Nota de esclarecimento
No sábado, 16, os participantes do evento
Xingu +23 foram ao canteiro de obras de Belo Monte para denunciar as violações
ambientais e sociais da usina. Liderada pelos indígenas, a manifestação incluiu
uma pajelança no canteiro, um pronunciamento do padre da paróquia da comunidade
Assurini e declarações de protesto e repúdio a Belo Monte. Os funcionários
presentes não interagiram com os manifestantes, apenas filmaram e fotografaram
o ato, totalmente pacífico, mas o uso registro de imagens pelos trabalhadores
da usina incomodou os indígenas.
Posteriormente, indignados com as violações
de direitos humanos, o desrespeito com os atingidos da vila de Santo Antonio e
outras comunidades, e os danos ambientais da obra, observados por eles durante
as atividades do encontro, e principalmente com a ausência de consulta às
populações tradicionais e indígenas e o silêncio dos empreendedores, parte dos
indígenas decidiu se manifestar nas dependências administrativas da empresa.
Sobre os danos causados durante a ação, os
indígenas afirmam que a mesma foi uma reação de revolta contra a violação de
seus direitos constitucionais e contra a destruição de moradias, do meio
ambiente e do rio, e afirmaram que o ato teve um fundo espiritual e pedagógico.
Segundo eles, através da ação buscaram possibilitar à Norte Energia e ao
Governo Federal o entendimento do significado das perdas que tem impostas aos
atingidos por Belo Monte, uma vez que têm se mostrado indiferentes ao
sofrimento causado aos mesmos.
O Movimento Xingu Vivo para Sempre,
organizador e coordenador do encontro Xingu +23, declara que a ação dos
indígenas foi realizada de forma independente. Alguns participantes do evento
decidiram, por conta própria, apoiar o ato dos indígenas. Em nenhum momento, a
ação foi incentivada pela coordenação do evento. No entanto, a coordenação
entende que a espiritualidade e indignação indígena tem uma lógica própria, na
qual não cabe a interferência de outros povos. Também insta a Justiça a fazer
cumprir os preceitos legais acerca do direito à consulta prévia, livre e
informada e os compromissos previstos nas condicionantes, e que examine as
irregularidades dos processos de desapropriação na comunidade de Santo Antônio
e demais localidades pelo Consórcio Norte Energia.
Movimento Xingu Vivo para Sempre
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