"Hoje, não é Fernando Lugo que recebe um golpe, não é Fernando Lugo que é destituído; é a história paraguaia, sua democracia" |
Por Jornalismo Carlos Costa – A destituição quase sumária do bispo
e presidente do Paraguai, acusado de ser mulherengo, Fernando Lugo, é um
péssimo exemplo para a frágil e ainda não consolidada democracia da América
Latina!
A história política do Paraguai, diz que ele descoberto por Aleixo
Garcia e Sebastião Coboto, em 1524, sob as ordens da Espanha teve sua capital
Asunción fundada por Juan de Salazar y Espinosa, natural de Espinosa de los
Monteros, sendo mais tarde consolidada por Juan de Ayolas. Mas sempre alternou momentos de ditadura com
poucos momentos de uma frágil democracia. Colonizado desde seu início, o
Paraguai só conseguiu a independência da Espanha em 1811.
Depois, passou por 35 anos sob a ditadura militar de Alfredo
Stroessner, e após 1989 foi se sucedendo politicamente entre democracia política e ditaduras militares,
marcado por lutas políticas internas nos últimos anos.
Mas a destituição do presidente Fernando Lugo, em menos de 24
horas pelo Congresso Nacional Paraguaio, colocou em risco toda a frágil
democracia na América Latina, definição
dada pela primeira vez em 1856, pelo filósofo chileno Francisco Bilbao e
repetida no ano seguinte pelo escritor colombiano José Maria Torres Caicedo.
Contudo, com história bem recente de ditaduras militares na
Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia, Colombia, Cuba, Equador, El Salvador,
Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Peru, República
Dominicana, Uruguai e Venezuela, vivendo sob uma ditadura às avessas, além de
outros onze territórios que não são considerados países, mas, ainda, assim, são
independentes, a destituição do presidente Lugo parece ser um “golpe branco”,
embora esse argumento tenha sido rejeitado pela Suprema Corte do Paraguai, que
considerou legítima sua destituição, a substituição de seu vice, que até já
convocou novas eleições.
Não que Fernando Lugo seja um santo em sua totalidade, pois foi
denunciado por ter um filho com a ex-coordenadora da Resistencia Ciudadana
(“Resistência Cidadã“), Damiana Morán (quando ele ainda estava oficialmente
ligado à Igreja Católica) que conheceu em 2003, e começou um romance com o
bispo Lugo em 2006 e também com mais duas outras mulheres, Viviana Carrillo e
Benigna Leguizamón.
As duas também denunciaram Fernando Lugo por não ter cumprido o
celibato, em face de terem denunciado ter filhos com o bispo-presidente, mas o
povo o elegeu.
Destituído pelos Senadores, quase sem direito de defesa e formando
um governo paralelo, coloca em risco toda a frágil democracia na América Latina,
porque expõe lembranças de períodos negros da história recente de alguns
países.
O bispo Fernando Lugo foi eleito com 40% dos votos da população
paraguaia, há pouco mais de um ano e decidiu não renunciar, mas foi destituído
pelo seu Congresso. Não discuto a destituição, porque o Congresso tem esse
poder, mas a forma como se deu é que estou questionando. Está certo que o
Paraguai é um país de maioria católica, mas o Congresso deveria ter respeitado
a eleição de um bispo católico, esperando uma mudança para melhor. Mas os erros
do presidente que é bispo católico, mais parecem um castigo imputado pelo
Congresso, que não perdoou seus “pecados”.
O Congresso deveria ter, ao menos, respeitado aos votos que ele teve nas
urnas.
Acuado pelas denúncias de mortes de campesinos e policiais, atormentado pelo passado, o presidente
continua negando qualquer envolvimento com as mulheres, mas pediu perdão
dizendo-se “um ser humano, portanto, nada humano me é alheio. Assumirei todas
as responsabilidades presentes e futuras”, disse o presidente. Mesmo assim, foi
cassado pelos senadores de seu país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário