sexta-feira, 6 de abril de 2012

Senadora Kátia Abreu, a “ambientalista” do Brasil

Por E esse tal Meio Ambiente - A Senadora Kátia Abreu (PSD-TO), conhecida como a líder da bancada ruralista, ou como Miss Desmatamento, surpreendeu a todos durante o 6º Fórum Mundial da Água, realizado na França, em janeiro deste ano. A Senadora propôs que o mundo adote o conceito de Áreas de Preservação Permanentes. “Não estamos aqui para acusar ninguém; cada país tem sua realidade histórica. O que nós precisamos fazer neste momento é, com humildade, unir os nossos conhecimentos e nossos esforços para corrigir os erros”, disse ela.

Kátia Abreu fez defesas à reforma ao Código Florestal Brasileiro, que no seu texto reduz significativamente o tamanho das APPs. A Senadora até mesmo publicou um artigo no jornal Folha de São Paulo, intitulado “A coragem moral de Aldo Rebelo”, no qual faz elogios ao então relator da proposta na Câmara, o Dep. Aldo Rebelo (PC do B – SP), e a sua proposta que “lida com a defesa de valores essenciais à atividade humana”.

Que contradição, não? A Senadora que fez elogios, e se mostrou totalmente favorável às mudanças no Código Florestal – inclusive na parte em que as áreas de APPs ocupadas irregularmente para realização de agropecuária, tornariam áreas consolidadas, e desta forma seus desmatadores e ocupantes ilegais seriam anistiados, e a ocupação tornar-se-ia regular, propõe que o conceito de APPs se torne mundialmente usado. Que mudança surreal foi essa, meus amigos?

Vale ressaltar que a mudança e a anistia de ocupantes de APPs, beneficiaria o filho da Senadora Kátia Abreu, o deputado Irajá Abreu. Segundo matéria publicada na Isto É, em maio do ano passado, o Deputado Irajá foi multado pelo Ibama por derramar resíduos tóxicos que contaminam o solo e desmatar em Áreas de Proteção Permanente.

Mas voltando ao discurso da Senadora Kátia Abreu no 6º Fórum Mundial da Água, ela disse também que: “O Brasil tem uma lei rigorosa e minuciosa de preservação da vegetação nativa nas margens, encostas e nascentes. Então, por que não compartilhar esse modelo com o mundo? Queremos que, na ‘Rio +20′, outros países possam aderir a esse conceito e seguir em busca de uma legislação”.

É interessante como a Senadora muda de opinião. Em artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo, ela afirmou que a exigência da reserva legal é contrária ao interesse do país, e que a obrigatoriedade da reserva legal “não existe em nenhum outro país do mundo”. O que se entende, é que a ela sugere que o Brasil deve seguir o mesmo caminho dos outros países, retirando a obrigatoriedade da reserva legal. Agora, a Kátia Abreu propõe que façamos o contrário com o conceito de APPs, que outra hora ela criticou.

Não obstante, ela ainda acusa as organizações não-governamentais de causarem uma mal impressão do código em votação. Em entrevista ao Deutsche Welle, ela afirma: “Nos últimos dez anos, as ONGs falaram sozinhas, colocaram sua versão da maneira que quiseram. E prevaleceu essa versão, por incompetência nossa, dos produtores rurais, que nunca vieram mostrar as suas intenções, a sua versão“. Oras, qual versão? As únicas intenções que ruralistas e latifundiários têm neste país é de continuar destruindo o meio ambiente e enriquecendo os seus bolsos. Esse discurso de desenvolvimento econômico do país é conversinha fiada.

As contradições em seu discurso nos deixam perplexos e sem chão. Será que a Senadora acha que nós temos uma memória tão fraca ao ponto de esquecer tudo que ela disse na defesa da reforma do Código Florestal? Que não a questionaríamos a cerca das contradições em seu discurso? Ou será que ela pretende substituir a faixa de Miss Desmatamento, por uma que tenha escrito: Senadora Kátia Abreu, a ambientalista?

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