manifesto de CGT de Espanha
Faz agora 100 anos, a coragem e a rebeldia de um punhado de mulheres e de homens fizeram com que o mundo comece a mudar de base. Conscientes de que a emancipação das trabalhadoras somente se poderia realizar pela acção directa das mesmas trabalhadoras, sujeitos de todas as condições e ofícios decidiram organizar-se autónomamente como pessoas libres e asumir o destino de suas vidas em comunidade, à margen dos amos, governos e superstições.Nascia assim o movimiento anarcosindicalista sob as siglas históricas da Confederação Geral do Trabalho e da Confederação Nacional do Trabalho, inspirado nos principios que dinamizaram a Primeira Internacional dos Trabalhadores, a expressão mais democrática, humanista e revolucionária da auto-determinação política e social que conheceram os tempos modernos.E a experiencia demonstrou que as siglas e os seus ideais anti-autoritários foram os que promoveram as transformações sociais mais importantes e ambiciosas da História. Refutando a cultura de submissão que apregoavam, clases dirigentes, oligarquías e igreja, combatendo no terreno a intolerância da burghesia depredadora, predicando pelo exemplo de sua solidariedade e disputando palmo a palmo ao totalitarismo em armas as conquistas alcançadas com tanto sacrificio. Adiantados em relação ao seu tempo e pioneiros na denuncia de injustiças, foram os anarcosindicalistas que arrancaram das garras do capital a jornada das oito horas laborais e com sua luta fraterna obtiveram a equiparação social das mulheres, levando o seu ideario de revolução plena, intergal e libertária para todo o mundo, especialmente para a América Latina, convertida desde então em segundo lar desse heroíco proletariado militante.Também foi a resistência libertária que num primeiro e crítico momento, bruscamente travou a investida criminosa das tropas mercenárias nazifascistas chamadas pela ditadura franquista para submeter o povo español e castigar a sua insolencia revolucionária. Ainda hoje, a Revolução Espanhola de 1936-1939 causa assombro no mundo e é universal na valorização daquela epopeia popular com significado histórico. A pesar de aquí, no próprio cenário da contenda desigual, o revanchismo e a desmemórica cúmplices continuam a escamotear o legado ético daquelas gentes que levavam um mundo novo nos seus corações.Por isso, hoje, ao cumprir-se o centenario daquele fulgor que ainda ilumina a senda de liberdade e solidariedade, desautorizados já definitivamente os funestos modos autocráticos e estatalistas de poder que se revelaram submissos companheiros de viagem da dominação e da exploração, nós anarcossindicatistas, Nos voltamos a auto-convocar para denunciar as novas e insuspeitadas ameaças que estão colocando em risco a existencia deste planeta e a convivencia com dignidade e afirmamos nossa fé na humanidade trabalhadora e na derrota final da barbarie capitalista e seus representantes. Ao despontar o século XXI, convencidos de que a pátria d@s oprimid@s é o mundo e que sua familia a humanidade, nós, homens e mulhers, jovens e anciãos, nativos e forasteiros, mestiços, assumimos a insubmissão a paz e a palabra para chamar a romper As recentes e invisíveis cadeias da servidão voluntária.Quando tudo nas cúpulas conspira para aforgar os gritos contra a injustiça estabelecida, anarcosindicalistas, sindicalistas revolucionários, anarquistas, libertários, anti-capitalistas e anti-autoritários, como depositários da autêntica democracia de acção directa, afirmamos que nós somos o povo e sua rebeldía infinita e reconhecemos a imensa dívida contraída para com as gerações que nos antecederam na luta pela liberdade, a justíça e a dignidade. Porque o propósito da anarquia que nos guia representa a mais alta expressão da orden. Porque, quando o povo todo governa, como pretende o ideal da verdadeira democracia, ninguém manda, tal como o anarquismo procura alcançar.
SAÚDE E LIBERDADE
Fonte: lutasocial.blogspot.com
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