Osmir Medeiros*
O governador Omar Aziz e a presidente Dilma Rousseff deveriam aproveitar o lançamento do Bolsa Verde (declaradamente inspirado no Bolsa Floresta) nesta quarta-feira, 28, em Manaus, para fazer justiça ao economista, pensador e ativista político amazonense Raimundo Thedoro Botinelly Assumpção. Foi ele o primeiro a defender, ainda em 1990, portanto há 21 anos, sob o nome de “Salário-Subsídio ao Homem do Interior da Amazônia”, o pagamento de um valor mensal aos habitantes das áreas interioranas, a título de transferência de renda e como alternativa aos desperdícios milionários nas tentativas de se criar artificialmente uma economia de mercado onde não existe o fator fundamental para isso, que é o capital circulante.
À época professor de teoria e história econômica no Departamento de Economia e Análise da então Universidade do Amazonas (UA), Botinelly apresentou esta e outras teses no livro Amazônia – Uma utopia possível, impresso na Imprensa Universitária, atual Editora da Universidade do Amazonas (Edua). No livro, a proposta é apresentada já na forma da minuta de uma lei estabelecendo área geográfica de abrangência do subsídio, cronograma de implantação, critérios para acesso ao benefício e até o modo de gestão do programa, por meio de conselhos compostos por representantes de vários segmentos da sociedade.
“A idéia central contida na proposta baseia-se na crença de que é mais proveitoso entregar diretamente o benefício na forma de dinheiro na mão do beneficiado, de modo puro e simples, do que ficar elocubrando milhares de maneiras complicadas e engenhosas para no fim não atingir o resultado almejado”, defendia Botinelly, crítico dos modelos de desenvolvimento baseados em políticas de incentivos fiscais, por não considerá-los capazes de promover a distribuição de renda.
Theodoro Botinelly foi um incansável defensor da Amazônia, da cidadania e dos direitos humanos. Natural de Canutama, militou nos movimentos estudantis, culturais e políticos do Estado e do País: foi um dos fundadores da União dos Estudantes Secundaristas do Amazonas (Uesa) e do Clube da Madrugada, além de vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) justamente no período pré-golpe militar (1962/63).
Na política partidária, foi fundador e primeiro presidente eleito do PDT no Amazonas, pelo qual saiu candidato à Prefeitura de Manaus em 1985, quando, com um discurso contundente e um bordão – “Pau neles, companheiros! – chegou a assustar o grupo político liderado Gilberto Mestrinho, que tinha como candidato ao cargo de prefeito Manoel Ribeiro.
*Jornalista e publicitário
Você tem algum video do Botinelly falando no horario eleitoral?
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