Uma das instituições que muito contribuiu na formação de inúmeras Lideranças Sindicais e dos Movimentos Sociais no Brasil foi a Pastoral Operária. No Amazonas destacamos o trabalho da Professora Marlene Ribeiro (Pardo) e do Padre Renato nas décadas de 70 e 80 a frente da Pastoral Operária, o feito mais importante foi a organização do Movimento de Oposição Sindical Metalúrgica que culminou com a vitória da Chapa Puxirum no Sindicato dos Metalúrgicos de Manaus em 1983. Apresentamos a seguir um pouco da história dessa importante organização...
Sobre a sua origem
A Pastoral Operária (PO) de S. Paulo (a primeira do Brasil) nasceu de ações desenvolvidas por antigos militantes da JOC (Juventude Operária Católica) e da ACO (Ação Católica Operária). Começou com experiências de organização de pequenos grupos de trabalhadores e trabalhadoras católicos/as em algumas comunidades. Aqueles trabalhadores refletiam a vida de trabalho na ótica das exigências evangélicas da justiça e da solidariedade de classe. Simultaneamente, procuravam desenvolver diálogos, seguidos de esforços para a organização de seus companheiros no local do trabalho, enquanto se engajavam no movimento sindical, imediatamente antes e depois do golpe militar de 1964.
O intercâmbio realizado entre comunidades fez a semente se espalhar e outras experiências foram sendo realizadas. Muito contribuíram para isso o Concílio Vaticano II, o encontro de Medellín, o florescimento CEBs e da Teologia da Libertação. Esses quatro fatores deram ânimo aos que se engajavam nesse trabalho evangelizador a partir da vida de trabalho e suas contradições com o capital. Esse trabalho militante deu origem às Oposições Sindicais, experiência iniciada em São Paulo e que se espalhou pelo Brasil, contribuindo para a formação de centenas de militantes cristãos que se tornaram ativistas e dirigentes sindicais. As Oposições e os Sindicatos que passaram para a direção desses militantes deram importante contribuição para o ressurgimento das lutas operárias e para a formação da CUT, em 1983.
A força adquirida a partir do Movimento de Oposição Sindical (Metalúrgicos de São Paulo) e sua interferência na vida da própria Igreja local fizeram com que a Arquidiocese a oficializasse como Pastoral Operária. Sua confirmação se deu quando da celebração da Missa pelo Salário Justo, no dia 18 de outubro de 1970, na catedral da Sé, pelo então Cardeal Agnelo Rossi. A transferência de D. Agnelo para Roma e a nomeação de D. Paulo para arcebispo da diocese, no mesmo ano, veio impulsionar ainda mais os trabalhos da PO, que recebeu grande encorajamento em sua missão no meio dos trabalhadores.
Eixos de Reflexão
Um dos eixos da reflexão e da atuação dos grupos que foram se formando era o do questionamento da estrutura sindical de origem fascista e a defesa de um sindicalismo independente e organizado a partir do local de trabalho, principalmente nas fábricas. Durante a ditadura, o trabalho dentro da fábrica era obviamente semiclandestino. O outro eixo, e naturalmente o mais importante, tem sido a exploração do trabalhador pelo sistema capitalista, seja em relação às condições de trabalho, seja em relação aos salários e demais direitos do trabalhador. Essa luta contra a exploração do capital sobre o trabalho teve sua raiz e inspiração na Doutrina Social Cristã, desenvolvida a partir da encíclica Rerum Novarum, escrita pelo papa Leão XIII, em 15 de maio de 1891 e que enfatiza a primazia do trabalho sobre o capital. Posteriormente, João Paulo II enfatiza o “trabalho” como “chave essencial da questão social” (Laborem Exercens).
Durante o período do governo militar, a Pastoral Operária se posicionou claramente contra a ditadura e seu Estado de Exceção, assim como contra os atos que impunham pesados fardos à classe trabalhadora e contra as prisões, torturas e assassinatos de muitos dos nossos companheiros.
As reflexões que se faziam a partir dos grupos nas comunidades, se desdobravam em reflexões junto à própria comunidade, envolvendo outros aspectos da vida do trabalhador: condições de moradia, de transporte, falta de saneamento básico, de creches, de escolas, de postos de saúde, de iluminação nas ruas dos bairros. Colocados como outras dimensões da exploração capitalista sobre os trabalhadores, iluminavam o debate sempre na ótica da justiça e da solidariedade evangélicas, inspiraram o surgimento de vários movimentos reivindicatórios e a formação de outras pastorais na dimensão social.
Tais experiências, intercambiadas constantemente com trabalhadores cristãos de outras cidades e regiões do país, animaram à criação de grupos de Pastorais Operárias em outras dioceses e, em 1976 a formação da PO Nacional.
Contribuição da PO à Igreja
As reflexões sobre contradições existentes no mundo do trabalho foram instrumento importante para o avanço do conjunto da Igreja no Brasil e seu compromisso com os explorados. Não tem sido por menos que em vários momentos de nossa história recente, as questões do trabalho têm sido escolhidas como tema das Campanhas da Fraternidade e da Primeira Semana Social Brasileira, permanecendo presente nas SSBs seguintes.
Dificuldade e desafios para a PO
O avanço da exploração capitalista com a reestruturação do trabalho, a modernidade tecnológica e o conseqüente desemprego, agora mais estrutural que antes, provocaram o enfraquecimento das lutas operárias, refletindo também na vida da PO. As dificuldades geradas pelas constantes restrições de setores da Igreja sobre a Teologia da Libertação tiveram considerável peso negativo sobre os trabalhos da Pastoral Operária.
Depois de vários anos de reflexão, a PO busca reencontrar seu eixo de atuação, tendo o desempregado e a luta por trabalho para todos como uma das suas prioridades. A ação em defesa de políticas públicas que gerem desenvolvimento interno com inclusão e distribuição de rendas é um eixo importante desse momento difícil. Outro eixo importante encontrado é a reflexão sobre novas relações de trabalho necessárias para a realização da justiça social no Brasil e no mundo. Da mesma forma, os constantes desvios ideológicos do movimento sindical e a carência de dirigentes sindicais com sólida formação nos parâmetros da Doutrina social Cristã, passam a ser, novamente, um dos desafios da Pastoral Operária na Arquidiocese e no Brasil.
A Pastoral Operária (PO) de S. Paulo (a primeira do Brasil) nasceu de ações desenvolvidas por antigos militantes da JOC (Juventude Operária Católica) e da ACO (Ação Católica Operária). Começou com experiências de organização de pequenos grupos de trabalhadores e trabalhadoras católicos/as em algumas comunidades. Aqueles trabalhadores refletiam a vida de trabalho na ótica das exigências evangélicas da justiça e da solidariedade de classe. Simultaneamente, procuravam desenvolver diálogos, seguidos de esforços para a organização de seus companheiros no local do trabalho, enquanto se engajavam no movimento sindical, imediatamente antes e depois do golpe militar de 1964.
O intercâmbio realizado entre comunidades fez a semente se espalhar e outras experiências foram sendo realizadas. Muito contribuíram para isso o Concílio Vaticano II, o encontro de Medellín, o florescimento CEBs e da Teologia da Libertação. Esses quatro fatores deram ânimo aos que se engajavam nesse trabalho evangelizador a partir da vida de trabalho e suas contradições com o capital. Esse trabalho militante deu origem às Oposições Sindicais, experiência iniciada em São Paulo e que se espalhou pelo Brasil, contribuindo para a formação de centenas de militantes cristãos que se tornaram ativistas e dirigentes sindicais. As Oposições e os Sindicatos que passaram para a direção desses militantes deram importante contribuição para o ressurgimento das lutas operárias e para a formação da CUT, em 1983.
A força adquirida a partir do Movimento de Oposição Sindical (Metalúrgicos de São Paulo) e sua interferência na vida da própria Igreja local fizeram com que a Arquidiocese a oficializasse como Pastoral Operária. Sua confirmação se deu quando da celebração da Missa pelo Salário Justo, no dia 18 de outubro de 1970, na catedral da Sé, pelo então Cardeal Agnelo Rossi. A transferência de D. Agnelo para Roma e a nomeação de D. Paulo para arcebispo da diocese, no mesmo ano, veio impulsionar ainda mais os trabalhos da PO, que recebeu grande encorajamento em sua missão no meio dos trabalhadores.
Eixos de Reflexão
Um dos eixos da reflexão e da atuação dos grupos que foram se formando era o do questionamento da estrutura sindical de origem fascista e a defesa de um sindicalismo independente e organizado a partir do local de trabalho, principalmente nas fábricas. Durante a ditadura, o trabalho dentro da fábrica era obviamente semiclandestino. O outro eixo, e naturalmente o mais importante, tem sido a exploração do trabalhador pelo sistema capitalista, seja em relação às condições de trabalho, seja em relação aos salários e demais direitos do trabalhador. Essa luta contra a exploração do capital sobre o trabalho teve sua raiz e inspiração na Doutrina Social Cristã, desenvolvida a partir da encíclica Rerum Novarum, escrita pelo papa Leão XIII, em 15 de maio de 1891 e que enfatiza a primazia do trabalho sobre o capital. Posteriormente, João Paulo II enfatiza o “trabalho” como “chave essencial da questão social” (Laborem Exercens).
Durante o período do governo militar, a Pastoral Operária se posicionou claramente contra a ditadura e seu Estado de Exceção, assim como contra os atos que impunham pesados fardos à classe trabalhadora e contra as prisões, torturas e assassinatos de muitos dos nossos companheiros.
As reflexões que se faziam a partir dos grupos nas comunidades, se desdobravam em reflexões junto à própria comunidade, envolvendo outros aspectos da vida do trabalhador: condições de moradia, de transporte, falta de saneamento básico, de creches, de escolas, de postos de saúde, de iluminação nas ruas dos bairros. Colocados como outras dimensões da exploração capitalista sobre os trabalhadores, iluminavam o debate sempre na ótica da justiça e da solidariedade evangélicas, inspiraram o surgimento de vários movimentos reivindicatórios e a formação de outras pastorais na dimensão social.
Tais experiências, intercambiadas constantemente com trabalhadores cristãos de outras cidades e regiões do país, animaram à criação de grupos de Pastorais Operárias em outras dioceses e, em 1976 a formação da PO Nacional.
Contribuição da PO à Igreja
As reflexões sobre contradições existentes no mundo do trabalho foram instrumento importante para o avanço do conjunto da Igreja no Brasil e seu compromisso com os explorados. Não tem sido por menos que em vários momentos de nossa história recente, as questões do trabalho têm sido escolhidas como tema das Campanhas da Fraternidade e da Primeira Semana Social Brasileira, permanecendo presente nas SSBs seguintes.
Dificuldade e desafios para a PO
O avanço da exploração capitalista com a reestruturação do trabalho, a modernidade tecnológica e o conseqüente desemprego, agora mais estrutural que antes, provocaram o enfraquecimento das lutas operárias, refletindo também na vida da PO. As dificuldades geradas pelas constantes restrições de setores da Igreja sobre a Teologia da Libertação tiveram considerável peso negativo sobre os trabalhos da Pastoral Operária.
Depois de vários anos de reflexão, a PO busca reencontrar seu eixo de atuação, tendo o desempregado e a luta por trabalho para todos como uma das suas prioridades. A ação em defesa de políticas públicas que gerem desenvolvimento interno com inclusão e distribuição de rendas é um eixo importante desse momento difícil. Outro eixo importante encontrado é a reflexão sobre novas relações de trabalho necessárias para a realização da justiça social no Brasil e no mundo. Da mesma forma, os constantes desvios ideológicos do movimento sindical e a carência de dirigentes sindicais com sólida formação nos parâmetros da Doutrina social Cristã, passam a ser, novamente, um dos desafios da Pastoral Operária na Arquidiocese e no Brasil.
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