A crise ambiental pela qual estamos passando faz com que diversos cientistas ao redor do mundo trabalhem em projetos que visem a superação da mesma. No geral, são projetos voltados para o combate ao aumento da temperatura do nosso planeta, porém o grau de imaginação que esses grupos de cientistas alcançam é realmente inimaginável; e o pior de tudo é que a maioria dessas propostas não resolve problema nenhum, porque falta visão da totalidade da crise e falta de postura crítica quanto ao contexto atual de modo de vida e consumo.
Os exemplos que cito abaixo estão disponíveis no site da Exame (8 projetos radicais para salvar o planeta) Vamos, de uma forma superficial, encontrar sérios problemas nesses projetos:
1. Cobrir as geleiras do Ártico com uma “manta gigante”: o objetivo é cobrir 10 mil m² da Groelândia com uma manta branca, para evitar o derretimento do gelo presente, mas perde-se de vista que há animais ali, espécies vegetais e diversos ecossistemas que necessitam de luz solar para viverem, mesmo em ambientes gelados como este;
2. Colocar em órbita um mega-parassol: com esse enorme parassol haveria uma diminuição da temperatura média dos locais onde a sombra atingiria. Essa é, talvez, a pior proposta de todas. É um absurdo alguém propor isso. Mudar a incidência da luz solar no planeta seria, no mínimo, desastroso;
3. Que tal “salgar” as nuvens?: a intenção é formar mais nuvens para aumentar a reflexão dos raios solares por elas, porém, o primeiro erro dessa medida é causar um aumento dos índices pluviométricas e sua irregularidade, pois, apesar de tudo, ainda há padrões nas chuvas globais e isso acabaria rompendo essa dinâmica;
4. Mate um camelo e ganhe créditos de carbono: outro absurdo que não necessita de comentários, até porque Danilo já criou um recente post especificamente sobre isso. Leia aqui;;
5. Reproduzir o efeito das erupções vulcânicas: esse efeito é liberar ácido sulfúrico na atmosfera porque essas partículas em suspensão aumentam o índice de reflexão da energia solar antes que ela alcance o solo, diminuindo a temperatura. Porém, acho que simplesmente esqueceram que os vulcões liberam inúmeras outras partículas de tamanhos diversos e que esse SO2 um dia cai e causa inúmeros e graves problemas;
6. Reflorestamento em massa com bombardeio de sementes: essa é uma ideia interessante, mas não como proposta no artigo. É válido para restauração de florestas, em áreas já devastadas, mas não em transformar um deserto em uma floresta. Primeiro porque as sementes não vingariam e outra porque é um absurdo querer acabar com o deserto e colocar floresta em seu lugar;
7. Usar um purificador de ar e aprisionar CO2 no solo: um primeiro inconveniente desta técnica é onde armazenar o CO2 no solo, já que um dos problemas é falta de terra para tal. Essa incorporação alteraria as características do solo afetando plantas, animais, lenços freático, entre outros. E, ainda mais, há estudos que mostram que o CO2 não fica preso no solo por muito tempo, ou seja, é gasto de dinheiro;
8. Fertilizar os oceanos com ferro: é sabido que as algas cianofíceas e outros organismos marinhos são produtores de oxigênio, porém despejar toneladas de ferro ao mar é de uma estupidez incrível, porque da mesma forma que elas crescem com a presença do ferro, outros seres vivos morrem por causa disso.
Todas essas propostas, no meu ponto de vista, são irresponsáveis e têm muitos pecados. Os maiores são acreditar que a tecnologia é a (única) responsável por salvar o mundo, mas esquece-se que tecnologia e política são inseparáveis. Todas são focadas em acabar com o aquecimento global e acabam desconsiderando outros sérios problemas ambientais que ocorrerão caso cada projeto seja implantado; falta de visão sistêmica da natureza, além de outros problemas que poderíamos aqui levantar.
Mas, sempre me questiono quando vejo projetos desse nível: quem financia isso tudo? Governos, instituições supranacionais, ong’s, empresas? E como um cientista se propõe a isso? Bom, hoje se ganha milhões de financiamento quando se coloca nas pesquisas o termo “aquecimento global” (sempre há exceções) e, por isso, temos que conviver com certas aberrações científicas, se é que chegam a ser ciência.
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