segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A ZONA FRANCA DE MANAUS EM PERIGO NAS ELEIÇÕES DE 2010


No dia três de outubro do ano corrente, a população do Estado do Amazonas vão escolher seu próximo governante e seus representantes nos parlamentos, Estaduais, Federais e Senado. Até a presente data, o campo conservador se apresenta com Amazonino, Alfredo, Omar e Serafim. Pelo que tudo indica dentre essas alternativas, sobrarão apenas dois blocos representados por Amazonino com apoio do Governador, Ministro e toda a corriola. Do outro lado ficará o Senador Artur Neto patrocinando a candidatura de Serafim.

No plano Nacional também o Amazonas parece que vai está sem alternativa, onde até a presente data, temos as candidaturas conservadoras de Dilma, Serra e Ciro. Da mesma forma, parece que apenas duas candidaturas são para valer, a de Dilma e Serra. A permanecer esse cenário posso adiantar que a Zona Franca de Manaus corre perigo e o Amazonas não têm para onde correr!

No campo das alternativas a esquerda socialista brasileira parece que abre mão da única alternativa com densidade eleitoral com o PSOL não lançando Heloisa Helena, a única candidata capaz de enfrentar esse projeto “neoliberal populista” representado pelo PT&PSDB. Aqui no Amazonas esse seguimento que na eleição de 2008 para Prefeito se apresentou com Bessa e Navarro, até o momento não se manifestaram. Estando os eleitores que desejam as transformações que o País precisa sem não ter em quem votar.

Porque a Zona Franca corre perigo? Esse projeto sempre foi bombardeado pelos governos do Sudeste e Sul do Brasil, com a eleição do Presidente Lula isso foi amenizado, contudo, é preciso entender bem essa trajetória. Não é novidade que Lula enquanto Sindicalista e depois como político antes de ser eleito mantinha uma relação afetiva com os trabalhadores Metalúrgicos do Amazonas. Unindo essa relação mais a sua popularidade, conseguiu durante o seu mandato manter e até melhorar o projeto.

As duas candidaturas conservadoras representadas por Dilma e Serra, independente de qual Partido pertençam, vão chegar comprometidos sobre maneira com os Estados do Sul e Sudeste. Por outro lado, os dois são tecnocratas, portanto, racionais ao extremo, embora os dois se apresentem como desenvolvimentistas ambos são a favor de uma política fiscal linear para o Brasil e, conseguintemente contra os incentivos fiscais para a Zona Franca de Manaus.

Dilma quando estava no governo do Rio Grande do Sul, ajudou para que a Ford não instalasse em um município daquele Estado, negaram a empresa os incentivos que de longe eram muitos inferiores aos da Zona Franca de Manaus. Hoje essa empresa está na Bahia. Serra nunca escondeu de ninguém que não concorda com os incentivos para esse projeto, quando Ministro do Planejamento emperrou o Maximo nosso desenvolvimento.

Como vemos, o cenário que se apresenta, é muito nebuloso para nós amazonenses, as candidaturas que até agora se apresentam no plano Nacional, são uma ameaça ao único projeto que oferece emprego ao nosso povo. Como disse acima, o que levou a Lula dar uma atenção especial a Zona Franca, está relacionada a sua trajetória sindical e política. Enganam-se os que pensarem que com Dilma será o mesmo, não será mesmo! Primeiro é preciso observar que ela seja eleita, independente da sua votação, sua legitimidade sempre vai ser contestada, isso vai não só vai lhe fazer companhia como vai refletir na composição do seu governo e o que é pior, o tornará refém dos estados com maior representatividade no Congresso Nacional.

Assim temos na disputa dois inimigos mortais da Zona Franca. Um declarado José Serra, outro dissimulado Dilma. Lula conseguiu manter uma boa relação com Amazonas, devido sua relação com os Operários, assim como em São Bernardo, com Dilma, é claro que os empresários do Sul e Sudeste vão voltar a carga. Ninguém pode esquecer que na Constituinte de 1988, foi o Deputado Paulo Delgado do PT de Minas que apresentou destaque para impedir os benefícios fiscais do projeto. Como Lula sempre foi maior que o PT, na época nós conseguimos demove-los da idéia. Coisa que a Dilma não tem condições de contemporizar. Pois sequer tem unanimidade dentro do PT.

A sucessão no Amazonas está sendo conduzida dentro das alternativas apresentadas no campo das oligarquias conservadoras, dentre os que pretendem concorrer, todos tem o mesmo perfil, oportunistas, adesistas ao Planalto independente de quem está de plantão, inconseqüentes na gestão dos recursos públicos, déspotas e de caráter duvidoso.

Embora grande parte da esquerda amazonense não acredite, existe uma lacuna no eleitorado que não apostam mais nessa gente. Basta olharmos para o resultado do segundo turno da eleição de 2008, onde aproximadamente 200 mil eleitores deixaram de votar! Qual as dificuldades da esquerda socialista? A primeira que se apresenta é o recurso financeiro, sobre isso, parece que há uma contradição, os socialistas sempre defenderam que as campanhas sejam menos onerosas. Então, não é esse o principal problema. A historia tem mostrado que o principal problema dos socialistas é a unidade.

A falta de unidade desse setor da política brasileira tem impedido a construção de um projeto objetivo de poder. Sem um projeto concreto, predomina a desconfiança, o dogma, a subjetividade e a fuga! Esse fenômeno que só os socialistas conseguem materializar, vem eliminando o desejo de transformação que preconiza.

Com a retirada precoce da candidatura de Heloisa Helena pelo PSOL. O campo socialista é levado a uma encruzilhada das mais difíceis de ultrapassar, é o que diz o provérbio popular, “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come!” Assim ou vai com Marina ou corre o risco de ver sua bancada na Câmara Federal encolher ou até sucumbir. Se os socialistas não forem ousados na sua decisão, mantendo o seu projeto de poder com Heloisa Presidente, vão pagar um preço muito alto, pois estarão trocando um projeto de poder, pelo um cargo no Parlamento – deixam de ser cartesianos para serem apenas Macunaíma. Ou seja, abrem mão da causa (projeto coletivo) pelo imediato (projeto de fração) – o mandato!

No Amazonas as coisas ainda são muito mais complicadas, em um outro comentário caracterizo que os socialistas não conseguem potencializar uma liderança no Estado, ou por não acreditarem nas possibilidades reais, ou por nanismo de mente, privilegiam o imediato sem se preocupar com um projeto estratégico de médio e longo prazo, que possibilite um projeto maior. A sociedade socialista.

Como não estou isento desse comentário, pois faço parte desse seguimento, considero preponderante que o PSOL, retome de imediato o seu projeto original de poder. Exigindo dos camaradas da Direção Nacional, uma postura mais ousada, menos convencional, mais heterodoxa. Reapresentando Heloisa Helena como a candidata dos filhos da pobreza, dos injustiçados, dos Estudantes, dos Operários, dos Camponeses, dos homens e mulheres justos desse país, uma candidatura da maioria para a maioria.

Na política local, precisamos nos apresentar como alternativa real de poder. Nada de já perdemos, não se trata de auto-ajuda, trata-se de projeto, de confiança no povo, na possibilidade de transformação, não podemos ser apenas dogmáticos, mas, práticos, ousados, corajosos e cocientes da nossa missão. Assim, nessa eleição defendo que os socialistas apresentem ao povo amazonense uma candidatura comprometida com a causa, que seja capaz de convencer os descontentes com os atuais políticos, a se unirem nessa caminhada, uma candidatura com projeto que ofereça a população alternativas de emprego, trabalho, renda e prosperidade para todos.

Essa candidatura deve surgir de uma ampla discussão entre os Partidos da Esquerda Socialista no Amazonas, é hora de unir os esforços num grande puxirum político, para debelar os males que essa oligarquia, capitaneada por Amazonino, Eduardo, Alfredo, Artur e Serafim, impõem ao nosso povo a gerações.

Dessa forma defendo a imediata instalação de um fórum dos socialistas, composto pelos Partidos comprometidos com a causa, as entidades sindicais, populares, estudantis e ecológicas, intelectuais e coletivos de lutadores sociais. Esse fórum deve articular um programa de governo e definir uma estratégia de campanha que se contraponha aos movimentos dos partidos das oligarquias local.

Elson de Melo – Sindicalista
E-mail: elsonpmelo@gmais.com
Blog: luctasocial.Blogspot.com

POR UMA ESQUERDA COMBATIVA, DE CLASSE E NÃO-REFORMISTA

Tenta-se reduzir o conceito de esquerda a uma certa esquerda: aquela cuja visão está centrada no eleitoralismo, na luta dentro do sistema, pelo poder, pelo jogo parlamentar e institucional. Em Portugal, essa tem sido a posição hegemónica dentro da «esquerda política e sociológica».
Culpa de quem? Culpa de nós todos/as, porque temos demasiada veneração pelos tais arautos da dita cuja esquerda. Vemos nessas figuras «porta-vozes» das nossas aspirações, somos embalados na bela música das suas profissões de fé, mesmo quando sabemos que isso é música ...apenas! Em Portugal, junto com o complexo neo-colonial (ver meu artigo «Portugal, País Neo-Colonial, de Abril de 2009) e parte integrante do mesmo, existe uma incapacidade de gerar e pôr a funcionar estruturas de um poder popular genuíno. Quando utilizo o termo, quero dizer o que é entendido por ele no resto do mundo e em particular na América Latina. Pouco ou nada tem que ver com os devaneios duma certa extrema-esquerda do PREC e pós-PREC.
A razão dessa incapacidade é muito simples: essas estruturas que poderiam ser locais de geração do tal poder popular, sindicatos, associações, movimentos, etc. foram e são constantemente objecto de cobiça e de controlo por parte de estruturas partidárias. Embora o PS tenha algum controlo sobre um certo número de sindicatos (e mesmo de sindicatos da CGTP) o papel principal de hegemonizador cabe ao PCP, que tem assim ditado, desde as reivindicações até ao estilo de funcionamento.
O BE tem seguido os passos do PCP em tudo. Tem tentado ao longo destes 10 anos de vida retirar-lhe essa hegemonia, mas para construir as suas «praças-fortes», para realmente poder fazer o seu jogo, mas no sentido de ingerência permanente nas tais estruturas.
Não existe um sindicalismo de classe, não existem sequer correntes estruturadas com uma visão classista. O que existe é um corporativismo serôdio, que se mascara de «classe», mas, de facto, é o seu contrário!
A esquerda portuguesa (para ser portadora da esperança num mundo não dominado pelo capital), terá de aceitar-praticar-desenvolver certos princípios elementares:- o respeito pelos compromissos assumidos publicamente- o respeito pelas pessoas, que deveriam realmente ter uma parte activa na definição do projecto e na condução das lutas para alcançar os objectivos traçados- uma visão realmente unitária e de classe do sindicalismo, deixando de fazer das direcções dos sindicatos locais de privilégio e de poder.- uma abertura sem peias a todas as correntes do pensamento crítico. - uma verdadeira auto-crítica, examinando os seus próprios erros do passado.É a este nível que ponho o desafio, um desafio que abarca o futuro. A alternativa a esta mudança nem se coloca: seria, apenas e somente, o «caixote de lixo da História».
Manuel Baptista
Fonte:lutasocial.blogspot.com

Da esquerda à direita até os limpos são sujos


Meu artigo hoje vem descosido, com saudade do passado. Deveria ligar para alguns amigos bolchevistas que sonham com socialismo de Karl Marx. Tenho saudade do meu velho professor de história que contava fascinado a história de Trotsky e da revolução de outubro, a primeira revolução proletária vitoriosa do globo terrestre nasceu livre. Não poderia ser de outra forma. Sem levar a liberdade a sua ultima conseqüência, uma revolução é sempre derrotada. Igualmente a cristo, Trotsky teve na palavra o seu maior poder. Comandante do exército vermelho, poderia ter executado um golpe de estado que eliminasse Stalin e conduzisse ele ao poder ditatorial no nascente estado operário. Mas não o fez porque considerava que apenas a mobilização dos trabalhadores Russos poderia derrubar Stalin. Trotsky não queria o poder pelo poder, mas sim o poder para o avanço da revolução e liberdade da humanidade.

Lembrei do passado e vi o rasputin da república lulista ser cassado ser cassado por 257 votos contados.

No dia que Dirceu foi cassado, uma nostalgia melancólica tomou-me, porque encontrei, uma matéria de jornal na biblioteca de minha casa onde o Dirceu revolucionário dizia para os soldados no avião, quando foi conduzido para exílio em Cuba, “eu vou, mais eu volto”. Palavra cumprida. Dirceu foi e voltou, chegou ao poder, virou Ministro da Casa Civil, o homem mais poderoso do governo Lula.

À noite quando voltei da faculdade, tive um alívio: Dirceu estava cassado e só. Dirceu bem que tentou convencer os deputados a votarem contra sua cassação, mas nem a sua biografia de bolchevista revolucionário lhe salvou das bengaladas. No fim de toda essa novela Mexicana aquele sábio velhinho nos ensinou uma lição de literatura internacional quando chamou Dirceu de Fristão _ o inimigo corrupto dos delírios de Dom Quixote _ o todo poderoso Dirceu voltou para casa. Seu único trunfo é sua biografia que ele mesmo destruiu. Deleito-me sobre o livro certezas e ilusões do Partido Comunista. Lembrei-me de Oswaldo Andrade _este sim era comunista de verdade _e de seu discurso, um dos melhores que já ouvi. “Aqui, na mesma guerra pela democracia estamos hoje unindo e unindo o pensamento do Brasil... E também a fé na democracia, a fé no futuro, a fé nos teimosos destinos do Brasil”. Tive uma brutal saudade da eloqüência dos meus discursos. Lembrei da invasão da Câmara dos vereadores em 2002, uma das poucas vezes que vi o movimento estudantil unido em defesa da coletividade. Era um capital humano de pessoas, Estalinistas e trotskistas todos unidos.

Nunca acreditei em Lula, apesar do meu pai ser amigo pessoal do presidente e ser fundador do Partido dos Trabalhadores – PT no Estado do Amazonas. E nunca achei o Dirceu ladrão. Apesar de meus amigos bolchevistas não acreditarem nisso.

Tenho saudade de mim, por causa do Dirceu revolucionário. Não do Dirceu Stalinista e coveiro da revolução e do socialismo. Tenho saudade de mim na época do movimento estudantil. Eu com rosto cheio de esperança, achando que poderia mudar a história. Tenho saudade da Escola Estadual Djalma Batista, época em que eu era compositor, e que a poesia misturava-se com a revolução, e tornavam-se discursos inflamados contra o Neoliberalismo Norte Americano e o sistema Capitalista Canibalesco. Tenho saudade do tempo em que a fé era um sentimento de esquerda e, eu sonhava em morrer pela revolução. Sinto saudade dos meus amigos revolucionários que viram à direita.

Para mim a morte era pequena, o Marxismo superava a morte. Hoje, discordo de Ernesto Renan e Max Muller, quando atribuem o homem um instinto de crer, acho que o instinto responsável pelo fenômeno místico é o instinto da sobrevivência, o desejo de permanecer vivo.

A verdade foi que tremi quando Dirceu foi cassado, pois comecei a entender que a geração de Dirceu e companhia era fraca demais para mudar a realidade social deste País.

Alex Mendes
Vice-Presidente Estadual do PSOL - AM

100 ANOS de ANARCOSSINDICALISMO

manifesto de CGT de Espanha
Faz agora 100 anos, a coragem e a rebeldia de um punhado de mulheres e de homens fizeram com que o mundo comece a mudar de base. Conscientes de que a emancipação das trabalhadoras somente se poderia realizar pela acção directa das mesmas trabalhadoras, sujeitos de todas as condições e ofícios decidiram organizar-se autónomamente como pessoas libres e asumir o destino de suas vidas em comunidade, à margen dos amos, governos e superstições.Nascia assim o movimiento anarcosindicalista sob as siglas históricas da Confederação Geral do Trabalho e da Confederação Nacional do Trabalho, inspirado nos principios que dinamizaram a Primeira Internacional dos Trabalhadores, a expressão mais democrática, humanista e revolucionária da auto-determinação política e social que conheceram os tempos modernos.E a experiencia demonstrou que as siglas e os seus ideais anti-autoritários foram os que promoveram as transformações sociais mais importantes e ambiciosas da História. Refutando a cultura de submissão que apregoavam, clases dirigentes, oligarquías e igreja, combatendo no terreno a intolerância da burghesia depredadora, predicando pelo exemplo de sua solidariedade e disputando palmo a palmo ao totalitarismo em armas as conquistas alcançadas com tanto sacrificio. Adiantados em relação ao seu tempo e pioneiros na denuncia de injustiças, foram os anarcosindicalistas que arrancaram das garras do capital a jornada das oito horas laborais e com sua luta fraterna obtiveram a equiparação social das mulheres, levando o seu ideario de revolução plena, intergal e libertária para todo o mundo, especialmente para a América Latina, convertida desde então em segundo lar desse heroíco proletariado militante.Também foi a resistência libertária que num primeiro e crítico momento, bruscamente travou a investida criminosa das tropas mercenárias nazifascistas chamadas pela ditadura franquista para submeter o povo español e castigar a sua insolencia revolucionária. Ainda hoje, a Revolução Espanhola de 1936-1939 causa assombro no mundo e é universal na valorização daquela epopeia popular com significado histórico. A pesar de aquí, no próprio cenário da contenda desigual, o revanchismo e a desmemórica cúmplices continuam a escamotear o legado ético daquelas gentes que levavam um mundo novo nos seus corações.Por isso, hoje, ao cumprir-se o centenario daquele fulgor que ainda ilumina a senda de liberdade e solidariedade, desautorizados já definitivamente os funestos modos autocráticos e estatalistas de poder que se revelaram submissos companheiros de viagem da dominação e da exploração, nós anarcossindicatistas, Nos voltamos a auto-convocar para denunciar as novas e insuspeitadas ameaças que estão colocando em risco a existencia deste planeta e a convivencia com dignidade e afirmamos nossa fé na humanidade trabalhadora e na derrota final da barbarie capitalista e seus representantes. Ao despontar o século XXI, convencidos de que a pátria d@s oprimid@s é o mundo e que sua familia a humanidade, nós, homens e mulhers, jovens e anciãos, nativos e forasteiros, mestiços, assumimos a insubmissão a paz e a palabra para chamar a romper As recentes e invisíveis cadeias da servidão voluntária.Quando tudo nas cúpulas conspira para aforgar os gritos contra a injustiça estabelecida, anarcosindicalistas, sindicalistas revolucionários, anarquistas, libertários, anti-capitalistas e anti-autoritários, como depositários da autêntica democracia de acção directa, afirmamos que nós somos o povo e sua rebeldía infinita e reconhecemos a imensa dívida contraída para com as gerações que nos antecederam na luta pela liberdade, a justíça e a dignidade. Porque o propósito da anarquia que nos guia representa a mais alta expressão da orden. Porque, quando o povo todo governa, como pretende o ideal da verdadeira democracia, ninguém manda, tal como o anarquismo procura alcançar.
SAÚDE E LIBERDADE
Fonte: lutasocial.blogspot.com

A CÚPULA DO CLIMA FRUSTOU A HUMANIDADE


ALGO DE MUITO GRAVE ACONTECEU NA CAPITAL DA DINAMARCA

Em clima de absoluta frustração encerram-se, nesta sexta feira, 18 de dezembro de 2009, os trabalhos da Cúpula do Clima, como ficou conhecida a 15ª Conferência da Mudança do Clima da ONU (COP-15) realizada em Copenhague, capital da Dinamarca.
Os representantes dos países demonstraram absoluta incapacidade e incompreensão da gravidade do momento que vivemos.

A maioria das delegações, principalmente as dos países mais influentes no cenário mundial estavam despreparadas ou mal intencionadas, e o tão esperado acordo não vingou.

A delegação brasileira foi para Copenhague chefiada pela Ministra Dilma Rousseff que demonstrou ter viajado à Copenhague pensando mais em propaganda eleitoral no Brasil do quê nos reais problemas climáticos do planeta. É evidente que essa ministra não tem capacidade teórica, nem militância na causa, para representar os brasileiros nessas discussões, não conhece o tema e não tem autoridade. É uma pena que a Marina Silva não seja mais a Ministra o Meio Ambiente no Brasil. Numa hora dessas a gente vê a falta que ela faz!

O Lula foi à Copenhague e saiu antes dos trabalhos terminarem, mais uma vez demonstrou não ter a compreensão da importância do momento e da gravidade da situação do momento presente para toda a humanidade.

Não estou culpando a delegação brasileira pelo fracasso da conferência, estou apenas registrando o clima de fogueira de vaidades e o utilitarismo político em que Copenhague se tornou. Quantas outras delegações como a brasileira existiam lá?

Devo render homenagens ao presidente boliviano Evo Morales, pela posição firme e clara que adotou defendendo a criação de uma Corte Internacional Penal Ambiental. Parabéns Evo!

As organizações não governamentais que também se reuniram em Copenhague para acompanhar e fazer pressão sobre os delegados oficiais membros da ONU. Saíram frustradas!
No Brasil muitos líderes populares, sindicais e intelectuais já se manifestam sobre o desastre de Copenhague, entre eles João Pedro Stédile, Leonardo Boff e outros.

Hoje estamos todos de ressaca!
Nesse momento me vem à cabeça a lembrança de um momento importante da luta pela redemocratização do Brasil, o tema da vez era a Anistia Ampla Geral e Irrestrita, pela qual lutávamos na década de setenta. Quando a anistia foi aprovada ainda sob o general presidente, João Figueiredo em 1979, ao vermos que ela não era ampla, nem gral nem irrestrita, nos reunimos em frente à Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo no Lago São Francisco, no centro de São Paulo para um ato público. Éramos umas cem pessoas, não mais, lá falaram José Gregori, Teresinha Zerbini e em seguida ouvimos do velho Miguel Reale: “A luta continua!” Essa frase depois virou bordão no movimento sindical e popular.

Vale agora: A LUTA CONTINUA, COMPANHEIROS!
Rosalvo Salgueiro

Fonte: serpaj-brasil.blogspot.com

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Desbaratado mais um foco de prostituição infantil

Após várias denúncias, uma força tarefa capitaneada pelo Conselho Tutelar da Zona Oeste comprovou de que a cabeceira da ponte de São Raimundo era um foco de prostituição de crianças e adolescente. Com apoio da Polícia Militar, foram retirados do local 30 crianças e adolescentes. Várias prisões foram feitas e um dos crimes praticados pelos aliciadores, todos envolvidos com drogas e furtos. Um dos crimes constatado era um pedágio que funcionava todas as noites para extorquir os moradores do local.
Fonte: blogdafloresta.com.br

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Charge - Néo



Fonte: blog do Noblat

LULA, O FILME!


Comentar um filme não é papel de sindicalista, para isso tem os críticos de arte, agora quando o assunto do filme é em grande parte a historia de nossa classe, ai, temos que nos manifestar, se positivo aplaudimos, porém, se negativo, buscamos repor a verdade. Nosso compromisso é a verdade, a defesa e conquistas de direitos, a transformação social que o País continua precisando, somo guardiãs de nossa historia. Uma historia marcada por muitas lutas, sacrifícios de muitos, determinação de todos e instinto de sobrevivência de gerações de todas as nações do mundo. A historia da classe Operaria brasileira é feita de muitas lagrimas, suor, sangue e vidas que perdemos. Não pode ser desfigurada pelo capricho, vaidade ou sede de bilheterias (lucro) gordas seja lá de quem for. Em memória de Margarida da Silva, Chico Mendes, Frei Chico, Santos Dias, Ontogildo Pascoal Viana, irmã Dorot, Antonia Priante, Zilda Arns e todos os mártires da liberdade... E, do nosso povo sofrido, é que faço esse singelo comentário.

O filme “Lula o Filho do Brasil” feito por Fabio Barreto para contar a historia do Presidente, muito bem interpretado por artistas consagrados do cinema brasileiro, exorbitou sobre maneira ao falsear a historia sofrida de milhares de operários que, sobre a crueldade imposta pelo capital, refletida em repressão, criminalização, prisão e morte. Dentre tantas formas de obrigar os trabalhadores a produzirem mais riquezas aos donos do mos meios de produção, sobre a escolta de um Estado perverso a serviço desse capital.

Vamos começar com a figura do pai do Presidente, um homem sofrido, tosco, castigado por todos os percalços que a miséria pode oferecer, fruto da ganância dos grandes capitalista e de um Estado omisso e repressor. Um flagelo humano! Esse homem, um alcoólico patológico, figura como o principal vilão do roteiro homologado pelo Presidente. Condenar sumariamente aquele homem é concordar com todos os males que o capital impõem diariamente a milhões de seres humano em todo o mundo. Josué de Castro narra em seu livro “A Reivindicação dos Mortos”, a saga desses homens de Pernambuco, justificando os motivos que levou em 1955 a João Firmino, fundar a primeira das Ligas Camponesas do Nordeste brasileiro:

“O objetivo inicial das Ligas fora o de defender os interesses e os direitos dos mortos, não os dos vivos. Os interesses dos mortos de fome e de miséria: os direitos dos camponeses mortos de extrema miséria da bagaceira. E para lhes dar o direito de dispor de sete palmos de terra, onde descansar os seus ossos e o de fazer descer o seu corpo à sepultura dentro de um caixão de madeira de propriedade do morto, para com ele apodrecer lentamente pela eternidade afora. Para isso é que foram fundadas as Ligas Camponesas. De inicio, tinha assim muito mais a ver com a morte do que com a vida, mesmo porque com a vida não havia muito que fazer... Só mesmo a resignação. A resignação à fome, ao sofrimento e a humilhação. Mas, se já não havia interesse dessa gente em lutar pela vida, em lutar por uma vida melhor e mais decente, por que este obstinado empenho em reivindicar direitos de morte? Reivindicação de mortos que nunca tiveram direito a vida! Por que esta desvairada aspiração de possuir depois de morto, sete palmos de terra, por parte de quem, na vida não dispusera, de seu, nem de uma polegada de solo, pertencendo quase todos aos imensos batalhões de sem-terra que povoam o Nordeste brasileiro? E por que este desespero em possuir um caixão próprio para ser enterrado, quando em vida esses deserdados da sorte nunca foram proprietários de nada – nem de terra nem de casa nem mesmo de seu próprio corpo e de sua alma, alugados, a vida inteira, aos senhores da terra? Por que esta conduta aparentemente tão estranha, tão em contradição com o conformismo, a apatia, a resignação desta pobre gente? Tudo isso só tem um sentido, quando a gente compreende que, para os camponeses do Nordeste, a morte é que conta; não a vida, desde que, praticamente a vida não lhes pertence. Dela, eles nada tiram, alem do sofrimento, do trabalho estafante e da eterna incerteza do amanhã: da ameaça constante de seca, da policia, da fome e da doença. Para eles só a morte é uma coisa certa, segura, garantida. Um direito que ninguém lhes tira: o seu direito de um dia escapar pela porta da morte, do cerco da miséria e das injustiças da vida. Tudo o mais é incerto, improvável ou impossível. Daí o interesse do camponês do Nordeste pelo cerimonial da morte, que ele encara como o da sua libertação à opressão e ao sofrimento da vida. “Aos pobres, em espírito, pertence os reinos dos céus”, dizem as Escritas Sagradas. Palavras consoladoras para aqueles que há muito já tinham perdido toda a esperança de conquistar um lugar descente nos reinos da terra.”

Foi fugindo dessa sina que o Aristides sai do Nordeste, foi em busca de uma vida melhor, vai para a maior de todas as selvas – São Paulo – possivelmente não possuía escolaridade, nem alguém que o orientasse nesse imenso mundo de concreto e indiferenças. Daí seu desespero diante das incertezas do qual tinha fugido, longe dos seus, só restou o caminho do álcool, como alento para seu espírito. Não sabia ele que de nada adiantaria, porem, como sair disso, sem ajuda e comendo o pão que o diabo amassou? Essa é uma pressão que muitos não consegue superar. Assim considero injusto o Presidente não perdoar seu pai, que conforme o filme morreu sem a honra que os Nordestinos sempre lutam. Possivelmente Lula não leu esse seu grande conterrâneo – Josué de Castro, cujo seu livro Geografia da Fome – fundamenta o programa Fome Zero do governo Lula!

Não caro leitor! Guardar um rancor fulminante de um homem cuja vida lhe foi tirada antes de morrer, embrutecido pelo tempo, desfigurado de todos os valores, fruto de um sistema que cultiva o machismo, que impõem ao homem a grandeza de proprietário da fêmea, são reflexões que o Presidente não foi capaz de fazer. Pedagogicamente, o filme é um atraso, mostra um comportamento mesquinho do Lula. Onde está a sua compaixão, seus valoras humanitários, sua ética cristã? É um péssimo exemplo para as atuais e futuras gerações.

Sobre isso não posso acreditar que o Lula, uma pessoa sensata, dedicada à causa dos trabalhadores, um grande companheiro que tive o privilégio de conhecer e conviver, seja capaz de um gesto tão cruel! Embora o fato se dê em um contexto, ele sabe muito bem que na vida todos nós erramos, todos nós temos defeitos, que ninguém é perfeito, sabe também que o governante deve servir de exemplo positivo para seu povo, se esse fatídico gesto viesse de um homem comum, não tenho a menor duvida de releva-lo, mas, do Presidente! Um homem que na sua trajetória política sempre contou com o que há de melhor da intelectualidade brasileira, tem a coragem de emitir em um filme, que não é de ficção, é sobre a sua vida pessoal, um dos piores, gesto de desumanidade nunca antes visto na historia da Classe Operaria!

Quanto à questão política e sindical, é publico e notório que o Presidente Lula, tem grande mérito em toda sua trajetória sindical e política, foi ele o meu maior parâmetro quando ingressei no movimento sindical, toda minha atuação sindical na década de oitenta e parte de noventa do século passado, tinha sempre a orientação dos companheiros Do ABC paulista, por um longo período nosso material didático principal, foi o filme – Linha de Montagem – essa produção mostra com clareza o que foi o grande movimento dos Metalúrgicos daquela região. Outra produção que costumávamos utilizar como referencia era o filme Eles não Usam Black-tie, que conta a historia do saudoso Santos Dias da Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo.

Com base nessas duas produções, e na convivência que a época tivemos, não posso concordar com essa versão to na onda, da serie filhos de & do... Que embora seja uma produção voltada para o entretenimento, não pode deturpar sobre maneira a história que não é só do Lula, mas, dos trabalhadores brasileiros. Como faço parte dessa historia, permitir a desfiguração desse patrimônio, seria no mínimo ser leviano e descomprometido com tudo que até aqui ajudamos a construir. Assim vamos aos fatos.

O dialogo, de Lula com seu irmão Ziza doravante tratarei como Frei Chico grande militante do Partido Comunista Brasileiro em São Paulo, em nome do qual faço um desagravo a todos os revolucionários brasileiros, operários, intelectuais, estudantes, homens e mulheres. Muitos dos quais pagaram com a vida o sonho de ver um Brasil livre das amarras do capital e de todos os males que ele proporciona ao nosso povo. É muito natural que os jovens da época fossem obcecados por futebol, afinal tínhamos Pelé e Garrincha, nossos grandes astros, aliado a isso, a repressão da ditadura militar que calou por longo tempo a política brasileira.

Conheci Frei Chico em 1985 no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo dos Campos, era tratado pelos militantes do Sindicato como pessoa não grata, sua presença era sempre contestada naquela instituição, simplesmente pelo fato de manter-se firme no velho Partidão, um homem sereno, com grande parte dos cabelos embranquecidos, rosto castigado pelo tempo, Frei Chico não se importava com a indiferença com que era recebido, um gesto natural dos grandes militantes consciente do seu papel no movimento Operário.

Quando o filme mostra um piquete feitos por trabalhadores enfurecidos pele sua condição salarial, da a entender que tudo mais é insignificante, que os trabalhadores é que são intolerantes, não tenho duvidas de afirmar que em um movimento das proporções como foi o dos Metalúrgicos do ABC, é muito difícil que a direção tenha controle total para impedir alguns exceções, existe muitas infiltrações de agentes patronal e do governo, cujo principal objetivo é tumultuar e desqualificar a luta, desviar o foco das reivindicações e, com isso confundir os trabalhadores, como bem faz o filme, Lula o Filho do Brasil!

Quando Lula questiona pejorativamente a militância do irmão, revela sua aversão ao socialismo, coisa que mais tarde ele demonstra por ocasião de uma entrevista e que o filme não mostra, quando respondendo a um jornalista se era socialista, ele declara: “sou torneiro mecânico”. Sem fazer um juízo de valor, mas, considerando seu comportamento a época e sua postura no momento, ele menospreza todos os anônimos que nas grandes greves do Sindicato, foram não só solidários, mas, se envolveram de corpo e alma para que a greve fosse vitoriosa, são pessoas que organizaram os fundos de greve, participavam das comissões de fabricas, que mobilizaram as mulheres dos Metalúrgicos, que foram presos e torturados, muitos dos quais já falecidos que como o pai do Lula não podem se defender. Pois é! Essas pessoas eram muito mais que simples militante sindical, eram militantes da esquerda socialista ou da Igreja. Hoje como o grande vitorioso desse processo, Lula não titubeia em desqualificar a importância que os comunistas ou socialistas como queiram, tiveram, antes, durante a ditadura e até agora na política brasileira.

O discurso de posse do Lula na presidência do Sindicato dos Metalúrgicos, parecia que naquele momento histórico, tratava-se de uma tática para não despertar a fúria dos empresário e do Estado ditatorial.Politicamente negava o socialismo (à esquerda), rejeitava a direita (à ditadura militar) e afagava os patrões, economicamente reafirmava os valores capitalistas, querendo apenas o suficiente para viver, um bom roteiro para um filme burguês, uma boa retórica para época, porem era o inicio de um projeto que viria a envolver todos nós que acreditamos na transformação social do Brasil. Lula se credenciou para ser o escolhido para comandar as transformações que sonhávamos, não medimos esforços para alcançar esse objetivo. Quando em 2002 a imprensa anunciou a nossa vitória com a eleição dele para Presidente do Brasil, não consegui conter as lagrimas. Afinal, estava consumada mais uma etapa da nossa luta. Digo mais uma etapa porque ela não para, entendam isso, por favor! A luta estratégica dos trabalhadores não para é um movimento permanente cujo avanço depende de cada um de nós. Não é hora de esmorecermos.

Não sou daqueles que acham que está tudo errado no seu governo, pelo contrario, entendo que houve muitos avanços. Porem podaria ser melhor, mesmo não sendo socialista coisa que não podemos cobra-lo, ele deveria acreditar mais na sua popularidade e promover as transformações que o País precisa para ser uma grande Nação, na educação básica, por exemplo, para evitar que as mães brasileiras não passem pelo vexame que a sua passou como mostra o filme, quando a professorinha observando sua inteligência pede para adota-lo. Poderia investir melhor na saúde, para que crianças, mulheres e operários tenham uma boa assistência quando precisarem, não permitindo que os filhos da pobreza passem pelos percalços que ele e a família passou. Poderia acreditar mais na democracia, ao Ives de fazer as alianças espúrias que mergulharam seu governo num mar de corrupção.

Acreditem! Chorei com ele quando foi diplomado no TSE, afinal faço parte desse imenso time de não diplomados, agora, não posso concordar com o roteiro do seu filme, por mais que os entendidos em arte, digam que é uma perola. Eu afirmo! É um engodo histórico no que se refere a luta sindical dos trabalhadores brasileiro. É uma das piores formas de tripudiar sobre a vida e a consciência dos nossos Companheiros vivos ou mortos. É a treva sobre a luz da esperança.

Dizem que reconhecer o erro é um gesto de nobres, coisa que eu discordo, esse é um gesto de humildade, propriedade dos pobres e dos homens justos, em seu sentido mais puro. O Presidente Lula, deve aos trabalhadores brasileiros esse gesto, pois o filme que ele autorizou sua produção e veiculação, destrói a pedagogia de nossa luta, incentiva a intolerância, e reduz a nada toda sua trajetória de grande liderança operaria. É um filme para burguês bater palma, ou então, morrer de rir de todos nós, a burguesia deve estar se banqueteando por sair ileso nessa historia, contada para homologar sua supremacia medíocre!

Elson de Melo – Sindicalista
E-mail: elsonpmelo@gmail.com

O CACHORRO DO PAI DO LULA

Ao assistir o filme – Lula o Filho do Brasil – algumas cenas e diálogos me chamaram atenção, a saída de Garanhuns do pai e da família, a chegada em São Paulo, as Surras que levou, o alcoolismo do pai, a primeira namorada, o primeiro beijo, o acidente que causou a perda do dedo, a morte da 1ª mulher e do filho, a insistência do irmão Ziza (Frei Chico) para que participasse do Sindicato, a forma como entrou na Diretoria do Sindicato, o discurso de posse, a prisão do Irmão e a do próprio Lula, dentre outras. No entanto, o que mais chamou atenção foi a cena inicial do cachorrinho preto e branco!

A maior curiosidade que o filme despertou em mim, foi saber o nome do cachorro, será que se chamava: veludo, jolhi, biriba, tolinho ou Aristides? Faço essa pergunta porque a impressão que se tem do filme, é, que o mesmo foi feito para estigmatizar o pai do Lula! São cenas horríveis, mostra um pai sisudo e descontrolado diferente do cachorro que era muito afetuoso com família e o próprio Aristides, portanto, o nome do cachorro não era Aristides!... É claro que o roteirista é fiel as informações que os personagens declaram. No caso, Lula está vivo, portanto o principal responsável por tais informações.

Na verdade, existem muitas mensagens subliminares das quais podemos destacar o caráter do Lula na intimidade, tanto político, como, pessoal. Na questão pessoal mostra um Lula intolerante em muitos momentos com os mais humildes, dentre esses o próprio pai, principalmente quando ele ao receber a noticia da morte do mesmo e declara “tudo bem, não tenho nada do meu pai”, parece que é incapaz de perdoar, demonstra uma insensatez sem precedente, logo ele que é tão tolerante com os corruptos do seu governo, compreende com naturalidade o Sarney e Renam. Isso explica seu comportamento nos episódios do mensalão e dos aloprados quando ele abandona seus amigos a própria sorte!

No plano político mostra um Lula ideologicamente preconceituoso e sorrateiro com os comunistas, bastante obediente ao capital, em seu discurso de posse no Sindicato ele afirma categoricamente, “é importante que todos aqui saibam que trabalhador não é de esquerda e muito menos de direita! O que importa é o sustento da nossa família!” e vai mais além, declarando sua fidelidade aos patrões, “ninguém aqui é inimigo dos patrões, afinal de contas são eles que pagam nossos salários!” ao chegar ao governo ele não fez nada fora desse discurso revelador.

Embora respeitando toda sua trajetória de lutas a frente do movimento sindical brasileiro e até em memória a nossa amizade, não posso analisar de outra forma as mensagens que o filme escancara, dá a impressão que tudo que aconteceu após sua posse no Sindicato, não passou de simulação, de engodo ou despotismo. Coisa que acho melhor focar no campo das hipóteses.

Assim, prefiro destacar o coice que o pai do Lula dá no cachorro como despedida, na pergunta que Lula faz a sua mãe quando não reconhece o pai para então, chamar atenção aos que acham que o filme é uma peça de marketing político e eleitoreiro, coisa que eu discordo peremptoriamente. Na minha opinião o filme falseia a historia dos Metalúrgicos de São Bernardo dos Campos, expõe o Presidente a uma situação vexatória sobre o seu caráter pessoal, deforma sua Liderança quando o transforma num déspota e coloca em duvida toda a sua bela trajetória de luta que junto com os trabalhadores brasileiros o levou a Presidência da Republica. Recomendo aos leitores que antes de se emocionarem nas salas dos cinemas, assistam o filme – Linha de Montagem – para repor a verdade dessa grande luta dos Metalúrgicos do ABC, que o filme deturpa quando dá ênfase a um populismo comercial medíocre.

Elson de Melo – Sindicalista
E-mail: elsonpmelo@gmail.com

CAIXA DE PANDORA: Quem perdoa a Mídia do DF nos 50 anos de Brasília?


Marcos Linhares (*)

Em 21 de abril, Brasília chegará aos seus 50 anos de fundação e o que vemos? Uma crise sem precedentes na história política da cidade – Mensalão do DEM-DF -, sendo coberta pela mídia impressa como se fosse Diário Oficial do Governador do Distrito Federal, o eterno chorão, José Roberto Arruda (sem partido) e do vice, o onipresente Paulo Octavio. Tenho escrito sobre a cobertura dos jornais da cidade sobre a Operação Caixa de Pandora e de como os textos são, no mínimo, muito gentis para com os envolvidos, de acordo com a necessidade. Tudo leva a crer que a mídia impressa local está em plena campanha de defesa do governador, de seu vice, dos secretários e dos empresários citados nas investigações. Se isso for verdade, 2010 será um ano para ser estudado nos bancos escolares, como um belo “case” de como ser tendencioso e andar de mãos dadas com o poder.

Esse seria um belo tema para seminários nas faculdades e universidades, de graduação a pós-graduação, dos cursos de jornalismo e marketing, sobre como “não fazer bom jornalismo”, ou seja, como não atacar, aceitar tudo que ditam, e publicar algo apenas quando não houver jeito.

Jornal de Brasília – armaram para Arruda

O Jornal de Brasília, por exemplo, publicou uma capa no dia 31/12/2009 que merece destaque, estudo e reflexão. Já na manchete, a mensagem: “Meus adversários armaram uma cilada”. Essa frase vem acompanhada por uma foto mostrando o governador com uma expressão de dar dó: combalido, triste, atingido no peito, digno de expiação. Na matéria, Arruda diz que tudo foi armação dos inimigos políticos. Seria uma bela peça publicitária, uma bela peça de marketing planejado por especialistas em crise de imagem, se não fosse por dois aspectos: trata-se da capa, ou seja, da matéria principal de um jornal com muitos anos de existência, e que deveria ter compromisso e respeito para com seus leitores e, ainda, o amplo material gravado, com imagens, sons, documentos, e processo apurado pela Polícia Federal e instaurado no Superior Tribunal de Justiça (STJ).Não satisfeito, o mesmo periódico, no dia 05/01/2010, trouxe nova pérola.

Dessa vez, a imagem de Arruda estrategicamente em estilo despojado, vestindo calça jeans e camisa esporte para fora da calça, em ação, visitando canteiro de obras, novamente com cara de abatido. A mensagem: Apesar de tudo, ele continua trabalhando, tocando obras. A manchete traz novas aspas do “pobre e injustiçado” governador: “Quem fez as armadilhas vai acabar caindo nelas”. Na matéria, Arruda continua sua campanha contra o “traidor” Durval e a conspiração supostamente articulada pelo ex-governador, Joaquim Roriz (PSC).

A edição da matéria foi cuidadosa, afinal a manchete poderia parecer uma ameaça mas no texto haveria que se garantir que não. Um trecho: “Sem tom de ameaça, mas bem objetivo na observação, o aviso tinha endereço certo: seu ex-secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, pivô do suposto esquema de caixa dois. A indicação pode ser estendida também para seu adversário político, o ex-governador Joaquim Roriz (PSC). Diariamente a equipe de governo de Arruda trabalha para manter a governabilidade e impedir que haja qualquer atraso no cronograma de obras e objetivos de gestão, traçados ainda durante a campanha eleitoral.

"Nesse momento de crise tenho dormido pouco", confessou Arruda, angustiado por ter de atuar em duas frentes - primeira, a administrativa e, a segunda, no trabalho de provar sua inocência das acusações que lhe são imputadas“. Não era nota oficial do Governo do Distrito Federal, era matéria mesmo, acredite.

Correio Braziliense – É perdoando que se é perdoado

Já o Correio Braziliense, no dia 08/01/2010, não deixou por menos. Ao cobrir um evento em que Arruda compareceu e fez novo discurso, o periódico publicou as preciosidades ditas pelo governador sem o menor contraditório. A edição da matéria foi novamente digna de registro. O título da matéria parece mais uma piada de algum jornal das Organizações Tabajara: “Arruda pede perdão por seus pecados”. O sutiã é melhor ainda e traduz a intenção da matéria: “Governador admite que deve ter cometido erros e afirma já haver desculpado todos os que o insultaram após o deflagrar da crise”.

A matéria traz a defesa religiosa usada pelo político pecador contumaz que vive se arrependendo dos pecados, e pedindo perdão. “Arruda disse ontem que perdoa todos os que o criticaram, como forma de também ser perdoado por todos os seus pecados.“ Que frase maravilhosa. No mesmo texto, Arruda admite ter cometido erros. E se cometeu erros, não é santo. E mesmo assim, tem a desfaçatez de dizer que perdoa a todos os que o criticaram para ser também perdoado. No mesmo texto, outra informação salta aos olhos: a repórter repetiu duas vezes que “ foi um discurso de 25 minutos e 31 segundos”. Fantástico. A precisão com que salientou-se a duração do discurso. Talvez deva haver alguma ligação numerológica para tamanha precisão e relevância dos segundos.

Na coluna, Lido, Visto e Ouvido, de Ari Cunha, uma nota chama a atenção: “(...) Pelo sorriso de Arruda depois da Operação Pandora e perdões, há cartas na manga. Paulo Octávio olha para o relógio entre o tempo e as horas.” E assim caminha a impunidade.

OAB-DF

Quanto a OAB-DF, afirmei em texto recente recear pelas medidas do novo presidente eleito da instituição, Francisco Caputo, já que o escritório dele tem defendido Arruda há muitos anos. E o que aconteceu? Estranhamente, por alguns dias, as notícias sobre a Caixa de Pandora sumiram do site da OAB-DF. Depois quando o site voltou ao ar, Caputo soltou todos os cartuchos contra o homem do dinheiro nas meias, o deputado e presidente da Câmara Legislativa do DF, Leonardo Prudente (sem partido). Conveniente, não? Felizmente, dessa vez a mídia local registrou o estranho sumiço das notícias, que, voltaram a aparecer no site. Nem tudo parece estar perdido.

Gastando as reservas do céu

Tudo isso fez-me lembrar de trecho de uma crônica do saudoso jornalista, escritor e professor, Austregésilo de Ataíde, publicada na Folha de S.Paulo, em 28 de agosto de 1963. No texto, Ataíde fala sobre o capital que temos para gastar com Deus. Ele afirmava ter gasto o dele. “ Meu capital não era tão grande como pensava, e eu gastei muito e depressa. Como o filho pródigo, fui impaciente de gozos e me atirei a gozar a fundo. Um dia, amanheci pobre e nu, disputando com os porcos os restos de comida que sobravam, da mesa dos mais prudentes.Há homens que usam Deus a conta-gotas, quando viajam de avião, quando caem os raios, quando os parentes morrem. Guardam avaramente a herança: às vezes chegam a morrer ricos, pois o capital rende juros. Não foi esse o meu caso. Tive pouco e esbanjei muito. O capital acabou e não tive pena nem cólera de ter gastado tanto e por tão pouco.” Parece que Arruda está “queimando” os resíduos de gordura que havia reservado para ir ao céu, desde que mentiu copiosamente e pediu perdão no episódio do painel.

Mídia de fora

Retorno, ao inicio deste texto. Brasília, 50 anos. Contudo, parece que a mídia que presenteia a cidade com uma cobertura contínua é feita pelos veículos de fora, Folha, Estadão, O Globo, continuam a estampar diariamente matérias corretas com desdobramento sobre os escândalos, novos envolvidos, novas abordagens e questionamentos necessários. Na capa do Estadão, de 11/01, por exemplo, a manchete diz tudo: “Investigação liga vice de Arruda a rombo de R$ 27 mi.” E o sutiã também: “Ministério Público entrou com cinco denúncias na Justiça Federal contra construtoras de Paulo Octávio”.

Resistência

Isso é bom jornalismo. Não se calar. Continuar apurando. A corrupção não pode vencer sempre. Temos um papel social a cumprir, que não pode ser pura e simplesmente de entreguismo. Mario Covas já dizia: "A corrupção na administração pública agora é organizada, quase partidarizada. Uma barbaridade inaceitável." Resistir é necessário, pois o custo da vergonha dos panetones, será uma nódoa difícil de lavar e de engolir.

(*) É jornalista, escritor, diretor de redação da revista Fale Brasília! e membro da Expressão Brasil - Marketing Político

sábado, 16 de janeiro de 2010

O DRAMA DAS INVASÕES : A FAVELIZAÇÃO DE MANAUS


Márcio Souza (*)

Embora muitas vezes tenhamos demonstrado nossa preocupação com a necessidade de recuperação do centro histórico de Manaus, a verdade é que o drama maior está concentrado na grande periferia, nas ocupações e invasões que foram a marca da expansão urbana da capital amazonense nas últimas quatro décadas.

Em todos esses anos e ao longo do doloroso processo de ocupação das terras da cidade, o que se viu foi a completa ausência do poder público municipal, que se limitou apenas às medidas paliativas, como titular algumas comunidades sem nenhum trabalho de reordenamento urbano e dotação dos serviços essenciais.

Aqui em Manaus, aparentemente quem age como prefeitura é o governo estadual. Todas as extensivas intervenções na cidade são estaduais, como o PROSAMIM, a construção do Parque Jefferson Péres e a restauração das praças de São Sebastião e da Polícia, para citar apenas as mais importantes.

Faço esta observação com preocupação, já que a velocidade da máquina municipal se for medida pelo tempo que está levando para a conclusão da restauração do Mercado Adolpho Lisboa, da Praça da Saudade e da implantação dos centros comerciais populares, por certo vamos ter uma Manaus diferente provavelmente lá para o final do milênio.

Pior, não se tem ainda a perspectiva de um planejamento orgânico com metas estabelecidas, para a adequação da cidade para receber a Copa do Mundo de 2014. Já se perdeu um ano, desde a escolha de Manaus como sub sede, e nem mesmo o mínimo foi feito.

Esta inanição já causou danos demais a todos nós que amamos esta cidade e aqui vivemos. Não é mais possível esperar pelo executivo estadual e pelas verbas mendigadas em Brasília, para se ter uma administração municipal eficiente. É preciso liberar o governo no estado para que possa atuar no abandonado interior. Chegou o momento dos políticos entenderam que o governo estadual não é uma superprefeitura, já que está sediado em Manaus.

A capital amazonense já absorve em demasia as forças econômicas, sociais e humanas do interior do estado, para que esta bizarra mentalidade siga em frente com total desenvoltura e impunidade. Quando digo que devemos nos preocupar, é porque não teremos outra oportunidade de superação tão cedo, com tantos recursos passíveis de serem alocados para cá.

A favelização de Manaus, que segue uma tendência mundial de urbanização da miséria, é o problema central que deveria estar no centro de qualquer planejamento para a Manaus de 2014.

A rapidez da favelização de nossa cidade longe o crescimento dos velhos bairros miseráveis da Inglaterra Vitoriana. Podemos dizer que as favelas de Manaus cresceram de forma sem precedente na história da região. Não somos os primeiros a receber um evento como a Copa do Mundo, mas vale lembrar que muitas cidades, governadas por estadistas que não enxergavam as verbas como pasto de seus interesses particulares, aproveitaram tais eventos para fazer suas cidades avançar. Veja-se o exemplo de Barcelona, que mudou em uma década, de um centro urbano degradado a decadente para uma das mais extraordinárias cidades da Europa. Os políticos catalãos não se preocuparam apenas em atender os requisitos de um acontecimento macro como sediar uma Olimpíada, mas usaram a oportunidade para ir mais além, para melhorar a vida dos habitantes da cidade, lançar naquele momento a cidade do futuro. Teremos nós a Manaus do futuro?

(*) É escritor, dramaturgo e articulista do jornal a crítica de Manaus.

Fonte: www.ncpam.com

"Uma flor acaba de cair no grande deserto do mundo", Dona Zilda Arns

Tenório Telle (*)

Milagre inefável e mágico, as flores simbolizam tudo o que há de mais belo, simples e inexplicável na tessitura da vida. Com beleza de suas cores, a delicadeza de suas pétalas, macias como a pele dos bebês, e o perfume de sua corolas encantam a existência, fascinam os poetas e alegram o cotidiano dos homens.

As flores encerram, no efêmero milagre de nascer e florescer, toda a eternidade. E por isso fascinam e nos ensinam que o belo e o grandioso estão nas coisas mais simples. Embora tanta gente siga iludida com ouro e trono.

Ser eterno é ser bom, gostar das crianças, ser solidário com os indefesos e se admirar com o voo das borboletas, com o amanhecer e com a brejerice dos passarinhos. Ou com o caminhar faceiro dos calanguinhos entre as pedrinhas do jardim.

A flor que refiro é uma corajosa e bela mulher que acaba de partir deste mundo. É Dona Zilda Arns. Sua passagem pela terra foi abreviada por uma fatalidade. Seu generoso coração parou de pulsar - mas seus ideais e seu trabalho a favor das crianças pobres deste país continuam na motivação e compromisso dos milhares de voluntários de sua causa.

Não poderia ter tido morte mais expressiva, no cumprimento de seu dever moral e social. Sua passagem tem profundo conteúdo poético caiu ao lado daqueles que elegeu como a razão de ser de sua ação humana e política. É simbólico que tenha sido no Haiti, um dos países mais miseráveis do planeta.

O Haiti sucumbiu à corrupção, a governos tirânicos e corruptos, especialmente à falta de espírito público e republicano de suas elites. Peço ao bom Deus que o Brasil nunca se transforme num Haiti, embora não nos falta coveiros. Foi lá, nesse terra desolada pela dor, pobreza e abandono do povo que Dona Zilda perdeu sua vida. Que o seu sangue ajude a regenerar as forças vitais desse pobre país e faça germinar as sementes da esperança, do bem, da solidariedade e do futuro - para que as crianças tenham direito de nascer e crescer, e ajudem a reconstruir sua pátria.

A morte de Dona Zilda não foi em vão. Não foi em vão pelo bem que fez aos seres humanos, pelo exemplo de cidadania com os seus semelhantes. Sua história é a negação desse modo de vida que elegemos como modelo.

Essa mulher quis para sua existência não tesouros, posição ou vaidade. Quis servir. Fez-se média não por status ou por ambição, mas para ajudar a cuidar das crianças do Brasil: salvá-las da fome e da desatenção.

Com essa história exemplar e nobre, ganha lugar de destaque entre os benfeitores da humanidade. Seu legado são suas realizações, seu amor ao próximo. É sua história de luta, de alguém que não ficou esperando no porto, nem choramingando, ou "dentro do apartamento com a boca escancarada esperando a morte chegar". Fez acontecer, fez sua parte. Transformou seu sonho em realidade.

Que os espíritos protetores e os anjos a acolham na morada dos bons e dos justos.

(*) É professor, poeta, escritor, membro da Academia de Letras do Amazonas e articulista de A Crítica.

Fonte: www.ncpam.com

Entrevista: Plínio Arruda Sampaio

Por: Hamilton Octavio de Souza e Tatiana Merlino

A partir deste mês, a Caros Amigos inicia um debate sobre o que está em jogo nas eleições presidenciais de 2010. Entrevistas, análises e artigos discutirão as propostas e programas das candidaturas do campo democrático e popular. A primeira entrevista da série “Eleições 2010” é com o advogado e presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra), Plínio Arruda Sampaio, pré-candidato à presidência da República pelo Psol.

O partido está dividido em relação à candidatura ao principal posto do Executivo. Parte do Psol defende a candidatura própria e apoia o nome de Plínio. Outra é favorável a uma aliança com o PV em torno da candidatura da senadora Marina Silva (PV-AC). A aproximação do PSOL com o PV aconteceu porque a ex-senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) descartou a possibilidade de concorrer às eleições presidenciais para tentar voltar ao Senado.

Caros Amigos - Qual a importância do Psol se lançar com uma candidatura própria?

Plínio Arruda Sampaio - A importância está estreitamente relacionada com o objetivo da burguesia em relação a esse processo eleitoral. Há um script montado para essa campanha, para fazê-la de uma maneira suave, morna, fazer da discussão apenas uma coisa técnica e fugir dos verdadeiros problemas e das verdadeiras soluções. Há um processo de distorção do processo eleitoral para que ele não debata nada. E é fundamental desfazer essa farsa, é fundamental que exista uma voz capaz de dizer: “olha, isto aí foge da realidade, não é uma visão real do que está acontecendo no Brasil”. Qual é a dificuldade e a necessidade disso? É que toda a realidade social tem dois planos. Um plano é o da superfície dos eventos, onde estão acontecendo as coisas. E há um plano embaixo, onde estão os processos, as tendências. Esse não se vê sem instrumentos de análise. Em cima, na superfície, as coisas melhoraram para o homem simples do povo porque o Lula é menos perverso do que o Fernando Henrique, ele tira menos dos pobres. E porque a conjuntura externa favorece a entrada de capitais aqui. Então, como há uma entrada enorme de capitais, pode se remunerar a burguesia com tudo que ela quer, e sobrar umas migalhas para soltar para o povo. As Casas Bahia estão vendendo, tem lan house em tudo quanto é lugar da periferia, o pobre está começando a ter automóvel porque há uma produção brutal da indústria automobilística e os usados caem na mão dos mais pobres por um preço razoável. Mas o ritmo da melhoria é tão lento que não sei quando vamos deixar de ter pobre na rua. E, dados os processos que acontecem embaixo, provavelmente essa melhoria acaba logo adiante. O primeiro problema econômico que tiver, essa melhoria vai para o buraco.

O que está acontecendo embaixo é grave, porque o preço dessa aparente abonança superficial é a entrega do país, o aprofundamento de processos gravíssimos, como a educação, que está sucateada, a escola que não ensina, a saúde está uma desgraça. O quadro social está ficando impossível. Há zonas do Rio de Janeiro em que não há mais soberania do Estado brasileiro, é o bandido que manda lá. Na periferia daqui de São Paulo é a mesma coisa. Há um processo perverso embaixo, que afeta a moral do povo, essa ideia de que não tem solução. É preciso que isso venha à tona. A campanha é exatamente para isso, para denunciar essa farsa e propor soluções reais. Essa é uma campanha socialista na medida em que aponta as soluções reais, com um programa anti-capitalista. São questões que geram indagações sobre a viabilidade do capitalismo e colocam concretamente a questão do socialismo.

E quais seriam as consequências para o partido caso o Psol apoiasse a Marina Silva?

Seria a negação do Psol, porque esse é um partido socialista e a Marina não é socialista. O PV é um partido do governo. A Marina cria uma dificuldade enorme de palanque para a nossa gente. Como é que você sobe num palanque junto com um cidadão que apoia um governo que nós combatemos dia e noite? O problema da Marina é o seguinte: ela levantou uma questão muito importante, tornou-se um símbolo disso, mas ela perdeu o timing da demissão. O político precisa saber assumir um cargo e se demitir desse cargo. Ela demorou demais e teve que engolir coisas que não são aceitáveis: ela assinou o decreto dos transgênicos, assinou o decreto que libera as florestas, ela foi contra o Dom Cappio, ela apoia a transposição do São Francisco. A contrariedade à transposição do rio São Francisco é ponto do nosso programa. Como é que nós podemos ter uma candidata que tem pontos contrários ao nosso programa? Por isso há uma reação muito forte na base do partido contra a candidatura Marina. E nessas alturas, dificilmente ela passará.

E por que o senhor é o nome ideal para candidato do partido?

Não sou eu quem acha, acharam. Vários grupos vieram me procurar, sobretudo por algumas características: eu tenho uma linha de coerência há muito tempo sobre essas coisas todas. Segundo, eu tenho uma possibilidade de unidade da esquerda muito grande porque tenho um diálogo muito bom com as outras forças socialistas. Aí eu fui procurado por pessoas do Psol e autorizei a usar o meu nome. Eu tenho uma história em todos esses campos, como na reforma agrária. Eu posso, tenho condições objetivas para fazer essa campanha de denúncia da farsa e de proposição do avanço. É uma campanha para o futuro. Não é uma campanha saudosista nem moralista. É uma campanha ideológica no sentido bom da palavra, de que ela se funda em valores do socialismo, mas é concreta para colocar os problemas e as soluções de hoje. Por exemplo, o nosso programa diz “reforma agrária anti-latifundiá ria”. É uma formulação genérica. O que eu penso que deveríamos fazer na nossa campanha é pegar essa formulação genérica e ir falar com o MST. “Como é que vocês estão vendo a questão agrária, e qual é a solução que vocês vêm?”. São várias, tem que melhorar o crédito, aumentar o programa de compras antecipadas, melhorar assistência técnica e dar uma forte radicalizada, o movimento social, não nós. O MST junto com a CNBB e vários movimentos do campo estão fazendo uma campanha para que ninguém possa ter mais do que 1500 hectares de terra no Brasil. Isso é revolucionário, mas não tem nada de socialista, isso é capitalismo. Só que é anti-capitalista no sentido de que o capitalismo não suporta isso. Esse é o tipo de trabalho que temos que fazer para apresentar o programa do partido.

Como tem sido o apoio interno dentro do Psol à sua pré-candidatura?

O Psol tem umas três correntes majoritárias que são muito fortes e uma série de outras correntes pequenas. As menores praticamente estão todas comigo, e as maiores estão divididas. As cúpulas favorecem uma candidatura mais ampla e as bases querem uma candidatura mais nítida. Então, nesse momento, o grande problema é discutir qual é a tática. Acho até que eles tem certa razão, sem dúvida o partido precisa eleger deputados para que o povo tenha uma voz no Congresso e para ter um mínimo de representação institucional necessária para existir. É legítima a preocupação, mas é equivocada no seguinte sentido: este é um valor, mas há outro valor, que é a imagem do partido. Que é a esperança que o partido traz. Se ele se coliga com figuras que o povo está rejeitando, vão perguntar: “mas então, que partido é esse?”. Eu acho que esse é o primeiro equívoco. O segundo é: esta ideia de que uma campanha mais nítida não traz votos é equivocada. Você pode ter uma campanha nítida e eleger representantes, e essa é uma das minhas preocupações. Eu organizarei a a campanha não só para dar esse recado maior, mais amplo, mas também para favorecer a eleição de deputados, mas sem abrir mão da nitidez da imagem do partido, da nitidez do programa.

Se o Psol se diluir agora não haverá nenhuma força socialista na disputa?

Nada, além do que isso provocará uma dispersão da esquerda e aí três candidatinhos com muito pouco voto não resolvem nada.

Quais seriam as alianças que estariam dentro desse campo e que permitiriam uma disputa sem essa perda de imagem?

Esse é um ponto a favor da minha pré candidatura. É a unidade das esquerdas. Se eu for candidato, é quase certo que marcharemos unidos os três, Psol, PCB e PSTU. Eles já lançaram candidatos, mas isso é normal e também não é uma coisa final. Uma vez acertada a minha candidatura, vamos fazer a unidade da esquerda. Se dirá que os três são fracos, mas dispersos são mais fracos, e juntos têm uma certa sinergia. E depois tem os movimentos populares, que também estão divididos. A divisão é um traço da época, que é de incerteza muito forte. Todo mundo está inseguro, o pobre, a classe média e o rico. Na era de incerteza é normal que um grupo vá para cá e o outro vá para lá...É normal que MST, CPT, MAB, MPA estejam divididos. Mas eu tenho a impressão que se tivermos uma candidatura unitária da esquerda, no primeiro turno esse grupo estará fechado conosco. No segundo turno, provavelmente tomarão posições eventualmente distintas. Isso se não formos para o segundo turno, o que é bem provável.

O discurso do PT dessa ampla frente que está no governo é o da luta contra o retrocesso, representado pelo PSDB, pelo DEM, o grupo que já esteve no governo e já demonstrou ser pior do que esse. Como entrar no contraponto desse discurso, que é muito forte?

É o discurso do mau menor, que é um discurso circular. Você não vai adiante de jeito nenhum com esse discurso, apenas reduz a perda, coisa que também tem um fundamento sociológico profundo. Toda vez que uma nação sofre um golpe muito grande, para a geração seguinte é terrível. Na primeira guerra na França, a geração que se seguiu não tinha filhos. Ela se fechou, não procriava de medo do filho ir para a guerra. A geração espanhola que viveu a guerra da Espanha, enquanto o Franco não morria, morria de medo, não fazia nada. É preciso apontar um futuro, trazer ânimo. Por isso que a campanha nítida é importante. Ela é uma campanha que pode ser feita com vistas a uma afirmação muito forte de coragem, coerência e de apontar um futuro mesmo, dizer: “não fiquem com essa coisinha de reduzir o prejuízo. Pensa grande, vai para a frente”. É uma campanha que pode atingir muito a juventude, pela sua própria idade, configuração, ela vê o futuro. Essa é a estratégia que eu pretendo usar se for candidato.

E quais seriam as principais diferenças da política programática do Psol com uma candidatura única e do Psol apoiando a Marina?

Como é que nós vamos falar no transgênico, como é que vamos falar na transposição? Ela assinou tudo. Tudo que nós contestamos ela assinou. Então é uma dificuldade enorme e por isso que a base do partido está dizendo “não, isso não é possível”. Somos um partido socialista. A base do partido quer a afirmação do nosso projeto. E essa seria uma campanha de um outro projeto, que não é o nosso.

Como o senhor avalia o Psol hoje, depois de sete anos de existência?

O Psol é uma força. Há no país uma porcentagem relativamente pequena de pessoas que não aceitam o que está acontecendo, com valores distintos, mas de maneira geral, com valores sociais, coletivos, visão de nação, de coesão nacional. Em várias camadas sociais. Esse pessoal é naturalmente Psol. Porque os outros dois partidos à esquerda tem uma penetração, mas uma forma de atuar muito mais estrita, de modo que caminham mais lentamente. O Psol é um pouco o desaguadouro, naturalmente. Mas o Psol precisa –e essa campanha é importantíssima para isso – nuclear e organizar esses setores dispersos para começar uma caminhada. Ninguém tem grandes ilusões de que nós temos condições de muito sucesso a curto prazo. Isso é uma ilusão. A derrota sofrida pelo povo foi imensa. Nós estamos juntando os cacos para recomeçar.

Um apoio à candidatura da Marina, que está num partido que não é de esquerda não seria uma derrota para um partido que se afirma socialista?

É isso que eu estou dizendo para o pessoal. Isso não é uma avanço, é uma acomodação. E o partido socialista não se acomoda. A característica do socialista é a não acomodação a qualquer coisa.

É pegar o ônibus errado...

Exatamente, vai para outro bairro. A ideia é essa, fundamentalmente. Chegar, ouvir os movimentos populares, fazer um programa sólido, é um programa ainda com base na sociedade de produção de mercadorias, porém esticando essa realidade e criando uma dinâmica de transformação social.

Qual é o seu calendário para os próximos meses?

Eu vou correr o país, é uma pré candidatura. O país todo está me chamando para fazer reuniões, pequenos núcleos que nós temos. Segundo, estou montando um forte esquema de internet porque nessa campanha a Internet vai dar um grande passo.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

MORRE A MÃE DO BRASIL! Zilda Arns


Não há como conter a emoção quando alguém tão querida é arrebatada do nosso convívio, o que fazia a sanitarista Zilda Arns no Haiti? Estava na sua mais pura missão de combate à fome e a desnutrição. Não ganhou o premio Nobel da paz, mas, ganhou o coração e a alma de milhões de pessoas pelo mundo, demitida do governo Lula, por ser tia do Senador Flavio Arns, Zilda Arns ganhou de todos nós o maior premio que alguém pode receber do povo. O carinho e Amor dos brasileiros de eterna mãe do Brasil!

Choramos todos a sua passagem, rogamos todos aos altos para que o receba com honras de símbolo da solidariedade humana na terra, da mesma forma, pedimos conforto aos que ficam e renovamos os votos de continuar sua luta. Como declarou o seu ilustre irmão Dom Evaristo Arns, “não é hora de perdermos a esperança”. E eu concluo, é hora de aprendermos a lição que ela nos deixa. A solidariedade é a única força capaz de superar todas as injustiças!

Viver num país onde o combate a fome vira moeda de troca por votos, onde os gastos com propaganda de combate a fome é maior do que os recursos designados para tal combate, o exemplo de nossa mãe Zilda Arns é uma resposta a toda essa hipocrisia institucional, apenas com a solidariedade humana foi capas de mobilizar o mundo empunhando a bandeira do combate a desnutrição das crianças filhas da miséria.

Da sua força de vontade nasce a maior e melhor tecnologia social já inventada no mundo, a Multmistura! Levada aos rincões e sertões pelas mãos das (os) voluntárias (os) da Pastoral da Criança. Essa gastronomia alternativa vem salvando vidas e disseminando esperanças aos filhos da pobreza. Não vamos lamentar sua passagem, morreu em pleno exercício de sua missão, estava junto de pessoas que buscavam nela um alento para sua dor, estava em um país que a séculos vive os piores percalços que a miséria pode proporcionar, fazia uma palestra onde abordava seu tema preferido à tecnologia social chamada de Pastoral da Criança & alimentação alternativa – multmistura – grande remédio para os males da pobreza, a desnutrição infantil. Possivelmente se houve algum tempo ela tomou a mão dos presentes e rogou a Deus que os protegesse, gesto elementar de manifestar sua fé.

Querida mãe de todos os filhos da pobreza do mundo, o seu descanso em paz, você construiu e conquistou a cada momento de sua vida na terra. Ainda assim fazemos questão de registrar esse nosso desejo e pedimos que de um outro plano, continue a nos alimentar com esperança para fortificar nosso espírito, ilumine nossos caminhos na luta incessante contra essa vergonha mundial chamada, miséria que humilha a cada dia nosso povo sofrido, enquanto a corrupção avança esnobando a humanidade em todo o planeta. Parabéns querida mãe Zilda Arns. Estamos orgulhosos pelo seu feito, muitos aplausos pela sua obra que transcenderá os tempos.

Elson de Melo – Sindicalista
E-mail: elsonpmelo@gmail.com

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