Por Jornalismo Carlos Costa
Evandro Carreira sendo homenageado na Câmara Municipal de Manaus |
Senador
eleito pelo Amazonas na quadragésima quinta legislatura do Congresso Nacional,
no período de 1975 a 1983, Evandro das Neves Carreira, professor e advogado,
vereador eleito no período de 1959 a 1963, eleito o melhor orador do Brasil,
recebeu uma justa e merecida homenagem na Câmara Municipal de Manaus. Dentre as
tantas homenagens prestadas a pessoas sem importância, a prestada ao ex-senador
Arthur Virgílio Neto, pela mesma Casa Legislativa também merece destaque, este
filho do também senador pelo Amazonas, Arthur Virgílio Filho, também outro
grande senador pelo Amazonas.
Arthur
Virgílio Neto chorou ao receber a “Medalha de Ouro” Cidade de Manaus e disse
que estará mais fortalecido em sua candidatura à Prefeitura de Manaus, depois
da derrota que “sofreu” em sua tentativa de reeleição para o Senado. Ele
perdeu; mas não morreu!
Já
Evandro Carreira, nascido em 24 de agosto de 1927, filho de Tocandira Balbi
Carreira e Ignácia das Neves Carreira, autor de vários livros publicados a
partir de 1977, durante o seu mandato de Senador, compondo a coleção “Recado
Amazônico”, formado por discursos em que defendia fervorosamente a sua terra
natal e pedia o aproveitamento das várzeas para o plantio de culturas de
período curto, foi chamado de visionário por alguns e, quando defendia a
implantação da piscicultura em tanques-redes, lagos, igarapés e barragens foi
menosprezado até em sua terra Natal pelo fervor e “amazonicidade” com que fazia
essa defesa!
-
Fazer piscicultura no Amazonas, com tanto peixe, para quê? – se perguntavam
alguns donos de jornais e alguns jornalistas, inclusive eu também. Ele provou
que estava certo. Hoje, grande parte da produção de tambaquis, pirarucus e
outros peixes, na época do defeso, vêm exatamente dos tanques-redes, lagos,
igarapés e barragens que Evandro Carreira defendia no passado! O senador era
apenas uma pessoa que estava além de seu tempo, por isso não era compreendido
na época.
Visionário
e futurista, dentre suas várias publicações temos uma em particular que ainda
hoje merece reflexão: “Contra a venda da Floresta Amazônica (Brasília. Senado
Federal. Centro Gráfico, 1978. 36 p.). A floresta amazônica continua sofrendo
risco de todas as ordens quer por ONGs estrangeiras que se apresentam para
“obras missionárias em terras indígenas”, quer por multinacionais que adquirem
grandes extensões de terras na Amazônia!
Em
especial, destaco a obra “Amazônia: uma usina de alimentos para o terceiro
milênio” (Senado Federal, Centro Gráfico, 1985. 64 p.), traduzida para o inglês
com o título “Amazônia: food source for the third milenium”. Com essa obra de
Evandro Carreira deu origem a várias outras publicações o que mudou
completamente a história da produção da piscicultura no Amazonas.
Foi
uma das homenagens mais justas prestadas pela Câmara Municipal de Manaus a este
amazônida e amazonense que ficou conhecido pelo seu jargão ”a maldição da
rodela”, quando tecia pesadas críticas ao então governador Gilberto Mestrinho.
O
Senador era tão futurista que durante seu mandato de publicou o seu “Recado
Amazônico” até o volume V, em 1975. Também publicou sobre “Planejamento
Familiar” e, ainda, sobre “A Revolução, a Droga e a Subversão (Brasília. Senado
Federal, Centro Gráfico, 1978, 64 p.) “O terrorismo é filho da sociedade
antropofágica” (Senado Federal, Centro Gráfico, 1978, 15 p.) e “Tóxico e a
Morte de Deus” (Brasília: Senado Federal: 1977. 77 p.).
Como
se vê, Evandro passeava por diversos temas com a mesma maestria, mas sem perder
o seu foco em destemido fervor da defesa do aproveitamento das várzeas
amazônicas e no desenvolvimento da piscicultura no Amazonas. Graças a ele e aos
produtores, comemos peixe o ano todo, inclusive na época do defeso.
É
uma pena que depois de seu primeiro e único mandato de senador, Evandro
Carreira tenha tentado várias vezes voltar à cargos eletivos, mas nunca
conseguiu. Eu, que algumas vezes cheguei a criticá-lo através “Território
Livre”, um democrático espaço jornalístico no extinto jornal A NOTÍCIA,
reconheço que fui injusto: Evandro Carreira era só um homem além de seu tempo e
eu não percebia isso!
Recado Amazônico, publicação de Evandro Carreira em 12 volumes |
AMAZÔNIA
ResponderExcluirImenso laboratório
Onde o informe e o disforme
Se convulsionam num turbilhão em líquido.
Afloram vivos,
Em ânsia de síntese,
Em angústia de análise.
O ciclo se fecha
E garante a viagem pelo Sidéreo.
Romper o ciclo é o finito,
Mantê-lo é cavalgar estrelas
Na certeza do encontro com o Absoluto.
Evandro Carreira