segunda-feira, 9 de agosto de 2010

OS LIMITES DE UM PENSAMENTO: OLHAR PARA O NOSSO PROGRAMA NÃO É UM CRIME!

Por: Raoni Lopes[1]

Em seu texto “As Eleições 2010 para o Governo do Amazonas: Capitalistas x Socialistas” o companheiro Lobato afirma que há uma disputa entre socialistas e capitalistas, fazendo uma analogia. Mas como ensina Nahuel Moreno “Analogias mostram as semelhanças, mas escondem as diferenças” E diz que partido por isso vem às eleições, algo que pode nos levar a imenso equívocos político e metodológicos.

E isso fica claro em sua primeira analise, onde olha o sistema capitalista

Para nós do PSOL, a lógica capitalista, no Amazonas, mostra-se ainda mais malévola do que em outros lugares. É ela que provoca, por exemplo, a excessiva concentração populacional em Manaus que, por sua vez, faz disparar o preço dos imóveis e dos aluguéis” [2]

Acreditamos que quando afirmou isso o nosso companheiro queria afirma que é a riqueza que é acumulada, não a população. Pois isso nós deu a impressão que os problemas de serviços públicos têm haver com explosão demográfica produzida pela falta de oportunidade de trabalho e reforma agrária no campo. Por isso companheiro Lobato, cuidado com as suas palavras, como ensina o velho Marx, devemos ter uma olhar totalizante, olhar para cidade, mas também pelas coisas que acontecem no campo.

Depois a discussão continua quando mesmo companheiro fala de passado e presente. Algo que aparecer mais poético do que político, e quando não sabemos usar bem uma proposta na outra nos damos mal. Falar que piorou simplesmente pela desumanização do trabalho, sem lembrar que há por trás governos e burocratas que favoreceram tal situação é ser poético e esquecer o político, quando existem todo um processo na classe burguesa e na trabalhadora. E isso fica mais difícil quando questiona:

“Será que não temos alternativa a essa lógica que promove a desconfiança entre as pessoas e o aumento da criminalidade? Será que pra crescer economicamente temos de nos barbarizar enquanto seres humanos?”

Questionar onde já sabemos quem tem a culpa, pois são donos dos postos de trabalho, os mesmo que ficam com grande parte da riqueza que produzimos; e afirmar que está tudo na falta de um “contrato social” (Confiança) somente promove equívocos sobre nossa situação política atual. A riqueza no Amazonas dobrou nos últimos dez anos, como informou IBGE, assim deixa para quem quiser ver que o aumento não significou melhoria real para classe que construiu toda essa riqueza: a trabalhadora. E que essa não distribuição, gera a insegurança e barbárie dos serviços públicos.

Infelizmente pior do que tentar conciliar o poético e político é afirma que nossa saída ecológica está no próprio sistema capitalista. E voltando para “as analogias” sem buscar localizá-la na situação do Amazonas. E cito:

“Tomo conhecimento, com satisfação, que hoje, dia 30 de julho, a Prefeitura de Londres inaugurou um sistema estatal de locação de bicicletas para a sua população. Mais de dois séculos depois de se tornar a cidade mãe do capitalismo mundial, Londres desprestigia o motor e faz opção por um veículo que não gera fumaça e ainda melhora o condicionamento físico da população.”[3]

Tomar conhecimento e mostrar o quando isso é bom, acredito que é legal. Mas será que isso tem haver com transporte público? Se for o caso, tome cuidado, pois o reacionário Amazonio Mendes tinha um dos argumentos a favor da redução da meia-passagem “Andar faz bem!” não era problema caminhar no infernal sol do meio-dia para escola.

No estado do Amazona o grande problemas não está no discurso que é uma boa ferramenta dos Omar Aziz e Alfredo Nascimento em suas campanhas milionárias, mas alternativa... aonde está a nossa? Acredito que poderíamos dizer que a Zona Franca é a moeda de troca da burguesia nacional, pois nos mantém uma eterna dependência econômica. E denunciar que as multinacionais não fazem sua parte social, perseguem ativistas e demitem os milhares, com um precário o trabalho, suspendem contratos, e tudo com dinheiro público .

E quero afirma que nem tudo é critica, mas há convergências, vejo é revolucionário quando deixa claro que a falta do fazer político do povo trabalhador nos mantém refém do grupo que governo há muito tempo o Amazonas. O problema aparece novamente quando acredita que “equilíbrio” entre trabalho e riqueza é solução. O PSOL em seu problema defende as bandeiras históricas da classe trabalhadora para além da ordem. E deixa claro que não é na conciliação que se resolverá os problemas sociais que a nossa classe passa, e não a deles: os capitalistas. E não falo isso sem base, consulte o programa do partido.

Outro problema está em certa ambigüidade quando:

Os canidatos capitalistas não irão tomar essas iniciativas porque isso, necessariamente, se choca com os interesses dos quais ou são sócios ou são representantes. Enquanto eles ganharem, nós sempre iremos perder.[4]


O que será que gostaria de afirmar companheiro? Dizer que nunca se confrontarão? E o exemplo de Eduardo Braga? (Uma candidatura ao governo por fora da proposta de Lula) E certamente discordo quando afirma “Enquanto... ganharem, nós sempre iremos peder”. Talvez compreenda isso pela localização da classe e muito mais não está envolvido os as lutas que aconteceram dirigidas pelo nosso partido. Um exemplo? A greve dos Correios do ano passado, quando conquistaram 30% de adicional ao salário. Nós trabalhadores ganhamos, eles capitalista perderam, e feio. E passar a idéia que é nas eleições no campo favorável, para mim não passa de um imenso equivoco.

Vejo que há a necessidade fazemos mais discussões políticas, pois o que foi colocado não refletiu um programa, muito menos as necessidades que nossa classe enfrenta hoje. Mesmo que fosse a falta disso, não é uma justificativa levar os equívocos para quem ler, logo que não estão no partido e não sabem que a divergências sobre a sua visão. E isso está ligado a questão metodológica do nosso texto. Poderíamos ter realizado uma localização política melhor. Ver as classes, o movimento trabalhadores, as vanguardas e suas direções, os partidos e seus programas e isso ligado a situação nacional e internacional em seus governos e regimes de forma econômica e social. Por isso reivindicarmos Waldmir Lênin, pois deste modo tem como refletimos a melhor maneira de intervir nas eleições deste ano. Assim refletindo um problema político que ainda temos que resolver. Manaus, 07 de Agosto de 2010.


[1] Militante do PSOL. Dirigente da UEE Amazonas

[2] “As Eleições 2010 para o Governo do Amazonas: Capitalistas x Socialistas” por Fernando Lobato, 31/07/2010 em http://blogdofernandolobato.blogspot.com/
[3] Op.Cit
[4] Op.Cit

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