sexta-feira, 22 de abril de 2011

O Calvário do Encontro das Águas

Elson de Melo
                       
Desde a chegada dos portugueses nas terras dos Manaús, o Encontro das Aguas tem sido palco das atrocidades do capital contra os seres vivos deste pedaço da Amazônia. Uma das primeiras vitima dessa ganancia foi o Tuxaua Ajuricaba, o Líder de uma das maiores guerras indígenas de resistência na Amazônia, acontecida no século XVIII.

A foz dos rios Negro e Solimões onde começa o rio Amazonas, local sagrado dos nossos antepassados, conhecido como Encontro das Águas, vem sendo dilapidado desde que o dito homem civilizado aqui chegou, esses representantes do capital trouxeram consigo a maldição que passou  ser a Via Crúcis do nosso majestoso Encontro das água em direção ao seu Calvário.

Hoje os cristãos celebram o dia da paixão de Cristo, como penitencia, percorrem juntos os caminhos de Jesus até o Calvário, lá simbolizam a crucificação do senhor, na cruz do meio está Jesus, ao seu lado estão dois ladrões, um se arrepende dos pecados e o outro ironiza Jesus – esse é o Deputado Sinésio Campos do PT no Calvário que ele quer levar o Encontro das Águas – o outro, simboliza os demais defensores da construção do porto da Vale naquele lugar, que ainda podem arrepender-se desse propósito.

A Quaresma período que compreende quarenta dias é marcada pela Campanha da Fraternidade que teve neste ano um fato relevante para a vida na terra, com o tema “Fraternidade e a Vida no Planeta” que foi voltada para o meio ambiente; e o lema, “A Criação Geme Com Dores de Parto”, teve no Amazonas suas ações voltada para a preservação do Encontro das Águas, pugnando pela homologação do seu tombamento como Patrimônio Cultural do Povo Brasileiro.

Indiferente a esse apelo dos lideres cristãos, o Deputado Sinésio Campos do PT/AM, comandou uma caravana até Brasília para, em nome do Governador e da empresa Vale do Rio Doce, pressionar a Ministra da Cultura a modificar o perímetro do Tombamento desse majestoso complexo paisagístico, arqueológico, cultural e humanitário.

O Deputado e a Secretária Nádia da SDS querem transformar a Ministra em o Pilatos do Encontro das águas, exigindo que ela venha deixar o povo amazonense apenas ver a “banda passar!” no sentido literal da musica de seu irmão, o renomado cantor e compositor Chico Buarque de Holanda.

Acreditamos que a Filha do historiador Sérgio Buarque de Holanda, não se impressionou com as ponderações do Deputado e sua comitiva, sua sensibilidade artística e cultural, somada a determinação de mulher, são atributos suficientes para ela analisar a luz dos interesses ecológicos e sociais o trabalho que o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, apreciou e aprovou, cabendo apenas a sua homologação.

Hoje, sexta feira da paixão de Cristo, apelamos a Ministra da Cultura Ana de Hollanda, que homologue o tombamento do Encontro das Águas, na forma como o Conselho aprovou, para o bem do Amazonas e felicidade daquele ecossistema.

Ministra, não seja o Judas e muito menos o Pilatos do Encontro das Águas!

Feliz Pascoa.
Elson de Melo – Sindicalista

Um comentário:

  1. Que o encontro das águas é um monumento ecológico isto ele é. Mas te-lo em um símbolo de morte em uma suposta morte de Ajuricaba, isto não é válido. As fontes dizem são contraditórias quanto à sua prisão. Mas definivamente ele não morreu alí. Isto é balela de pesou-historiadores. Até Arthur Reis errou. História é uma ciência séria. Nem todos os "historiadores" são de fato hstoriadores. Inventar heróis e tradições não deve ser o perfil de um pesquisador e investigador sério.

    Samuel Ambrósio Cavalcante
    Historiador

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