Por: Fernandor Lobato
Quero parabenizar o companheiro Raoni ao propor, dentro do seu viés de leitura da realidade, uma abordagem para além da reflexão que fiz no texto “As Eleições 2010 para o Governo do Amazonas: Capitalistas x Socialistas”. O debate e o confronto de idéias sempre é salutar para um partido de tantas tendências como o PSOL. Quem sabe assim, possamos aparar arestas teórico-metodológicas que nos permitam um certo consenso em nossa atuação política no Amazonas, ainda marcada por ações dispersas e de pouco alcance social.
Mas apesar da louvável iniciativa do companheiro, devo esclarecer que suas críticas e contrapontos carecem de uma melhor sistematização. Carecem de uma melhor ordenação das abordagens e das reflexões. Fiz um grande esforço, mas confesso que não consegui ter uma clareza satisfatória dos pontos que o mesmo critica. Em face disso, me limitarei a fazer alguns esclarecimentos:
1. Toda reflexão, por mais totalizante que se proponha, sempre será limitada. Em nenhum momento, com meu humilde artigo, busquei esgotar o debate capitalistas x socialistas;
1. Toda reflexão, por mais totalizante que se proponha, sempre será limitada. Em nenhum momento, com meu humilde artigo, busquei esgotar o debate capitalistas x socialistas;
2. Não há de fato nenhum crime em olhar para o Programa do PSOL, mas devo esclarecer que não foi meu objetivo discutí-lo. Meu objetivo foi apenas destacar o ocultamento que a mídia faz da existência de um confronto de cunho ideológico nessas eleições. A eleição no Amazonas não é, como se coloca, um simples embate intra-oligárquico.
3. A concentração populacional está diretamente relacionada ao desenvolvimento das cidades dentro da lógica capitalista. Foi assim desde o início da Revolução Industrial. Londres e Paris eram pequenas cidades, mas algumas décadas depois, viraram megalópoles. É fato que a precarização dos serviços públicos não é motivada unicamente por isso, mas é inegável que tem influência.
4. Quando citei a locação de bicicletas em Londres quis chamar a atenção para o fato de um dos maiores templos do culto capitalista estar promovendo o uso de um veículo que é popular sobretudo nos países comunistas;
5. Por fim, gostaria de dizer que o companheiro tem toda a liberdade para construir sua visão dentro de um centro teórico delimitado por alguns pensadores. Para mim está claro que Marx, Nahuel Moreno, Lenin e Trotsky são suas referencias principais. Queria dizer que penso o socialismo como um imperativo em face do comprometimento crescente do capitalismo com a barbárie. O socialismo é um conceito importante sobretudo para pensarmos um novo modelo civilizatório. Não creio, todavia, que determinados pensadores tenham patenteado uma construção teórica socialista fora da qual nenhuma outra teria valor.
6. Creio que a construção de uma proposta socialista em bases democráticas, e é nisso que eu acredito, requer uma contínua discussão teórica que não exclui as contribuições de pensadores mais contemporâneos como Gramsci, Huxley, Bertrand Russel e muitos outros. Querer estabelecer uma espécie de Index socialista (lista de livros proibidos) não me parece ser uma atitude comprometida com o aprofundamento do debate;
7. Karl Marx fez críticas ao utópicos, a Hegel, a Feuerbarch, a Bakunin e a tantos outros que contribuíram para a formulação do chamado socialismo científico. Há muito de verdade nos escritos de Marx, mas devemos ter claro que há também limitações e inverdades na sua construção teórica. Não podemos ver Marx ou Nahuel Moreno ou quem quer que seja, como iluminados que conseguiram dar uma interpretação totalizante e absolutamente exata da realidade. Crer nisso, isso sim, é ser utópico.
8. Quanto a me chamar de poético, creio que nesse ponto o companheiro me fez um elogio. Acho que sou mais sonhador do que poeta, mas tudo bem. Para enfrentar a dura realidade política da atualidade é preciso ser um pouco poeta e sonhador.
Um abraço a todos e viva o socialismo!!!!
Um abraço a todos e viva o socialismo!!!!
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