sábado, 30 de julho de 2011

CENTRAIS SINDICAIS MOBILIZADAS EM SÃO PAULO


A Mobilização ocorrerá no dia 03/08 às 10:00 na praça Charles Miller, em frente ao Estádio Municipal do Pacaembú, seguindo para a Avenida Paulista e descendo a Avenida Brigadeiro Luiz Antônio para Assembléia Legislativa de São Paulo no Ibirapuera.

A unidade das centrais sindicais e o esforço de toda nossa militância nesse processo de mobilização nacional farão ecoar por todo o país as justas reivindicações dos trabalhadores e trabalhadoras.

VAMOS À LUTA!


Bandeiras de luta:

• Redução da jornada para 40h sem redução de salários;
• Fim do fator previdenciário;
• Regulamentação da terceirização;
• Fim das práticas antissindicais;
• Regulamentação das convenções 151;
• Ratificação da convenção 15

CALENDÁRIO DE LUTAS
• 03 de Agosto – 10h00 – Concentração na Praça Charles Miller, em frente ao Estádio Municipal do Pacaembu em São Paulo.

É hora de perder a paciência! Moção de Apoio à Ocupação da Funarte

Desde segunda (25), trabalhadores da cultura estão ocupando a FUNARTE (Fundação Nacional das Artes) contra os cortes do governo Dilma à cultura (de 2/3 de sua verba anual) e pela aprovação das Propostas de Emenda à Constituição (PEC) 150 e 236. Em 2010, o governo federal destinou à cultura apenas 0,06% do orçamento da união, enquanto os juros e amortizações da dívida externa receberam 45% do orçamento, o que corresponde ao valor exorbitante de R$ 635 bilhões!

Os jovens e trabalhadores estão cansados de ver a cultura ser tratada durante anos com tanto descaso. Nunca a cultura conseguiu ultrapassar o 1% do orçamento da união. O acesso à cultura não será proporcionado por leis de incentivo à cultura que insistem em beneficiar a indústria cultural com a isenção de impostos para as empresas financiadoras de grandes musicais (como Mama Mia, o Fantasma da Ópera etc) que possuem ingressos vendidos a cerca de R$ 200,00. A cultura não é um grande negócio que tem como objetivo a obtenção de lucro. Não concebemos cultura como mercadoria.

Em épocas de crise mundial, em que o governo prefere apertar o cinto dos trabalhadores e afrouxar os dos banqueiros, vemos os direitos sociais receberam grandes cortes de verbas como ocorreu no início do ano com as áreas da cultura e educação. Se aprovadas, as PECs favoreceriam a distribuição de mais verbas para a cultura – garantindo 2% por parte do governo federal, 1,5% pelos estados e 1% pelos municípios – e a inclusão da cultura como direito humano em nossa Constituição.

Por tudo isso, o movimento Juntos! Juventude em Luta se coloca diretamente ao lado do movimento de trabalhadores da cultura que perderam a paciência e hoje ocupam a FUNARTE. Pela imediata aprovação das PECs 150 e 236! Pelo fim dos cortes de verbas para a cultura! Por um sistema de financiamento da cultura verdadeiramente democrático e participativo! Cultura não é mercadoria.

CONRADINHO CLOSE UP

José Ribamar Bessa Freire
31/07/2011 - Diário do Amazonas
Link: http://tinyurl.com/3hjv4ah


Chamava-se Konrad, com “K”, mas tinha uma puta cara de severino ou ribamar. É que nascera logo após a II Guerra Mundial, em Buriti dos Montes (PI). Seu pai, o velho Dodó, carpinteiro de profissão, ia registrá-lo como Dorgival Junior. Mas mudou de ideia no meio do caminho, quando parou na taberna do Léo para tomar umas talagadas de cocal. Lá, sobre o balcão, viu um exemplar do jornal da UDN, O Piauí, com o nome de KONRAD ADENAUER em letras garrafais. Encheu os cornos de pinga, recortou a manchete e foi pro cartório levando o nome impresso do chanceler alemão:

- É Konrad. Com “K”.

O filho ficou sendo, pois, Konrad. Konrad Soares. Escapou, por pouco, de se chamar Churchill ou Stalin. Foi nas águas do rio Poti que o Quase-Churchill, aprendeu a nadar. Passou a infância entre Buriti dos Montes e Ipaporanga, contemplando, maravilhado, os paredões da garganta do rio, que formam um cânion com rochas de até 60 metros furadas pela correnteza. Seu pai o levou por trilha de difícil acesso, permitindo que os olhos do menino focassem a fenda geológica, o primeiro de tantos close ups de sua vida severina.

- Já-pensou, já-pensou, um close up da Cachoeira da Lembrada?

Quando chegou no Rio, em 1966, para estudar, trazia consigo, gravadas na retina, muitas imagens de Buriti dos Montes, algumas panorâmicas, outras em travelling. Eram tomadas de planos da procissão de Nossa Senhora do Monte Serrat, das novenas do mês de julho, dos arraiais e quermesses, das quadrilhas juninas e, evidentemente, close ups diversos com detalhes de cabeças, rostos, mãos.

- Já-pensou, já-pensou um close up da tia Deca, um plano fechado sobre a verruga que ela tem no nariz?

Geração Paissandu

Tudo isso ele me contou em longas conversas mantidas na Casa do Estudante do Brasil, na Esplanada do Castelo, atrás do Bob´s, no centro do Rio, onde morávamos juntos com outros estudantes pobres, nordestinos e nortistas, irmanados pela mesma fome atávica. Depois das aulas na FNFi – eu cursava Jornalismo, ele Letras - passávamos horas discutindo cinema, a grande paixão de Konrad, que fazia qualquer sacrificio para não perder as sessões do Cine Paissandu, na Rua Senador Vergueiro, Flamengo.

Estávamos na década 1960-70. Foi ali, como integrante da dissidência pobre da chamada Geração Paissandu, que ele se familiarizou com os recursos da linguagem cinematográfica e se especializou em close up. Diante da expressão alegre ou triste, tensa ou descontraída, de qualquer pessoa, o Konrad piauiense não hesitava. Unia os dois polegares e os dois indicadores, formando um quadrado, colocava-o na altura do olho esquerdo, como se fosse uma câmera, focava no ponto que lhe interessava e se aproximava lentamente, dizendo:

- Já-pensou, já-pensou, um close up desse rosto?

Aquilo que começou como uma simples brincadeira, da qual todo mundo ria, virou mania, obsessão, e acabou por ser, em alguns momentos, algo inconveniente, quase doentio, que podia chatear as pessoas. Na exibição do filme A grande cidade, de Cacá Diegues, que acabara de sair do forno em meados dos anos 1960, ele viu a Nara Leão de mini-saia, achou que ela estava a tôa na vida, querendo ver a banda passar. Não resistiu. Armou a câmera com os quatro dedos, focou e partiu pra cima:

- Já-pensou, já-pensou, um close up do joelho da Nara.

Essa era a vantagem de pertencer à Geração Paissandu, permitia a convivência democrática do pé-rapado com a celebridade. Mas essa não foi a primeira vez que o destino cruzou o seu caminho com um membro da família Leão. Meses depois, quando já havia perdido o “K” de Konrad e o senso do ridículo, tornando-se o Conradinho, Conradinho Close Up, para ser mais preciso, topou com Danuza. Foi assim.

Um dia, depois de uma passeata, ele vestiu sua farda de gala – um surrado macacão jeans unisex estilo boyfriend, calçou a alpercata de arigó de pneu usado, tipo ojota andina, e caminhou a pé do Castelo até o Flamengo, porque não tinha um puto pra pagar a passagem de ônibus. Ficou em pé na frente do Paissandu, esperando ver se encontrava alguma alma caridosa disposta a pagar sua entrada. Não queria perder o filme de René Allio, cujo roteiro se baseava em um texto de Bertold Brecht – Uma velha dama indigna.

Com Danuza

Conradinho Close Up já estava para desistir, quando desceu de um táxi, sozinha, Danuza Leão, causando um burburinho nas mesas espalhadas pela calçada do bar Oklahoma. Naquele momento, qualquer um daria razão ao Conradinho: ela, poderosa e bela na explosão dos seus trinta e poucos anos, estava implorando por um close up. Ele empunhou sua câmera imaginária formada pela união dos dedos, ajustou a lente de distância focal variável, enquadrou e clicou. Depois do superclose, saudou:

- Oi.

- Oi – respondeu Danusa, cujos olhos buscavam pelo recinto do bar, sem encontrar, alguém que se atrasara para o encontro marcado. Enquanto esperava, decidiu sentar-se. Conradinho, como um soldado, se mantinha de pé a seu lado, com cara de cachorro abandonado. Ela convidou-o, então, a compartilhar sua mesa. Parecia se divertir com aquele nordestino simpático, visivelmente faminto, meio folclórico, Ronnie Von dos pobres, com longos cabelos lisos caindo sobre os ombros salpicados por uma camada branca de escamas de caspa.

Quando o garçon chegou, ela pediu um uísque e perguntou de Conradinho o que ele queria beber – era seu convidado. Acontece que o Restaurante Estudantil do Calabouço estava fechado, ele não havia almoçado. Nem piscou: pediu uma vitamina de abacate, no capricho, e um sanduíche americano.

Enquanto Danuza bebericava seu uísque e Corandinho traçava a abacatada espessa, conversaram sobre política, estética e cinema. Ele, é claro, defendeu o close up como a forma mais acabada de captar o pormenor, o detalhe, com capacidade de penetrar profundamente na alma da personagem, de revelar com força e intensidade dramática suas características. Descreveu, com muito fervor, o filme “O Nascimento de uma Nação”, comentou cada close de Griffith como algo “genial, genial” – adjetivo muito usado por aquela geração. Ela ouviu tudo com respeito e paciência.

Foi aí que chegou o amigo da Danusa, num carrão. Ela pediu a conta, pagou tudo e se despediu, deixando o troco sobre a mesa. Enquanto a musa se afastava, Conradinho e o garçon se mediram com os olhos, numa disputa silenciosa, mas louvado seja Deus, o piauiense foi mais rápido e deu um close up, embolsando a gorjeta, que era suficiente para pagar o cinema e ainda voltar de ônibus para a casa.

No dia seguinte, tomando banho no Posto de Gasolina da Av. Presidente Antonio Carlos porque a água da Casa do Estudante havia sido cortada, todo ensaboado com sabão de côco, ele se gabava de haver tomado um uísque com a Danuza Leão. E contava a história da velha que ficou viúva, fez amizade com uma prostituta e com ela ganhou o mundo, viajando e passeando pelas estradas e cidades. Sabia de cor os close ups de René Allio em Uma velha dama indigna.

Mais de quarenta anos depois, só lembrei da figura folclórica do Conradinho e de sua tese de que o close up torna visível aquilo que ninguém via, por causa das caras e bocas dos personagens que aparecem no noticiário sobre a corrupção no Ministério do Transporte e no DNIT.

- Já-pensou, já-pensou, um close up nas contas do Alfredo Nascimento, do filho dele, do Valdemar Costa Neto, das empreiteiras...

Por onde andará o Konrad piauiense, o Quase-Churchill? Saudades do Conradinho Close Up!

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Com 48 inclusões, "lista suja" chega a 251 empregadores

Com a atualização semestral de julho de 2011, a soma total de infratores alcançou a marca de 251 nomes. Na divisão por regiões, Centro-Oeste e Sul aparecem com mais ingressantes. Dois prefeitos entraram no cadastro
Fonte: http://www.reporterbrasil.com.br


Por Maurício Hashizume

A "lista suja" do trabalho escravo, como ficou conhecido o cadastro de exploradores de mão de obra em condições desumanas, jamais teve tantos nomes. Com a atualização semestral desta quinta-feira (28), a soma total de empregadores alcançou a marca de 251 nomes.

Foram incluídos 48 nomes na relação mantida pelo governo federal. Outros cinco foram excluídos. A "lista suja" é mantida pela Portaria Interministerial 2/2011, assinada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR).

A quantidade expressiva de inserções é um reflexo da conclusão do grande volume de processos administrativos iniciados nos últimos anos. O MTE instaura esses procedimentos a partir das situações análogas à escravidão encontradas pelo grupo móvel de fiscalização e pela atuação das Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego (SRTEs).

Só entre 2007 e 2009, houve cerca de 4,9 mil libertações por ano. Nesse mesmo período, a média anual de operações registradas ultrapassou 140; mais de 280 estabelecimentos foram inspecionados, em média, a cada 12 meses.

Divisão por Estados dos 48 empregadores incluídos
1. Goiás (GO)............................................................8
2. Mato Grosso (MT)................................................7
Paraná (PR)...............................................................7
3. Minas Gerais (MG)................................................6
4. Santa Catarina (SC)...............................................5
5. Tocantins (TO).......................................................4
6. Pará (PA)..............................................................3
7. Piauí (PI)...............................................................2
8. Amazonas (AM)....................................................1
Espírito Santo (ES)....................................................1
Maranhão (MA)........................................................1
Mato Grosso do Sul (MS).........................................1
Rio Grande do Sul (RS).............................................1
São Paulo (SP)..........................................................1

Na comparação entre regiões do país, os ingressantes do Centro-Oeste formam a maioria, com 16 empregadores. Em seguida, aparecem os incluídos do Sul (13). Sudeste (oito) e Norte (oito) empatam na terceira posição. O Nordeste teve o menor número de inseridos: apenas três.

A divisão por Estados coloca o Goiás na primeira colocação, com oito inclusões (tabela ao lado). O segundo posto é compartilhado entre Mato Grosso e Paraná, ambos com sete. Santa Catarina vem em quarto, com cinco. Na sequência, estão Tocantins, com quatro; seguido pelo Pará , com três; e pelo Piauí, com dois. Amazonas, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e São Paulo têm um único agregado à lista.

Matérias da Repórter Brasil reúnem mais informações sobre diversos casos que estão levando mais empregadores para a "lista suja". Dois dos ingressantes, aliás, são mandatários municipais: José Rolim Filho (PV), mais conhecido como Zito Rolim, é prefeito eleito de Codó (MA); e Vicente Pereira De Souza Neto (PR) está à frente da Prefeitura de Toledo (MG).

Há ainda flagrantes em: escavações para expansão da rede de telefonia celular no Espírito Santo; atividades de preparação de terreno para a pecuária extensiva no Tocantins e também no Pará; canteiros de obras da construção civil no Norte do Mato Grosso; áreas de cultivo de morangos em Minas Gerais.

Vários inseridos são citados em matéria sobre operação que encontrou trabalho escravo na produçção de carvão vegetal em condições extremamente precárias em propriedades situadas no município de Jussara (GO).

Amplo material diz respeito a ações realizadas no Sul, em atividades distintas e características como a colheita de batatas, a coleta de erva-mate e a extração madeireira - seja no corte de pinus, com dois casos de Doutor Ulysses (PR), ou no reflorestamento em Irati (PR). Uma empresa que produz embalagens para a indústria alimentícia (Maxiplast) é outra das novas empresas com o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) na "lista suja" (veja abaixo).

Aqueles que pagarem todas as pendências trabalhistas e não reincidirem no crime estarão aptos a deixar o cadastro após um prazo de dois anos. Desde 2003, uma portaria do governo federal impede a concessão de empréstimos de instituições bancárias públicas a infratores da "lista suja" do trabalho escravo. Recomendação similar é seguida por bancos privados.

As restrições se estendem aos signatários do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, que completou seis anos. Para fazer parte da iniciativa, companhias e associações privadas assumiram o compromisso de cortar negócios com exploradores de escravidão e de implementar ações para evitar e eliminar problemas no escopo das cadeias produtivas.

Inclusões e exclusões da "lista suja" do trabalho escravo
Entraram em 28/07/2011
Antônio Carlos Françolin* - 627.916.998-72
Antônio Carlos Lassi Lopes - 073.063.421-34
Antônio Joaquim Duarte - 004.761.536-20
Ari Fogaça da Silva Sengés - 07.918.470/0001-88
Bell Construções Ltda. - 03.096.643 0001-79
Benedito Manoel da Silva - 734.667.780-34
Cássia Regina Felipe Caparroz - 169.753.888-65
Cleber Carlos de Brito - 491.753.511-53
Cleiton de Souza Benites - 356.110.061-91
Danilo Marcolino Faccio - 031.830.259-49
Diogo Antônio de Lima - 774.703.112-20
Dorival Cardoso de Oliveira - 014.074.901-25
Ervateira Linha Alegre Ltda. - 05.591.323 0001-10
F.Braga de Souza (Samauma Agrosilvipastoril)-00.542.903/0001-02
Frederico Maia Martins - 034.256.573-72
Gilmar José Mocelini - 568.403.069-68
Irene Batista Aquino - 310.880.821-49
Jair Perillo - 002.836.301-91
João Carlos Petrucci - 353.243.921-20
Joel Lucas Malanski - 816.365.479-15
José Ramalho de Oliveira - 623.733.316-91
José Rolim Filho - 095.565.913-20
Jurandir Sia e Outros - 136.257.568-20
Juvenil José Martins - 591.746.418-91
L. Schmaedecke Comércio e Indústria Ltda. - 84.933.969/0001-05
Labib Adas - 152.248.808-15
Luiz Pedro Serafim - 246.364.369-20
Madepar S/A - Indústria e Comércio - 47.614.177/0003-03
Marisio Vicente da Silva - 027.109.271-87
Masa Construção Civil Ltda. - 10.214.332/0001-22
Maxiplast Agropecuária Ltda. - 78.272.125/0003-44
Nilton da Cruz - 260.377.341-00
Novo Norte Agropecuária Ltda. - 09.172.857/0001-63
Oesteval Agropastoril Ltda. - 25.629.833/0002-28
Onilton Antônio Mattedi - 308.729.876-04
Paulo Cezar Segala - 734.667.780-34
Reflorestamento e Agropecuária VPG S/A - 10.317.458/0001-22
Renato Pedro Ferreira - 028.003.949-27
Renato Rodrigues da Costa - 497.543.861-53
Samuel Jorge ME - 72.086.382/0001-29
Sebastião Roelto Andrade - 055.749.956-97
Usinas Itamarati S/A - 15.009.178/0001-70
Valdeci dos Anjos Brito - 146.207.316-68
Vicente de Paula Costa - 265.386.286-72
Vicente Pereira de Souza Neto - 171.503.536-49
Vieira Cardoso Embalagens Ltda. - 10.519.491/0001-35
Wilson Dissenha - 008.783.838-91
Wilson Luiz de Melo - 711.254.188-34

Saíram em 28/07/2011
Ivan Domingos Paghi - 016.837.008-56
José Nilo Dourado - 07.041.102/0001-02
Renê Moreira de Souza - 319.347.061-91
Rosana Sorge Xavier - 993.277.0886-49
Salomão Pires de Carvalho - 024.354.897-49

*Reinserido no cadastro por decisão judicial

Governo vai dar R$ 107 bilhões aos latifundiários

Dando seqüência ao apoio aos latifundiários do país, o plano de financiamento da agricultura 2011/2012 do governo de Dilma Roussef anunciou R$ 107 bilhões de reais a esse setor enquanto que a agricultura familiar, formada pela esmagadora maioria das propriedades do país receberá apenas R$ 16 bilhões

29 de julho de 2011
Dilma a mãe dos latifundíarios!!!

O Plano Agrícola e Pecuário anunciado pelo governo federal revela o quanto os latifundiários estão sendo apoiados pelo governo petista de Dilma Roussef. Os números chocam pela dimensão do volume de dinheiro dado em relação ao número de propriedades e empresas ligadas a esse setor.

Segundo o Plano os latifundiários receberão R$ 107 bilhões de reais de financiamento para apoiar a sua política de concentração de terra cada vez maior no país e de combate aos trabalhadores do campo que lutam pela reforma agrária.

O volume de dinheiro doado cresceu 7,2% em relação ao gigantesco apoio do Plano 2010/2011. O apoio a setores que estão intimamente ligados aos assassinatos de lideranças sem-terra e ambientais, como a pecuária, e ao trabalho escravo, como o setor da cana-de-açúcar, também cresceu exponencialmente. Os pecuaristas poderão contratar até R$ 750 mil para investimentos e o programa para a cana-de-açúcar terá limite de R$ 1 milhão e prazo de cinco anos para pagamento.

No sentido contrário aos incentivos aos latifundiários vem a agricultura familiar que vai receber R$16 bilhões, valor que não chega a um quarto de todo o recurso dado ao latifúndio.

A chamada agricultura familiar constituída por pequenos e médios produtores representa a imensa maioria de produtores rurais no Brasil. São cerca de 4,5 milhões de estabelecimentos, dos quais 50% no Nordeste.

Em alguns produtos básicos da dieta dos brasileiros, os agricultores familiares são responsáveis por aproximadamente 40% do valor bruto da produção agropecuária, 80% das ocupações produtivas agropecuárias e parcela significativa dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros, como o feijão (70%); a mandioca (84%); a carne de suínos (58%); de leite (54%); de milho (49%); e de aves e ovos (40%).

Outros valores importantes da agricultura familiar é que absorve 80% da mão-de-obra no campo e produzem 60% dos alimentos consumidos pela população brasileira. Mas apesar dos números o governo do PT apóia sua base aliada dos latifundiários que corresponde a cerca de 112 mil propriedades do país que vão receber os 107 bilhões de reais.

Enquanto isso os pequenos agricultores sofrem com o descaso governamental e estão em franco processo de empobrecimento.

O governo do PT vem demonstrando a cada dia o apoio que está sendo dado aos latifundiários, com apoio financeiro. Os bilhões de reais dados a esse setor impulsionam as contradições no campo e fortalece os latifundiários que lançam uma ofensiva contra os trabalhadores sem-terra do interior do país na tentativa de conter a luta pela reforma agrária.

A Revolução tecnológica no coração das contradições do capitalismo senil

Outras vozes
Samir Amin

A revolução tecnológica contemporânea é um facto importante que não ponho em dúvida e considero, inclusive, o ponto de partida necessário para a análise do que é novo na evolução do capitalismo.

A diferença está, por um lado, na análise que se faz da natureza desta revolução, em comparação com as precedentes, e, por outro, nas consequências políticas que daí se podem extrair. Como tal, analiso as revoluções tecnológicas nos termos da lei do valor. Nesta análise, a produção é, em definitivo, o produto do trabalho social e o progresso da sua produtividade manifesta-se pela redução da quantidade de trabalho social total necessário para a produção de uma unidade de valor de uso.

As revoluções tecnológicas anteriores na história do capitalismo (a primeira, a da máquina a vapor e das máquinas têxteis dos finais do século XVIII, princípios do XIX; a segunda, a do ferro, do carvão e dos caminhos de ferro, em meados do século XIX; a terceira, a da electricidade, do petróleo, do automóvel e do avião em princípios do século XX) traduziram-se todas elas numa redução da quantidade de trabalho social total necessário para a produção dos valores de uso considerados. Mas também no aumento da proporção que representa a quantidade de trabalho indirecto (atribuído à produção dos meios de produção) relativamente ao trabalho directo (atribuído à produção final). A revolução tecnológica em curso inverte esta tendência. Permite o progresso da produtividade do trabalho social por meio da adopção de tecnologias que se traduzem na redução da proporção do trabalho indirecto.

Resumo estas observações no seguinte esquema quantitativo simplificado:

Quantidade de trabalho necessário (para a produção de uma unidade de valor de uso dada)


A produtividade do trabalho social duplica quando se passa de A a B à custa de uma intensificação capitalista das tecnologias adoptadas, enquanto que um progresso da produtividade, idêntico quando se passa de B a C (o dobro desta) vem acompanhado de uma inversão do movimento da intensidade capitalista dos métodos de produção.

As relações de produção capitalistas implicam que a entrada na produção esteja reservada aos que possuem capital suficiente para instalar os equipamentos necessários. Assim, o aumento da intensidade capitalista através da qual se manifestaram as sucessivas revoluções industriais nos séculos XIX e XX proporcionou ao capital um domínio crescente sobre os trabalhadores desprovidos de outros meios que não fossem a venda da sua força de trabalho para sobreviverem (incapazes, pois, de produzir por si mesmos – isto é, sem capital – bens competitivos).

A inversão do movimento pelo qual se manifesta o progresso científico e tecnológico tende a abolir o poder do capital, abrindo o acesso à produção?

Existem pelo menos duas razões para que não o seja em absoluto.

A primeira é que as revoluções tecnológicas sucessivas, incluída a que está em curso, implicaram a crescente centralização do capital. A unidade mais eficaz para a produção de numerosos valores de uso chave (mas certamente não todos os valores de uso) é aquela que centraliza uma maior quantidade de produção destes valores: uma fábrica concebida para produzir dez automóveis ou dez computadores por ano não é competitiva (mas um advogado, um médico ou um pequeno gabinete não são menos eficazes que uma grande empresa que opera nestes sectores da actividade). Por isso, mesmo que baixasse sensivelmente a intensidade capitalista, a entrada na produção continuaria reservada aos que dispõem de um capital sempre considerável para adiantar (para a compra de equipamentos, a antecipação dos salários e a constituição das existências necessárias à de produção e à sua comercialização).

A segunda é que a continuação da revolução tecnológica exige investimentos de investigação cada vez mais importantes. Um trabalhador isolado ou um pequeno colectivo de trabalhadores, mesmo que bem qualificados, em geral não estão em condições de levar a cabo estas investigações. Aqui têm vantagem os centros capazes de concentrar capacidades de investigação mobilizando um grande número de investigadores: Estado e grandes empresas. Este elemento constitutivo do monopólio dos proprietários face à indigência dos outros (os proletários) exige hoje uma proporção do investimento total dos capitais necessária para a entrada na produção muito mais forte do que o era há cinquenta anos. É posto então em marcha o reforço deste monopólio de uma maneira cada vez mais sistemática por parte das legislações protectoras da propriedade intelectual e industrial, destinadas de facto a sobreproteger os oligopólios de produção.

A evolução das revoluções tecnológicas articula-se igualmente com a da qualificação do trabalho social exigido para a produção que abrangem.

As formas anteriores da produção não exigiam nenhuma qualificação particular à maioria dos trabalhadores – de facto, os operários das linhas de montagem foram desqualificados. As formas novas são, com frequência, muito mais exigentes. Pode dizer-se que o trabalhador mais qualificado desfruta de maior "liberdade" face ao capital que o emprega? Que beneficia ao menos de um poder de negociação melhor estabelecido? Sobre este tema existem muitas ilusões que é necessário dissipar. Em segmentos particulares, conjunturalmente, a força de trabalho qualificada pode marcar pontos e melhorar a sua capacidade negocial. Mas isso não impede os poderes públicos de prosseguirem o objectivo de criar a longo prazo um excedente adequado de oferta de trabalho. É frequente os empregados das empresas modernas ou os trabalhadores independentes encontrarem-se subempregados, continuando a depender na sua esmagadora maioria de quem os emprega.

Além disso, o frequente debilitamento da intensidade capitalista nas formas modernas de produção permite a melhoria da taxa de lucro, mantendo iguais as demais condições. Estendido à massa da população, quer esteja estagnada, quer em crescimento lento, o lucro tende a açambarcar uma porção crescente dos rendimentos líquidos. A tendência do sistema para produzir um excedente que a seguir não pode ser absorvido por investimentos dedicados à ampliação e aprofundamento do sistema produtivo (uma tendência forte do capitalismo moderno dos oligopólios, como mostrou Paul Sweezy, cuja análise compartilho) vê-se reforçada pela nova revolução tecnológica. Este desequilíbrio global está na origem da crise estrutural do capitalismo neoliberal contemporâneo, ou seja, da estagnação relativa que o caracteriza.

Este excedente pode ser absorvido de diferentes maneiras. Pode ser aplicado em despesas suplementares de esbanjamento social, como a manutenção de polícias privadas associadas à crescente desigualdade na repartição dos rendimentos, como sucede nos Estados Unidos. Mas poderia também sê-lo através de políticas de gastos sociais úteis (educação e saúde), que constituem então formas indirectas de reforço dos rendimentos dos trabalhadores (que permitem, aliás, o relançamento da procura e da produção) ou por meio dos gastos militares (a opção dos Estados Unidos).

Acresce ainda que as formas da globalização postas em marcha pelo neoliberalismo dominante permitem reproduzir e tornar mais profundas as assimetrias internacionais graves no acesso de uns e de outros ao excedente em questão. A este respeito escrevi (cf. Samir Amin, Le virus libéral, ed. Le Temps des Cerises, 2003, p. 129 e seguintes) que na actual conjuntura política marcada pela militarização da globalização e pela ofensiva hegemonista de Washington, o sistema funciona a favor dos Estados Unidos. que absorvem uma boa proporção do excedente gerado pelos demais, para o aplicar num reforço dos seus gastos militares.

Uma revolução tecnológica transforma sempre as formas concretas de organização do trabalho e, por conseguinte, a estrutura das classes dominadas.

Mas a revolução contemporânea não abriu um campo amplo à organização de redes horizontais de trabalhadores capazes, com isso, de se emanciparem, ao menos em parte, das exigências do capital dominante. As situações deste tipo são completamente marginais. Pelo contrário, a evolução dominante dos mercados de trabalho é caracterizada por um fraccionamento reforçado que dá ao capital uma margem de manobra para obter benefícios. A pauperização produzida por esta evolução expressa-se na crescente proporção de trabalhadores não estabilizados (desempregados, precários, informais) como demonstrei noutro lado (cf. Samir AminLe virus libéral, p. 35 e seguintes, ed. Le temps des Cerises, Paris 2003).

Todos estes fenómenos associados à revolução tecnológica contemporânea colocam a questão do futuro do capitalismo e do que implica a lógica dos seus desdobramentos para os trabalhadores e os povos.

Pela minha parte, parece-me que esta evolução põe em causa a legitimidade do capitalismo como sistema social civilizado e eficaz. O capitalismo obtinha a sua legitimidade do facto de o crescimento da produção exigir investimentos de capital cada vez mais maciços que somente os capitalistas podiam reunir. Estes assumiam um risco (cuja importância a teoria convencional sempre exagerou), davam empregos a uma mão-de-obra pouco qualificada, aceitando com isso a ideia de que os trabalhadores não eram capazes por si mesmos de assegurar a eficácia da produção. Quando os trabalhadores – organizados em sindicatos de massas, correspondentes à sua concentração em grandes unidades de produção – conseguem impor ao capital uma repartição estabilizada dos rendimentos líquidos (os salários que beneficiam de um crescimento igual ao da produtividade social do trabalho) e a conjuntura internacional favorece este compromisso social (por temor à competição comunista), a legitimidade do sistema sai reforçada.

As evoluções contemporâneas anularam amplamente estes fundamentos de legitimidade. Hoje existe uma maioria de trabalhadores qualificada (e com isso mais apta a organizar eficazmente a produção por si mesma), mas simultaneamente está mais debilitada face aos patrões. Os investimentos necessários para iniciar uma produção são menos importantes e estariam ao alcance de um possível colectivo se as instituições do Estado e da economia estivessem concebidas para tornar possível a realização dos projectos que são capazes de formular. Dito de outra maneira, o capitalismo como forma de organização social teve o seu tempo. Outras formas – socialistas – parecem, ao invés, em melhores condições de assegurar tanto a eficácia (e a redução do desperdício) como a justiça social e a equidade internacional. Mas as relações de produção capitalistas e as relações imperialistas sempre dominantes opõem-se aos avanços nas direcções necessárias para uma superação do capitalismo; e opõem-se a isso com una violência redobrada.

A minha análise põe a tónica nas contradições do sistema e na sua agudização. Este enfoque não é o que nos propõem os textos dominantes sobre a "revolução tecnológica".

Este ignorou, logo à partida, a lei do valor, substituindo-a pelo conceito superficial de "competitividade nos mercados". Mas este discurso da economia convencional é perfeitamente tautológico (porque a única produtividade que tem sentido é a do trabalho social) e por definição ignora até os efeitos da dominação do capital oligopolístico. Todos os autores que critiquei inserem-se na denominada corrente pós-modernista (Castells entre outros) e coíbem-se de abordar estas questões de método fundamentais, a ela aderindo sem por em dúvida a economia convencional.

O método do pós-modernismo (aqui penso particularmente em Castells e em Negri) pressupõe que a evolução do sistema (entre outros devido à revolução tecnológica em questão) já aboliu classes e nações, ou pelo menos está em vias de o fazer, e já fez do indivíduo" o sujeito directo e principal da história. Este retorno à ideologia plana do liberalismo – o discurso permanente do capitalismo sobre si mesmo – constitui precisamente o objecto central das minhas críticas. Expressas em termos de votos piedosos e de formulações "politically correct" (que Castells sempre se preocupou em não superar) estas visões evolucionistas dirigidas pelo economismo e pelo tecnologismo da ideologia dominante pressupõem que o capitalismo "se superará pacificamente por si mesmo". Eu mantenho-me nas posições do marxismo: se bem que as condições de outro sistema (superior) estejam bem reunidas por esta evolução, as contradições que ela agudiza (e não reduz!) só serão resolvidas pelas lutas através das quais se expressam. Por si próprio o capitalismo – superado objectivamente (e com isso digo senil) – não engendra uma nova sociedade, mas sim a pura barbárie.

Desmentem o realismo da minha análise a ofensiva generalizada dos poderes ao serviço do capital dominante e a militarização do imperialismo? Não brotará "outro mundo" da submissão à lógica dos desdobramentos do sistema e sim da luta decidida contra o mesmo.


Amazonino coloca Manaus a venda

Depois de o Neoliberalismo ter sucumbido com a crise americana de 2009 e hoje está sendo enterrado com a crise do euro no velho continente. O Prefeito de Manaus/AM Amazonino Mendes, tenta ressuscitar essa esdrúxula formula do capital de privatização, colocando a venda os espaços públicos como Mercados, Feiras, Praças e Parques Municipais do Município de Manaus.

A medida do Prefeito tem um objetivo muito claro. Dar ao grupo UAI Shopping, o controle desses espaços públicos para explorar por trinta anos ao seu bel prazer! A história recente desse tipo de medida dá conta que a principal vitima é o consumidor e os pequenos comerciantes que vão trabalhar para enriquecer mais esse grupo de usurpadores dos recursos do Município travestidos de investidores. Basta ver o que acontece com os comerciantes do Porto Privatizado, cujos faturamentos só dão para pagar o aluguel do ponto.

O Projeto do Prefeito Amazonino Mendes, é um verdadeiro esbulho! Uma maracutaia grosseira que ofende de morte a inteligência até do mais ridículo imbecil. A população de Manaus precisa urgente dá um grito de indignação contra essa infâmia que Amazonino e os Vereadores querem aplicar no Município de Manaus e seu povo!

quinta-feira, 28 de julho de 2011

AS NUVENS DO HORIZONTE PRÓXIMO: DEMOCRATIZAÇÃO OU DITADURAS IMPERIALISTAS?

O fato de vivermos em sociedades que se dizem democráticas não significa a afirmação de nossos laços com o modelo político dos gregos antigos. Nossos laços mais fortes não estão na Grécia e sim na Roma Antiga, onde a democracia, por conta da falta de acordo entre patrícios (elite) e plebeus (massa popular), acabou não prosperando. Nesse sentido, a instauração da república não foi um avanço, mas sim uma tentativa de retrocesso. Os patrícios, ao instituírem o governo da coisa pública, afastaram os perigos da crescente identificação dos monarcas com a plebe, ou seja, agiram para impedir que a coisa pública fosse dividida com aqueles que a elite teimava em deixar excluídos das benesses da civilização.

Somente com a pressão política vinda de baixo e que ameaçava implodir o modelo, os patrícios foram fazendo concessões progressivas que diminuíram a extrema desigualdade política entre patrícios e plebeus, apesar da permanência dessa desigualdade no campo econômico, fato que resultou na crescente favelização da capital e na adoção da Política do Pão e do Circo como válvula de escape da elevada pressão social sobre os governantes. Quem pensa que estamos avançando no processo de afirmação da democracia está muito enganado. Na verdade, nos dias atuais, estamos muito próximos da instauração de um modelo imperial ainda mais global do aquele que Otávio Augusto instaurou na Roma Antiga.

Botemos nossas barbas de molho! A elite global, diante da crescente pressão por mais democracia no mundo, poderá reagir não com concessões, mas com o financiamento de novos ditadores, ou seja, com a crescente militarização do poder estatal! Passos nesse sentido estão sendo dados todos os dias, mas a massa de hoje, tal como a do passado, continua sendo anestesiada com as migalhas e o entretenimento gerados propositadamente pela matrix capitalista global, ou seja, pela política do pão e do circo da atualidade!

Ainda o fundamentalismo - Por Leonardo Boff

Por Leonardo Boff

O ato terrorista perpetrado na Noruega de forma calculada por um extremista norueguês de 32 anos, trouxe novamente à baila a questão do fundamentalismo. Os governos ocidentais e a mídia induziram a opinião pública mundial a associar o fundamentalismo e o terrorismo quase que exclusivamente a setores radicais do Islamismo. Barack Obama dos USA e David Cameron do Reino Unido se apressaram em solidarizar-se com governo da Noruega e reforçaram a idéia de dar batalha mortal ao terrorismo, no pressuposto de que seria um ato da Al Qaeda. Preconceito. Desta vez era um nativo, branco, de olhos azuis, com nivel superior e cristão, embora o The New York Times o apresente “sem qualidades e fácil de se esquecer”.

Além de rejeitar decididamente o terrorismo e o fundamentalismo devemos procurar entender o porquê deste fenômeno. Já abordei algumas vezes nesta coluna tal tema que resultou num livro “Fundamentalismo,Terrorismo, Religião e Paz: desafio do século XXI”(Vozes 2009). Ai refiro, entre outras causas, o tipo de globalização que predominou desde o seu início, uma globalização fundamentalmente da economia, dos mercados e das finanças. Edgar Morin a chama de “idade de ferro da globalização”. Não se seguiu, como a realidade pedia, uma globalização política (uma governança global dos povos), uma globalização ética e educacional. Explico-me: com a globalização inauguramos uma fase nova da história do Planeta vivo e da própria humanidade. Estamos deixando para trás os limites restritos das culturas regionais com suas identidades e a figura do estado-nação para entrarmos cada vez mais no processo de uma história coletiva, da espécie humana, com um destino comum, ligado ao destino da vida e, de certa forma, da própria Terra. Os povos se puseram em movimento, as comunicações colocaram todos em contacto com todos e multidões, por distintas razões, começar a circular pelo mundo.

Esta transição não foi preparada, pois o que vigorava era o confronto entre duas formas de organizar a sociedade: o socialismo estatal da União Soviética e o capitalismo liberal do Ocidente. Todos deviam alinhar-se a uma destas alternativas. Com o desmonte da União Soviética, não surgiu um mundo multipolar mas o predomínio dos EUA como a maior potência econômico-militar que começou a exercer um poder imperial, fazendo que todos se alinhassem a seus interesses globais. Mais que globalização em sentido amplo, ocorreu uma espécie de ocidentalização mundo. Ela funcionou como um rolo compressor, passando por cima de respeitáveis tradições culturais. Isso foi agravado pela típica arrogância do Ocidente de se sentir portador da melhor cultura, da melhor ciência, da melhor religião, da melhor forma de produzir e de governar.

Essa uniformização global gerou forte resistência, amargura e raiva em muitos povos. Assistiam a erosão de sua identidade e de seus costumes. Em situações assim surgem, normalmente, forças identitárias que se aliam a setores conservadores das religiões, guardiães naturais das tradições. Dai se origina o fundamentalismo que se caracteriza por conferir valor absoluto ao seu ponto de vista. Quem afirma de forma absoluta sua identidade, está condenado a ser intolerante para com os diferentes, a desprezá-los e, no limite, a eliminá-los.

Este fenômeno é recorrente em todo o mundo. No Ocidente grupos significativos de viés conservador se sentem ameaçados em sua identidade pela penetração de culturas não-européias, especialmente do Islamismo. Rejeitam o multiculturalismo e cultivam a xenofobia. O terrorista norueguês estava convencido de que a luta democrática contra a ameaça de estrangeiros na Europa estava perdida. Partiu então para uma solução desesperada: colocar um gesto simbólico de eliminação de “traidores” multiculturalistas.

A resposta do Governo e do povo norueguês foi sábia: responderam com flores e com a afirmação de mais democracia, vale dizer, mais convivência com as diferenças, mais tolerância, mais hospitalidade e mais solidariedade. Esse é o caminho que garante uma globalização humana, na qual será mais difícil a repetição de semelhantes tragédias.

Leonardo Boff é autor de “Virtudes de um outro mundo possivel” 3 tomos, Vozes 2008-2009.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Privatização não é sempre solução

Heitor Scalambrini Costa
Professor da Universidade Federal de Pernambuco

Passados quase 20 anos desde o inicio das privatizações das distribuidoras de energia elétrica, já se pode fazer um balanço do que foi prometido; e realmente do que esta ocorrendo no país, com um primeiro semestre batendo recorde em falhas no fornecimento de energia elétrica em diversas regiões metropolitanas.

Desde então a distribuição elétrica é operada pela iniciativa privada. As distribuidoras gerenciam as áreas de concessão com deveres de manutenção, expansão e provimento de infraestrutura adequada, tendo sua receita advinda da cobrança de tarifas dos seus clientes.

A tão propalada privatização do setor elétrico nos anos 90, foi justificada como necessária para a modernização e eficientização deste setor estratégico. As promessas de que o setor privado traria a melhoria da qualidade dos serviços e a modicidade tarifaria, foram promessas enganosas. Os exemplos estão ai para mostrar que não necessariamente a gestão do setor privado é sempre superior ao do setor público.

Desde 2006 é verificado na maioria das empresas do setor uma tendencia declinante dos indicadores de qualidade dos serviços com sua deterioração, refletindo negativamente para o consumidor. A parcimônia da Agencia Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ante a decadência da prestação dos serviços é evidente. Criada no âmbito da reestruturação do setor elétrico para intermediar conflitos, acabou virando parte deles. A Aneel é cada vez mais questionada na justiça tanto por causa dos blecautes que ocorrem, já que não fiscalizam direito as prestadoras de serviço que acabam fazendo o que querem, como é questionada pelos reajustes tarifários.

Esta falta de fiscalização ilustra a constrangedora promiscuidade entre interesses públicos e privados dando o tom da vida republicana no Brasil. Os gestores da Aneel falam mais do que fazem.

O exemplo mais recente e emblemático no setor elétrico é a da empresa AES Eletropaulo, com 6,1 milhões de clientes, que acaba de receber uma multa recorde de R$ 31,8 milhões (não significa que pagará devido a expectativa de que recorra da punição, como acontece em quase todas as multas), por irregularidades detectadas como o de não ressarcimento a empresas e cidadãos por apagões, obstrução da fiscalização e falhas generalizadas de manutenção. A companhia de energia foi punida por problemas em 2009 e 2010, e devido aos desligamentos ocorridos no inicio do mês de junho, quando deixou as famílias da capital paulista e região metropolitana ficarem três dias no escuro.

O que aconteceu na capital paulista, não é exclusivo. Outras distribuidoras colecionam queixas de consumidores em todo o Brasil. Vejam o caso da Light, com 4 milhões de clientes, presidida por um ex-diretor geral da Aneel, com os famosos “bueiros voadores”, cuja falta de manutenção cronica tem colocado em risco a vida dos moradores da cidade do Rio de Janeiro.

A Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), com 3,1 milhões de clientes, controlada pela Neoenergia, uma das maiores empresas do setor elétrico do país, também é outra das distribuidoras que tem feito o consumidor sofrer pela baixa qualidade da energia elétrica entregue, e pelas altas tarifas cobradas.

Infelizmente a cada apagão e a cada aumento nas contas de energia elétrica, as explicações são descabidas, e os consumidores continuam a serem enganados pelas falsas promessas de melhoria na qualidade dos serviços, de redução de tarifas e de punição as distribuidores. O que se verifica de fato, somente são palavras ao léu, sem correção dos rumos do que esta realmente malfeito. A lei não pode mais ser para inglês ver, tem de ser real, e assim proteger os consumidores.

Mostrar firmeza e compromisso público com a honestidade e com a eficiência é o minimo que se espera dos gestores do setor elétrico brasileiro.

Os desafios de um planeta com sete bilhões de habitantes

Batalha de ideias 

Swissinfo - [Samuel Jaberg] Nosso planeta está super lotado? Quantas pessoas ele ainda é capaz de suportar? Podemos realmente falar da população mundial? Algumas respostas com o demógrafo suíço Philippe Wanner.

Durante o século XX, a população mundial explodiu de 1,6 bilhões em 1900 para 6,1 bilhões em 2000. O crescimento deverá continuar durante todo o século XXI.

O fenômeno da transição demográfica não deve acontecer tão rapidamente como o esperado em algumas partes do globo. Segundo as projeções da ONU, em 2011, oficialmente no dia 31 de outubro, seremos 7 bilhões a morar no planeta.

Na primeira parte da entrevista concedida à swissinfo.ch, o demógrafo suíço Philippe Wanner, professor da Universidade de Genebra, destaca a dificuldade em prever a evolução da população mundial.

swissinfo.ch: No dia 31 de outubro de 2011, a Terra irá cruzar o limiar simbólico dos 7 bilhões de habitantes, de acordo com as projeções feitas pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). Devemos comemorar ou ficar preocupados com esta data?

Philippe Wanner: É uma boa notícia, porque esse cabo é o resultado de uma série de conjunções favoráveis: a diminuição da mortalidade infantil, por um lado, e o aumento da esperança de vida, do outro. Em todas as idades, o número de sobreviventes cresce, eu considero isso um acontecimento positivo.

swissinfo.ch: Em um relatório datado de 2008, a ONU previu que a população mundial atingirá um pico de 9 bilhões em 2050, antes de se estabilizar. Em maio deste ano ela lançou um novo relatório prevendo um pico da população para 10,1 bilhões em 2100. O que explica esta mudança súbita?

PW: É muito difícil prever as mudanças demográficas, particularmente no contexto de fertilidade muito elevada. Um ou dois nascimentos a mais por mulher é suficiente para causar um efeito multiplicador em três ou quatro gerações. As Nações Unidas têm levado em conta as novas tendências, que incluem um lento declínio da fecundidade em alguns países como o Níger. Isso explica a diferença na projeção em apenas três anos de intervalo.

swissinfo.ch: Prever o futuro do número de pessoas na Terra é, então, semelhante à ficção científica.

PW: Absolutamente. Especialmente porque não conhecemos em detalhe a população mundial atual. Falamos de cerca de 7 bilhões de pessoas, mas será que não somos mais de 6,5 ou 7,5 bilhões? É impossível dizer. Alguns países como o Afeganistão e o Kosovo não realizam o censo desde 1980. Na África subsaariana, não só o número de nascimentos futuro é um mistério, mas não sabemos a tendência da mortalidade dessas crianças. Quantos sobreviventes restarão e quantos terão filhos? Esta pergunta permanece sem resposta até agora.

Philippe Wanner, especialista em demografia

swissinfo.ch: Passando esta barra simbólica dos sete bilhões de pessoas, o espectro da superpopulação ressurgiu novamente. Quantas pessoas a Terra pode suportar?

PW: Também é impossível responder a esta pergunta. É o comportamento das pessoas que determina a capacidade do planeta em suportar este crescimento da população. Se todas as pessoas do planeta consumissem da mesma maneira que os chineses e mexicanos, seria possível suportar uma carga de 10 ou mesmo 15 bilhões de indivíduos. Mas se os 7 bilhões se comportarem como os americanos, as restrições em termos de recursos disponíveis e os impactos ambientais seriam muito grandes.

É interessante notar que o debate sobre a carga demográfica sempre esteve relacionado com questões alimentares e a capacidade do planeta em alimentar a população. Hoje, ele se concentra mais sobre o impacto ambiental decorrente desta população no planeta. Um conceito muito mais limitado, uma vez que o aumento da produtividade não desempenha o mesmo papel.

swissinfo.ch: Platão e Aristóteles já recomendavam aos Estados que regulassem estritamente a taxa da natalidade. O que determina o nosso grau de preocupação com relação a esse sentimento de invasão?

PW: Na discussão sobre a superpopulação, vem imediatamente à mente a imagem de megacidades como Tóquio, com seus fluxos constantes de seres humanos e trens lotados. Mas essa densidade é enganosa. Na África, tendo em conta o número de habitantes por quilômetro quadrado, é mais uma situação de subpopulação. Alguns acreditam que o crescimento populacional seria positivo porque permitiria produzir mais.

O debate em torno da superpopulação começou em 1800 com Malthus e a observação do crescimento demográfico. O homem é por natureza conservador. Hoje, há um bilhão de pessoas a mais do que em 1999. O reflexo humano é o de ter medo deste crescimento. Mas, cientificamente, não é possível determinar se esse crescimento é bom ou ruim.

swissinfo.ch: As realidades são muito distintas de um país e de uma região para outra. A população africana poderá triplicar em um século, chegando a 3,6 bilhões de habitantes, enquanto que a Rússia está em processo de despovoamento. Podemos realmente falar de uma população mundial?

PW: Não, essa noção é completamente irrelevante. Além das realidades mencionadas, há uma outra realidade fundamental: a migração. A Europa vai ser despovoada, é uma certeza, enquanto que a Ásia não consegue, atualmente, controlar seu crescimento populacional. Este século está marcado por muitos desequilíbrios demográficos significativos. Quando se tem, de um lado, uma pressão demográfica muito alta e, de outro, uma grande falta de mão-de-obra, a migração é inevitável.

MLST - A Marcha da Reforma Agrária do século XXI



A Marcha da Reforma Agrária do século XXI é de todas as pessoas que lutam para acabar com a fome e a miséria no Brasil. É a Marcha da confraternização dos que trabalham no campo e na cidade pela democratização da terra, para produzir alimentos saudáveis livres de agrotóxicos, pela soberania alimentar, para avançar na transformação social do país.

Saída: 21 de Agosto de 2011
212 km de caminhada desde a cidade de Goiânia rumo à Brasília
Chegada: 7 de setembro

SAIBA MAIS -
Website: www.marchaseculo21.com.br
Twitter: @marchamlst21
Facebook: marcha.mlst


O modelo de reforma agrária do século XX foi superado, porque o seu principal inimigo não é mais o velho latifúndio improdutivo e sim o agronegócio que continua comprando terras baratas e articula poderosos interesses econômicos, políticos e sociais, para combater a reforma agrária. Utiliza seus representantes no Parlamento, Judiciário na burocracia estatal para impedir o cumprimento da Função Social da Terra e comanda a mídia na criminalização dos movimentos sociais e seus parceiros.

No último período, o agronegócio ganhou um destaque nacional por se apresentar como grande produtor do meio rural e pelo superávit da Balança Comercial Brasileira. Esse modelo foi responsável pela crise alimentar que ocorreu em 2008 e que tem reflexo direto na mesa do trabalhador com o aumento do preço do alimento. Hoje o processo de financeirização em forma de commodities vem colocando em risco a segurança e a soberania alimentar e nutricional, do nosso povo.

O Relatório da ONU sobre "A agroecologia e o direito à alimentação", mostra que a produção agrícola camponesa pode dobrar a produção de alimentos em áreas críticas por meio do uso de práticas agroecológicas. Segundo dados da FAO, o mundo produz hoje alimentos para 8 bilhões de habitantes. Então por que temos mais de 1 bilhão de pessoas sem acesso ao alimento?

No Brasil cerca de 800 mil pessoas são intoxicadas por agrotóxicos todo ano, no mundo são mais de 120 milhões. Mais de 12 mil por ano morrem no Brasil em decorrência do uso dos agrotóxicos, no mundo são mais de 1 milhão e 200 mil mortes. Cada brasileiro consome por ano 3,9 litros de veneno, através da alimentação.

A agricultura química é incompatível com a idéia de segurança e soberania alimentar e nutricional, porque ela busca o máximo de produtividade, mas não garante a estabilidade da produção por causa da degradação ambiental que ela provoca.

É fundamental tornar público os importantes avanços das experiências das mulheres e dos jovens na produção dos alimentos agroecológicos e seus resultados na garantia da segurança alimentar e nutricional com a diversificação e qualidade dos produtos.

O Programa Brasil Sem Miséria do Governo da Presidenta Dilma Rousseff tem três eixos de ações: transferência de renda; acesso a serviços públicos e inclusão produtiva. Nesse sentido, os assentamentos de reforma agrária, a agricultura familiar e comunitária, junto com os pequenos produtores rurais cumprem um papel estratégico para alcançar esse objetivo e avançar na transformação social do País.

A Marcha da Reforma Agrária do século XXI é de todas as pessoas que lutam para acabar com a fome e a miséria no Brasil. É a Marcha da confraternização dos que trabalham e lutam no campo e na cidade pela democratização da terra para produzir alimentos saudáveis livres de agrotóxicos.


Marchamos pela Soberania Alimentar: sementes crioulas; autonomia da produção; quintais produtivos; economia solidária; praticas conservadoras do solo e manejo ecológico dos recursos naturais e o circuito curto de comercialização. A agricultura familiar-comunitária é a guardiã da genética animal e vegetal. Quem tem a semente tem a vida.

Marchamos pela construção de Acampamentos Produtivos, Assentamentos Inteligentes e a Empresa Agrícola Comunitária, pela criação de Pólos de Desenvolvimento do campo brasileiro, gerando milhões de postos de trabalho, onde o ser humano será o empreendedor comunitário e não apenas um vendedor de sua força de trabalho.

Por tudo isso, Aperte a Mão de Quem o Alimenta porque os trabalhadores e trabalhadoras rurais são responsáveis por 70% da produção de alimentos básicos da mesa do brasileiro; porque representa 74,4% da mão-de-obra do campo; porque desenvolve o comércio local; porque produz alimentos preservando o meio ambiente; porque diversifica sua produção; porque democratiza o acesso a terra.

Goiânia/GO, 30 de junho de 2011.

Nome: Curt Trennepohl – Presidente do IBAMA. Função: Falar asneiras. 26. JUL, 2011 SEM COMENTÁRIOS

Quando assumiu a presidência do IBAMA no começo desse ano,  Curt Trennepohl disse em entrevista a revista Exame que, em relação ao licenciamento da Hidrelétrica Belo Monte, faria o que a lei manda, analisando o impacto ambiental sem paixão e sem ater-se à questões de conveniência ou oportunidade. Pouco tempo depois, o Órgão concedeu uma Licença Parcial para instalação do canteiro de obras da usina, o que fez com que entidades reagissem, afirmando que a Licença Parcial não existe dentro do direito ambiental brasileiro.

Já era de se esperar que após a renúncia de Abelardo Azevedo, que não cedeu as pressões do governo para conceder o licenciamento a Belo Monte, o novo presidente do IBAMA seria bem menos rígido, e que abaixaria a cabeça diante da pressão. Foi o que então fez Curt Trennepohl, fazendo seu papel e concedendo a licença.

Curt Trennepohl é advogado e, antes de assumir a presidência do IBAMA, ocupou vários cargos dentro do órgão desde 1990, e sempre foi considerado um excelente técnico, e uma autoridade em direito ambiental. Apesar de ter jogado metade de sua reputação fora com a concessão do licenciamento da Belo Monte, o presidente do IBAMA parece não ter ligado muito, tendo jogado o restante de reputação que tinha após conceder entrevista ao programa 60 Minutes, da TV Australiana.


Perguntado pela jornalista Allison Langdon se seu trabalho não era cuidar do meio ambiente, o presidente do IBAMA afirmou que não, que seu trabalho é minimizar os impactos. A jornalista australiana foi mais incisiva e questionou Curt Trennepohl sobre quem cuida do Meio Ambiente no Brasil se o órgão responsável por isso não o faz. O renomado técnico se limita, porém, a responder que o problema é o que o Brasil precisa de energia.

Curt Trennepohl ainda afirma que nenhuma tribo indígena será atingida, e que nenhum rio secará. Me parece que o presidente do IBAMA desconhece a realidade do projeto de Belo Monte, e que a estimativa é de que 20 mil pessoas terão que mudar-se da área da construção da hidrelétrica, além de que cerca de 100 km de rio irão secar.

Como sabemos, a pior parte de uma entrevista aparece quando a câmera é desligada ou retirada do local, mas por sorte, nesse caso, o microfone não foi, e essa foi a pior parte da entrevista de Trennepohl ao 60 Minutes australiano:

Curt Trennepohl: Vocês têm os aborígenes na Austrália e não os respeitam.

Allison Langdon: Então você vai fazer com os indígenas o que nós fizemos com os aborígenes?

Curte Trennepohl: Sim, sim.

Allison Langdon: Você vai?

Curt Trennepohl: Sim.

Um pouco de história

Em meados dos anos 1900, com a Austrália já independente da Inglaterra, a discriminação racial contra qualquer indivíduo que não fosse de ascendência inglesa continuava. Entre 1910 e 1970, o governo da Austrália retirou cem mil crianças aborígenas – a maioria de pele clara – dos pais e internou-as em centros educativos para incutir nelas a cultura ocidental. Os australianos chamam de “geração roubada” a essas crianças.

Por volta de 1965, a população de aborígenes puros chegava a pouco mais de quarenta mil, pois foram massacrados pelos colonizadores e expulsos das terras produtivas, migrando para regiões desérticas ou para o norte da Austrália. Os soldados ingleses visitavam localidades aborígenes oferecendo presentes, artefatos e outras coisas de interesse da aldeia. E a festa acontecia, enquanto outros soldados envenenavam com arsênico a comida e toda a água potável que eles tinham. Vilas inteiras aborígenes foram dizimadas pelo uso de arsênico. (fonte: Wikipédia)

Função: Falar asneiras

O peso das declarações do presidente do IBAMA tem que ser mensurado, ele deve explicações sobre suas palavras e, se cabível, dever ser responsabilizado. Trennepohl foi preconceituoso e, de certa forma, incitou a violência contra os povos indígenas, ao afirmar que faria a mesma coisa que os australianos fizeram com os aborígenes.

A sociedade brasileira não pode ficar calada diante das atrocidades ditas pelo presidente do IBAMA, devemos lhe cobrar explicações, e cobrar dos órgãos competentes que responsabilize o Senhor Curt Trennepohl por suas palavras.

Pedimos que divulguem essa notícia em suas redes, para seus amigos, é importante que o cidadão brasileiro saiba quem o está representando.

Fonte: E esse tal Meio Ambiente


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