quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Cúpula dos Povos: economia verde levará o planeta ao colapso


Por E esse tal Meio Ambiente - Se você é um leitor que nos acompanha, tenho certeza que já tem ideia do que se trata a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que acontecerá em junho, na cidade do Rio de Janeiro. O evento reunirá líderes de estado, de empresas e sociedade civil para discutir os rumos da economia em direção a um desenvolvimento mais sustentável, o que é chamado de economia verde. Há, porém, diversas críticas ao modelo proposto para discussão no evento. A principal delas ao documento base, o Rascunho Zero, que pauta a questão dessa economia verde.

Porém, além da conferência oficial da ONU, acontecem diversos outros eventos paralelos. O mais importante deles é a Cúpula dos Povos, que ocupará o Aterro do Flamengo, há alguns quilômetros do Rio Centro, onde ocorrerá a Rio+20, e contará com a participação de milhares de pessoas de todo o Planeta. A proposta da Cúpula é um contraponta ao que deverá ser discutido no evento oficial. O conceito da economia verde é criticado na medida em que ele não é suficientemente eficaz para combater os problemas que enfrentamos hoje – muito menos os que enfrentaremos no futuro. Na verdade, o que se vê é que essa economia verde nada mais é do que uma nova roupagem ao modelo econômico atual.

Diversas organizações sociais, do Brasil e de todo o mundo, compõem a Cúpula dos Povos, representando diversos segmentos do movimento social. Estas organizações estiveram juntas no Fórum Social Temático, no final de janeiro, no Rio Grande do Sul, e saíram de lá com uma proposta contrária a agenda da ONU. Para Fátima Mello, membro do Comitê Facilitador da Sociedade Civil para a Rio+20, a economia verde levará o planeta ao colapso. Segunda ela, esse conceito “coloca toda a crença de que o mundo será salvo pelas novas tecnologias, que a tecnologia salvará o mundo. Isso é uma mentira. As novas tecnologias podem aprofundar as desigualdades no mundo se forem conduzidas do jeito que estão sendo, pelos interesses das grandes corporações. Essa é a nossa primeira crítica, contundente, às propostas de economia verde dominantes“.

Fátima Mello defende ainda que é necessários olhar os recursos naturais como um bem comum e que a sua financeirização não será o caminho para uma justiça ambiental. Essa, só será alcançada, através de uma mudança severa nos sistemas de produção e consumo, na economia e no acúmulo de riquezas. O sistema econômico como hoje conhecemos está em crise e ele é insustentável em todos os pontos. Mudanças terão de realizadas. E e essa uma das principais questões da Cúpula dos Povos: discutir mudanças que serão necessárias para o equilíbrio do Planeta e justiça ambiental.

Para não termos dúvidas, reproduzo aqui um texto da plataforma: Cúpula dos Povos: o que é e o que não é.

A Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, contra a mercantilização da vida e em defesa dos bens comuns, é:
  1. Um evento a ser realizado entre 15 e 23 de junho de 2012 no Aterro do Flamengo (Rio de Janeiro), organizado por entidades da sociedade civil brasileira e internacional.
  2. Um contraponto à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (UNCSD) – a Rio+2o oficial –, com críticas ao modo como os governos têm tratado as questões socioambientais e com propostas para evitar um colapso global.
  3. Um evento paralelo e independente da Rio+20 oficial.
  4. Crítica ao conceito de economia verde, palavra-chave da conferência oficial da ONU. A organização da Cúpula considera esse conceito insatisfatório para lidar com a crise do planeta, causada pelos modelos de produção e consumo capitalistas.
  5. Uma oportunidade de tratar dos problemas enfrentados pela humanidade de forma efetiva.
  6. Demonstração da força política dos povos organizados.
  7. Um espaço de experimentação e visibilização concreta das práticas que queremos ver no mundo.“
  8. Anticapitalista, classista, antirracista, antipatriarcal e anti-homofóbica.
  9. Um chamado para reinventar o mundo.
  10. Um evento dos e para os povos.
  11. Um espaço sem presença de corporações.
  12. Uma afirmação do direito aos bens comuns.
  13. Uma referência ao Fórum Global, evento organizado pela sociedade civil que aconteceu durante a Eco 92, a Cúpula da Terra, também no Aterro do Flamengo.
  14. Parte de um processo de acúmulos históricos e convergências das lutas locais, regionais e globais.
A Cúpula dos Povos não é:
  1. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (UNCSD). Ou seja, a Cúpula dos Povosnão é a Rio+20 oficial, organizada pela ONU.
  2. Ligada à Rio+20 oficial ou à Organização das Nações Unidas, de qualquer forma. Algumas organizações presentes na Cúpula também têm cadeiras na conferência oficial, mas o evento é em si autônomo e independente.
  3. Um espaço de corporações ou de mercantilização da natureza.
  4. Um lugar de falsas soluções, mas de soluções já criadas pelos povos para os problemas vividos hoje no planeta.
  5. Intergovernamental, mas internacional.
  6. Uma reafirmação da economia verde como solução para o desenvolvimento sustentável – ao contrário.
  7. Mais do mesmo.
Vamos acompanhar as discussões e deixá-los informado. Nos juntamos à estas organizações ao dizer: não à financeirização da natureza, não a ‘economia verde’.

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