Nilcilene Miguel de Lima
Por E esse tal Meio Ambiente - A produtora e líder rural Nilcilene Miguel de Lima vive desde 2009 sob ameaças de morte. As ameaças começaram quando ela assumiu a presidência da Associação Deus Proverá, criada pelos produtores do assentamento Gedeão para defender o grupo contra as invasões de terra e roubo de árvores.
O nome do assentamento é uma homenagem ao primeiro líder do grupo, assassinado em 2006. Os números oficiais contam oito assassinatos em decorrência de conflitos de terra, contudo, é difícil saber quantas pessoas já foram mortas em consequência dos conflitos, já que algumas pessoas desaparecem, sem seus corpos jamais serem encontrados.
Em maio do ano passado, Nilcilene fugiu do assentamento após ser avisada que pistoleiros iriam assassiná-la. Adelino Ramos, líder do assentamento Curuquetê, não fugiu e foi assassinado com seis tiros à queima roupa no meio de uma feira. Após a morte de Adelino, Nilcilene entrou no programa Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos, e recebe escolta 24 horas.
Apesar de não poderem conceder entrevistas, os policiais da Força Nacional que protegem Nilcilene, disseram informalmente ao site A Pública, que se perguntam do que adianta dar segurança para que a líder continue denunciando crimes que o estado não pune.
A matéria sobre as ameaças a Nilcilene foi publicada no dia 27 de fevereiro no site, três dias depois ao voltar para casa, à líder encontrou um dos seus cachorros de guarda morto com um tiro no ouvido. Mais um aviso que a vida de Nilcilene corre perigo.
Nilcilene vive com o marido, Raimundo, numa casa sem luz, no meio da floresta, com a morte contratada os rondando. Os dois estão convencidos que não há futuro para eles no assentamento, mas ainda não encontraram forças o suficiente para abandonar tudo que construíram.
“Acho que a gente vai ter que ir embora mesmo. Eu não tenho medo de morrer, mas não quero morrer de graça. Também não sei que bem tem morrer para viver na história, que nem o Dinho, o Gedeão, o Chico Mendes. Eu penso que a gente tem que viver vivo”, disse Raimundo.
A Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos, concedida a Nilcilene dura apenas três meses, e acabou em janeiro. Contudo, devido a um apelo da Pastoral da Terra a proteção a Nilcilene foi ampliada, não se sabe por quanto tempo, mas não será por muito.
Junior José Guerra
Junior Guerra e João Chupel denunciaram uma das maiores operações criminosas de roubo de madeira na Amazônia. Os criminosos carregavam cerca de 140 caminhões carregados de madeira por dia, o que valeria entorno de 3,5 milhões de dólares. As denúncias foram feitas a vários órgãos federais, a única coisa que aconteceu após isso foi a morte de João Chupel. Junior Guerra teve que fugir para permanecer vivo.
As denúncias feitas pelos dois foram as mais detalhadas e concretas já feitas no país. Eles denunciaram a mudança de atividades de antigos grileiros do Pará, que agora lucram derrubando árvores.
Junior entregou todos os documentos e gravações que comprovavam as denúncias para as autoridades. Contudo, os criminosos não foram presos, Junior não recebeu proteção, e vive fugindo dos pistoleiros há mais de seis meses.
Mas não é apenas Junior que foge, sua família também corre riscos, os filhos não podem estudar. Sua casa e propriedades ficaram para trás, sua vida ficou para trás. Junior não vive.
A negligência do governo
Por que o governo brasileiro não protege essas pessoas? Por que Adelino e Chupel tiveram que morrer? Por que Junior e família, e brevemente Nilcilene e o marido, têm que viver fugindo? Onde está o Estado que não faz seu papel?
Me pergunto se o governo brasileiro não agradece aos madeireiros por fazer seu papel sujo, afinal, o governo tem visado a Amazônia a muito tempo. Vem querendo abrir espaço para o progresso entre suas árvores. Os madeireiros, criminosos, fazem com que o trabalho do estado brasileiro seja mais fácil. Uma vez que já está tudo destruído mesmo, é só entrar com o desenvolvimento.
Não existe explicação para que o governo não cumpra com suas obrigações. Não existe explicação para que tantos assassinatos anunciados sejam permitidos, para que tantos pedidos de ajuda sejam negados.
As autoridades brasileiras têm suas mãos sujas de sangue, tanto quanto os criminosos que mandaram ou foram responsáveis por puxar o gatilho. Os sangues de inocentes, que lutaram pela vida – em todas suas formas, escorrem pelas mãos dos governantes brasileiros, omissos, negligentes, e incompetentes.
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