Alfredo Nascimento (esq.) foi o primeiro ministro de Dilma a assumir e recebeu o cargo de Paulo Sérgio Passos Foto: Renato Araujo/Agência Brasil |
LARYSSA BORGES
Direto de Brasília
O Psol apresentou nesta quinta-feira representação junto ao Conselho de Ética do Senado contra o ex-ministro dos Transportes e atual senador Alfredo Nascimento (PR-AM). O partido argumenta que o colegiado deve investigar as denúncias de existência de suposto esquema de superfaturamento de obras e de recebimento de propina por meio de empreiteiras e a possibilidade de o filho do senador, Gustavo Pereira, ter multiplicado seu patrimônio de forma irregular.
"Não estamos aqui decretando a morte de ninguém. Não aceitamos que uma pessoa com esse currículo ocupe uma vaga no Senado", disse a senadora Marinor Brito (Psol-PA). "Quero acreditar que o Conselho vai cumprir a sua atribuição", afirmou o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP), que rejeitou a hipótese de Nascimento se explicar sobre as denúncias apenas no Plenário do Senado. "Se há quebra de decoro, o Plenário não é o espaço para instigar, para se conceder o contraditório e para se investigar", defendeu.
A queda do ministro dos Transportes
Uma reportagem da revista Veja do início de julho afirmou que integrantes do Partido da República teriam montado um esquema de superfaturamento de obras e recebimento de propina por meio de empreiteiras dentro do Ministério dos Transportes. O negócio renderia à sigla até 5% do valor dos contratos firmados pelo ministério sob a gestão da Valec (estatal do setor ferroviário) e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
O esquema seria comandado pelo secretário-geral do PR, Valdemar Costa Neto. Mesmo sem cargo na estrutura federal, ele lideraria reuniões com empreiteiros e consultorias que participavam de licitações do governo no ramo. Pelo menos dois assessores diretos do então ministro, Alfredo Nascimento (PR), foram afastados dos cargos. Também deixaram suas funções o diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot, e o diretor-presidente da Valec, José Francisco das Neves.
O PR emitiu nota negando a participação no suposto esquema e prometendo ingressar com uma medida judicial contra a revista. Nascimento, que também negou as denúncias de conivência com as irregularidades, abriu uma sindicância interna no ministério e pediu que a Controladoria-Geral da República (CGU) fizesse uma auditoria nos contratos em questão. Assim, a CGU iniciou "um trabalho de análise aprofundada e específica em todas as licitações, contratos e execução de obras que deram origem às denúncias".
Apesar do apoio inicial da presidente Dilma Rousseff, que lhe garantiu o cargo desde que ele desse explicações, a pressão sobre Nascimento aumentou após novas denúncias: o Ministério Público investigava o crescimento patrimonial de 86.500% em seis anos do filho do ministro, Gustavo. Diante de mais acusações e da ameaça de instalação de uma CPI, o ministro não resistiu e encaminhou, no dia 6 de julho, seu pedido de demissão à presidente.
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