“Todos somos responsáveis pela história, por
ação, ou por omissão!” Estas eram as palavras de ordem do Senador Teotônio
Vilela nos idos do final da década de 70, e inicio dos anos 80.
A luta pela democracia representativa teria
seu desfecho, e ampla consolidação, apenas a partir do ano de 1989, com a
eleição de Fernando Collor de Melo.
Naquele momento, o bipartidarismo, expresso
pela Aliança Renovadora Nacional - ARENA, e pelo Movimento Democrático
Brasileiro – MDB, haviam sido desfeitos e partidos de todas as matizes ideológicas
como o Partido dos Trabalhadores -PT, Partido Democrático Trabalhista - PDT,
Partido da Social Democracia Brasileira – PSDB, Partido Popular Socialista –
PPS, Partido da Frente Liberal –PFL, Partido Liberal – PL, foram surgindo no
cenário politico brasileiro, em conjunto com siglas já existentes
anteriormente, como o Partido Socialista Brasileiro – PSB, Partido Comunista
Brasileiro– PCB, Partido Comunista do Brasil – PC do B, e
Partido Trabalhista Brasileiro – PTB, entre outros, proporcionando um
verdadeiro arejamento de ideias no seio da politica nacional, que passaram
novamente a atuar como protagonistas da história e na luta por uma democracia,
que embora movediça anteriormente, fora interrompida pelo golpe de 64, e pela
ditadura militar,.
Entretanto, duas décadas depois o balanço não
é nada positivo.
A proliferação de novos partidos, alcançando
mais de vinte e cinco siglas partidárias, atualmente, em muito pouco contribuiu para a ampliação de
uma democracia representativa e digna deste nome. Muito pelo contrário. A ideia
de que a politica é feita em nome de uma “governabilidade” ou de uma
“governança”, implicando em um vale tudo para conquistar a maioria e a garantia
de número de votos para a implantação de politicas do governo no Congresso
Nacional, fez com que os partidos se tornassem apenas, e tão somente, moedas de
trocas para os governos de plantão e, cada vez mais, se assemelhando uns aos
outros, na busca incessante por cargos, e outras benesses, onde qualquer ideologia fora deixada de lado,
aumentado despudoramente os escândalos de corrupção.
Neste sentido, aqueles que anteriormente eram
vistos como adversários e mesmo inimigos, passaram a andar de mãos dadas
reafirmando apenas a idéia de que “brasileiro tem memória curta”. “Olhar para a
frente, e não pelo retrovisor”. É a sublimação de que os antigos algozes não
eram tão maus como se pensavam.
Assim, neste caminhar, começa a sobressair o
desalento para com os políticos e seus partidos políticos, com as exceções de
sempre, e que tem afastado milhões de cidadãos de bem do amplo debate rumo aos
verdadeiros interesses nacionais.
É possível ainda crer nesta Democracia
representativa onde a obrigatoriedade do voto torna este um rito apenas um
cumprimento de um certo “dever cívico” ? Qual alternativa dispõe a população
frente a este modelo? Como caminhar para uma democracia, de fato, participativa
onde todos opinam, tem vez e votos? Como enfrentar a insuportável idéia de que
somos nós que colocamos, com nossos votos, os políticos que “nos representam” e
que passamos a odiar? Por que isto ocorre?
Talvez uma mudança radical seja o grande
desafio da sociedade brasileira para os próximos anos e, quiçá, para as próximas
décadas.
Como paliativos e contraponto a ideia da
democracia participativa surgem propostas de um Controle Social e da Transparência
na gestão pública. Ledo engano! Embora iniciativas como a da lei de projetos de
iniciativas popular e a Lei de Acesso a Informação sejam um inicio, apenas
representam migalhas frente ao desejo verdadeiro de se deter o controle das
ações dos governos em todas as esferas de poder; onde aplicar o dinheiro que é
de todos, quais as prioridades da população neste momento em que a educação
encontra-se deplorável, que as filas na saúde são quilométricas, as estradas
são uma lastima, a distribuição de renda é horrível, apesar do engodo da Bolsa Família,
entre tantos outros problemas que assolam a maioria da população em todos os
estados e municípios do país.
Frente a todas estas situações coloco-me uma
indagação que insiste em me consumir quase que cotidianamente: A sociedade
brasileira, cada homem e mulher, de fato, querem mudança? Me recordo de uma
frase de Milton Santos que disse certa vez: “a classe média brasileira não quer
direitos, quer sim privilégios”.
Não serão pela manutenção destes privilégios
que tornam a concepção de democracia participativa algo que soa distante e
quase impossível? Por onde andam os intelectuais que outrora detinham papel de
fundamental importância para pensar o país? Por onde andam os sindicatos que
sempre estiveram a frente de inúmeras lutas? Por onde andam os mais diversos
movimentos sociais, antigas vanguardas de mudanças verdadeiras? Foram cooptados
por este sistema que a todos e a tudo engole?
Creio que somente uma verdadeira e ampla
democracia participativa possibilite não deixar “Ninguém de Fora” na construção
desta sociedade que alvejamos e pela qual sonhamos um dia.
Como diria Darcy Ribeiro: “já passo sentir na
pontinha dos dedos esta utopia se concretizando”. Basta querermos. Mas, de
fato, queremos todos?
São Gabriel da Cachoeira- AM, Julho de 2012
Carlos Augusto Santos
UBE 3782
Peço apenas que leiam, reflitam e divulguem!
Fantástica análise política você fez, Carlos Augusto Santos. Na verdade, o excesso de partidos políticos causou, também, o excesso de escândalos políticos. Não estou defendendo o tempo em que meu sogro, o advogado Francisco Guedes de Queiroz, exerceu por 26 anos o mandato parlamentar consecutivamente e morreu pobre embora fosse advogado, ter exercido interinamente a vice-governança, assumido a presidência da assembléia, depois nomeado para o Tribunal de Contas dos Municípios, enfim. O que ele deixou? Nada! A casa que ele admitiu pelo SFH foi quitada com sua morte. Hoje, faz-se conchavos mesmo antes de se chegar ao poder, infelizmente. Está podre a nossa política e não vejo qualquer remédio para curá-la porque o voto continua sendo obrigatório e não do livre convencimento do eleitor! Uma pena!
ResponderExcluir