A fraca participação dos trabalhadores no Dia
Nacional de Lutas realizado na quinta feira (11/07/2013), onde apenas a cúpula
do Movimento Sindical Brasileiro compareceu nas manifestações convocada pelas
Centrais Sindicais, é o reflexo da inercia desse movimento diante das demandas
reais da classe trabalhadora do nosso país.
O vexame só não foi maior, por que o Movimento
Passe Livre-MPL aderiu as mobilizações, participando ativamente das articulações para viabilizar os atos, e graças ao empresariado do setor de transporte
coletivo que resolveu dar uma mãozinha e atendeu a convocação do governo permitindo
que a maioria de sua frota não saísse das garagens, foi uma espécie de locaute com recomendação oficial!!!
A greve geral anunciada pelas Centrais, não
aconteceu de fato, apenas algumas categorias ligado ao Serviço Publico e ao
setor de Serviços paralisaram suas atividades, já no setor da Indústria onde a
CUT e a Força Sindical é homogênea, o índice de paralisação não chegou 0,01%. O
que ocorreu na verdade foram bloqueios de estradas por Dirigentes Sindicais e de
alguns outros Movimentos Sociais, por outro lado, como era de se esperar, a Presidente Dilma viajou sem dar a menor importância a Pauta das Centrais, pareceu que tudo não passou de mera encenação.
O Dia Nacional de Luta do dia 11 de julho de
2013 convocado pelas Centrais Sindicais, tendo a frente a CUT/PT e a CTB/PCdoB,
teve a chancela do Palácio do Planalto e do governo Dilma/PT, a configuração
está na Liminar obtida pela Advocacia Geral da União – AGU, que proibia o
bloqueio de Estradas, onde figuravam como réus a Foça Sindical e UGT, Centrais
sem ligação direta com o PT e PCdoB, uma constatação que confirma nossa
desconfiança quando questionamos os objetivos desse evento na publicação
anterior intitulada “11 de julho Dia Nacional de Lutas ou Operação salva Dilma?”.
Não é a primeira vez que fatos dessa natureza
já ocorreram nessa relação Governo e Movimento Sindical Brasileiro, podemos
destacar as Greves Gerais de 1961 organizadas pelo Comando Geral dos
Trabalhadores – CGT para garantir a posse de João Goulart, que o mesmo
sancionasse a lei do 13º Salario e pela marcação do Plebiscito para que o povo
decidisse por Presidencialismo ou Parlamentarismo, qualquer semelhança não é
mera coincidência!
Assistindo o balanço do Dia Nacional de Luta
feito pelos Presidentes das principais Centrais na sede da Força Sindical em
São Paulo na seta feira (12/07/2013), observamos que as declarações foram todas
no sentido de atenuar o fracasso e até justificar suspeitas de contratação de
pessoas para atuarem como ativista sindical nas diversas manifestações que
ocorreram, nesse particular, não é a primeira vez que fatos dessa natureza são
denunciados pela imprensa, verdade ou não, o certo, é que, o Sindicalismo
Brasileiro precisa urgentemente de um “choque de realidade” e fazer uma
autocritica no sentido de rever suas praticas.
O Movimento Sindical Brasileiro costuma avaliar
suas ações observando apenas o momento em que realizou determinado evento, essa
pratica reflete a natureza desse movimento, cujas ações são em grande maioria circunstanciais
e visam apenas dar respostas imediatas e pontuais aos fatos que se apresentam.
Se observarmos a historia, vamos constatar
que a luta operária no Brasil, só avança quando surgem novas lideranças
dispostas a romper com a estrutura sindical que atrela os Sindicatos ao Estado
e os transforma em instituições de colaboração com esse Estado autoritário, perdulário
e excessivamente controlador. Foi com a bandeira da ruptura com estrutura sindical
vigente mais a liberdade e autonomia sindical diante do Estado e dos patrões, que
o PT e a CUT se firmaram e consagraram Lula como a grande esperança do povo
brasileiro, grifo nosso.
A luta operária chegou ao Brasil atravessando
o Atlântico nos porões dos navios que conduziam militantes anarquistas expulsos
de suas pátrias por se rebelarem contra a exploração e os maltrato sofridos no
chão de fabrica na Europa.
A industrialização brasileira foi alicerçada
na exploração desses grandes camaradas, que reagiam organizando suas lutas em
associações de ajuda mutua e depois em Sindicatos tendo como principio a
Solidariedade a luta de classe e como objetivos de luta a redução da jornada de
trabalho, melhores salários, melhorias nas condições de trabalho e liberdade de
organização dos trabalhadores diante do Estado e dos Patrões..
Com a revolução Russa em 1917, muitos desses
camaradas anarquistas, juntaram-se com outros operários e organizaram o Partido
Comunista no Brasil, desde então, estabeleceu-se uma disputa pela hegemonia do
movimento operário envolvendo anarquistas e comunistas, só a partir de 1946 o
PCB assume a hegemonia do Sindicalismo no Brasil perdurando até 1964 quando houve
o golpe militar que desarticulou o Sindicalismo em nosso país.
A disputa pela hegemonia do Sindicalismo no
Brasil está desde a década de trinta (30) dividido em duas frentes e já
sofreram diversas colorações: sindicalismo revolucionário versos sindicalismo amarelo,
sindicalismo combativos versos sindicalismo pelegos..., hoje com a criação do
Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT e a legalização das Centrais Sindicais num
total de seis (06), predomina a hegemonia do sindicalismo de colaboração com o
Estado (peleguismo), esse seguimento está representado pelas Centrais
Sindicais, CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST e CGTB, que são subvencionados
pelo Governo, já o sindicalismo combativo é muito minoritário e estão
representados nos projetos de Centrais Sindicais CSP-Conlutas e ITERSINDICAL,
porém, esse seguimento não tem uma proposta clara de rompimento com a estrutura
sindical vigente e com o sindicalismo Colaborador com o Estado, e o que é pior,
mantem certo atrelamento a Partidos Políticos, isso dificulta o entendimento
dos trabalhadores quanto a liberdade e autonomia sindical e a relação com o
Estado.
Se compararmos o Dia Nacional de Lutas com as
outras manifestações promovidas por grupos juvenis ligados as redes sociais,
podemos concluir que o monopólio dos velhos dirigentes sindicais a cada dia está
ruindo, mostra um desgaste dessas Instituições, desnuda sua representatividade
e os desqualificam como interlocutores legítimos dos anseios da classe
trabalhadora.
O Movimento Sindical, tanto quanto os
Partidos Políticos, precisam urgentemente de novas lideranças, de transparências,
de atitude, de austeridade, de decência, de um choque de realidade! Os novos
operários precisam assumir suas entidades de classe e construírem uma nova
forma de fazer sindicalismo, o apelo popular que estamos vendo nas ruas cobrando
dos governos mais compromisso com a educação, saúde, transporte, habitação,
esporte, lazer, entretenimento, recreação, segurança..., precisa chegar aos
Sindicatos e cobrar das Diretorias que as mesmas estejam realmente a serviço
dos Trabalhadores.
Elson de Melo
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