O Distrito Industrial de Manaus tem sua mão de obra composta majoritariamente por mulheres, no setor eletro-eletrônico o percentual é aproximadamente de 70% feminina, o potencial das mulheres nas linhas de produção faz a diferença na produtividade das empresas, no entanto, sofrem muitas limitações quanto o progresso profissional, são poucas as que ocupam função de chefia, pois a predominância ainda é dos homens tanto nas linhas de produção como nos cargos de gerencia e diretoria.
Com a hegemonia masculina dirigindo as empresas e as mulheres só produzindo, elas passam a ser vitimas de todo tipo de abuso que vai, do assedio moral ao assedio sexual, são muitos os casos de propostas indecorosas por parte dos chefes como condição para ascenderem profissionalmente no chão de fabrica, a negativa dessas propostas significa sua condenação à jamais serem promovidas, por necessidade de aumentar seu salário, por medo de serem demitidas, não denunciam essas agressões e algumas companheiras se submetem a essa cruel e covarde violência.
Desde a época das Pastorais Operária e da Juventude, posteriormente com a articulação da Oposição Sindical Metalúrgica Puxirum, as valorosas companheiras: Cleide Mota primeira Presidente do Diretório Municipal do PT e funcionaria da Sharp, Celi Aquino que já fazia parte da Diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos e era funcionaria da Springer, Rosenilda, Antonia Priante, Francisca e Rosilda todas funcionarias da Philips, Ana e Izabel Alegria da Gradiente, Flavia Carneiro Coordenadora do Comitê da Mulher Trabalhadora, Fátima da Pastoral Operária e nossa Atriz Socorro Papola formavam um time de muita consciência e luta.
Com a vitória da chapa Puxirum para o Sindicato, a maioria dessas companheiras passaram a fazer parte da Diretoria, com as greves de 1985 que tem inicio com a paralisação Sanyo no primeiro semestre e a geral de agosto, muitas novas companheira organizaram e lideraram a greve nas empresas que trabalhavam configurando um novo time formado pelas guerreiras: Rosilene Martins, Luzarina Varela, Rose Batista, Gilza Batista da Evadim, Emilia Santana da Filipes, Izabel Guimarães, Marilena da CCE e tantas outras que dirigiram a greve.
Na greve de 1986 muitas outras mulheres também se destacaram, da mesma forma as greves de 1989 e 1990, 1991, as mulheres sempre se destacaram, porém quero fazer um comentário sobre uma líder nata que o movimento sindical e político do Amazonas não soube potencializar, falo da companheira Rosilene Martins, que além de liderar a geral de agosto de 1985 na Evadim, não aceitou a demissão de alguns companheiras(os) da empresa por razão da greve, não titubeou e parou a fabrica em solidariedade aos demitidos onde permaneceram acampados em frente a fabrica por longo período, classifico essa companheira como a maior liderança Operaria Feminina que testemunhei em ação, uma mulher jovem, linda de corpo, alma e coração, a última vez que o encontrei já faz tempo, comentou-me sobre a sua nova atividade no Bairro do Santo Agostinho onde é proprietária de uma loja de roupas. Se o Movimento Sindical e Partidário tivesse valorizado seu potencial não tenho dúvida que ela seria hoje a nossa Governadora!
Lamento profundamente que o Movimento Sindical ainda tenha a predominância masculina, principalmente num parque industrial onde a maioria dos trabalhadores é do sexo feminino, acaso? Não! São muitos os fatores que contribuem para essa condição, como afirmei acima, no movimento Operário composto por Sindicatos e Partidos Políticos da Esquerda, também a prática não é muito diferente, quando a mulher começa a se destacar, lideranças masculinas incomodadas não tem nenhum escrúpulos de usar do mesmo expediente que a chefia das empresas usam para neutralizar o avanço daquelas companheiras do cenário político sindical ou partidário!
Essas abordagens se dão sorrateiramente, começa com a proposta de namoro, geralmente feita por alguém de confiança da liderança ou de um grupo (tendência) ou até do partido interessado, não são poucas as cooptações feitas dessa forma, quando conseguem o feito, tratam logo de anular, limitando seu raio de ação, atacam pelo que a mulher tem de mais lindo que e a sua sensibilidade feminina, a pureza de alma e até a ingenuidade sobre esses interesses, induzem a assumirem tarefas secundaria no movimento e assim, deixam o caminho livre para que permaneça a hegemonia masculina nos setores de Direção da vida política e sindical.
Se toarmos como parâmetros os organismos de comunicação dos Sindicatos, podemos concluir que o espaço feminino praticamente não existe, os jornais operários quando noticiam abordam a questão da mulher, não só é tímida como a própria linguagem é estranho ao universo feminino, na estrutura organizacional e política das entidades sindicais quando prevê instrumentos especifico de ação voltada para a questão da mulher, geralmente não é tratado como prioridade, falta orçamento e estrutura, fato que na pratica inviabiliza a atuação da pasta.
Nas Convenções Coletivas de Trabalho, a grande maioria dos Sindicatos optou pela flexibilização da obrigatoriedade de as empresas terem ou manterem vagas em Creches com berçários e disponibilidade de tempo para o aleitamento dos filhos, acordam ou convencionam, um misero auxilio Creche que não garante a devida atenção que a criança precisa para compensar o carinho e afeto que só a mãe pode oferecer a criança. O auxilio creche representa um valor insuficiente para contratar vaga em creche ou pagar um babá para cuidar dos filhos das Operarias fato que reflete na formação do caráter dos próximos cidadãos.
As denuncias de assédio moral ou sexual são muito pouco estimulados pelos sindicatos, ainda existe pouca convenções coletivas que conste clausulas que comprometam as empresas a adotarem políticas internas de combate a essa pratica lastimável dos homens detentores de poder nas empresas. Está na hora de as mulheres assumirem em definitivo a luta contra essas mazelas que ainda contamina o mundo do trabalho.
Como estou falando das Operárias de Luta, convoco a onde quer que estejam, as companheiras do passado e as que estão em atividade direta no chão de fabrica, para mandarem sua contribuição para o LUCTA SOCIAL, esse espaço de manifestação das nossas indignações, emoções e desejos de modo especial solicitar que as companheira que não estão aqui relacionadas, entre em contato com a gente, para que possamos postar suas historias mande seu E-mail para: elsonpmelo@gmail.com ou ligue (92)81160094. Vamos reconstruir nossa história. MULHERES DO MUNDO LUTEM!
Elson de Melo - Presidente Municipal do PSOL - Manaus