quinta-feira, 3 de junho de 2010

Capitulo I: Um ódio antigo

O ódio contra a imprensa no Brasil é um ódio antigo, secular, proveniente de espírito sempre anacrônico, em conflito com os avanços da democracia. Falo dessas coisas nesse momento para ilustra os ataques que o Lucta Social vem recebendo de algumas pessoas que não tem compromisso com o processo democrático e de liberdade de expressão. Descrevo alguns acontecimentos de autoritarismo contra a imprensa brasileira.

Quebrando a rotina, opondo-se aos interesses dos colonizadores portugueses, começou a circular na Bahia, em 1821, o Diário Constitucional, dirigido por um grupo de brasileiros. Perseguido de forma implacável, o matutino teve de suspender a sua circulação, no dia 15 de dezembro daquele ano. Ele enfrentou a ira das Cortes de Lisboa, que não desejavam uma nova junta onde os lusos ficassem em minoria.

Em 05 de novembro de 1823, o boticário David Pamplona recebeu no lago da Carioca, no Rio de Janeiro, várias bengaladas do major Lapa, filho de um dos cozinheiros de D. João VI. As bengaladas se originaram de um artigo no jornal A Sentinela da Liberdade, onde David criticou a incorporação e a permanência de portugueses no Exército Imperial.

Cipriano José de Almeida, ardoroso paladino da Independência, um dos participantes da revolução pernambucana de 1817, esteve preso diversas vezes, sob a acusação de injuriar o governo e de promover agitação. Segundo o governo, Cipriano fazia isso através dos seus textos de jornalista.

Também no ano de 1823, em 06 de julho, outro jornalista da época foi esbordoado, chama-se Luís Augusto, “O Malagueta”. Esta alcunha lhe veio do jornal que redigia a Malagueta extraordinária, onde publicou no segundo número um libelo contra os Andradas. A reação não demorou. Oras depois da publicação apareceram em sua casa um bando de valentões, munidos de espadas e paus grossos. O pobre “Malagueta”, com a mão esquerda partida e a cabeça golfando sangue, conseguiu fugir e abrigou-se na chácara de um vizinho.

Frei Joaquim planetário do jornal Typhis Pernambucano. Destemeroso, sem nunca esmorecer, esse sacerdote participou heroicamente da revolução pernambucana de 1824, da qual nasceu a Confederação do Equador, nova forma de república, que integrava as províncias do Ceará, do Piauí, de alagoas, da Paraíba, de Pernambuco e do Rio Grande do Norte. Após o fracasso da revolta, submetido a julgamento por uma comissão militar, é condenado à morte, e como não encontraram quem lhe quisesse aplicar a pena do garrote, o jornalista Frei Caneca acabou sendo fuzilado em 13 de janeiro de 1825.

Quatro anos depois, em 26 de agosto de 1829, no Rio de Janeiro, o Frazino Luís Augusto sofreu outro atentado. Ele estava na companhia do parlamentar Cunha Matos, andando por uma rua. De repente um fulano lhe atirou várias pauladas sobre o crânio, que o deixaram em mísero estado.

Está fúria contra a imprensa, na maior parte das vezes, era uma reação das forças conservadoras.

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