No sábado, às 10h, na república Livre do
Pina, na praça da polícia, no centro histórico de Manaus, o projeto Jaraqui
estará discutindo e analisando a composição do governo Artur Neto, assim também
como a eleição da Câmara Municipal de Manaus e a tentativa de alguns vereadores
negociarem seus mandatos por secretarias em afronta a vontade das urnas.
Ademir Ramos (*)
Passada as eleições, o Projeto Jaraqui
começa a discutir a composição do governo de Artur Neto e Hissa Abraão
(PSDB/PPS) eleitos para Prefeitura de Manaus. Em pauta, o processo de
governabilidade frente aos apoios recebidos principalmente no segundo turno, visto
que na jogatina política instituída “não se tem almoço de graça” e muito menos
devotos e piegas.
Assim como o povo de Manaus deposita em
Artur Neto uma grande expectativa quanto às ações de governo para salvaguardar
a cidade e os interesses coletivos, os arrivistas e aventureiros também têm
recorrido a todos os meios para tirar proveito da situação, drenando recurso
público em favor de interesses familiares ou de grupos privados.
O Jaraqui, como expressão do movimento
social, quer dar transparência a esse processo de composição, primando pela
legalidade e, sobretudo, reclamando por respeito a critérios objetivos que
justifique a escolha dos Agentes a frente das Secretarias, bem como para o
exercício dos cargos de confiança a ser nomeados em tempo.
No momento, alguns meios de comunicação
começam a plantar nomes para assumir determinadas Secretárias, buscando
influenciar diretamente na escolha dos auxiliares do governo de Artur. Da parte
do prefeito eleito tem se escutado que somente irá tratar dessa matéria a
partir de dezembro, quando deverá anunciar os nomes que irão compor a equipe
diretiva da Prefeitura de Manaus.
Esses encaminhamentos estão bastante
truncados. Ouve-se falar em auditória na Prefeitura de Manaus, em Reforma
Administrativa, enxugamento da máquina, em competência, experiência e
confiança, mas, segundo o próprio Artur, citando Tancredo Neves, não se deve
nomear alguém que não se pode demitir imediatamente.
O fato sabido é que o novo prefeito está
designando uma comissão de transição composta por cinco profissionais sob a
coordenação do professor e pesquisador Rodemarck Castelo Branco, profissional
qualificado e de inteira confiança de Artur Neto, para fazer o diagnostico da
gestão do prefeito Amazonino, conferindo os termos de convênios, contratos,
empenhos, valor orçamentário real e estimado, número de servidores efetivos ou
não, tendo por referência o pleno funcionamento das Secretárias e demais
frentes de trabalho da Prefeitura de Manaus.
Feito esse levantamento preliminar, a
comissão deverá destacar os entraves e apontar perspectiva para superação dos
problemas a curto, médio e longo prazo. A decisão política é de inteira
responsabilidade do Prefeito eleito, definindo o quadro técnico dos Agentes e
os meios necessários para operar as ações que julgam prioridades sejam para os
100 primeiros dias ou para os 04 anos de governo que encerram o governo de
Artur e Hissa.
O desafio é grande porque as práticas dos
gestores públicos no Brasil tem sido similar a de um corpo de bombeiro,
apagando fogo aqui, tapando buraco ali, realizando eventos desconectados de uma
cultura de planejamento. Alguns governantes fazem até questão de manter esta
ordem porque é desse modo que eles “faturam” afrontando os interesses populares
e os valores republicanos.
O vício é contagiante, reclamando do
manauara atitude participante, a começar pelas exigências a serem feitas aos
vereadores eleitos para cumprirem com o seu dever constitucional em respeito à
vontade das urnas. O mandato não é objeto de negociação, não devendo ser
leiloado por secretarias ou qualquer função no executivo. Se isso acontecer de
imediato deve-se denunciar esse desvio como afronta a vontade da maioria dando
publicidade a esse comportamento oportunista merecendo do povo repúdio e
indignação.
Espera-se, dessa feita, uma Câmara Municipal
participativa e propositiva em defesa dos interesses populares e dos valores
republicanos, a começar pelas articulações internas e externas para eleição de
uma Mesa Diretora protagonista de um projeto político unitário capaz de agregar
força assentado na autonomia e capacidade técnico-jurídica dos projetos
parlamentares seja da situação ou da oposição, em cumprimento ao instituto da
representatividade popular. Ao contrário, o vereador além de lesar os manauaras
comete crime de estelionato, devendo o eleito ser condenado ao balatal para o
cumprimento de sua pena.
(*) É professor, antropólogo, coordenador do
Jaraqui e do NCPAM/UFAM.
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