
Para
muitos fora um ditador. Para outros, um estadista.
Alguns
reverberam o fato de Cuba se manter como um país pobre, sem liberdade. Contudo,
esquecem-se de que Cuba vive um embargo a mais de cinquenta anos. O que seria
de Cuba se não houvesse este embargo? Jamais saberemos.
Quem
consegue imaginar o que é viver durante tantos anos sem laços comerciais com
outros países? Porém, esquecem-se de que Cuba possuiu um dos melhores sistemas
educacionais do mundo. Esquecem-se de que Cuba possui um dos melhores sistemas
de saúde do mundo. E que durante muito tempo Cuba foi uma potência esportiva.
Como
sobreviver sendo apenas uma pequena ilha e tendo que alimentar, educar e
oferecer condições de vida para sua população sem que tenham apoio de outros
países e com uma economia tão frágil? Alguém permanece no poder durante tantos
anos se não tiver apoio concreto de sua população? Quem são aqueles que lutaram
contra Fidel?
Cresci
tendo em Fidel Castro um paradigma de que é possível mudar a história. E me dói
vê-lo partir, embora saiba que este é o destino de todos nós. Perde-se uma
referência de luta. Parte dos sonhos de esvaem. Algumas esperanças se desfazem.
Outras se mantém como uma luz a indicar novos caminhos.
É
possível simplificar tudo apenas dizendo: Ousamos Lutar, Ousamos Vencer!
E nunca
é demais recordar um trecho de uma linda canção do Cubano Pablo Milanês que
dizia: “Creio em ti, quando me dizes que me vou ao vento, numa manhã que não
permite espera, quando me dizes não sou primavera, e sim uma tabua num mar
violento ...Creio em ti, revolução”.
A morte
de Fidel significa, para muitos revolucionários uma continuidade, não da vida,
mais sim dos ideais que fizeram com que aqueles oitenta homens, liderados por
ele, um dia desembarcassem em Cuba para mudarem os rumos da história do século
XX.
E como
escreveu Marx, a morte de Fidel pode significar o incomodo para todos aqueles
que temem as transformações no mundo. Afinal de contas, e apesar dos pesares, o
sonho não terminou.
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