Carta do Comitê Metropolitano Xingu Vivo Para Sempre em apoio à
greve dos servidores públicos federais.
Nos últimos 25 anos de resistência contra a construção da usina
hidrelétrica de Belo Monte, desde a ditadura civil-militar, talvez estejamos
vivendo o período de maior ataque ao meio ambiente, patrocinado pelo governo
federal.
A tentativa de alteração do Código Florestal; a medida provisória
que reduz áreas de proteção ambiental; a negação de direitos básicos aos povos
indígenas; o perdão das dívidas dos grandes desmatadores; o desmonte dos órgãos
de fiscalização e proteção ambiental, dentre outros, formam um conjunto de
ações que visam aumentar a exploração sobre os recursos naturais do país, de
forma predatória e elitista.
O projeto de transformar os rios amazônicos em grandes e
lucrativos fornecedores de energia, com mais de uma centena de hidrelétricas,
planejadas ou em construção, se não for contido, causará a destruição de povos
e culturas, além da riquíssima biodiversidade de uma das últimas e mais
extensas florestas do planeta. E como consequência, trará fortuna e bem estar
apenas para uma pequena parcela de políticos e empresários.
Mas, para que esse projeto seja implantado, é necessário um forte
ataque contra aqueles que oferecem resistência. Por isso, buscam criminalizar
os movimentos sociais; tentam iludir a população com falsas promessas de emprego
e desenvolvimento; destinam bilhões de reais dos cofres públicos para financiar
obras administradas por empresas privadas.
Tentam intimidar servidores públicos, exigindo-lhes submissão às
ordens do Palácio do Planalto. E para isso, chegam até a descredenciar os
estudos dos próprios técnicos do Estado, como ocorreu em 2009, por ocasião da
concessão da licença-prévia para o leilão de Belo Monte.
Negam os resultados de análises e pesquisas feitas por dezenas de
profissionais, especialistas em diversas áreas, muitos com o título de Doutor,
oriundos de respeitadas Universidades Públicas brasileiras, com o aval de
instituições como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC.
Mas os servidores públicos insistem em reafirmar suas posições –
contrárias a esses projetos de destruição – como ocorreu no último dia 31/07,
quando os servidores do Instituto Chico Mendes - ICMBio, lotados em Itaituba,
divulgaram uma “carta aberta à sociedade”, na qual fazem críticas à redução das
áreas de proteção ambiental para a construção de cinco hidrelétricas no rio
Tapajós e denunciam a falta de estudo técnico preliminar, que “subverte
gravemente as normas constitucionais de proteção ao patrimônio ambiental”,
colocando em risco “a própria integridade do bioma amazônico”.
Assim, a tática de sucatear e amordaçar o serviço público cumpre
um papel determinante para a implantação de grandes projetos, em especial na
Amazônia, permitindo-se a exploração dos recursos naturais à exaustão,
beneficiando uns poucos e deixando a maioria da população amargando mais
pobreza e desamparo.
Por isso nós, ativistas reunidos no Comitê Metropolitano Xingu
Vivo Para Sempre, vimos manifestar nosso total e irrestrito apoio à greve dos
servidores públicos federais, com a certeza de que a vitória dessa luta servirá
para fortalecer o conjunto dos movimentos sociais que resistem contra os
ataques do governo federal aos direitos conquistados pelo povo brasileiro.
Belém, 07 de agosto de 2012
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