segunda-feira, 28 de junho de 2010

PRESIDENCIÁVEL PLÍNIO DE ARRUDA SAMPAIO DO PSOL É CONTRA A CONSTRUÇÃO DO PORTO NO ENCONTRO DAS ÁGUAS NO AMAZONAS


O Pré-Candidato a Presidente da Republica pelo PSOL, Plínio de Arruda Sampaio concedeu uma entrevista exclusiva para o Lucta Social e não se esquivou de nenhuma pergunta. Disse que o PSOL é contrário à construção de um terminal portuário na altura do Encontro das Águas na entrada de Manaus. Também disse que maior dificuldade que tem para encontrar espaço na mídia se deve ao boicote dos meios de comunicação, que o faz porque não quer abrir o debate às verdadeiras soluções para os problemas do país porque está comprometida com o status quo. E finalizou a entrevista dizendo que, “o povo do Amazonas há anos é “esquecido” pelos governantes, que só se lembram da floresta para permitir a exploração sem limites exigida pela burguesia brasileira e internacional para garantir seus lucros”.

Lucta Social – A construção de um terminal portuário na altura do Encontro das Águas (confluência do Rio Negro, com o Solimões, de água barrenta) na entrada de Manaus, um dos pontos turísticos mais importantes da Amazônia, é motivo de polêmica na capital amazonense. De um lado, uma grande empresa de logística defendendo a obra. De outro, ambientalistas, intelectuais e moradores da Colônia Antônio Aleixo (bairro que sofrerá impacto diretamente com construção do porto) reivindicam a obra em outro lugar. Como o senhor analisa esses tipos de projetos para região Amazônica e qual seu posicionamento em relação a essa construção?

Plínio – O porto do Encontro das Águas, a hidrelétrica de Belo Monte, a transposição das águas do rio São Francisco, a lei de florestas e a MP 458 – todas iniciativas do governo Lula – são parte do mesmo projeto de submissão ao agronegócio exportador de commodities implantado no país. Assim como a reforma do código florestal que está sendo construída no Congresso Nacional pela bancada ruralista com apoio do deputado Aldo Rebelo. O PSOL é contrário a todos esses projetos e vamos denunciá-los na campanha. Num governo no PSOL todos eles seriam revistos.

Lucta Social – Antes de pensar o modelo desenvolvimento para Amazônia, é preciso definir um modelo de organização política compatível com o seu ecossistema. Na Amazônia não existe espaço para o tal desenvolvimento sustentável, defendido pelos capitalistas. A ganância desse sistema é tão grande que, em pouco mais de cinco séculos, já destruíram grande parte de sua fauna e flora, dizimaram inúmeras civilizações como índios e incas, e agora estão inundando suas terras a fim de produzir energia para mover a roda da desgraça que é capitalismo. Qual é seu posicionamento em relação a essa equação matemática pouco confiável: investimento + Luz Para Todos + Xingu + Belo Monte = energia para vinte mil famílias?

Plínio – A resposta está contida na pergunta. Tenho inteiro acordo com a análise apresentada pela Lucta Social e me coloco contra tal modelo de desenvolvimento “sustentável” que só beneficia uns poucos e destrói a natureza.

Lucta Social – Doenças profissionais, jornada de trabalho estafante, violência urbana, transporte coletivo desconfortável, baixo salário, ritmo acelerado as linhas de produção, esforços repetitivos, limitação de tempo para fazer as necessidades fisiológicas, assédio moral, sexual, lei do silêncio no ambiente de trabalho. São formas que o capital faz questão de preservar para manter sob seu controle o proletariado. Em um eventual governo do PSOL como fazer para mudar essa realidade vivida pelos trabalhadores Brasileiros?

Plínio – Enfrentando o capital para garantir os direitos dos trabalhadores, apoiado na mobilização social para manter a legislação que protege os direitos do trabalho e revogar as leis e reformas constitucionais que atacam esses direitos, como as reformas da Previdência do FHC e do Lula.

Lucta Social – No dia três de outubro desde ano a população do Estado do Amazonas vai às urnas escolher seu próximo Presidente da República. O Projeto Zona Franca de Manaus sempre foi bombardeado pelos governos do Sudeste e Sul do Brasil, com a eleição do Presidente Lula isso foi amenizado. As candidaturas conservadoras de Dilma, Serra e Marina, independente de qual partido pertençam, vão chegar comprometidas com os estados do Sul e do Sudeste. As três candidaturas são tecnocratas, portanto, racionais ao extremo, embora os três se apresentem como desenvolvimentistas, são a favor de uma política fiscal linear para o Brasil e, conseqüentemente, contra os incentivos da Zona Franca. Plínio qual é seu posicionamento em relação ao Projeto Zona Franca de Manaus e caso e leito Presidente do Brasil como vai ser essa relação com a Zona Franca?

Plínio – A Amazônia é um caso específico em nosso país, pela biodiversidade que ela comporta. É necessário enfrentar aí, como em todo o Brasil e talvez até mais, os interesses do capital e garantir os interesses dos trabalhadores.

Lucta Social – O candidato ao Senado pelo PSOL/Amazonas é o ex-senador Evandro Carreira, figura polemica e folclórica aqui no Estado do Amazonas. Porém, foi o primeiro político a levar o tema Amazonas para o debate Nacional. Uma de suas teses é a Militarização da Amazônia como forma de não internacionalizá-la. Outra seria a instalação de uma Universidade Biológica da Amazônia, com o objetivo do inventário da Amazônia. Ele afirma que seria a única providencia racional, cientifica e verdadeiramente honesta a se tomar em relação à Floresta Amazônica. Evandro vai além, disse que o INPA (INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA) pode até realizar este inventário com toda eficiência se o analfabetismo biológico dos governadores e parlamentares do Amazonas não fosse tão grande, a ponto de defenderem a estupidez de um desenvolvimento sustentável da Amazônia, com base num manejo florestal que a Ciência Fitológica desconhece e recomenda com muita cautela, o aproveitamento agrícola das várzeas, a criação de peixes e da fauna silvestre. Qual é projeto de desenvolvimento econômico do PSOL para Amazônia, levando em consideração a posição do candidato do partido ao Senado Federal aqui pelo Amazonas?

Plínio – As bases programáticas aprovadas na 3ª Conferência Eleitoral do PSOL, e que são as bases da discussão de programa para a campanha que estamos fazendo e se encerra com um seminário nacional em julho, são: a defesa da soberania nacional; o fim da privatização das florestas; a revogação da MP 458 e da lei das florestas; apoio aos povos indígenas, ribeirinhos e populações tradicionais; contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte; apoio à demarcação, homologação, titulação e garantia de inviolabilidade dos territórios indígenas; auditoria da dívida ecológica decorrente dos passivos ambientais provocados pelas grandes indústrias e o agronegócio com utilização do dinheiro do resgate dessa dívida para pesquisa e transição para matrizes energéticas limpas e renováveis. Tudo o que convergir nesse sentido será parte do programa do PSOL nessas eleições.

Lucta Social - Como o senhor definiria a diferença entre a sua candidatura e a dos demais, principalmente com relação aos três candidatos polarizadores?

Plínio – Essas três candidaturas defendem o modelo econômico em vigor no país que vai contra os interesses do povo. E a campanha está montada para não discutir isso. Vamos mostrar que a aparente calmaria e melhora das condições de vida que se vê na superfície da realidade brasileira esconde uma tragédia por baixo, pois 20 milhões de famílias entraram no mercado do consumo, mas continuam sem atendimento de saúde e sem escola decente para seus filhos.

Lucta Social - Por que o PSOL é a alternativa da esquerda socialista?

Plínio – Pelos mesmos motivos expostos acima.

Lucta Social - Com relação à estrutura partidária, fale um pouco sobre o processo de construção partidária, como parte de uma estratégia para a mudança de regime?

Plínio – O PSOL é um partido contra esse regime e esse sistema que estão aí. Existe para recompor a esperança de emancipação da classe trabalhadora que o PT traiu. Essa é a nossa caminhada, para a qual convidamos todos aqueles que têm acordo com a defesa do socialismo com liberdade.

Lucta Social - Quais as maiores dificuldades de sua campanha? Por que tanta dificuldade em espaço na mídia?

Plínio – A maior dificuldade é o boicote da mídia, que o faz porque não quer abrir o debate às verdadeiras soluções para os problemas do país porque está comprometida com o status quo.

Lucta Social – Deixa uma mensagem para o povo do Amazonas?

Plínio – O povo do Amazonas há anos é “esquecido” pelos governantes, que só se lembram da floresta para permitir a exploração sem limites exigida pela burguesia brasileira e internacional para garantir seus lucros. É necessário dar um basta nessa história. Conto com vocês.

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