domingo, 17 de fevereiro de 2013

Para lutar é preciso coletivo organizado e militantes conscientes!


Elson de Melo...

O século XXI está sendo marcado por inúmeras revoltas que tem derrubado governos pelo mundo adentro e desafiado potencias ocidentais até então tidas como inabaláveis, podemos destacar a Primavera Árabe, os Indignados da Europa e EUA, cujo, principal ato foi o Ocupa Wall Street.

Em todos esses movimentos pode-se constatar que a juventude foi o elemento propulsor principal, porém sua dimensão organizacional se esvaíra no imediatismo e principalmente pela falta de uma estrutura cientifica que aponte caminhos mais conscientes em relação a estrutura de poder que rege a sociedade como um todo.

Essa constatação nos remete aos grandes referenciais teóricos do século XIX e XX (Karl Marx, Friedrich Engels, Vladimir Lenin, Leon Trótski, Antônio Gramisc...) que buscaram na filosofia, economia e na politica, elementos que possibilitasse as transformações sociais, capazes de desmontar os aparelhos de exploração que oprime a maioria da humanidade através das injustiças e sobreposição de uma classe social – os donos dos meios de produção (burguesia) – sobre a classe trabalhadora (o proletariado).

Embora a Primavera Árabe tenha resultado na deposição de alguns ditadores, esse movimento não foi capaz de romper com a hegemonia das classes dominantes. Sem se aventurar em uma avaliação mais elaborada, o que podemos perceber é tão somente um movimento capitaneado por foças conservadoras externas que culminou em apenas uma recomposição dos elementos da mesma classe dominante, mantendo-se inabalado a sua hegemonia.

Essas formas de luta espontânea e sem um direcionamento logico que aponte para onde estamos indo e aonde queremos chegar, permite que o capital se reordene e numa virada de mesa, consiga manter-se como condutores dos destinos da humanidade. O principal erro das lideranças desses movimentos é achar que as transformações virão apenas com a bravura e indignação dos oprimidos, essa é uma postura inconsequente que torna o movimento vulnerável e presa fácil dos despostas e oportunistas que se apresentam como aliados e logo se apropriam dos resultados desse processo de luta.

É preciso antes de tudo, entender que o capital se reinventa para manter sua hegemonia. Afinal, as classes dominantes não só controlam os meios de produção, como controlam a cultura, a escola, as igrejas e todo o aparelho de Estado que não titubeia em garantir a ordem intimidando, humilhando e violentando os direitos elementares das classes subalternas.

O filosofo italiano AntônioGramsci, que elaborou o conceito de hegemonia e bloco hegemônico  e também o estudo dos aspectos culturais da sociedade (a chamada superestrutura definido por Marx) como elemento a partir do qual se poderia realizar uma ação política como uma das formas de criar e reproduzir a hegemonia.

Alcunhado em alguns meios como o “marxista das superestruturas”, Gramsci atribuiu um papel central à diálise infraestrutura (base real da sociedade, que inclui forças de produção e relações sociais de produção) superestrutura ("ideologia", constituída pelas instituições, sistemas de ideias, doutrinas e crenças de uma sociedade), a partir do conceito de "bloco hegemônico".

Segundo esse conceito, o poder das classes dominantes sobre o proletariado e todas as classes dominadas dentro do modo de produção capitalista, não reside simplesmente no controlo dos aparatos repressivos do Estado. Se assim fosse, tal poder seria relativamente fácil de derrocar (bastaria que fosse atacado por uma força armada equivalente ou superior que trabalhasse para o proletariado). Este poder é garantido fundamentalmente pela "hegemonia" cultural que as classes dominantes logram exercer sobre as dominadas, através do controle do sistema educacional, das instituições religiosas e dos meios de comunicação. Usando deste controle, as classes dominantes "educam" os dominados para que estes vivam em submissão as primeiras como algo natural e conveniente, inibindo assim sua potencialidade revolucionária. Assim, por exemplo, em nome da "nação" ou da "pátria", as classes dominantes criam no povo o sentimento de identificação com elas, de união sagrada com os exploradores, contra um inimigo exterior e a favor de um suposto "destino nacional" de uma sociedade concebida como um todo orgânico desprovido de antagonismos sociais objetivos. Assim se forma um "bloco hegemónico" que liga todas as classes sociais apesar de serem fundamentalmente heterogênicas em torno de um projeto burguês. O poder hegemônico combina e articula a coerção e o consenso.

As referencias que fazemos aos movimentos Primavera Árabe e Os Indignados, são apenas para ilustrar a importância da organização em todos os processos de luta! Todo movimento que vise aglutinar pessoas em torno de qualquer demanda social, ele precisa ser planejado. É preciso definir o que realmente queremos e onde queremos chegar, avaliar o território, definir as estratégias, as composições possíveis, os aliados que realmente são confiáveis e o que é mais importante, entender que todo movimento é antes de tudo um processo pedagógico onde cada batalha é um laboratório, cujos resultados precisam ser aferidos e compartilhados com todas as pessoas ou grupos envolvidos, a isso podemos chamar de aprendizado onde todos são igualmente responsáveis na formulação orgânica e intelectual.

Não estamos aqui condenando o ativismo, pelo contrario, queremos contribuir para que cada ativista seja também o formulador de conteúdos que oriente de forma positiva as ações a ser desenvolvida, isso fortalece nossas ações e torna mais eficazes as praticas revolucionárias de cada militante. Portanto, para dar continuidade a luta histórica dos trabalhadores, é preciso ter consciência que precisamos de coletivos organizados e militantes com conteúdos, tendo como ênfase as pratica revolucionárias, cuja escola mais comprometidas são os próprios movimentos sociais.

... Elson de Melo é Sindicalista

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