CÂMARA DOS DEPUTADOS
COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE E
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER A SITUAÇÃO
DA ENERGIA NUCLEAR PÓS RIO+20
Situação da energia nuclear pós
Rio+20
Expositor: Prof. Dr. Heitor Scalambrini Costa
Universidade Federal de Pernambuco
Sr. Presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável,
Deputado Penna meus agradecimentos pelo convite e oportunidade de discutir tema
tão relevante. Parabenizo-o pela proposição desta audiência publica, assim como
os demais membros desta Comissão por acolher e aprovar esta iniciativa. Aos
membros da mesa e aos demais presentes meu bom dia.
A situação da energia nuclear depois de 1 ano da Rio+20 e da
Cúpula dos Povos sofreu mudanças importantes com relação ao seu papel nas
políticas energéticas de vários paises industrializados .
A tragédia
ocorrida no Japão, em 11 de Março de 2011,
colocou em evidência mais uma vez as grandes questões que ainda não
foram respondidas pela área nuclear.
A primeira
delas é o alto fator de insegurança na operação de usinas nucleares e os riscos
de desastres relacionados a vazamentos de material radioativo, quase que
invariavelmente de conseqüências dramáticas, espalhando radioatividade no ar,
na terra e na água. A credibilidade com relação à segurança dos reatores
nucleares foi seriamente abalada, com os desastres de Three Mile Island (nos
Estados Unidos), Chernobyl (na ex-União Soviética) e agora de Fukushima (no
Japão).
Com outras
tecnologias para produzir eletricidade também podem ocorrer acidentes (como
incêndios em termelétricas ou ruptura de barragens em reservatórios de usinas
hidroelétricas), mas os acidentes nucleares, devido à liberação de radiação,
são infinitamente mais perigosos à vida humana, animal e a natureza.
Este último no Japão mostrou que mesmo em um
país altamente desenvolvido e bem preparado tecnologicamente, com nível
científico elevado de seus especialistas, desastres e falhas tecnológicas podem
acontecer. Os riscos de acidentes nucleares existem e quando acontecem são
devastadores. Daí para evitar este risco o caminho é não instalar estas usinas.
Outra questão é de caráter econômico.A eletricidade nuclear é mais cara que
outras formas de produzir eletricidade. A geração nucleoelétrica é uma tecnologia complexa e cara,
e que fica ainda mais cara e deixa de ser competitiva em relação a outras
fontes de energia, devido aos gastos para melhorar o desempenho e a segurança
das usinas. De modo geral, somente empresas estatais constroem reatores
nucleares, ou empresas privadas com fortes subsídios governamentais. E aí está
o “nó” para esta indústria que depende enormemente de altos investimentos
vindos dos cofres públicos. No Brasil um reator de 1.300 MW tem seu custo
inicial avaliado em 10 bilhões de reais.
E finalmente, a questão não resolvida do armazenamento do “lixo nuclear”.
Nenhum país conseguiu até hoje equacionar definitivamente o problema da
destinação dos resíduos perigosos (altamente radioativos) produzidos pelas
reações nucleares, que em geral se acumulam nas próprias usinas (como em Angra
1 e 2). Estes resíduos continuam ativos por milhares de anos, criando assim
também um problema ético, pois a geração presente se beneficia dos serviços
prestados pela eletricidade, mas acaba legando às gerações futuras os resíduos
radioativos.
Diante das evidências, tristemente constatadas em Fukushima envolvendo a
emissão de material radioativo para o meio ambiente, provocando a retirada de
mais de 100 mil pessoas, ainda resta muito a fazer para acabar de vez com esta
tragédia. O chamado programa de descontaminação prevê reabilitar uma área de
20.000 km2 da região mais exposta a precipitação radioativa, e assim
possibilitar o retorno das pessoas que de lá foram retiradas. Estão sendo
liberados pelo governo japones 13 bilhões de dólares para esta finalidade.
Estima-se que no caso dos reatores 1, 2 e 3 o combustível fundido será
retirado em prazo próximo há 25 anos, e que somente depois, estas unidades
serão desmanteladas (descomissionadas), o que deverá levar mais 15 anos. Ou
seja, as unidades da central de Fukushima Daiichi somente se tornarão um
mausoléu definitivo para a posteridade em 2052. Lembrando que todo este
trabalho ao longo dos próximos 40 anos será realizado na maioria por operários
que trabalharão em ambiente de alta radioatividade.
A catástrofe em territorio japonês foi um grande exemplo/aviso para o
mundo, contribuindo efetivamente para o aumento da desconfiança na indústria
nuclear. Como consequência aumentou a rejeição da opinião pública global ao uso
da energia nuclear. Vários países entenderam este alarme e anunciaram o
cancelamento dos seus programas nucleoelétricos. Pesquisas de opinião pública
realizadas em países que já tem usinas nucleares, incluindo o Brasil, indicaram
que 69% dos entrevistados rejeitam a construção de novas usinas. No Brasil 79%
dos entrevistados disserem se opor a construção destas usinas.
Não há, portanto, razões para investir em energia nuclear no Brasil. Para
garantir a segurança energética o país dispõe de recursos renováveis abundantes
e diversos que podem atender a uma demanda eficientizada, sem desperdicios e
com geração descentralizada, além da complementariedade entre as diversas
fontes energéticas.
A Alemanha foi à primeira nação industrializada a ter um plano para
abolir a energia nuclear do seu território. A data para por fim a esta era de
insegurança foi 29 de maio de 2011, por decisão da coalização de governo da
chanceler Ângela Merkel. Até 2022 não haverá mais reatores nucleares naquele
país emblemático, particularmente para o Brasil, que assinou em 1975 um acordo
de cooperação técnico científico econômico com aquele país. Juntas, as 17
usinas existentes em solo alemão que produziam 1/4 da energia alemã serão
desativadas até 2022.
A tomada de decisão do governo alemão de deixar de usar a energia
nuclear mostra que basta visão e vontade política para livrar um país desta
fonte de energia indesejável, pelo perigo que representa; suja pelos resíduos
que produz, e cara, implicando em tarifas mais onerosas para o consumidor.
Enquanto a Alemanha vira a página do nuclear, técnicos e políticos
brasileiros duvidavam que este país pudesse “sobreviver” sem a
nucleoeletricidade. Os mais exaltados alegavam até que o desligamento
progressivo das usinas nucleares forçaria o país a usar combustível fosseis,
contribuindo assim para o aquecimento global. Mais uma vez estes “experts” (?)
em energia mostraram o quanto estavam errados.
Passado pouco mais de um ano da decisão histórica, no dia 1 de
agosto de 2012 a
Associação Nacional de Energia e Água (BDEW) anunciou que 25 % de toda energia
consumida pela Alemanha no primeiro semestre de 2012 foi gerada a partir de
fontes renováveis, e que todas estas fontes registraram crescimento no período
comparado a 2011, quando representavam 17% do consumo energético total.
O setor eólico forneceu 9,2% de toda energia demandada pela
Alemanha, respondendo pela maior contribuição das renováveis. A biomassa
representou 5,7% da demanda. E o setor fotovoltaico 5,4%. Sendo este o que mais
cresceu, 47%, aumentando sua geração do 1º semestre de 2011 para igual período
em 2012.
O recado parece dado para o
Brasil e para o mundo. As fontes renováveis podem e devem substituir os
combustíveis fósseis, além da indesejável energia nuclear.
Setembro de 2012 ficará marcado na história pelos anúncios feitos
pelos governos japonês e francês, a respeito da decisão de se afastarem da
energia nuclear, responsável pelos piores pesadelos da humanidade. Esta tomada
de posição tem um significado especial, visto que estes países, até então
defensores desta fonte energética, têm em suas matrizes a maior participação
mundial da nucleoeletricidade. Depois da histórica decisão do governo alemão em
abandonar em definitivo a energia nuclear, agora foram os governos do Japão e
da França que reverão os planos relativos ao uso do nuclear.
O Japão anunciou que irá abrir mão da energia nuclear ao longo das
próximas três décadas. Esta decisão, tomada após um encontro ministerial (14/09/2012),
indica o abandono de tal fonte energética na "década de 2030". O
plano japonês apresentado é semelhante ao da Alemanha. Sem dúvida para o Japão,
a tarefa é mais complexa visto que 1/3 da eletricidade gerada no país é
proveniente dos 50 reatores instalados em seu território.
Ainda sobre a decisão do governo japonês existem críticas por não
ter sido especificado, quando exatamente a meta seria alcançada, já que a
decisão agora tomada não seria obrigatória para governos futuros. O que
significa em princípio, que uma nova administração poderia reverter os planos,
como tem tentado o atual primeiro ministro. Todavia, dificilmente esta mudança
de rumo ocorreria pelo alto engajamento e conscientização dos japoneses/sas,
demonstrada em recente pesquisa de opinião, onde mais da metade da população se
diz favorável ao fim do uso do nuclear no país.
Também houve críticas sobre o porquê deste calendário ser tão
dilatado, já que o país chegou a desligar 48 dos reatores depois do desastre de
Fukushima, e poderia, com o aumento da participação das fontes renováveis e com
um ambicioso programa de eficientização energética, atingir a meta num prazo
menor. Todavia, mesmo com estas ressalvas, a decisão anunciada aponta para um
novo rumo na questão energética japonesa e mundial.
Já na França, a conferência realizada em Paris 14 e 15/09/2012
sobre questões ambientais, o presidente François Hollande, cumprindo promessa
de campanha, declarou que está engajado na transição energética, baseada em
dois princípios: eficiência e fontes renováveis; e que planeja reduzir a
dependência do país da energia nuclear, hoje correspondendo a 75% da matriz
energética, para 50% até 2025.
Sem ter metas conclusivas para o abandono definitivo da energia
nuclear no seu território, sem dúvida a decisão do governo francês é histórica
e extremamente positiva, visto que até então, discutir a questão nuclear na
França era tabu.
Para aqueles defensores desta tecnologia que sempre mencionavam o
estado francês como referência de uma experiência exitosa na área nuclear, fica
aí uma derrota de grandes proporções. Sem dúvida, a França rever sua posição,
mesmo diante das dificuldades, da complexidade do problema e das contradições
existentes, é indispensável para um mundo de amanhã sem nuclear.
Somados a Áustria, Bélgica, Suíça, Itália (decisão plebiscitária,
onde mais de 90% da população votou contrário à instalação de novos reatores
nucleares em seu território) que reviram os planos de instalação de novas
usinas, e decidiram se distanciar da energia nuclear; agora a Alemanha, o Japão
e a França tomaram decisões semelhantes.
Diante deste contexto internacional fica aqui uma pergunta que não
quer calar: por que então o governo brasileiro insiste em planejar a construção
de usinas nucleares?
O Plano Nacional de Energia 2030
– PNE 2030 (Estratégia
para a Expansão da Oferta), propõe a construção de mais
quatro usinas nucleares até 2030. Duas das novas unidades nucleares com
potência de 1,3 mil MW cada poderão ser construídas na região Nordeste e as
outras duas no Sudeste (também com 1,3 mil MW cada), além de Angra 3.
Paralisadas há 20 anos, as obras
da usina nuclear de Angra 3 (1.300 MW), foi retomada em julho/2008, e estima-se
para 2015 a
entrada em operação da terceira usina termonuclear brasileira, com
investimentos da ordem de R$ 7 bilhões.
O Brasil não tem necessidade de
construir mais usinas nucleares para atingir a meta de aumentar a oferta de
energia elétrica. Estas decisões referentes à construção de usinas de geração
de eletricidade têm sido apresentadas diante de um suposto aumento dos riscos
de déficit de energia, alimentados pela síndrome do apagão.
Idêntica justificativa da
necessidade de energia foi utilizada pelo regime militar quando da assinatura
do acordo nuclear Brasil e Alemanha que previa a construção de 8 usinas
nucleares. Acabou com a construção de somente uma, Angra II.
Fonte de energia elétrica
ambientalmente incorreta por causa dos riscos de acidentes e pela produção de
resíduos radioativos, o uso da nucleoeletricidade pelo Brasil é
estrategicamente incorreto, e deveria ser definitivamente descartado. Parece-me
mais inteligente buscar formas de aumentar a eficiência e a conservação de
energia, e de encontrar na diversidade das fontes renováveis as múltiplas
saídas para os problemas energéticos do país.
Neste contexto, me oponho a lamentável e solitária decisão do
governo federal que anunciou em 2010,
a expansão de instalações nucleares no país, com a
construção de Angra 3, e de mais quatro usinas termonucleares até 2030: duas no
Nordeste e duas no Sudeste, ainda sem locais definidos. Ou seja, relançou o
Programa Nuclear Brasileiro para produção de eletricidade nuclear sem nenhuma
discussão com a sociedade brasileira, com exceção dos 12 membros do Conselho
Nacional de Política Energética (CNPE) que tomaram esta triste decisão
contrária aos interesses da nação.
De lá para cá, temos constatado que esta diretriz não mudou,
apesar dos acontecimentos dramáticos proporcionado pelo vazamento de material
radioativo nas Usinas do Complexo de Fukushima Daichii no Japão. Este episódio,
sem duvida, foi um marco no sentido de tornar público uma discussão que
extrapola simplesmente a questão técnica, da oportunidade e necessidade de
energia, das vantagens e desvantagens, das alternativas disponíveis.
A partir
daí o debate ganhou as ruas de todo mundo. Em várias partes houve contestação aos
governos, que decidiram por esta opção energética. Manifestações ganharam as
ruas em diversos paises, e uma discussão até então restrita aos técnicos,
políticos se popularizou trazendo a tona um tema muito caro às pessoas, que é a
manutenção da vida em nosso planeta. No Brasil ainda se tem pouquíssima
consciência da extrema gravidade da questão da energia nuclear e da urgência em
enfrentar os problemas que ela nos coloca.
Mesmo não havendo provas definitivas
de que o nosso país esteja construindo armas nucleares, eventos e
pronunciamentos em passado recente levam-nos a crer que o Brasil “recomeçou a
flertar” com a idéia de produzir uma bomba atômica, após tentativas anteriores
mal sucedidas durante o regime militar.
Nos últimos anos diversas
autoridades, como o ex vice-presidente da República José Alencar e o
ex-ministro de Ciências e Tecnologia, Roberto Amaral, declararam a necessidade
do país dispor de armamento nuclear para defesa preventiva e de suas riquezas,
como fator de dissuasão e para impor mais respeitabilidade. Também o documento
sobre a Estratégia Nacional de Defesa lançada em 2008, afirma a “Independência
nacional, alcançada pela capacitação tecnológica autônoma, inclusive nos
estratégicos setores espacial, cibernético e nuclear. Não é independente quem
não tem o domínio das tecnologias sensíveis, tanto para a defesa como para o
desenvolvimento”. Embora a Constituição diga que toda atividade nuclear em
território nacional somente será admitida para fins pacíficos, o assunto está
longe de ser considerado um tabu.
A ressurreição do Programa
Nuclear Brasileiro é mais um dos indícios da estratégia governamental de tornar
o Brasil uma potência atômica. O dinheiro empregado no programa, para a construção
e funcionamento de novas usinas nucleoelétricas, permitirá a lubrificação de
todas as suas engrenagens. A cada usina que construímos aumentaremos o volume
de urânio que produzimos, aumentando assim o saldo com que se esperam entrar
definitivamente como sócios no Clube Atômico, e para tal é necessário ter a
bomba atômica.
Abrir mão da energia nuclear
significa um importante passo para evitar o perigo de uma nova onda de
proliferação nuclear, dada a natureza dual da energia nuclear, que se presta tanto
para aplicações pacíficas como militares, sem falar dos problemas físicos de
segurança nuclear. Não devemos nos esquecer do que afirmou o físico Robert
Oppenheimer, responsável pela construção da primeira bomba atômica, quando
visitou o Brasil, em 1953: “Quem disser que existe uma energia atômica para a
paz e outra para a guerra, está mentindo”.
O Brasil pela exuberância e
diversidade de fontes energéticas renováveis disponíveis em seu território, não
precisa da energia nuclear para atender a demanda de energia elétrica, e assim,
pode adotar opções mais atraentes do ponto de vista econômico, social e
ambiental.
O Brasil é bem ensolarado, possui
muita água, fortes ventos e grandes áreas agrícolas para a produção da
biomassa, podendo utilizar tudo isso para seu desenvolvimento e assim melhorar
a qualidade de vida de sua população respeitando o meio ambiente. Então, que
país é este que opta pela energia nuclear, combustíveis fósseis e mega
hidrelétricas na região Amazônica?
A insistência em manter esta política
energética, tem a cada dia surpreendido. Informações veiculadas na mídia dão
conta de que os
responsáveis pelo Programa Nuclear Brasileiro estão em entendimento com a Caixa
Econômica Federal para que esta conceda, à empresa encarregada da construção de
Angra III. Um empréstimo que permitirá completar essa construção, uma vez que
até agora a solicitação feita no mesmo sentido junto a bancos europeus não
obteve resposta.
Segundo o que chegou ao nosso conhecimento, a demora dos bancos
europeus para atender a esse pedido de financiamento seria devida a
insuficiências nas informações apresentadas pelas autoridades brasileiras
quanto às condições de segurança de Angra 3. Como estas condições se tornaram
mais exigentes após o acidente nuclear dm Fukushima, esses bancos e a Agência
alemã Euler Hermes, que daria o seguro ao empréstimo, teriam solicitado mais
informações.
É do conhecimento geral que há riscos específicos em Angra,
ligados ao histórico de deslizamentos de terra na região, e que as condições de
evacuação da população em caso de acidente são extremamente precárias. Por
outro lado, a informação difundida é de que a evacuação abrange um raio de
somente 5 quilômetros
em torno das usinas, quando a 15
km delas se situa a cidade de Angra dos Reis, com mais
de 170.000 habitantes. Não devemos esquecer o raio adotado em Fukushima foi de 30 km. Lembro aqui a nota
pública do PV intitulada “Chuvas em Angra e os riscos da energia nuclear”, após
a visita do Dep. Sarney Filho aquela região, em março último.
Além de num acidente as nuvens radioativas que se formam, se
espalham ao sabor do vento, como ocorreu em Chernobyl, atingindo todos os
países da Europa. No caso do Complexo de Angra, elas atingiriam facilmente São
Paulo (220 km),
Rio de Janeiro (130 km)e até belo Horizonte
(350 km).
Se não existem informações clara e precisas sobre a adoção de
normas mais exigentes na construção de Angra 3, assim como os relativos ao
problema da insuficiência do plano de evacuação de Angra e dos riscos de
deslizes de terra na região, não seria de estranhar que as autoridades
brasileiras não tenham podido responder adequadamente à solicitação de
informações dos bancos europeus e da companhia de seguros Hermes.
Mas o que nos preocupa é que a Caixa Econômica Federal possa se dispor
a substituir bancos que não estão querendo financiar um determinado
empreendimento porque este estaria contrariando normas de segurança
internacionais. Seria a nosso ver algo extremamente grave, desde um ponto de
vista de responsabilidade social de uma empresa do governo, o que não escapará
da atenção dos cidadãos brasileiros, se tais dados forem confirmados e
difundidos.
Urgentemente a sociedade brasileira precisa de respostas sobre
esta grave informação.
Por outro lado às entidades e
organizações que lutam por um Brasil livre das usinas nucleares, obtiveram
recentemente um novo aliado. A Conferencia Nacional dos Bispos Brasileiros
(CNBB) realizada em Aparecida de 10 a 19 de abril de 2013, após
ouvir e discutir uma comunicação sobre a Questão Nuclear no Brasil e no Mundo,
decidiu por unanimidade, pelo voto, abrir e aprofundar dentro da Igreja a
discussão sobre o tema da produção de energia elétrica por Usinas Nucleares no
Brasil, numa perspectiva pastoral de defesa da vida, e estimular a ampliação desse
debate em toda a sociedade, numa perspectiva de transparência e informação dos
cidadãos.
Chamo a atenção para o fato dessa
decisão ter sido tomada pelo voto, sem nenhum abstenção nem voto contrario.
Portanto para terminar afirmo que a energia nuclear está longe de
ser uma boa alternativa para diversificar a matriz energética brasileira. Não é
segura, não é ambientalmente viável e não traz benefícios econômicos. Portanto
senhoras e senhores, não se conformem com a ameaça que representa a instalação
de usinas nucleares em nosso país. Vamos agir enquanto é tempo.
Com esta reflexão, encerro aqui esta minha intervenção e fico a
disposição para o debate agradecendo mais uma vez o convite. Meu muito
obrigado.