Uma coisa é projeto de Governo; outra,
totalmente diferente é Projeto de Poder. Para executar projeto de Governo
bastará a presença atuante dos Aparelhos de Estado ocupando seus espaços e
cumprindo seu dever. A montagem e execução de um Projeto de Poder Político
correm o risco de os “meios justificarem os fins” e terminar em outro caso de
“mensalão”, julgado pelo Supremo Tribunal Federal.
Eni, vidi, vici ou
“Vim, vi, venci”, frase latina supostamente proferida pelo general e cônsul
romano Júlio Cesar, em 47 a.C., descrevendo a vitória sobre Farnaces II do
Ponto, na “Batalha de Zela”, proclamando seu feito e querendo mandar
um recado aos senadores de seu poder militar porque Roma estava passando
por uma guerra civil, também está servindo de modelo para os governantes do PT
para mandarem seu recado à sociedade brasileira: “vim, vi e venci.
Estou mandando agora e qualquer meio justifica o fim para continuar no poder”
ou, ainda, “vim, cheguei ao poder, gostei, venci a todos os incrédulos e vou
continuar mandando no Brasil”.
Hoje, a frase famosa - Eni,
vidi, vici - é utilizada em negócios, competições e na área
jurídica, mas também poderia ser a frase mais perfeita para definir o
comportamento político dos antigos dirigentes do Partido dos
Trabalhadores, condenados pelo crime do “mensalão” pelo Supremo Tribunal de
Justiça.
Há várias formas de explicar a sede e
apego ao poder do Partido dos Trabalhadores. O doutor em ciências sociais e
mestre em planejamento econômico, Paulo Roberto de Almeida(www.pralmeida.org), escrevendo sobre
“Projeto de Governo e Projeto de Poder”. disse:“Tudo indica que o projeto
de governo, se algum dia existiu, foi tragado pela vitória eleitoral,
permanecendo em seu lugar apenas o projeto de poder.”
Outra forma de explicar os 24 anos que
os dirigentes levaram para chegar ao poder seria pelo “Mito da Caverna,” de
Platão, alegoria utilizada no livro “A República”, para explicar pessoas sem
ambição e que viviam dentro de uma caverna, vendo apenas sombra de um mundo
desconhecido. Isso explicaria, talvez, como antes do Poder, dirigentes do
PT viviam em uma espécie de caverna política e desconheciam o poder.
Mas utilizando-se de estratégias de
“Cercamento dos Aparelhos de Estado”, defendida pelo jornalista, filósofo,
cientista político, comunista e antifascista italiano Antônio Gramsci
(1891/1936) em releitura de “O Capital”, de Karl Max (l818/1883) chegaram à
Presidência da República com Lula, gostaram, cercaram mais ainda os Aparelhos
de Estado, colocando autoridades em posições estratégicas para o Governo
Federal e iniciaram o esquema do “mensalão” porque tinham a certeza que
nunca seriam descobertos e denunciados. Descobertos, assumiram que o dinheiro
arrecadado e recebido ilicitamente era “caixa 2” para pagar “dívidas de
campanha”, como se isso também não fosse outro crime.
Uma dúvida ainda me resta: como o
esquema do mensalão foi executado na ante-sala de Lula, pelo chefe de Gabinete
da Presidência da República, José Dirceu com a total aceitação do dirigente
nacional do PT, José Gesuíno, e o presidente da República não ficou sabendo de
nada? Será que Lula sabia ao menos que era presidente do Brasil? Fica
claro que o PT não queria executar apenas um Projeto de Governo, mas o Projeto
de Poder para se manter no Governo!
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