Por UGT - O Censo de 2010 apontou que, em boa parte, crianças brasileiras entre 10 a 14 anos ainda estão trabalhando. São seis por cento e isso corresponde a mais ou menos, um milhão de crianças. Não é pouco. Segundo Marcelo Medeiros, professor de sociologia da Universidade de Brasília, "é como se quase todas as crianças da cidade de São Paulo estivessem trabalhando" (Folha de São Paulo, 28-12-11). Segundo o mesmo professor, salta à vista algumas graves situações. São elas: a) embora com crescimento econômico, queda na desigualdade social e diminuição da pobreza, o Brasil não foi capaz de mudar este cenário; b) apesar dos programas de transferência de renda - Bolsa Família, por exemplo -, o trabalho infantil persiste; c) a maior parte de nossas crianças trabalha na agricultura e os meninos trabalham com mais frequência do que as meninas, que ficam entregues ao trabalho doméstico em suas próprias casas; d) o trabalho infantil é mais comum nas áreas menos desenvolvidas do país, refletindo nossas desigualdades regionais; e) o trabalho infantil traz riscos à saúde das crianças, piora o desempenho escolar e, em certos casos, as afastam das escolas; f) quem trabalha quando criança, quando adulto tende a assumir profissões não especializadas; g) pais que trabalham quando crianças tendem a fazer seus filhos trabalharem, como se isso fizesse parte da "educação para o trabalho"; e h) em geral, o trabalho infantil ajuda pouco no rendimento das famílias e não se constitui em estratégia eficiente para a sobrevivência. Enfim, no caso do Brasil, trata-se de um problema cultural, onde a infância não é valorizada, apontando também falhas na estrutura dos sistemas educacionais. A OIT (Organização Internacional do Trabalho) possui programas específicos para o combate ao trabalho infantil e o Brasil assumiu o compromisso de erradicá-lo. Esse trabalho começou no Governo FHC, prosseguiu no Governo Lula e continua no Governo Dilma. Já são 20 anos de combate sério ao trabalho infantil, mas, mesmo assim, o país não conseguiu erradicá-lo. As centrais de trabalhadores e os sindicatos devem olhar para essa tragédia brasileira, exigir uma fiscalização melhor por parte das autoridades e ajudar a extinguir essa chaga do panorama social brasileiro.
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muito bom adorei o texto obrigada
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