terça-feira, 16 de março de 2010

Cadê o Lucta Social?

Se fizermos essa pergunta aos Operários da Zona Franca de Manaus, possivelmente não encontraremos respostas positivas. Seguramente a maioria não conhece o valoroso folhetim operário de 1914, alguns lembrarão da edição da década de 80 quando o jornal era órgão de divulgação do PT. Porém se recorrermos aos intelectuais da academia que pesquisam a relação capital e trabalho, todos vão declamar em versos e prosas que esse foi o melhor informativo de classe que circulou na cidade de Manaus. O Professor José Ribamar Bessa Freire da sua coluna Taque Pra Ti, inquieto com a falta de noticias do quase centenário jornal, ousou fazer tal pergunta!

Como Operário remanescente da primeira geração de obreiros do Distrito Industrial de Manaus, este Operário lascado Élson de Melo, também inquieto e de tanto ouvir do Professor Tom Zé, sugestão para o Movimento Operário construir um instrumento de comunicação capaz de melhorar a relação Movimento, verso Operários. Aceitou o desafio de retomar a idéia gloriosa de Tercio Miranda, primeira fase, Nicoláo Imentel, segunda fase e Ribamar Bessa, terceira fase, todos editores do Jornal A Lucta Social.

Não é apenas o desafio de veicular uma nova fase do jornal que nos inquieta. O que nos leva a reeditar o Jornal A Lucta Social é a falta de perspectiva que o Movimento Operário da Zona Franca de Manaus está mergulhado desde os grandes Movimentos Grevista de 1985, 1986 e 1990 do século passado. Principalmente quando constatamos que as atuais Direções dos principais Sindicatos de Operários do Amazonas, estão recheadas de burocratas e vendilhões dos direitos e esperanças dos trabalhadores.

Inquirido por uma intelectual da Academia sobre quais os motivos de mexermos com o jornal, cheguei a pensar que estava cometendo um crime de apropriação de uma história que nada tem há ver com a minha. Cheguei a questionar a legitimidade deste Operário lascado, logo eu, talvez o único Operário remanescente da Diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos eleito pela Chapa Puxirum em 1983, que não virou empresário ou está lotado em cargo público na maquina estatal do governo Lula, Dudu e Mazoca. Depois de muita reflexão e de quase desistir do projeto, cheguei à conclusão que pela minha história, tenho sim, legitimidade e dever em dar prosseguimento a esse ideal. Então vamos em frente.

A estrutura Sindical brasileira que tem sua origem no fascismo impede a organização dos trabalhadores em suas entidades de Classe. Da mesma forma, os Partidos Políticos da Esquerda Socialista, preferem articularem seus departamentos Operários na perspectiva dessa mesma estrutura, ou seja, acham positiva a criação de Centrais Sindicais, ao invés de Centrais de Trabalhadores, privilegiando as Direções das Entidades Sindicais – vislumbram apenas o instituído, não buscam instituir novos modelos de organização do proletariado.

O avanço da organização do proletariado só foi possível quando os seus atores ousaram inovar no instituinte, quando vislumbraram a organização do proletariado dentro de uma nova perspectiva social e política. Dentro dessa constatação, destaco os comitês operários de Antonio Gramsci, a organização por local de trabalho – Comissão de Fabrica que permitiram as operações tartaruga no ABC paulista, a Paralisação didática dos Professores Amazonense no século passado e a articulação do movimento com a comunidade representada nos fundos de greve comum nos movimentos paredistas durante e pós a ditadura militar. São aspectos positivos na construção da consciência de classe e revolucionaria do operariado.

A nova fase do jornal A Lucta Social tem por principio articular o movimento Operário a partir do seu local de trabalho, visa orientar grupos de trabalhadores dentro de um programa de formação política e sindical voltado para o projeto estratégico do proletariado – o Socialismo – isso é, dar forma ao sonho dos criadores do jornal.

Nosso objetivo é formar grupos de lutadores sociais comprometidos com a história de transformação social. Lutadores capazes de fomentar no seio da classe trabalhadora uma nova consciência que permita aprofundar as contradições do capitalismo e construir a solidariedade universal, onde homens e mulheres caminhem juntos em direção a felicidade. A sociedade Socialista é o nosso ponto de encontro.

Dentro desse objetivo, está à consecução do Coletivo Operário Livre, trata-se de um movimento autônomo que será a ancora do jornal, dele podem participar qualquer pessoa que se identifique com a nossa luta, para tanto, basta entrar em contato conosco e fazer seu cadastro par participar da vida orgânica do grupo, ou como mantenedora do jornal. Em breve estaremos disponibilizando o formulário no luctasocial.blogspot.com.

Antes de concluir quero destacar a importância dos intelectuais que dedicaram seu esforço acadêmico pesquisando e produzindo teses de graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado. De modo especial ao Professor José Ribamar Bessa Freire, que recuperou os exemplares do jornal, a Maria Luiza Ugate Pinheiro e Luis Balkar Sá Peixoto Pinheiro, organizadores do livro Imprensa Operaria no Amazonas, na pessoa dos quis, cumprimento os demais pesquisadores.

Segundo o saudoso Professor Florestan Fernandes “toda classe tem seus intelectuais”, causa-me orgulho poder contar com os intelectuais da nossa classe. Assim quero convidá-los a mandarem suas contribuições para que seja editado nas paginas do nosso jornal. Vocês fazem parte dessa história. A luta para transformar essa realidade que oprime o proletariado é de todos nós.

Trabalhadores Amazonenses. Eis o nosso Jornal A Lucta Social!

Socialismo.
Nós Queremos!
Nós Venceremos!

Élson de Melo - Sindicalista

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