Ademir Ramos (*)
A política é um grande
espetáculo aonde o povo às vezes enfrenta determinados fantasmas que fazem de
tudo para roubar a cena, fingindo ser o protagonista, o maioral, o poderoso
enfim o amigo da rainha planaltina. Para isso, aparentam ser o dono da
situação, amedrontando o povo com gritos, mesuras e visagens, buscando de toda
forma manter o domínio e controle dessa gente para satisfação dos seus mórbidos
prazeres. Eduardo Braga é o fantasma da política do Amazonas, que pela sua forma
arredondada de ser, além de amedrontar o povo afronta também os poderes
constituídos do Estado como se todos fossem seus serviçais e aduladores.
Fantasma dessa natureza alimenta-se da ignorância do povo, da
impunidade e da corrupção. Estas pragas são corrosivas desmoralizando as
instituições democráticas e as pessoas de bem que ainda acreditam na força do
Direito e no julgamento dos seus operadores. Quanto à sua presença imantada no
território da política do Amazonas deve-se a omissão, a desorganização da sociedade,
bem como também a decadência das lideranças locais prisioneiras de uma visão
paroquial, dando-se satisfeitas pelas sobras restantes da gastança bancada pelo
dinheiro público.
Todo fantasma é uma representação da realidade a perdurar somente
enquanto estiver agregado a uma forma de poder, principalmente, quando
vinculado ao Estado com o aval dos votos dos excluídos e de seus lacaios. Dessa
forma se torna poderoso e voraz, no entanto, como se pode ver e conferir esse
semideus têm os pés de barro. E assim torna-se frágil e vulnerável quando está
divorciado do mando do Estado, contudo, não perdem sua posse e arrogância.
O alimento desse fantasma é o voto, quando não consegue mais
embriagar a maioria pelo veneno de seu hálito passa a afrontar a todos (as) que
não estão alinhados a sua vontade corrupta.
E como franco atirador faz uso de todos os meios para desmoralizar
tantos os homens como as instituições, visando instituir uma forma de
pensamento único emanado de um agregado de gente ávido de lucrar, se
apropriando do erário e das coisas públicas para fins familiares e privados.
Este agregado que popularmente chama-se de quadrilha, mensalão e
outros epítetos, têm variados tentáculos e diversos atores atuantes. Sua
prática vem sendo denunciada pela imprensa responsável e pelo Ministério
Público com ampla ressonância na Corte Jurídica do País. Mas, a raiz de todos os males e virtudes está
na opção do eleitor, que com soberania, clareza e discernimento saberá julgar o
melhor para si e para o povo do Amazonas, condenando nas urnas os corruptos e
bandidos da política a viverem no inferno do ostracismo e na solidão da
masmorra.
(*) É professor, antropólogo e coordenador do NCPAM/UFAM.
Fantástica, como sempre, companheiro Ademir Ramos, sua análise política. Sem citar um nome mas seguindo sua mesma análise, publiquei no blog carloscostajornalismo.blogspot.com a crônica A MISÉRIA REPRODUZ A MISÉRIA E ELEGE OS POLÍTICOS. Não escrevi citando um, apenas, mas também digo que a que a ignorância, a corrupção e a certeza da quase total impunidade são as raízes para que essa prática ainda ocorra nos dias de hoje. Parabéns, sua análise está fantástica, como sempre!
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