domingo, 15 de agosto de 2010

ELEIÇÃO 2010: O DEBATE DOS SEM PROJETO!

Por: Elson de Melo (*)

"Nossa riqueza não está em Manaus, mas no interior, Manaus já tem a bendita Zona Franca, que não foi presente da “Maldição da Rodela”, mas do General Humberto Castelo Branco. A riqueza do Amazonas está no cultivo das suas várzeas, produzindo culturas de ciclo curto, na criação de peixes em fazendas aquáticas ou gaiolas".

Evandro carreira – em artigo – “A Maldição da Rodela”.


O eleitor que esperava conhecer melhor o projeto dos candidatos ao governo do Estado do Amazonas, certamente não conseguiu aferir no de bate realizado pela TV Rio Negro-Bandeirante na ultima quinta feira 12/08/2010. Como afirmei em outra oportunidade, essa é a eleição dos candidatos sem projeto. Guardada as proporções de quem foi pior, todos foram em média literalmente péssimos!... Pelo desempenho deles no debate, o resultado do pleito pode ser o seguinte: voto em branco 90%, votos nulos 10%, sendo que o índice de abstenções será de aproximadamente 80%. Seria melhor obrigar os partidos substituírem os atuais candidatos!

O candidato a Presidente pelo PSOL Plínio de Arruda Sampaio vem denunciando as desigualdades sociais, econômica e política, faz parte dessa desigualdade os privilégios protagonizado pela grande imprensa e os institutos de pesquisa eleitoreira que estão dando as três candidaturas do capital. O formato dos debates vem a cada ano burocratizando a intervenção dos candidatos e condicionando os temas. Assim, as emissoras dão a entender que existe uma igualdade e uniformidade entre as candidaturas que se apresentam. Dentro dessa estratégica da grande mídia, apenas Plínio vem conseguindo superar essas amarras.

Participaram do debate aqui no Amazonas seis candidatos, sendo dois representantes do Planalto Central, um da Oposição Burguesa e três dos Partidos da Esquerda Socialistas. Não precisa ser cientista político para concluir que os seis fizeram um pacto pela mediocridade. Foi um festival de gagueira e palavras desconectadas dos temas sugeridos, os relatos sobre a realidade amazonense tanto pelos que estão no poder como os que se opõem, passaram longe de qualquer caracterização dos problemas sofridos pelo nosso povo do interior e dos centros urbanos, confundiram sala de aula com escola, escola com navegação e alhos com bugalhos! Não ouvimos uma proposta de combate as desigualdades sociais e econômicas. “Foi sofrível!...” declarou um amigo.

Para simplificar o debate, vamos tratar de sentenciar que ambos são totalmente despreparados para governar o nosso Estado! Exagerei? Claro que não! Ambos concentram seu raio de ação na capital, todos não dominam a vocação socioeconômica do Amazonas, defendem o desenvolvimento sustentável nos termos do capital. São unânimes em transferir para os professores todos os problemas da educação, elegem o salário e a qualificação desses vitimados mestres, como principal instrumento de transformação radical do atual sistema educacional. Não sabem que, educação está relacionada com atenção total a criança, formação de caráter, recreação, esporte, lazer, saúde, cultura, alimentação, pedagogia transformadora e infra-estrutura.

A ortodoxia do capital parece que contaminou os três candidatos socialistas, não responderam temas relevantes sobre tecnologia, biopirataria, educação, logística, além de não provocarem o debate sabre à prosperidade do povo do Amazonas. Esqueceram que na lógica socialista a prioridade é o coletivo onde o todo é mais importante que a parcela. Pautar a BR319 como relevante para nossa população é no mínimo não conhecer a complexidade amazônica, pior ainda, é patrocinar a ganância capitalista quanto apenas o valor monetário das riquezas do nosso Estado. Significa concordar com a degradação da floresta e com a falácia dos tempos da ditadura de Integração Nacional.

Esqueceram que na Amazônia os rios são nossas estradas, que na visão do capital a construção de estradas é apenas grilar terras da União, surrupiar dinheiro publico e engordar os cofres das empreiteiras. Para nós caboclos que aqui habitamos, seja nas margens dos rios ou nas cabeceiras, grotões e centros urbanos o que importa é a melhoria da qualidade de vida é não a panacéia de grandes projetos que servem apenas para vilipendiar nossas esperanças.

Para candidatos como Omar, Alfredo e Hissa, discutir o desenvolvimento para o Amazonas é natural que se apeguem apenas na subjetividade de nome desenvolvimento. Para os socialistas essa palavra significa mais exploração, portanto, temos que propor coisas palpáveis como; aproveitamento das várzeas para produção de alimentos orgânicos, o aprimoramento de tecnologias sociais como o Puxirum para dar eficiência no modo de produção coletivo dos nossos ribeirinhos, a promoção de uma logística que facilite o escoamento da produção para os centros consumidores como forma de aferir preços adequados aos produtores e baratear para o consumidor final. Adotar a Permacultura como modelo de tecnologia adequado para a nossa região. Infelizmente estamos testemunhando mais uma vez uma esquerda dogmática e sem projeto, é por essa incompetência que esse grupo da maldição da rodela parece que vai emplacar mais quatro anos!

Enquanto Plínio de Arruda vem rompendo paradigmas Brasil a fora. Aqui os representantes da esquerda dão um show de despreparo. Porém, como militante dessa esquerda, declaro. “Os interlocutores que se apresentam nesse momento, não refletem o pensamento da maioria dos Lutadores socialistas”. Como já afirmei em outros momentos, faz-se necessário que os partidos da esquerda socialista façam uma autocrítica sobre a forma de construção das suas candidaturas, adotar o principio burguês da disputa interna sem observar o vinculo orgânico com as lutas sociais, fatalmente, resulta em vexames como os que passamos no debate da ultima quinta feira. Com fraternidade.

(*) Élson de Melo é Sindicalista.
E-mail: elsonpmelo@gmail.com
Blog: http://elsondemelo.blogspot.com/

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