Com
pouco mais de dois anos e meio de governo, a presidente Dilma Rousseff
instaurou um processo de destruição da política ambiental brasileira nunca
visto após a redemocratização do país. E para muitos o retrocesso ambiental é
a marca do governo Dilma.
Em
2012, presenciamos a aprovação da reforma do
Código Florestal, mesmo diante de protesto e posicionamento
contrários de especialistas. No novo Código Florestal, Lei nº. 12.651/12, com
algumas alterações feitas pela Lei 12.727/12, os grandes desmatadores são
anistiados, e desobrigados de recompor a área desmatada. Eles não precisarão
ter florestas em topos de morro e encostas, terão (apenas) 15 metros ao redor
de nascentes, e dependendo do tamanho da propriedade não precisarão ter mata
ciliar ao largo dos pequenos rios.
Após
a sanção do Código Florestal, em mais de 90 municípios as áreas de reserva
legal caíram de 80% para menos de 50%. Áreas consideradas até o momento como
sendo de preservação permanente, com os igapós e várzeas, que juntas chegam a
mais 400 mil km², deixaram de ser consideradas APPs. Além disso, nascentes de
rios intermitentes poderão ser desmatadas.
As Unidades de Conservação (UCs) também foram alvos
desse processo de destruição da política ambiental. Em janeiro de 2012, a
Presidente Dilma Rousseff publicou a Medida Provisória (MP) nº 558, que reduzia
a área de sete Unidades de Conservação na Amazônia. A MP nº 558 virou
lei, sob o número 12.678/2012, e reduziu em 86 mil hectares as áreas de
conservação para acomodar a implantação das hidrelétricas de Jirau, Santo
Antônio e Tabajara, em Rondônia, e do complexo hidrelétrico do Tapajós, no
Pará.
Além de reduzir as áreas das Unidades de
Conservação já existentes, o governo tem entravado o processo de regulamentação
de novas UCs. Segundo um levantamento feito pela ONG ISA (Instituto
Socioambiental), existem ao menos 14 processos para criação de UCs, montados
pelo Instituto Chico Mendes, órgão federal responsável pelas unidades. Metade
desses processos se refere à mata atlântica, o bioma mais destruído e um dos
menos protegidos do país.
O
Jornal Folha de São Paulo, entrevistou alguns
funcionários do Instituto Chico Mendes, que afirmaram que processos
como esses estão parados no Ministério do Meio Ambiente e na Casa Civil. Eles não são levados adiante por decisão política, e não técnica,
dizem.
O IBAMA teve seu poder de fiscalização reduzido
através da Lei Complementar 140/2011. Pela Lei, ao IBAMA caberá apenas atuar
nas áreas onde poderá fazer licenciamento. Estes constam no Artigo 7. Entre
eles estão os localizados em Áreas de Conservação instituídas pela União, nas
terras indígenas, em áreas de caráter militar, em áreas destinadas a pesquisas,
entre outras.
O
mais recente ataque foi a Resolução nº 457 do
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Tal resolução permite
que cada cidadão brasileiro obtenha a posse legalmente até 10 animais
silvestres de origem ilegal, vindo até mesmo do tráfico, mediante preenchimento
de um “termo de depósito”.
Em nota o Conselho
Federal de Medicina Veterinária (CFMV), afirmou ser contrário a
Resolução nº 457 do CONAMA. Segundo o CFMV, a resolução irá banalizar o tráfico
de animais silvestres, estimulando a impunidade. O CFMV, como representante dos mais de 100 mil profissionais da
Medicina Veterinária e da Zootecnia em todo o País, cobra um posicionamento do
Governo Federal para que os esforços no combate ao tráfico e na proteção da
fauna brasileira não sejam negligenciados, finaliza a nota.
O
Conselho Federal de Biologia – CFBio, também publicou nota se posicionando
contrário a Resolução do CONAMA. Para CFBio, a resolução
pode incentivar ainda mais o tráfico de animais silvestres. “Cremos que o documento não atende a realidade e nem a expectativa
da sociedade brasileira sobre a gestão, manejo e uso sustentável da fauna
silvestre, além de servir de incentivo para a perda da diversidade biológica e
de risco para a saúde pública”,afirma o Conselho na nota.
Enquanto a população brasileira vai as ruas clamar
pela democratização da democracia, e exigir participação nas decisões sobre os
rumos do país. O governo Dilma tem traçado um caminho contrário, tem negligenciado
as vozes dos ambientalistas, da população e dos especialistas. Tem instaurado
um processo de destruição da política ambiental, que pode ser irreversível.
Em 2009, a então ministra Dilma, que chefiava a
delegação brasileira na COP15, disse que, “o meio ambiente é, sem dúvida
nenhuma, uma ameaça ao desenvolvimento sustentável”. O que na época foi
considerado um ato falho, e agora com pouco mais de dois anos e meio de governo
da presidente Dilma, mostra ser uma verdade. Para o governo da presidente Dilma
Rousseff o meio ambiente é uma ameaça a sua política de desenvolvimento.
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