No plano Nacional também o Amazonas parece que vai está sem alternativa, onde até a presente data, temos as candidaturas conservadoras de Dilma, Serra e Ciro. Da mesma forma, parece que apenas duas candidaturas são para valer, a de Dilma e Serra. A permanecer esse cenário posso adiantar que a Zona Franca de Manaus corre perigo e o Amazonas não têm para onde correr!
No campo das alternativas a esquerda socialista brasileira parece que abre mão da única alternativa com densidade eleitoral com o PSOL não lançando Heloisa Helena, a única candidata capaz de enfrentar esse projeto “neoliberal populista” representado pelo PT&PSDB. Aqui no Amazonas esse seguimento que na eleição de 2008 para Prefeito se apresentou com Bessa e Navarro, até o momento não se manifestaram. Estando os eleitores que desejam as transformações que o País precisa sem não ter em quem votar.
Porque a Zona Franca corre perigo? Esse projeto sempre foi bombardeado pelos governos do Sudeste e Sul do Brasil, com a eleição do Presidente Lula isso foi amenizado, contudo, é preciso entender bem essa trajetória. Não é novidade que Lula enquanto Sindicalista e depois como político antes de ser eleito mantinha uma relação afetiva com os trabalhadores Metalúrgicos do Amazonas. Unindo essa relação mais a sua popularidade, conseguiu durante o seu mandato manter e até melhorar o projeto.
As duas candidaturas conservadoras representadas por Dilma e Serra, independente de qual Partido pertençam, vão chegar comprometidos sobre maneira com os Estados do Sul e Sudeste. Por outro lado, os dois são tecnocratas, portanto, racionais ao extremo, embora os dois se apresentem como desenvolvimentistas ambos são a favor de uma política fiscal linear para o Brasil e, conseguintemente contra os incentivos fiscais para a Zona Franca de Manaus.
Dilma quando estava no governo do Rio Grande do Sul, ajudou para que a Ford não instalasse em um município daquele Estado, negaram a empresa os incentivos que de longe eram muitos inferiores aos da Zona Franca de Manaus. Hoje essa empresa está na Bahia. Serra nunca escondeu de ninguém que não concorda com os incentivos para esse projeto, quando Ministro do Planejamento emperrou o Maximo nosso desenvolvimento.
Como vemos, o cenário que se apresenta, é muito nebuloso para nós amazonenses, as candidaturas que até agora se apresentam no plano Nacional, são uma ameaça ao único projeto que oferece emprego ao nosso povo. Como disse acima, o que levou a Lula dar uma atenção especial a Zona Franca, está relacionada a sua trajetória sindical e política. Enganam-se os que pensarem que com Dilma será o mesmo, não será mesmo! Primeiro é preciso observar que ela seja eleita, independente da sua votação, sua legitimidade sempre vai ser contestada, isso vai não só vai lhe fazer companhia como vai refletir na composição do seu governo e o que é pior, o tornará refém dos estados com maior representatividade no Congresso Nacional.
Assim temos na disputa dois inimigos mortais da Zona Franca. Um declarado José Serra, outro dissimulado Dilma. Lula conseguiu manter uma boa relação com Amazonas, devido sua relação com os Operários, assim como em São Bernardo, com Dilma, é claro que os empresários do Sul e Sudeste vão voltar a carga. Ninguém pode esquecer que na Constituinte de 1988, foi o Deputado Paulo Delgado do PT de Minas que apresentou destaque para impedir os benefícios fiscais do projeto. Como Lula sempre foi maior que o PT, na época nós conseguimos demove-los da idéia. Coisa que a Dilma não tem condições de contemporizar. Pois sequer tem unanimidade dentro do PT.
A sucessão no Amazonas está sendo conduzida dentro das alternativas apresentadas no campo das oligarquias conservadoras, dentre os que pretendem concorrer, todos tem o mesmo perfil, oportunistas, adesistas ao Planalto independente de quem está de plantão, inconseqüentes na gestão dos recursos públicos, déspotas e de caráter duvidoso.
Embora grande parte da esquerda amazonense não acredite, existe uma lacuna no eleitorado que não apostam mais nessa gente. Basta olharmos para o resultado do segundo turno da eleição de 2008, onde aproximadamente 200 mil eleitores deixaram de votar! Qual as dificuldades da esquerda socialista? A primeira que se apresenta é o recurso financeiro, sobre isso, parece que há uma contradição, os socialistas sempre defenderam que as campanhas sejam menos onerosas. Então, não é esse o principal problema. A historia tem mostrado que o principal problema dos socialistas é a unidade.
A falta de unidade desse setor da política brasileira tem impedido a construção de um projeto objetivo de poder. Sem um projeto concreto, predomina a desconfiança, o dogma, a subjetividade e a fuga! Esse fenômeno que só os socialistas conseguem materializar, vem eliminando o desejo de transformação que preconiza.
Com a retirada precoce da candidatura de Heloisa Helena pelo PSOL. O campo socialista é levado a uma encruzilhada das mais difíceis de ultrapassar, é o que diz o provérbio popular, “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come!” Assim ou vai com Marina ou corre o risco de ver sua bancada na Câmara Federal encolher ou até sucumbir. Se os socialistas não forem ousados na sua decisão, mantendo o seu projeto de poder com Heloisa Presidente, vão pagar um preço muito alto, pois estarão trocando um projeto de poder, pelo um cargo no Parlamento – deixam de ser cartesianos para serem apenas Macunaíma. Ou seja, abrem mão da causa (projeto coletivo) pelo imediato (projeto de fração) – o mandato!
No Amazonas as coisas ainda são muito mais complicadas, em um outro comentário caracterizo que os socialistas não conseguem potencializar uma liderança no Estado, ou por não acreditarem nas possibilidades reais, ou por nanismo de mente, privilegiam o imediato sem se preocupar com um projeto estratégico de médio e longo prazo, que possibilite um projeto maior. A sociedade socialista.
Como não estou isento desse comentário, pois faço parte desse seguimento, considero preponderante que o PSOL, retome de imediato o seu projeto original de poder. Exigindo dos camaradas da Direção Nacional, uma postura mais ousada, menos convencional, mais heterodoxa. Reapresentando Heloisa Helena como a candidata dos filhos da pobreza, dos injustiçados, dos Estudantes, dos Operários, dos Camponeses, dos homens e mulheres justos desse país, uma candidatura da maioria para a maioria.
Na política local, precisamos nos apresentar como alternativa real de poder. Nada de já perdemos, não se trata de auto-ajuda, trata-se de projeto, de confiança no povo, na possibilidade de transformação, não podemos ser apenas dogmáticos, mas, práticos, ousados, corajosos e cocientes da nossa missão. Assim, nessa eleição defendo que os socialistas apresentem ao povo amazonense uma candidatura comprometida com a causa, que seja capaz de convencer os descontentes com os atuais políticos, a se unirem nessa caminhada, uma candidatura com projeto que ofereça a população alternativas de emprego, trabalho, renda e prosperidade para todos.
Essa candidatura deve surgir de uma ampla discussão entre os Partidos da Esquerda Socialista no Amazonas, é hora de unir os esforços num grande puxirum político, para debelar os males que essa oligarquia, capitaneada por Amazonino, Eduardo, Alfredo, Artur e Serafim, impõem ao nosso povo a gerações.
Dessa forma defendo a imediata instalação de um fórum dos socialistas, composto pelos Partidos comprometidos com a causa, as entidades sindicais, populares, estudantis e ecológicas, intelectuais e coletivos de lutadores sociais. Esse fórum deve articular um programa de governo e definir uma estratégia de campanha que se contraponha aos movimentos dos partidos das oligarquias local.
Elson de Melo – Sindicalista
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