Ademir Ramos (*)
Sem palanque, acusado de ambos os lados, o
prefeito de Manaus, Amazonino Mendes (PDT), fora das eleições municipais,
sofreu o impacto do furacão e resolveu tirar onda dos candidatos à prefeitura
de Manaus fingindo-se de morto para nocautear o senador Eduardo Braga (PMDB) na
arena eleitoral do Amazonas, visando às eleições de 2014 para o governo do
Estado.
Amazonino, desde o início do processo de
discussão das eleições de 2012, declarava publicamente que não era candidato à
reeleição e que não tinha saúde para enfrentar as disputas eleitorais, todos
duvidavam, mas ele reafirmava seu propósito dizendo que definitivamente não era
candidato e ponto final. Enquanto negava a reeleição, Amazonino Mendes matutava
o que fazer para surpreender Eduardo Braga e assim golpear de morte o projeto
de poder do ex-governador Eduardo Braga.
Enquanto seus concorrentes monitoravam o
movimento do Negão, como é conhecido nas quebradas de Manaus, Amazonino Mendes
definia silenciosamente as estratégias para o embate eleitoral articulando os
atores principais e coadjuvantes para o enfrentamento eleitoral de 2012.
Em outro bloco, na crista do furacão estava
Eduardo Braga, de forma determinado, arrogante, destemido, confiante, com rei
na barriga, no grito, chantageando ou não, fazia o que bem entendia para ganhar
as eleições contra Amazonino Mendes. Possesso e transtornado atropelou o
próprio governador Omar Aziz (PSD) e com punho de ferro escolheu Vanessa
Grazziotin (PCdoB) para disputar as eleições de 2012 para a prefeitura de
Manaus, principalmente quando soube que Artur Neto (PSDB) era o candidato do
Negão.
Falta de conselho não foi. Seus aliados e
sua própria família cansaram de alertar para os riscos que estava correndo, mas
mesmo assim, de forma endiabrado partiu para ignorância quebrando os protocolos
da política partidária acreditando no vale tudo e que os fins para ele
justificava os meios.
A política e os seus agentes tornaram-se
pessoas públicas e as suas vidas ganharam visibilidade e transparência exigindo
desses protagonistas responsabilidades e zelo com a coisa pública em
cumprimento a vontade soberana do povo. Na Democracia esta norma tornou-se
pétrea exigindo dos protagonistas consciência do seu valor e obediência às
regras instituídas.
Para garantir sua presença no jogo
eleitoral, o ardiloso Amazonino Mendes, primeiro resolveu optar por um novo
partido político que foi o PDT. A partir desse momento, fez de tudo para que as
tratativas políticas não fossem mais reduzida a sua imagem, mas que tivessem o
aval objetivo do partido. Assim foi feito, tanto que o apoio à candidatura de
Artur Neto é explicitada pelo PDT e não mais pelo Amazonino, minimizando as
criticas a candidatura de Artur/Hissa (PDT/PPS).
A vitória de Artur Neto para Prefeitura de
Manaus, não foi só mérito do ator, resultou também de grande esforço
intelectual para se montar uma estratégia que assegurasse o pleno desempenho da
vanguarda atuante com respaldo de uma retaguarda apta atuar para assegurar o
avanço, o equilíbrio e o próprio sucesso dos eleitos garantindo as ferramentas
necessárias para o sucesso.
O furacão passou, mas o prefeito de Manaus,
Amazonino Mendes, encharcado da política, continua tirando onda de seus
adversários, tirando lições dos seus próprios tropeços e avanços. Agora muito
mais ainda, com o coração saudável, batendo forte no peito começa a vislumbrar novos
cenários na perspectiva de instrumentalizar a política não só como relação de
poder, mas também como instrumento para efetivação do direito coletivo,
combatendo a miséria e a desigualdade social.
(*) É professor, antropólogo, coordenador do
projeto Jaraqui e do NCPAM/UFAM.
Nenhum comentário:
Postar um comentário