Por E esse tal Meio Ambiente - No primeiro dia deste ano eu estava em uma cidade litorânea aqui do Rio Grande do Sul, onde uma amiga tem casa, quando encontrei uma loja dessas que vendem revistas, mas a loja não vendia apenas revistas. Havia muitos livros lá, e o melhor: todos muito baratos! Eu estava com pouco dinheiro, mas acabei levando dois livros que me chamaram a atenção, e é sobre um deles que quero falar aqui. O livro se chama Inabalável: memórias. Eu sei que não é justo julgar um livro pela capa, mas, como sou um grande apreciador do visual, confesso que a capa do livro me atraiu por ter um design limpo e icônico, apesar de as mãos desenhadas na capa me remeterem às mãos segurando uma maçã na capa do livro Crepúsculo. Após ler a orelha do livro, percebi que se tratava de uma autobiografia que merecia ser lida.
Capa do livro "Inabalável: memórias" |
A autora da autobiografia é Wangari Maathai – talvez você reconheça este nome – uma ativista política, feminista e ambientalista do Quênia. Em seu livro, a autora conta sobre sua vida desde antes de nascer, resgatando a história cultural de seu povo, os quicuios – um dos 42 grupos étnicos do Quênia. Em suas memórias, Maathai, nascida em 1940, conta como conseguiu ter uma educação formal, mesmo que muitas meninas de sua época não frequentassem a escola; seus estudos com os católicos missionários, sua formação como bacharel em Ciências e mestre em Biologia nos Estados Unidos, até a continuidade de sua formação acadêmica no pós-doutorado e o trabalho como professora universitária. Wangari Maathai foi a primeira mulher da África Oriental e da África Central a concluir um curso de doutorado e a dirigir um departamento de uma universidade no Quênia.
Mas não são os detalhes acadêmicos (embora eu os adore) que mais chamam atenção na história da vida de Maathai. No livro, ela conta os motivos políticos e pessoais que a levaram a fundar o Movimento Cinturão Verde, em 1977. O movimento, que consiste em incentivar mulheres do campo a plantar árvores em suas aldeias e a construir viveiros de mudas – um trabalho remunerado – se difundiu pelo Quênia e posteriormente por outros países da África, colaborando com a recuperação de florestas nativas do continente.
Wangari Maathai, vítima do câncer, morreu em setembro de 2011, aos 71 anos. |
No entanto, o movimento não se manteve nas causas ambientais. Maathai sabia que o descaso com o ambiente era um problema ligado às políticas públicas de um governo corrupto; por isso, ela fez do movimento uma ampla campanha pela democracia no Quênia. A luta da ativista pela democracia fez com que ela fosse para a cadeia várias vezes, mas quando um novo governo assumiu o poder em 2002, Maathai foi eleita para o Parlamento e, posteriormente, escolhida como ministra assistente do Meio Ambiente.
Wangari Maathai foi vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 2004 e recomendo sua história de vida contada por ela mesma no livro Inabalável: memórias, de 2007. A humildade com que Maathai conta sobre sua trajetória não inibe a expressão de sua inteligência e cada palavra me seduziu a querer saber mais sobre essa incrível mulher e sobre o seu povo. Antes de encerrar, conforme me foi solicitado no final do livro, divulgo aqui o trabalho do Movimento Cinturão Verde, que você pode verificar através do site www.greenbeltmovement.org. Espero que muitas pessoas possam se inspirar pelas ações de Maathai para contribuir com um mundo mais justo e sustentável.
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