Os canteiros de obra Belo
Monte e Pimental, os dois mais importantes da hidrelétrica, foram palco de
revolta de operários nesta sexta (9) e sábado (10) em função de problemas
trabalhistas e desacordos com a proposta de aumento salarial apresentado pelo
Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM).
A primeira ação ocorreu na
noite de sexta, quando foram incendiados quatro galpões do almoxarifado após a
informação de que o aumento proposto pela empresa seria de apenas 7% (veja vídeo do incêndio).
Incêndio em Belo Monte
Já no sábado, os protestos
tomaram conta do canteiro de Pimental, que, de acordo com uma liderança dos
trabalhadores, teve instalações e alojamentos destruídos. “Por volta das 16h, o
Sindicato da Construção Pesada do Pará (Sintrapav) foi ao Pimental e anunciou
que havia fechado um acordo com o CCBM de aumento de 11%. Em nenhum momento
esta proposta foi discutida com as bases, foi um acordo a portas fechadas entre
Sindicato e empresa, e os operários se revoltaram. Aí houve um quebra geral”,
explica o trabalhador Emiliano de Oliveira.
De acordo com Oliveira, o Sindicato
foi expulso do canteiro juntamente com toda a equipe administrativa do Sitio
Pimental, mas houve uma rápida intervenção da Polícia Militar e da Força
Nacional de Segurança. “Ocorreram prisões e sabemos que há trabalhadores
feridos, mas estamos sem nenhum apoio do Sindicato e não sabemos quantos são,
quem são e onde estão”, afirma o trabalhador.
Reivindicações
Segundo os trabalhadores, a
categoria tem três reivindicações principais, que não foram negociadas ainda
pelo Sindicato: aumento salarial acima do oferecido – já que, segundo a
categoria, a inflação em Altamira chegou aos 30% em 2012 -, equiparação salarial
entre os canteiros de obras – há denúncias de que operários com a mesma função
recebem salários diferentes nos canteiros de Pimental e Belo Monte -, e mudança
de regras da baixada (folga para visitar as famílias). “O aumento que estão
oferecendo é ridículo. Pode até ser que a inflação no país tenha sido de cerca
de 5%, mas em Altamira a coisa é diferente. Um prato feito chega a custar 17
reais. A situação está catastrófica, os preços estão estratosféricos”, diz um
trabalhador.
Sem solução desde as
paralisações do início deste ano, de acordo com os operários de Belo Monte a
baixada continua diferenciada em relação às demais obras do PAC. “Enquanto em
todas as demais obras a baixada de 10 dias acontece a cada três meses, em Belo
Monte eles só nos liberam de meio em meio ano. Também só têm baixada os
profissionais como pedreiro, motorista, carpinteiro. Ajudantes e serventes não
têm esse direito. E agora o CCBM quer mudar as regras e só pagar passagem de
avião pra quem mora a mais de 1500 km de Belo Monte. Os outros teriam que ir de
ônibus, o que só de ida e volta come mais da metade da baixada, em muitos
casos”, explica Oliveira.
Clima
tenso
Segundo os trabalhadores,
as forças policiais continuam guardando o canteiro de Pimental, mas o CCBM já
teria avisado que todos os operários devem retomar as atividades nesta segunda,
sob pena de demissão sumária. “O problema é que Pimental está destruído, não
tem como trabalhar. Na prática o canteiro já está em greve. Mas o clima está
muito pesado, helicópteros da policia sobrevoam seguidamente a cidade de
Altamira, e estamos sem proteção nenhuma do Sindicato”, afirma um trabalhador.
Segundo lideranças da categoria, ainda não há uma posição oficial do Sindicato
frente às reivindicações dos operários, e não está descartada uma greve geral a
partir desta semana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário