Comentar um filme não é papel de sindicalista, para isso tem os críticos de arte, agora quando o assunto do filme é em grande parte a historia de nossa classe, ai, temos que nos manifestar, se positivo aplaudimos, porém, se negativo, buscamos repor a verdade. Nosso compromisso é a verdade, a defesa e conquistas de direitos, a transformação social que o País continua precisando, somo guardiãs de nossa historia. Uma historia marcada por muitas lutas, sacrifícios de muitos, determinação de todos e instinto de sobrevivência de gerações de todas as nações do mundo. A historia da classe Operaria brasileira é feita de muitas lagrimas, suor, sangue e vidas que perdemos. Não pode ser desfigurada pelo capricho, vaidade ou sede de bilheterias (lucro) gordas seja lá de quem for. Em memória de Margarida da Silva, Chico Mendes, Frei Chico, Santos Dias, Ontogildo Pascoal Viana, irmã Dorot, Antonia Priante, Zilda Arns e todos os mártires da liberdade... E, do nosso povo sofrido, é que faço esse singelo comentário.
O filme “Lula o Filho do Brasil” feito por Fabio Barreto para contar a historia do Presidente, muito bem interpretado por artistas consagrados do cinema brasileiro, exorbitou sobre maneira ao falsear a historia sofrida de milhares de operários que, sobre a crueldade imposta pelo capital, refletida em repressão, criminalização, prisão e morte. Dentre tantas formas de obrigar os trabalhadores a produzirem mais riquezas aos donos do mos meios de produção, sobre a escolta de um Estado perverso a serviço desse capital.
Vamos começar com a figura do pai do Presidente, um homem sofrido, tosco, castigado por todos os percalços que a miséria pode oferecer, fruto da ganância dos grandes capitalista e de um Estado omisso e repressor. Um flagelo humano! Esse homem, um alcoólico patológico, figura como o principal vilão do roteiro homologado pelo Presidente. Condenar sumariamente aquele homem é concordar com todos os males que o capital impõem diariamente a milhões de seres humano em todo o mundo. Josué de Castro narra em seu livro “A Reivindicação dos Mortos”, a saga desses homens de Pernambuco, justificando os motivos que levou em 1955 a João Firmino, fundar a primeira das Ligas Camponesas do Nordeste brasileiro:
“O objetivo inicial das Ligas fora o de defender os interesses e os direitos dos mortos, não os dos vivos. Os interesses dos mortos de fome e de miséria: os direitos dos camponeses mortos de extrema miséria da bagaceira. E para lhes dar o direito de dispor de sete palmos de terra, onde descansar os seus ossos e o de fazer descer o seu corpo à sepultura dentro de um caixão de madeira de propriedade do morto, para com ele apodrecer lentamente pela eternidade afora. Para isso é que foram fundadas as Ligas Camponesas. De inicio, tinha assim muito mais a ver com a morte do que com a vida, mesmo porque com a vida não havia muito que fazer... Só mesmo a resignação. A resignação à fome, ao sofrimento e a humilhação. Mas, se já não havia interesse dessa gente em lutar pela vida, em lutar por uma vida melhor e mais decente, por que este obstinado empenho em reivindicar direitos de morte? Reivindicação de mortos que nunca tiveram direito a vida! Por que esta desvairada aspiração de possuir depois de morto, sete palmos de terra, por parte de quem, na vida não dispusera, de seu, nem de uma polegada de solo, pertencendo quase todos aos imensos batalhões de sem-terra que povoam o Nordeste brasileiro? E por que este desespero em possuir um caixão próprio para ser enterrado, quando em vida esses deserdados da sorte nunca foram proprietários de nada – nem de terra nem de casa nem mesmo de seu próprio corpo e de sua alma, alugados, a vida inteira, aos senhores da terra? Por que esta conduta aparentemente tão estranha, tão em contradição com o conformismo, a apatia, a resignação desta pobre gente? Tudo isso só tem um sentido, quando a gente compreende que, para os camponeses do Nordeste, a morte é que conta; não a vida, desde que, praticamente a vida não lhes pertence. Dela, eles nada tiram, alem do sofrimento, do trabalho estafante e da eterna incerteza do amanhã: da ameaça constante de seca, da policia, da fome e da doença. Para eles só a morte é uma coisa certa, segura, garantida. Um direito que ninguém lhes tira: o seu direito de um dia escapar pela porta da morte, do cerco da miséria e das injustiças da vida. Tudo o mais é incerto, improvável ou impossível. Daí o interesse do camponês do Nordeste pelo cerimonial da morte, que ele encara como o da sua libertação à opressão e ao sofrimento da vida. “Aos pobres, em espírito, pertence os reinos dos céus”, dizem as Escritas Sagradas. Palavras consoladoras para aqueles que há muito já tinham perdido toda a esperança de conquistar um lugar descente nos reinos da terra.”
Foi fugindo dessa sina que o Aristides sai do Nordeste, foi em busca de uma vida melhor, vai para a maior de todas as selvas – São Paulo – possivelmente não possuía escolaridade, nem alguém que o orientasse nesse imenso mundo de concreto e indiferenças. Daí seu desespero diante das incertezas do qual tinha fugido, longe dos seus, só restou o caminho do álcool, como alento para seu espírito. Não sabia ele que de nada adiantaria, porem, como sair disso, sem ajuda e comendo o pão que o diabo amassou? Essa é uma pressão que muitos não consegue superar. Assim considero injusto o Presidente não perdoar seu pai, que conforme o filme morreu sem a honra que os Nordestinos sempre lutam. Possivelmente Lula não leu esse seu grande conterrâneo – Josué de Castro, cujo seu livro Geografia da Fome – fundamenta o programa Fome Zero do governo Lula!
Não caro leitor! Guardar um rancor fulminante de um homem cuja vida lhe foi tirada antes de morrer, embrutecido pelo tempo, desfigurado de todos os valores, fruto de um sistema que cultiva o machismo, que impõem ao homem a grandeza de proprietário da fêmea, são reflexões que o Presidente não foi capaz de fazer. Pedagogicamente, o filme é um atraso, mostra um comportamento mesquinho do Lula. Onde está a sua compaixão, seus valoras humanitários, sua ética cristã? É um péssimo exemplo para as atuais e futuras gerações.
Sobre isso não posso acreditar que o Lula, uma pessoa sensata, dedicada à causa dos trabalhadores, um grande companheiro que tive o privilégio de conhecer e conviver, seja capaz de um gesto tão cruel! Embora o fato se dê em um contexto, ele sabe muito bem que na vida todos nós erramos, todos nós temos defeitos, que ninguém é perfeito, sabe também que o governante deve servir de exemplo positivo para seu povo, se esse fatídico gesto viesse de um homem comum, não tenho a menor duvida de releva-lo, mas, do Presidente! Um homem que na sua trajetória política sempre contou com o que há de melhor da intelectualidade brasileira, tem a coragem de emitir em um filme, que não é de ficção, é sobre a sua vida pessoal, um dos piores, gesto de desumanidade nunca antes visto na historia da Classe Operaria!
Quanto à questão política e sindical, é publico e notório que o Presidente Lula, tem grande mérito em toda sua trajetória sindical e política, foi ele o meu maior parâmetro quando ingressei no movimento sindical, toda minha atuação sindical na década de oitenta e parte de noventa do século passado, tinha sempre a orientação dos companheiros Do ABC paulista, por um longo período nosso material didático principal, foi o filme – Linha de Montagem – essa produção mostra com clareza o que foi o grande movimento dos Metalúrgicos daquela região. Outra produção que costumávamos utilizar como referencia era o filme Eles não Usam Black-tie, que conta a historia do saudoso Santos Dias da Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo.
Com base nessas duas produções, e na convivência que a época tivemos, não posso concordar com essa versão to na onda, da serie filhos de & do... Que embora seja uma produção voltada para o entretenimento, não pode deturpar sobre maneira a história que não é só do Lula, mas, dos trabalhadores brasileiros. Como faço parte dessa historia, permitir a desfiguração desse patrimônio, seria no mínimo ser leviano e descomprometido com tudo que até aqui ajudamos a construir. Assim vamos aos fatos.
O dialogo, de Lula com seu irmão Ziza doravante tratarei como Frei Chico grande militante do Partido Comunista Brasileiro em São Paulo, em nome do qual faço um desagravo a todos os revolucionários brasileiros, operários, intelectuais, estudantes, homens e mulheres. Muitos dos quais pagaram com a vida o sonho de ver um Brasil livre das amarras do capital e de todos os males que ele proporciona ao nosso povo. É muito natural que os jovens da época fossem obcecados por futebol, afinal tínhamos Pelé e Garrincha, nossos grandes astros, aliado a isso, a repressão da ditadura militar que calou por longo tempo a política brasileira.
Conheci Frei Chico em 1985 no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo dos Campos, era tratado pelos militantes do Sindicato como pessoa não grata, sua presença era sempre contestada naquela instituição, simplesmente pelo fato de manter-se firme no velho Partidão, um homem sereno, com grande parte dos cabelos embranquecidos, rosto castigado pelo tempo, Frei Chico não se importava com a indiferença com que era recebido, um gesto natural dos grandes militantes consciente do seu papel no movimento Operário.
Quando o filme mostra um piquete feitos por trabalhadores enfurecidos pele sua condição salarial, da a entender que tudo mais é insignificante, que os trabalhadores é que são intolerantes, não tenho duvidas de afirmar que em um movimento das proporções como foi o dos Metalúrgicos do ABC, é muito difícil que a direção tenha controle total para impedir alguns exceções, existe muitas infiltrações de agentes patronal e do governo, cujo principal objetivo é tumultuar e desqualificar a luta, desviar o foco das reivindicações e, com isso confundir os trabalhadores, como bem faz o filme, Lula o Filho do Brasil!
Quando Lula questiona pejorativamente a militância do irmão, revela sua aversão ao socialismo, coisa que mais tarde ele demonstra por ocasião de uma entrevista e que o filme não mostra, quando respondendo a um jornalista se era socialista, ele declara: “sou torneiro mecânico”. Sem fazer um juízo de valor, mas, considerando seu comportamento a época e sua postura no momento, ele menospreza todos os anônimos que nas grandes greves do Sindicato, foram não só solidários, mas, se envolveram de corpo e alma para que a greve fosse vitoriosa, são pessoas que organizaram os fundos de greve, participavam das comissões de fabricas, que mobilizaram as mulheres dos Metalúrgicos, que foram presos e torturados, muitos dos quais já falecidos que como o pai do Lula não podem se defender. Pois é! Essas pessoas eram muito mais que simples militante sindical, eram militantes da esquerda socialista ou da Igreja. Hoje como o grande vitorioso desse processo, Lula não titubeia em desqualificar a importância que os comunistas ou socialistas como queiram, tiveram, antes, durante a ditadura e até agora na política brasileira.
O discurso de posse do Lula na presidência do Sindicato dos Metalúrgicos, parecia que naquele momento histórico, tratava-se de uma tática para não despertar a fúria dos empresário e do Estado ditatorial.Politicamente negava o socialismo (à esquerda), rejeitava a direita (à ditadura militar) e afagava os patrões, economicamente reafirmava os valores capitalistas, querendo apenas o suficiente para viver, um bom roteiro para um filme burguês, uma boa retórica para época, porem era o inicio de um projeto que viria a envolver todos nós que acreditamos na transformação social do Brasil. Lula se credenciou para ser o escolhido para comandar as transformações que sonhávamos, não medimos esforços para alcançar esse objetivo. Quando em 2002 a imprensa anunciou a nossa vitória com a eleição dele para Presidente do Brasil, não consegui conter as lagrimas. Afinal, estava consumada mais uma etapa da nossa luta. Digo mais uma etapa porque ela não para, entendam isso, por favor! A luta estratégica dos trabalhadores não para é um movimento permanente cujo avanço depende de cada um de nós. Não é hora de esmorecermos.
Não sou daqueles que acham que está tudo errado no seu governo, pelo contrario, entendo que houve muitos avanços. Porem podaria ser melhor, mesmo não sendo socialista coisa que não podemos cobra-lo, ele deveria acreditar mais na sua popularidade e promover as transformações que o País precisa para ser uma grande Nação, na educação básica, por exemplo, para evitar que as mães brasileiras não passem pelo vexame que a sua passou como mostra o filme, quando a professorinha observando sua inteligência pede para adota-lo. Poderia investir melhor na saúde, para que crianças, mulheres e operários tenham uma boa assistência quando precisarem, não permitindo que os filhos da pobreza passem pelos percalços que ele e a família passou. Poderia acreditar mais na democracia, ao Ives de fazer as alianças espúrias que mergulharam seu governo num mar de corrupção.
Acreditem! Chorei com ele quando foi diplomado no TSE, afinal faço parte desse imenso time de não diplomados, agora, não posso concordar com o roteiro do seu filme, por mais que os entendidos em arte, digam que é uma perola. Eu afirmo! É um engodo histórico no que se refere a luta sindical dos trabalhadores brasileiro. É uma das piores formas de tripudiar sobre a vida e a consciência dos nossos Companheiros vivos ou mortos. É a treva sobre a luz da esperança.
Dizem que reconhecer o erro é um gesto de nobres, coisa que eu discordo, esse é um gesto de humildade, propriedade dos pobres e dos homens justos, em seu sentido mais puro. O Presidente Lula, deve aos trabalhadores brasileiros esse gesto, pois o filme que ele autorizou sua produção e veiculação, destrói a pedagogia de nossa luta, incentiva a intolerância, e reduz a nada toda sua trajetória de grande liderança operaria. É um filme para burguês bater palma, ou então, morrer de rir de todos nós, a burguesia deve estar se banqueteando por sair ileso nessa historia, contada para homologar sua supremacia medíocre!
Elson de Melo – Sindicalista
E-mail: elsonpmelo@gmail.com
O filme “Lula o Filho do Brasil” feito por Fabio Barreto para contar a historia do Presidente, muito bem interpretado por artistas consagrados do cinema brasileiro, exorbitou sobre maneira ao falsear a historia sofrida de milhares de operários que, sobre a crueldade imposta pelo capital, refletida em repressão, criminalização, prisão e morte. Dentre tantas formas de obrigar os trabalhadores a produzirem mais riquezas aos donos do mos meios de produção, sobre a escolta de um Estado perverso a serviço desse capital.
Vamos começar com a figura do pai do Presidente, um homem sofrido, tosco, castigado por todos os percalços que a miséria pode oferecer, fruto da ganância dos grandes capitalista e de um Estado omisso e repressor. Um flagelo humano! Esse homem, um alcoólico patológico, figura como o principal vilão do roteiro homologado pelo Presidente. Condenar sumariamente aquele homem é concordar com todos os males que o capital impõem diariamente a milhões de seres humano em todo o mundo. Josué de Castro narra em seu livro “A Reivindicação dos Mortos”, a saga desses homens de Pernambuco, justificando os motivos que levou em 1955 a João Firmino, fundar a primeira das Ligas Camponesas do Nordeste brasileiro:
“O objetivo inicial das Ligas fora o de defender os interesses e os direitos dos mortos, não os dos vivos. Os interesses dos mortos de fome e de miséria: os direitos dos camponeses mortos de extrema miséria da bagaceira. E para lhes dar o direito de dispor de sete palmos de terra, onde descansar os seus ossos e o de fazer descer o seu corpo à sepultura dentro de um caixão de madeira de propriedade do morto, para com ele apodrecer lentamente pela eternidade afora. Para isso é que foram fundadas as Ligas Camponesas. De inicio, tinha assim muito mais a ver com a morte do que com a vida, mesmo porque com a vida não havia muito que fazer... Só mesmo a resignação. A resignação à fome, ao sofrimento e a humilhação. Mas, se já não havia interesse dessa gente em lutar pela vida, em lutar por uma vida melhor e mais decente, por que este obstinado empenho em reivindicar direitos de morte? Reivindicação de mortos que nunca tiveram direito a vida! Por que esta desvairada aspiração de possuir depois de morto, sete palmos de terra, por parte de quem, na vida não dispusera, de seu, nem de uma polegada de solo, pertencendo quase todos aos imensos batalhões de sem-terra que povoam o Nordeste brasileiro? E por que este desespero em possuir um caixão próprio para ser enterrado, quando em vida esses deserdados da sorte nunca foram proprietários de nada – nem de terra nem de casa nem mesmo de seu próprio corpo e de sua alma, alugados, a vida inteira, aos senhores da terra? Por que esta conduta aparentemente tão estranha, tão em contradição com o conformismo, a apatia, a resignação desta pobre gente? Tudo isso só tem um sentido, quando a gente compreende que, para os camponeses do Nordeste, a morte é que conta; não a vida, desde que, praticamente a vida não lhes pertence. Dela, eles nada tiram, alem do sofrimento, do trabalho estafante e da eterna incerteza do amanhã: da ameaça constante de seca, da policia, da fome e da doença. Para eles só a morte é uma coisa certa, segura, garantida. Um direito que ninguém lhes tira: o seu direito de um dia escapar pela porta da morte, do cerco da miséria e das injustiças da vida. Tudo o mais é incerto, improvável ou impossível. Daí o interesse do camponês do Nordeste pelo cerimonial da morte, que ele encara como o da sua libertação à opressão e ao sofrimento da vida. “Aos pobres, em espírito, pertence os reinos dos céus”, dizem as Escritas Sagradas. Palavras consoladoras para aqueles que há muito já tinham perdido toda a esperança de conquistar um lugar descente nos reinos da terra.”
Foi fugindo dessa sina que o Aristides sai do Nordeste, foi em busca de uma vida melhor, vai para a maior de todas as selvas – São Paulo – possivelmente não possuía escolaridade, nem alguém que o orientasse nesse imenso mundo de concreto e indiferenças. Daí seu desespero diante das incertezas do qual tinha fugido, longe dos seus, só restou o caminho do álcool, como alento para seu espírito. Não sabia ele que de nada adiantaria, porem, como sair disso, sem ajuda e comendo o pão que o diabo amassou? Essa é uma pressão que muitos não consegue superar. Assim considero injusto o Presidente não perdoar seu pai, que conforme o filme morreu sem a honra que os Nordestinos sempre lutam. Possivelmente Lula não leu esse seu grande conterrâneo – Josué de Castro, cujo seu livro Geografia da Fome – fundamenta o programa Fome Zero do governo Lula!
Não caro leitor! Guardar um rancor fulminante de um homem cuja vida lhe foi tirada antes de morrer, embrutecido pelo tempo, desfigurado de todos os valores, fruto de um sistema que cultiva o machismo, que impõem ao homem a grandeza de proprietário da fêmea, são reflexões que o Presidente não foi capaz de fazer. Pedagogicamente, o filme é um atraso, mostra um comportamento mesquinho do Lula. Onde está a sua compaixão, seus valoras humanitários, sua ética cristã? É um péssimo exemplo para as atuais e futuras gerações.
Sobre isso não posso acreditar que o Lula, uma pessoa sensata, dedicada à causa dos trabalhadores, um grande companheiro que tive o privilégio de conhecer e conviver, seja capaz de um gesto tão cruel! Embora o fato se dê em um contexto, ele sabe muito bem que na vida todos nós erramos, todos nós temos defeitos, que ninguém é perfeito, sabe também que o governante deve servir de exemplo positivo para seu povo, se esse fatídico gesto viesse de um homem comum, não tenho a menor duvida de releva-lo, mas, do Presidente! Um homem que na sua trajetória política sempre contou com o que há de melhor da intelectualidade brasileira, tem a coragem de emitir em um filme, que não é de ficção, é sobre a sua vida pessoal, um dos piores, gesto de desumanidade nunca antes visto na historia da Classe Operaria!
Quanto à questão política e sindical, é publico e notório que o Presidente Lula, tem grande mérito em toda sua trajetória sindical e política, foi ele o meu maior parâmetro quando ingressei no movimento sindical, toda minha atuação sindical na década de oitenta e parte de noventa do século passado, tinha sempre a orientação dos companheiros Do ABC paulista, por um longo período nosso material didático principal, foi o filme – Linha de Montagem – essa produção mostra com clareza o que foi o grande movimento dos Metalúrgicos daquela região. Outra produção que costumávamos utilizar como referencia era o filme Eles não Usam Black-tie, que conta a historia do saudoso Santos Dias da Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo.
Com base nessas duas produções, e na convivência que a época tivemos, não posso concordar com essa versão to na onda, da serie filhos de & do... Que embora seja uma produção voltada para o entretenimento, não pode deturpar sobre maneira a história que não é só do Lula, mas, dos trabalhadores brasileiros. Como faço parte dessa historia, permitir a desfiguração desse patrimônio, seria no mínimo ser leviano e descomprometido com tudo que até aqui ajudamos a construir. Assim vamos aos fatos.
O dialogo, de Lula com seu irmão Ziza doravante tratarei como Frei Chico grande militante do Partido Comunista Brasileiro em São Paulo, em nome do qual faço um desagravo a todos os revolucionários brasileiros, operários, intelectuais, estudantes, homens e mulheres. Muitos dos quais pagaram com a vida o sonho de ver um Brasil livre das amarras do capital e de todos os males que ele proporciona ao nosso povo. É muito natural que os jovens da época fossem obcecados por futebol, afinal tínhamos Pelé e Garrincha, nossos grandes astros, aliado a isso, a repressão da ditadura militar que calou por longo tempo a política brasileira.
Conheci Frei Chico em 1985 no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo dos Campos, era tratado pelos militantes do Sindicato como pessoa não grata, sua presença era sempre contestada naquela instituição, simplesmente pelo fato de manter-se firme no velho Partidão, um homem sereno, com grande parte dos cabelos embranquecidos, rosto castigado pelo tempo, Frei Chico não se importava com a indiferença com que era recebido, um gesto natural dos grandes militantes consciente do seu papel no movimento Operário.
Quando o filme mostra um piquete feitos por trabalhadores enfurecidos pele sua condição salarial, da a entender que tudo mais é insignificante, que os trabalhadores é que são intolerantes, não tenho duvidas de afirmar que em um movimento das proporções como foi o dos Metalúrgicos do ABC, é muito difícil que a direção tenha controle total para impedir alguns exceções, existe muitas infiltrações de agentes patronal e do governo, cujo principal objetivo é tumultuar e desqualificar a luta, desviar o foco das reivindicações e, com isso confundir os trabalhadores, como bem faz o filme, Lula o Filho do Brasil!
Quando Lula questiona pejorativamente a militância do irmão, revela sua aversão ao socialismo, coisa que mais tarde ele demonstra por ocasião de uma entrevista e que o filme não mostra, quando respondendo a um jornalista se era socialista, ele declara: “sou torneiro mecânico”. Sem fazer um juízo de valor, mas, considerando seu comportamento a época e sua postura no momento, ele menospreza todos os anônimos que nas grandes greves do Sindicato, foram não só solidários, mas, se envolveram de corpo e alma para que a greve fosse vitoriosa, são pessoas que organizaram os fundos de greve, participavam das comissões de fabricas, que mobilizaram as mulheres dos Metalúrgicos, que foram presos e torturados, muitos dos quais já falecidos que como o pai do Lula não podem se defender. Pois é! Essas pessoas eram muito mais que simples militante sindical, eram militantes da esquerda socialista ou da Igreja. Hoje como o grande vitorioso desse processo, Lula não titubeia em desqualificar a importância que os comunistas ou socialistas como queiram, tiveram, antes, durante a ditadura e até agora na política brasileira.
O discurso de posse do Lula na presidência do Sindicato dos Metalúrgicos, parecia que naquele momento histórico, tratava-se de uma tática para não despertar a fúria dos empresário e do Estado ditatorial.Politicamente negava o socialismo (à esquerda), rejeitava a direita (à ditadura militar) e afagava os patrões, economicamente reafirmava os valores capitalistas, querendo apenas o suficiente para viver, um bom roteiro para um filme burguês, uma boa retórica para época, porem era o inicio de um projeto que viria a envolver todos nós que acreditamos na transformação social do Brasil. Lula se credenciou para ser o escolhido para comandar as transformações que sonhávamos, não medimos esforços para alcançar esse objetivo. Quando em 2002 a imprensa anunciou a nossa vitória com a eleição dele para Presidente do Brasil, não consegui conter as lagrimas. Afinal, estava consumada mais uma etapa da nossa luta. Digo mais uma etapa porque ela não para, entendam isso, por favor! A luta estratégica dos trabalhadores não para é um movimento permanente cujo avanço depende de cada um de nós. Não é hora de esmorecermos.
Não sou daqueles que acham que está tudo errado no seu governo, pelo contrario, entendo que houve muitos avanços. Porem podaria ser melhor, mesmo não sendo socialista coisa que não podemos cobra-lo, ele deveria acreditar mais na sua popularidade e promover as transformações que o País precisa para ser uma grande Nação, na educação básica, por exemplo, para evitar que as mães brasileiras não passem pelo vexame que a sua passou como mostra o filme, quando a professorinha observando sua inteligência pede para adota-lo. Poderia investir melhor na saúde, para que crianças, mulheres e operários tenham uma boa assistência quando precisarem, não permitindo que os filhos da pobreza passem pelos percalços que ele e a família passou. Poderia acreditar mais na democracia, ao Ives de fazer as alianças espúrias que mergulharam seu governo num mar de corrupção.
Acreditem! Chorei com ele quando foi diplomado no TSE, afinal faço parte desse imenso time de não diplomados, agora, não posso concordar com o roteiro do seu filme, por mais que os entendidos em arte, digam que é uma perola. Eu afirmo! É um engodo histórico no que se refere a luta sindical dos trabalhadores brasileiro. É uma das piores formas de tripudiar sobre a vida e a consciência dos nossos Companheiros vivos ou mortos. É a treva sobre a luz da esperança.
Dizem que reconhecer o erro é um gesto de nobres, coisa que eu discordo, esse é um gesto de humildade, propriedade dos pobres e dos homens justos, em seu sentido mais puro. O Presidente Lula, deve aos trabalhadores brasileiros esse gesto, pois o filme que ele autorizou sua produção e veiculação, destrói a pedagogia de nossa luta, incentiva a intolerância, e reduz a nada toda sua trajetória de grande liderança operaria. É um filme para burguês bater palma, ou então, morrer de rir de todos nós, a burguesia deve estar se banqueteando por sair ileso nessa historia, contada para homologar sua supremacia medíocre!
Elson de Melo – Sindicalista
E-mail: elsonpmelo@gmail.com
Elson, é sempre bom criticarmos algo em que nossas mentes nos dar um conceito de um todo, muitas vezes sentimos vontade de explodir com certas teórias, mas o ser humano é assim capaz de distinguir o bem do mal, as vezes nos prendemos em assuntos tão relevantes...A sua crítica tem fundamentos , mas devemos sempre lembrar que algo que acontece na vida de uma pessoa o seu historico de vivência não significa muito em como ser que temos dentro de nós, as vezes julgamos sem antes nos dar-mos conta de tudo que envolve, você disse certo, todos erramos e bendito é aquele que assume seus erros.
ResponderExcluirVocê me parece bem firmes na palavras gosto disso é sempre bom apontarmos nossas opiniões nesses assuntos que nos fazem refletir e abrir os olhos para esses assuntos e principlamente ajudar os outros a enxergar nossas idéias de forma sábia.Parabéns pela postagem muito interessante e relevante!