Jornalismo Carlos Costa
Dois escândalos recentes envolvendo parlamentares, no Governo Collor e no governo Lula, envergonharam o Brasil e abalaram a ainda frágil democracia da “republiqueta de bananas”!
Dois escândalos recentes envolvendo parlamentares, no Governo Collor e no governo Lula, envergonharam o Brasil e abalaram a ainda frágil democracia da “republiqueta de bananas”!
Ah, que saudades sinto dos chamados “anões do orçamento”, episódio
ocorrido em 1993 que, em CPI presidida pelo deputado Roberto Magalhães (PFL-PE) que apurou o
envolvimento de 37 “representantes do
povo” dos quais pediu a cassação de 18
parlamentares da Comissão de Orçamento do Congresso Nacional envolvidos
em corrupção de 100 milhões na época. Era parecido com o atual esquema do
“mensalão”, mas menos sofisticado. A investigação na CPI resultou em seis
cassações por fraudes, seis renúncias e seis absolvições em plenário.
Ah, que saudades de meu personagem Eleutério que dizia que
política era coisa para pobre metido a esperto ou rico metido a besta! Perto
das corrupções que já se registraram em nossa “republiqueta já quase de
banana”, a que desejava fazer meu personagem se fosse eleito teria sido uma
vergonha e poderia literalmente ter ficado no chinelo! Jamais meu personagem
teria pensado em um esquema de corrupção tão bem montado como foram os
promovidos pelos “anões do orçamento” e com o “mensalão”, descoberto só depois
da denúncia de um deputado federal à época.
Em 1993, o relatório final de Roberto Magalhães (PFL-PE) que
apurou a denúncia contra 37 parlamentares, pediu a cassação de 18 deles, mas
apenas seis perderam o mandato pelo plenário: Carlos Benevides (PMDB-CE), Fábio
Raunhetti (PTB-RJ), Feres Nader (PTB-RJ), Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), Raquel
Cândido (PTB-RO) e José Geraldo (PMDB-MG). Quatro renunciaram antes: o chefe do
bando, João Alves (sem partido-BA), Manoel Moreira (PMDB-SP), Genebaldo Correia
(PMDB-BA) e Cid Carvalho (PMDB-MA). Oito foram absolvidos: Ricardo Fiúza
(PFL-PE), Ézio Ferreira (PFL-AM), Ronaldo Aragão (PMDB-RO), Daniel Silva
(PPR-RS), Aníbal Teixeira (PTB-MG), Flávio Derzi (PP-MS), Paulo Portugal
(PP-RJ) e João de Deus (PPR-RS).
O deputado federal João Alves, já falecido, integrante da Comissão
do Orçamento do Congresso desde 1972, foi atribuída toda a responsabilidade
pela sofisticada corrupção na época. A
empresa fantasma Seval, de propriedade de João Alves que, para justificar sua
fortuna declarou que não tinha culpa de jogar e ganhar na loteria esportiva toda
semana, cobrava uma taxa para executar os serviços. A partir de Constituição de
1988, os poderes da Comissão de Orçamento foram ampliados, resultando na
formação do grupo dos “sete anões”, comandada pelo economista e Assessor
Técnico do Orçamento, José Carlos Alves dos Santos - preso mais tarde por
suspeita de ter assassinado sua mulher Ana Elizabeth - promovia os ajustes nos
projetos para incorporar as emendas dos congressistas e financiar campanhas
políticas com subvenções sociais dos Ministérios e “entidades fantasmas”
registradas no Conselho Nacional do Serviço Social e controladas pelos próprios
parlamentares que elaboravam as emendas. De 1989 a 1992, cresceu em quase três
mil por cento o número de emendas parlamentares destinando recursos para
“entidades sociais fantasmas”.
Em entrevista à época (Revista Veja/20/10/1993 – Edição 1.310),
José Carlos Alves dos Santos acusou os então governadores Edison Lobão, do
Maranhão, e Joaquim Roriz, do Distrito Federal e a então Ministra da Ação
Social, Margarida Procópio, com quem João Alves mantinha brigas homéricas
“porque ela era sua conhecida de infância e era gananciosa”. Nem Edison Lobão,
Joaquim Roriz e Margarida Procópio, foram investigados pelas denúncias até os
dias de hoje.
Os “anões do orçamento” e os envolvidos no “mensalão” estão envergonhando
meu personagem Eleutério, criado na década de 80, candidato a vereador
analfabeto, casado com uma socióloga, que declarava que política era “para
pobre esperto ou burro rico”. Será que
ele tinha razão? Nunca mais surgiu candidato de caráter, honradez e princípios
éticos, no cenário político do Brasil, com poucas exceções como o foram os
senadores Arthur Virgílio Filho e Álvaro Maia; os deputados federais Ulisses
Guimarães e Pedro Simon e os políticos Sá Peixoto, Homero de Miranda Leão,
Francisco Queiroz, Djalma Batista, Efigênio Sales, João Valério e tantos outros
que exerciam outras profissões, mas como políticos eram irrepreensíveis!
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