Acontece entre os dias 16 e 23 de agosto, o Encontro Continental de Mulheres e Povos das Américas contra a Militarização, que procura denunciar e dar visibilidade aos impactos negativos da crescente militarização no continente para a vida das mulheres e os povos. ¹
O Encontro acontece na Colômbia, cujo governo assinou, em novembro de 2009, um Acordo de Defesa e Segurança que permite aos Estados Unidos o uso de sete bases militares colombianas e cobre, com imunidade diplomática, 800 militares e 600 civis empreiteiros que podem permanecer até 90 dias no país sem o amparo da lei colombiana nem das leis internacionais.
O Acordo de Defesa e Segurança foi apresentado como parte da luta contra o narcotráfico e o terrorismo. As organizações que convocam o Encontro afirmam que as bases militares não contribuem para superar estas realidades, podendo aprofundar o conflito armado interno que vive o país há mais de 40 anos, com impactos diferenciados para as mulheres, além de ser um gesto hostil contra os países vizinhos que têm realizado projetos que se separam dos interesses de expansão dos Estados Unidos.
Para as mulheres, o acordo constitui um novo fator de risco, já que elas foram as principais vítimas da violência de gênero por parte dos militares, como consequência do aumento de práticas e lógicas machistas em ambientes militarizados. A Mesa Mulher e Conflito Armado documentou como “os atores do conflito armado empregam diferentes formas de violência física, psicológica e sexual para “lesar ao inimigo”, seja desumanizando a vítima, vulnerabilizando sua família e/ou impondo terror na sua comunidade, com o fim de avançar no controle de territórios e recursos. ”
Sem nem o novo acordo ter entrado em vigência, já existem denúncias contra soldados norte-americanos de ter estuprado mulheres, que fazem presença no país no marco do Plano Colômbia.
Em outros países também se documentou que a presença de tropas estrangeiras está acompanhada do aumento da violência sexual contra as mulheres, assim como o aumento da prostituição, que vem acompanhada de crimes como a tráfico de pessoas e o recrutamento forçado.
Também foi evidente como a instalação de bases militares e a presença de tropas estrangeiras ocasiona a perda do controle por parte das comunidades de seu próprio território e de suas liberdades civis. Também se documentaram danos ambientais severos derivados de resíduos tóxicos e riscos de acidentes para a população civil por Minas Antipessoais e Munição sem Explodir.
Para debater e articular ações frente à militarização, o Encontro de Mulheres e Povos das Américas tem programada uma agenda: entre o dia 16 e 20 de agosto se levará a cabo uma Missão Humanitária que contará com a participação de 100 delegadas e delegados internacionais que verificarão os efeitos da militarização em diferentes regiões da Colômbia. No dia 21 será instalado o Fórum Internacional de Debates, com a participação de 500 organizações nacionais e internacionais, e o no dia 23 acontecerá uma Vigília pela Vida, com a participação de mais de 10 mil integrantes de organizações sociais e comunidades que se opõem à militarização.
Convocam
• Marcha Mundial de las Mujeres (1)
• Vía Campesina
• Convergencia de los Movimientos y pueblos de las Américas -COMPA,
• Consejo Mundial de la Paz - CMP
• Coordinador Nacional Agrario-CNA
• Proceso de Comunidades Negras-PCN
• Corporación Compromiso
• Unión Sindical Obrera- USO
• Corporación Colombiana de Teatro
(1) Movimiento Social de Mujeres contra la Guerra y por la Paz: Consejo Regional Indígena del Cauca, CRIC; Organización Femenina Popular, OFP; Mujeres de Negro - OFP Colombia; Colectivo Policarpa Salavarrieta, La Pola, Cundinamarca; Proceso Nacional de Mujeres Campesinas – CIC-ANUCUR: (Federación de Mujeres Campesinas de Nariño, Asociación de Mujeres Campesinas de Pradera, Comité de Mujeres Campesinas de Caldas, Coordinación de Mujeres Campesinas de Atlántico, Coordinación de Mujeres Campesinas de Sucre); Equipos Cristianos de Acción por la Paz, ECAP; Resguardo Indígena Cariamomo, Caldas, Risaralda; Programa Mujer Indígena, CRIC; Pueblo Yanacona; Pueblo Totoroes; Pueblo Coconuco; Pueblo Nasa; Pueblo Siapirara; Pueblo Eperara; Resguardo Indígena Triunfo Cristal Páez; Asociación de Proyectos Alternativos Comunitarios, APAC; Asociación de Madres Comunitarias del Área Metropolitana de Bucaramanga; Asociación de Mujeres Productoras de Cárnicos, ASOMUPCAR; Comisión Interfranciscana de Justicia, Paz y Reverencia con la Creación; Hermanas Nuevas Esperanzas, Alianza Fraternal de Mujeres; Asociación de Mujeres Fe y Vida, AMUFEVI; Ciudadanos por la Paz; Hermanas de San Juan Evangelista, Pastoral Obrera Bogotá, Bucaramanga, Barrancabermeja; Movimiento Juvenil Quinto Mandamiento; Fundación de Apoyo y Consolidación Social para Desplazados por la Violencia en Colombia, FUNDESVIC; Colectivo Gioconda Belli y Colectivo El Aquelarre de estudiantes de la Universidad Surcolombiana; Constituyente de Betulia, Santander; Red de Mujeres del Nororiente Colombiano de la Provincia García Rovira; Asociación de Madres Comunitarias de la Provincia García Rovira; Asociación de Madres Comunitarias de la Provincia Puerto Wilches; Asociación de Mujeres Rurales por la Paz y el Progreso, San Gil; Emisoras Comunitarias Magdalena Medio; Pax Christi, Barrancabermeja; Asociación Municipal de Mujeres Campesinas de Lebrija, AMMUCALE; Asociación Santandereana de Servidores Públicos, ASTDEMP; Movimiento por la Defensa de los Derechos del Pueblo, MODEP; Siervas de San José, Bogotá; Liga Estudiantil Autónoma, LEA; Unidad Social Popular, Girón.
Apoio:
• Mujeres de Negro de Valencia, España.
• Mujeres de Negro de Sevilla, España
• Coalición No Bases Colombia
• Red Europea de Hermandad y Solidaridad con Colombia, REDHER
• Sindicato Nacional de Trabajadores de la Industria Alimentaria, Sinaltrainal.
• Asamblea de Mujeres por la Paz y la Equidad de Géneros de la Asamblea Permanente de la Sociedad Civil por la Paz
• Espacio de Trabajadores y Trabajadoras de Derechos Humanos de Barrancabermeja
_______________________________________
¹Segundo o Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo ( SIPRI), durante o ano 2009, os Estados Unidos gastou a 669.500 milhões de dólares, o Brasil investiu 26.100 milhões de dólares em armamento, seguido pela Colômbia com 10.000 milhões, o México com 5.490 milhões, O Chile 5.000 milhões e a Venezuela com 3.254 milhões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário