“Em 1959, quando seu programa na TV Record se chamava ‘Só para
mulheres’ Hebe Camargo recebeu José Maria de Alckmin, ministro da Fazenda de
Juscelino Kubstschek, com uma pergunta à queima-roupa:
- Como vai a UDN?
- Desculpe-me, d. Hebe, mas não trato da casa dos outros –
respondeu o ministro, que era mineiro e pertencia a outro partido, o PSD.
- Eles brigam muito; Lacerda contra Magalhães, Juracy contra
Lacerda... Alckmin encerrou o assunto com uma de suas melhores frases:
- D. Hebe, em briga de marido com mulher, nem marido deve entrar!”
(Puder sem Pudor, Claudio Humberto,2001).
Ellza Souza (*)
Dizem que ela sabia que estava chegando a hora. Aí alguém fala
maldosamente: Ela estava com câncer claro que ela sabia. Nem sempre é assim.
Tem muita gente por aí que tem e se acha imorrível. Mas escrevo esse texto para
manifestar que quando me disseram por telefone eu fiquei chocada e larguei o
aparelho bruscamente. Apesar da doença, apesar da idade, apesar de que todos nós
vamos uma hora dessas, fiquei profundamente triste com a “partida” da Hebe.
Parece até que ela era uma pessoa de perto, uma parente minha. Tá certo que a
televisão proporciona isso. Mas não é só por isso. A pessoa bem intencionada
que ela nos passava com suas atitudes positivas ao longo de uma carreira de
trabalho, de otimismo, de boas gargalhadas, de uma voz exuberante, deixou em
todos ou quase todos, um vazio e um sentimento grande de perda, de saudade.
Pessoas com personalidade assim, encantadoras, são cada vez mais
raras principalmente na televisão atacada pelo mau gosto, pela falta de
criatividade, pela incompetência, pela vulgaridade de mulheres com a mesma cara
e o mesmo bumbum.
O que mais me encantava nessa artista de verdade era a sua jovialidade, a sua cara de
felicidade, a sua vitalidade. Aos invejosos digo que quem nos dera chegar até o
fim da vida com a sua vontade de trabalhar, de criar, de passar a sua mensagem
de alegria e fazendo o seu papel de apresentadora com personalidade, com exuberância,
com amor.
Hebe atravessou décadas com muita graça e fazendo graça. Agradou a
todos os públicos e emissoras de televisão. Ninguém se recusou a falar de Hebe.
Cada um contou a sua história ao lado da estrela. E foram tantas as histórias
que eu como apreciadora das histórias alheias, passei a admirar mais ainda essa
mulher que deveria ser um exemplo para as que querem ser uma estrela de verdade
e não conseguem nem ser a sombra do que foi Hebe. Porque Hebe além da
competência tinha o brilho próprio dado a poucas. Daqui já construia a sua
trajetória para a eternidade sem nem sequer mencionar a palavra morte. Vida era
só o que ela queria. Na terra ou no céu ou em qualquer canto do infinito, a
Hebe preenche o seu corpo e a sua alma com muita fé em Nossa Senhora, a mãe de
Jesus e muita vontade de viver eternamente.
Hebe partiu inesperadamente mas como estrela não morrerá jamais. E
em nossos corações efêmeros viverá para sempre.
(*) É escritora, jornalista e articulista do NCPAM/UFAM.
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