Por E esse tal Meio Ambiente - Se você é um leitor que nos acompanha, tenho certeza que já tem ideia do que se trata a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que acontecerá em junho, na cidade do Rio de Janeiro. O evento reunirá líderes de estado, de empresas e sociedade civil para discutir os rumos da economia em direção a um desenvolvimento mais sustentável, o que é chamado de economia verde. Há, porém, diversas críticas ao modelo proposto para discussão no evento. A principal delas ao documento base, o Rascunho Zero, que pauta a questão dessa economia verde.
Porém, além da conferência oficial da ONU, acontecem diversos outros eventos paralelos. O mais importante deles é a Cúpula dos Povos, que ocupará o Aterro do Flamengo, há alguns quilômetros do Rio Centro, onde ocorrerá a Rio+20, e contará com a participação de milhares de pessoas de todo o Planeta. A proposta da Cúpula é um contraponta ao que deverá ser discutido no evento oficial. O conceito da economia verde é criticado na medida em que ele não é suficientemente eficaz para combater os problemas que enfrentamos hoje – muito menos os que enfrentaremos no futuro. Na verdade, o que se vê é que essa economia verde nada mais é do que uma nova roupagem ao modelo econômico atual.
Diversas organizações sociais, do Brasil e de todo o mundo, compõem a Cúpula dos Povos, representando diversos segmentos do movimento social. Estas organizações estiveram juntas no Fórum Social Temático, no final de janeiro, no Rio Grande do Sul, e saíram de lá com uma proposta contrária a agenda da ONU. Para Fátima Mello, membro do Comitê Facilitador da Sociedade Civil para a Rio+20, a economia verde levará o planeta ao colapso. Segunda ela, esse conceito “coloca toda a crença de que o mundo será salvo pelas novas tecnologias, que a tecnologia salvará o mundo. Isso é uma mentira. As novas tecnologias podem aprofundar as desigualdades no mundo se forem conduzidas do jeito que estão sendo, pelos interesses das grandes corporações. Essa é a nossa primeira crítica, contundente, às propostas de economia verde dominantes“.
Fátima Mello defende ainda que é necessários olhar os recursos naturais como um bem comum e que a sua financeirização não será o caminho para uma justiça ambiental. Essa, só será alcançada, através de uma mudança severa nos sistemas de produção e consumo, na economia e no acúmulo de riquezas. O sistema econômico como hoje conhecemos está em crise e ele é insustentável em todos os pontos. Mudanças terão de realizadas. E e essa uma das principais questões da Cúpula dos Povos: discutir mudanças que serão necessárias para o equilíbrio do Planeta e justiça ambiental.
Para não termos dúvidas, reproduzo aqui um texto da plataforma: Cúpula dos Povos: o que é e o que não é.
A Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, contra a mercantilização da vida e em defesa dos bens comuns, é:
- Um evento a ser realizado entre 15 e 23 de junho de 2012 no Aterro do Flamengo (Rio de Janeiro), organizado por entidades da sociedade civil brasileira e internacional.
- Um contraponto à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (UNCSD) – a Rio+2o oficial –, com críticas ao modo como os governos têm tratado as questões socioambientais e com propostas para evitar um colapso global.
- Um evento paralelo e independente da Rio+20 oficial.
- Crítica ao conceito de economia verde, palavra-chave da conferência oficial da ONU. A organização da Cúpula considera esse conceito insatisfatório para lidar com a crise do planeta, causada pelos modelos de produção e consumo capitalistas.
- Uma oportunidade de tratar dos problemas enfrentados pela humanidade de forma efetiva.
- Demonstração da força política dos povos organizados.
- “Um espaço de experimentação e visibilização concreta das práticas que queremos ver no mundo.“
- Anticapitalista, classista, antirracista, antipatriarcal e anti-homofóbica.
- Um chamado para reinventar o mundo.
- Um evento dos e para os povos.
- Um espaço sem presença de corporações.
- Uma afirmação do direito aos bens comuns.
- Uma referência ao Fórum Global, evento organizado pela sociedade civil que aconteceu durante a Eco 92, a Cúpula da Terra, também no Aterro do Flamengo.
- Parte de um processo de acúmulos históricos e convergências das lutas locais, regionais e globais.
A Cúpula dos Povos não é:
- A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (UNCSD). Ou seja, a Cúpula dos Povosnão é a Rio+20 oficial, organizada pela ONU.
- Ligada à Rio+20 oficial ou à Organização das Nações Unidas, de qualquer forma. Algumas organizações presentes na Cúpula também têm cadeiras na conferência oficial, mas o evento é em si autônomo e independente.
- Um espaço de corporações ou de mercantilização da natureza.
- Um lugar de falsas soluções, mas de soluções já criadas pelos povos para os problemas vividos hoje no planeta.
- Intergovernamental, mas internacional.
- Uma reafirmação da economia verde como solução para o desenvolvimento sustentável – ao contrário.
- Mais do mesmo.
Vamos acompanhar as discussões e deixá-los informado. Nos juntamos à estas organizações ao dizer: não à financeirização da natureza, não a ‘economia verde’.
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