Elson de Melo...
O século XXI está sendo marcado por inúmeras revoltas que tem derrubado governos pelo mundo adentro e desafiado potencias ocidentais até então tidas como inabaláveis, podemos destacar a Primavera Árabe, os Indignados da Europa e EUA, cujo, principal ato foi o Ocupa Wall Street.
O século XXI está sendo marcado por inúmeras revoltas que tem derrubado governos pelo mundo adentro e desafiado potencias ocidentais até então tidas como inabaláveis, podemos destacar a Primavera Árabe, os Indignados da Europa e EUA, cujo, principal ato foi o Ocupa Wall Street.
Em todos esses movimentos pode-se
constatar que a juventude foi o elemento propulsor principal, porém sua
dimensão organizacional se esvaíra no imediatismo e principalmente pela falta
de uma estrutura cientifica que aponte caminhos mais conscientes em relação a
estrutura de poder que rege a sociedade como um todo.
Essa constatação nos remete aos
grandes referenciais teóricos do século XIX e XX (Karl Marx, Friedrich Engels, Vladimir
Lenin, Leon Trótski, Antônio Gramisc...) que buscaram na filosofia, economia e
na politica, elementos que possibilitasse as transformações sociais, capazes de
desmontar os aparelhos de exploração que oprime a maioria da humanidade através
das injustiças e sobreposição de uma classe social – os donos dos meios de
produção (burguesia) – sobre a classe trabalhadora (o proletariado).
Embora a Primavera Árabe tenha
resultado na deposição de alguns ditadores, esse movimento não foi capaz de
romper com a hegemonia das classes dominantes. Sem se aventurar em uma
avaliação mais elaborada, o que podemos perceber é tão somente um movimento
capitaneado por foças conservadoras externas que culminou em apenas uma
recomposição dos elementos da mesma classe dominante, mantendo-se inabalado a
sua hegemonia.
Essas formas de luta espontânea e
sem um direcionamento logico que aponte para onde estamos indo e aonde queremos
chegar, permite que o capital se reordene e numa virada de mesa, consiga manter-se
como condutores dos destinos da humanidade. O principal erro das lideranças
desses movimentos é achar que as transformações virão apenas com a bravura e
indignação dos oprimidos, essa é uma postura inconsequente que torna o
movimento vulnerável e presa fácil dos despostas e oportunistas que se
apresentam como aliados e logo se apropriam dos resultados desse processo de
luta.
É preciso antes de tudo, entender
que o capital se reinventa para manter sua hegemonia. Afinal, as classes
dominantes não só controlam os meios de produção, como controlam a cultura, a
escola, as igrejas e todo o aparelho de Estado que não titubeia em garantir a
ordem intimidando, humilhando e violentando os direitos elementares das classes
subalternas.
O filosofo italiano AntônioGramsci, que elaborou o conceito de hegemonia e bloco hegemônico e também o
estudo dos aspectos culturais da sociedade (a chamada superestrutura definido
por Marx) como elemento a partir do qual se poderia realizar uma ação política como
uma das formas de criar e reproduzir a hegemonia.
Alcunhado em alguns meios como o
“marxista das superestruturas”, Gramsci atribuiu um papel central à diálise
infraestrutura (base real da sociedade, que inclui forças de produção e
relações sociais de produção) superestrutura ("ideologia",
constituída pelas instituições, sistemas de ideias, doutrinas e crenças de uma
sociedade), a partir do conceito de "bloco hegemônico".
Segundo esse conceito, o poder
das classes dominantes sobre o proletariado e todas as classes dominadas dentro
do modo de produção capitalista, não reside simplesmente no controlo dos
aparatos repressivos do Estado. Se assim fosse, tal poder seria relativamente
fácil de derrocar (bastaria que fosse atacado por uma força armada equivalente
ou superior que trabalhasse para o proletariado). Este poder é garantido
fundamentalmente pela "hegemonia" cultural que as classes dominantes
logram exercer sobre as dominadas, através do controle do sistema educacional,
das instituições religiosas e dos meios de comunicação. Usando deste controle,
as classes dominantes "educam" os dominados para que estes vivam em
submissão as primeiras como algo natural e conveniente, inibindo assim sua
potencialidade revolucionária. Assim, por exemplo, em nome da "nação"
ou da "pátria", as classes dominantes criam no povo o sentimento de
identificação com elas, de união sagrada com os exploradores, contra um inimigo
exterior e a favor de um suposto "destino nacional" de uma sociedade
concebida como um todo orgânico desprovido de antagonismos sociais objetivos.
Assim se forma um "bloco hegemónico" que liga todas as classes
sociais apesar de serem fundamentalmente heterogênicas em torno de um projeto
burguês. O poder hegemônico combina e articula a coerção e o consenso.
As referencias que fazemos aos
movimentos Primavera Árabe e Os Indignados, são apenas para ilustrar a
importância da organização em todos os processos de luta! Todo movimento que
vise aglutinar pessoas em torno de qualquer demanda social, ele precisa ser
planejado. É preciso definir o que realmente queremos e onde queremos chegar,
avaliar o território, definir as estratégias, as composições possíveis, os
aliados que realmente são confiáveis e o que é mais importante, entender que
todo movimento é antes de tudo um processo pedagógico onde cada batalha é um
laboratório, cujos resultados precisam ser aferidos e compartilhados com todas
as pessoas ou grupos envolvidos, a isso podemos chamar de aprendizado onde
todos são igualmente responsáveis na formulação orgânica e intelectual.
Não estamos aqui condenando o
ativismo, pelo contrario, queremos contribuir para que cada ativista seja
também o formulador de conteúdos que oriente de forma positiva as ações a ser
desenvolvida, isso fortalece nossas ações e torna mais eficazes as praticas
revolucionárias de cada militante. Portanto, para dar continuidade a luta
histórica dos trabalhadores, é preciso ter consciência que precisamos de
coletivos organizados e militantes com conteúdos, tendo como ênfase as pratica
revolucionárias, cuja escola mais comprometidas são os próprios movimentos sociais.
... Elson de Melo é Sindicalista
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