ESTE POST FOI ESCRITO POR
DANILO ROCHA
Pedagogo, graduado pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), acredita que somente uma reformulação na ética humana irá reaproximar o homem do ambiente, fomentando assim um desenvolvimento sustentável.
Logo no começo do ano, mais precisamente no dia 03 de janeiro, escrevi um post comentando o início do Ano Internacional das Florestas, das ações de sensibilização que seriam realizadas ao redor do mundo, e também de minha preocupação com o cenário político que estava se traçando em relação aos rumos da Legislação Ambiental, e mais especialmente nos reflexos mais imediatos desse cenário.
A “comemoração” do Ano Internacional das Florestas no Brasil começou junto com a intensificação do debate sobre o Código Florestal. Segundo dados divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que usa o sistema Deter para visualizar o desmatamento em tempo real, que entre agosto de 2010 a julho de 2011 cresceu 15% em relação ao mesmo período de 2009/2010. Em números exatos, o Deter apontou que 2.654 km² foram desmatados na Amazônia.
Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o biólogo Thomas Lovejoy, que pesquisa a Amazônia há vinte anos, disse que segundo o Banco Mundial, se o desmatamento da Amazônia chegar a 20% da floresta original, teremos um caminho sem volta. Isso significa que áreas do sul e sudeste da mata vão começar a secar e se transformar em cerrado. É como jogar uma roleta de dieback [colapso] na Amazônia. Atualmente, o desmatamento chega a quase 18%, e se continuar no ritmo que está poderá chegar aos 20%, em cinco anos.
No mês de abril, quando os debates sobre o Código foram mais fervorosos, o desmatamento aumentou 300% em relação somente ao mês anterior, e 835% em relação ao mês de abril de 2010. Um aumento assustador que teve como estopim as expectativas do setor produtivo em relação à anistia a desmatadores prevista no projeto do Dep. Aldo Rebelo (PCdoB/SP).
O texto do projeto do Dep. Aldo Rebelo foi aprovado na Câmara dos Deputados em clima de festa pela maioria dos Congressistas. O projeto tramita agora pelo Senado e, segundo declarações da Senadora Kátia Abreu (PSD/TO), deve ser votado em outubro, e provavelmente deverá ser aprovado.
A “nova comemoração” que se organiza em Brasília, é a mudança na forma com as Unidades de Conservação (UCs) são criadas. A bancada ruralista defende que a criação de novas UCs seja aprovada no Congresso, a fim de favorecer o aumento nas áreas produtivas. O Dep. Valdir Calatto (PMDB-SC) defendeu a mudança afirmando que a atual forma de criação das UCs levaria o Brasil a virar um parque.
Porém, a festa mais recente aconteceu devido à publicação no Diário Oficial na última segunda, 15, da MP que reduz a área de três parques nacionais na Amazônia, dois deles para dar lugar a hidrelétricas. Os próximos alvos de redução do governo são as unidades de conservação da região dos rios Tapajós e Jamanxim (PA), onde o governo quer implementar quatro hidrelétricas.
O Ano Internacional das Florestas é comemorado no Brasil de uma maneira bastante deturpada, através das “festas e comemorações” que incentivam o desmatamento, dando aos desmatadores a expectativa de impunidade. Mesmo prevendo um cenário difícil, conturbado, nunca poderia prever, ou ao menos imaginar, que a situação chegaria a esse ponto. Acredito que o próximo passo do ruralistas é brigar pela eliminação do verde da bandeira nacional, que será substituída pela cor de terra seca, pois é assim que ficará a terra sem as chuvas que vêm da Amazônia.
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